De quem é a responsabilidade de promover a aplicação das Análises de riscos?

Muitos gestores ainda não entendem bem como a integração entre gestão de riscos e Compliance, aliada às boas práticas de Governança Corporativa, podem beneficiar as instituições.

Tanto o gerenciamento de riscos quanto o Compliance auxiliam na prevenção de ameaças à estrutura legal e aos ativos físicos da companhia. Por isso, preparamos este conteúdo especial para você conferir tudo sobre as duas metodologias e as vantagens que a implementação adequada confere aos negócios. Confira!

O que é a gestão de riscos?

Antes de mais nada, é importante conceituar o que são os riscos: efeitos internos e externos que causam incertezas e imprevisibilidade em qualquer processo de gestão de negócio. Quando essas incertezas se aliam a uma gestão inadequada, cresce a possibilidade de prejuízos, em muitos casos irreparáveis.

A melhor forma de lidar com a questão é realizar um gerenciamento capaz de mensurar e combater diretamente os riscos, evitando, principalmente, que eles atinjam os lucros da companhia.

A gestão de riscos constitui, portanto, uma série de processos e atividades específicas com o objetivo de corrigir deficiências e evitar falhas que comprometam a organização — além de gerar valor para a companhia. Esse gerenciamento ainda envolve a identificação de oportunidades que enriqueçam o valor de mercado e a infraestrutura do negócio como um todo.

Gerir os riscos significa, também, estabelecer estratégias que proporcionem um equilíbrio entre as metas a serem cumpridas e os diversos perigos que as rodeiam.

Os profissionais de gestão de riscos são responsáveis por identificar as incertezas nos processos, medir a probabilidade de danos e seus possíveis impactos.

Operam, ainda, estabelecendo como as falhas serão tratadas e as formas para reduzir os efeitos delas. Essa equipe avalia qualquer inconformidade, externa ou interna, que possa ameaçar as metas e os objetivos traçados pela empresa.

Independentemente do segmento e do porte da companhia, é a gestão de riscos que vai ajudar a definir o futuro e a capacidade de crescimento do negócio.

Entre os múltiplos benefícios que a gestão de riscos proporciona para empresa, está a prevenção de perdas e ativos financeiros.

Isso é feito por meio de testes e análises dos produtos mesmo antes do lançamento no mercado. Assim, a companhia realiza o mapeamento de todas as variáveis dos processos que envolvem aquele ativo.

A modernização trazida pela metodologia de gestão de riscos ajuda as empresas a considerarem todos os fatores relacionados ao lançamento de novas soluções no mercado.

Outro benefício significativo é a otimização geral dos processos e utilização adequada dos recursos operacionais. Ao verificar e gerenciar os riscos envolvidos, torna-se bem mais fácil alocar os recursos e insumos com agilidade e definir processos mais eficazes, otimizando a atuação da companhia. Desse modo, é possível elevar a produtividade da equipe e gerar mais eficiência na rotina empresarial.

A margem de lucro da empresa também é diretamente beneficiada por uma implementação competente de gestão de riscos. Afinal, resolver todas as pendências que desagradaram aos consumidores depois do lançamento custa bem mais caro para a companhia.

O que é Compliance?

O nome vem do verbo em inglês "to comply", que designa a ação em conformidade com as regras. O Compliance é frequentemente traduzido como conformidade por diversos veículos de comunicação, evidenciando o seu significado — uma metodologia de cumprimento às legislações vigentes.

O Compliance se relaciona a uma série de mecanismos de controle com a função de garantir que os processos da instituição estejam sendo realizados de acordo com os requisitos jurídicos e sem deixar de lado os valores éticos imbuídos na missão e nos valores da empresa. Ele envolve um bom relacionamento com investidores, clientes e fornecedores, ou seja, toda a cadeia de relações da companhia.

O objetivo do Compliance é assegurar, em conjunto com os determinados setores de uma companhia, a adequação e o fortalecimento do sistema de diretrizes da instituição às leis e aos regulamentos.

Ele pode ser entendido, também, como um conjunto de procedimentos destinados ao cumprimento das normas legais e ao combate de desvios éticos nas corporações.

O Compliance apresenta um viés óbvio de conformidade às normas legislativas, relacionado ao cumprimento e à adequação às leis, às diretrizes e aos regulamentos, mas não é só isso.

A implementação do programa em uma organização vai assegurar a existência de um controle maior nos processos, que serão capazes de mitigar riscos e atuar na verificação de práticas mais transparentes de atuação.

Podemos fazer uma distinção importante entre Compliance e Governança Corporativa, embora os conceitos se relacionem. Essa última constitui o grupo de estratégias utilizadas por uma companhia para demonstrar o seu valor e comprometimento para os acionistas e clientes.

