Como o protozoário causador da malária penetra no organismo humano?

Uma outra doença de grande importância em termos de saúde pública é a malária , também conhecida como maleita, ou impaludismo. O causador dessa doença é   transmitido por diferentes espécies de pernilongos do gênero Anopheles. Ela já foi responsável por milhões de pessoas mortas no mundo todo, com destaque para as duas grandes guerras mundiais, ocasiões em que as baixas de soldados foram enormes.

Na década de 1940, segundo a Fundação Nacional de Saúde, no Brasil eram seis milhões de vítimas por ano, valor que foi reduzido para cem mil a cada ano, devido à intensa campanha de erradicação da doença. No entanto, alguns acontecimentos como abertura de estradas, construção de hidrelétricas, instalação de áreas de garimpos, atividades extrativistas e assentamentos rurais, têm sido apontados como responsáveis pela disseminação e aumento acentuado do número de casos, devido à intensificação da migração interna e precariedade das condições de sobrevivência. Em 1999 o número de casos registrados foi de 637, o que levou o Ministério da Saúde a desenvolver um plano de combate à malária, em conjunto com estados e municípios da Região Amazônica. Dessa iniciativa resultou a redução dos casos que chegaram a 388.807 no ano de 2001.

As espécies mais importantes como vetores da malária no nosso país são o A. darlingi , A. aquasalis , A. albitarsis , A. cruzi e A. bellator , cujos hábitos são crepusculares e noturnos.

O agente causador da doença é um protozoário conhecido como Plasmodium . No Brasil temos 3 espécies - o P. malarie , responsável pela febre quartã que se manifesta em ciclos de 72 horas; o P. vivax , que provoca a terçã benigna, com ataques febris de 48 horas e o P. falciparum , causador da febre terçã maligna, com ataques febris de 36 a 48 horas. Esses ataques febris estão relacionados ao rompimento de células vermelhas do sangue, conhecidas também como hemácias ou eritrócitos, que acontece em uma das etapas do ciclo de vida do parasita.

Quando um pernilongo contaminado com plasmódio pica uma pessoa, ele injeta no sangue dessa pessoa o parasita, que se encontra em uma fase de desenvolvimento conhecida como esporozoito. Seguindo pela corrente sanguínea eles irão infectar células do fígado, onde sofrerão transformações e multiplicar-se-ão. Depois de romper as células hepáticas poderão infectar novas células do fígado ou ir para a corrente sanguínea e penetrar em hemácias. No interior dessas células os plamódios multiplicam-se e tornam a se modificar, após o quê rompem as células vermelhas e de onde saem. Novas hemácias poderão ser infectadas diversas vezes e as pessoas doentes apresentarão ataques febris em tempos regulares de 48 ou de 72 horas, porque cada espécie de plasmódio leva um tempo que é específico entre a penetração, transformação e multiplicação no interior das células vermelhas do sangue, até o rompimento delas para a saída, momento em que acontece a febre.

Depois de repetidos ciclos nas hemácias os plasmódios transformam-se em gametócitos que são de dois tipos, os masculinos e os femininos, os quais já não se dividem mais. São esses gametócitos que um anófeles vetor da malária, ingere ao sugar o sangue de pessoa doente. Dentro do tubo digestivo do inseto os gametócitos masculino e feminino unem-se formando o zigoto, também conhecido como célula-ovo, que penetra na parede intestinal do inseto, onde produz uma camada protetora ao redor de si e inicia um processo de multiplicação. Dessa forma, são gerados muitos elementos filhos, os esporozoitos, que invadem a hemolinfa do inseto, isto é, o líquido que percorre o seu corpo e que serve para transportar substâncias. Por meio dessa corrente circulatória, os esporozoitos chegam às glândula salivares do pernilongo. Quando o anófeles, assim contaminado, sugar uma pessoa, junto com a sua saliva sairão os esporozoitos que serão injetados no sangue dela.

A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários do tipo Plasmodium, transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, também conhecido como “mosquito prego”. Existem mais de cem tipos de plasmódio, mas, dentre os que infectam o homem, quatro são os mais importantes: Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale.

Nas áreas de transmissão natural de malária (pela picada do mosquito) estão classificados 88 países – a grande maioria localizada na faixa tropical do planeta. Entre eles estão a maioria dos países africanos localizados abaixo do Deserto do Saara, os países da América Central e Caribe, do centro, do sul e do sudeste da Ásia, do Oriente Médio e do Extremo Oriente (China), Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e Vanuatu, além do Paraguai e de todos os países amazônicos da América do Sul (Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa). No Brasil, 98 por cento dos casos de malária ocorrem na região da Amazônia – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima -, além das regiões a oeste do Maranhão, noroeste do Tocantins e ao norte do Mato Grosso.

Transmissão:

A transmissão da malária pode ocorrer pela picada do mosquito, por transfusão de sangue contaminado, através da placenta (congênita) para o feto ou por meio de seringas infectadas. Após a picada do mosquito contaminado, os parasitas chegam rapidamente ao fígado, onde se multiplicam de forma intensa e veloz. Em seguida, já na corrente sangüínea, invadem os glóbulos vermelhos do sangue e, em constante multiplicação, começam a destruí-los. A partir desse momento, aparecem os primeiros sintomas da doença.

Sintomas:

A principal manifestação clínica da malária em sua fase inicial é a febre, associada ou não a calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre corresponde ao momento em que as hemácias (glóbulos vermelhos) estão se rompendo. A pessoa que contrai a doença pode ter também, dentre outros sintomas, vômitos, diarréia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço. Dependendo do tipo de malária, esses sintomas se repetem a cada dois ou três dias.

A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e sintomas:

– prostração;
– alteração da consciência;
– dispnéia (dificuldade de respirar) ou hiperventilação (excesso de oxigênio nos pulmões);
– convulsões;
– hipotensão arterial (pressão baixa) ou choque (baixo fornecimento de oxigênio para os órgãos);
– hemorragias.

Tratamento:

A malária é uma doença curável, mas pode evoluir para formas graves em poucos dias, caso não seja diagnosticada e tratada rapidamente. Deve ser considerada uma emergência médica, principalmente quando causada pelo Plasmodium falciparum.

O diagnóstico e o tratamento tardios podem resultar no agravamento da doença, com quadros de anemia grave, insuficiência renal e hepática, coma, dentre outras complicações clínicas, podendo comprometer praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo. Crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas ou debilitadas por outras doenças são mais vulneráveis, entretanto, qualquer pessoa que esteja se infectando pela primeira vez pode desenvolver quadros de malária grave.

O Ministério da Saúde orienta o tratamento e disponibiliza os medicamentos para tratar a malária nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional.

Prevenção:

As medidas de proteção individual são as formas mais efetivas de prevenção, considerando-se que ainda não existe uma vacina disponível contra a malária. Essas medidas têm como objetivo principal impedir ou reduzir a possibilidade de contato do homem com o mosquito transmissor:

– não freqüentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rios ou áreas alagadas, no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando;
– diminuir ao mínimo possível a extensão das áreas descobertas do corpo, utilizando calças e camisas de mangas compridas;
– as partes descobertas do corpo devem estar sempre protegidas por repelentes, que também devem ser aplicados sobre as roupas;
– utilizar cortinados e mosquiteiros impregnados com inseticidas, sobre a cama ou a rede, telas em portas e janelas e inseticida no ambiente onde se dorme.

Em situações específicas, médicos especializados no aconselhamento a viajantes podem prescrever a quimioprofilaxia da malária – uso de medicamentos antimaláricos para uma malária que ainda não se contraiu e que não sabemos se vamos contrair -, impedindo a multiplicação do parasita no sangue. Porém, a quimioprofilaxia não evita a infecção malárica e deve ser feita estritamente dentro das orientações médicas recebidas.


Fontes:

Dr. Dráuzio Varella

Fundação Oswaldo Cruz

Ministério da Saúde. Guia prático de tratamento da malária no Brasil

Ministério da Saúde. Saúde de A a Z

Como a malária penetra no organismo do ser humano?

A transmissão da malária pode ocorrer pela picada do mosquito, por transfusão de sangue contaminado, através da placenta (congênita) para o feto ou por meio de seringas infectadas. Após a picada do mosquito contaminado, os parasitas chegam rapidamente ao fígado, onde se multiplicam de forma intensa e veloz.

Como a malária age no corpo humano?

A malária é uma infecção dos glóbulos vermelhos do sangue causada por uma das cinco espécies de Plasmodium, um protozoário. A malária causa febre, calafrios, sudorese, sensação de indisposição geral (mal-estar) e, às vezes, diarreia, dor abdominal, dificuldade respiratória, confusão e convulsões.

Onde o parasita da malária se instala no corpo humano?

Ao se alimentar de sangue humano, o mosquito Anopheles injeta os parasitas encontrados em sua saliva na corrente sanguínea humana. Os parasitas no interior do corpo humano viajam até as células do fígado, onde crescem e se multiplicam.

Como é transmitida a malária e qual o protozoário responsável por causar a doença?

A malária é transmitida por meio da picada de fêmeas do mosquito Anopheles infectadas pelo protozoário Plasmodium. O período de incubação da malária varia de acordo com a espécie de plasmódio. A malária não pode ser transmitida pela água.