O objetivo da Governança Corporativa, portanto, é garantir a gestão responsável e ética da empresa, seguindo as obrigações estabelecidas pelas agências reguladoras.

Já o Compliance se relaciona às ações efetivas de combate a fraudes e a um esforço contínuo de adequação às leis. Dessa forma, se destina a enfrentar diretamente fatores que levam ao descumprimento das normas, como:

  • falta de monitoramento contínuo;
  • falhas na supervisão adequada dos processos;
  • controle interno de riscos.

Insatisfação dos consumidores com casos de corrupção pública motiva a adoção do Compliance

Principalmente em períodos em que uma grande ocorrência de escândalos de corrupção assola as páginas de jornais e influenciam a opinião pública, a implementação do Compliance se torna uma necessidade — seja nas instituições públicas, seja nas privadas que desejam manter sua reputação e boa imagem.

A implantação da prática garante uma solidez institucional que beneficia a instituição em diferentes níveis. Stakeholders, parceiros de negócios e colaboradores qualificados serão naturalmente atraídos para empresas que mantêm práticas regulares de combate a desvios e inconformidades em geral.

Investir em programas de Compliance e boas práticas corporativas em geral garante, assim, o alinhamento a um compromisso ético que gera até um aumento da produtividade na empresa.

Fraudes e irregularidades internas causam, além de problemas com a Receita Federal e as leis anticorrupção, danos significativos ao faturamento da companhia.

Um cenário aparentemente desfavorável do ponto de vista legal pode ser efetivamente revertido com a adoção do Compliance, que vai estabelecer normas e políticas claras em prol da integridade.

Como é uma prática que abarca toda a organização, facilita a integração entre os setores e, assim, tanto os colaboradores quanto os gestores terão em mente o que deve ser feito para se adequar às leis.

Com a evolução da internet de alta velocidade e o acesso otimizado por meio de dispositivos móveis, se tornou bem mais fácil para os consumidores encontrar prestadores de serviço para as suas necessidades. Não é mais aceitável para essas pessoas, portanto, contar com empresas que não invistam na implantação de uma cultura de ética na organização.

O Compliance atua diretamente nesse ponto, buscando a sintonia com a lei e livrando as empresas de práticas fraudulentas. Com a adoção dessas regras, há um incremento na credibilidade e a consolidação da confiança dos clientes na companhia.

Como afirma o autor Edmo Colnaghi Neves, em sua obra "Compliance empresarial: o tom da liderança", três ações são reiteradas em palestras, artigos e argumentações favoráveis ao Compliance: prevenir, detectar e responder.

Caso algumas práticas fora da conformidade ainda sejam cometidas, o Compliance vai detectá-las e corrigi-las a tempo, mitigando a perda de receita com pagamentos de indenizações e evitando sanções legais.

Qual é a diferença entre gestão de riscos e Compliance?

Distinguir de modo eficaz a gestão de riscos do Compliance pode ser um pouco complicado, já que ambas as ferramentas têm como objetivo o combate aos danos estruturais e o cumprimento da legislação.

Mas é possível traçar comparações, baseadas principalmente em uma outra forma de encarar, respectivamente, os dois processos: a necessidade de evitar riscos e assegurar a implementação efetiva das ferramentas de combate.

O que realmente importa é que unir as duas ferramentas vai gerar vantagem competitiva e agregar valor ao seu negócio. O cumprimento das regras e regulamentos estabelecidos (Compliance), afinal, se alinha diretamente à proteção das empresas contra riscos que poderiam levar ao desrespeito às regras vigentes.

Desse modo, podemos dizer que a gestão de riscos alivia o trabalho do Compliance e facilita a sua implementação sem causar grandes rupturas em todo as atividades da companhia. Uma organização não pode realmente ter um programa robusto de gerenciamento de riscos sem Compliance — e vice-versa.

Nesse sentido, o Compliance é a satisfação de todos os requisitos relacionados à gestão de riscos para o negócio e o cumprimento exemplar das normas e regras de modo que a empresa não seja comprometida.

A sustentabilidade da companhia também é garantida, assegurando os interesses dos stakeholders, colaboradores e clientes.

No entanto, suas diferenças são dignas de nota porque as características relacionadas ao Compliance e as atividades relacionadas à gestão de riscos merecem abordagens e táticas de execução exclusivas.

Enquanto a gestão de riscos se relaciona a um procedimento mais estratégico, o Compliance é mais incisivo. A gestão de risco depende da análise para contornar os riscos ou, no mínimo, mitigar as falhas nos processos.

Já o Compliance vai trabalhar decisivamente com possíveis multas e penalidades, por exemplo, assim como remediar os danos à reputação relacionados a falhas no gerenciamento.

Assim, a gestão de riscos é mais preditiva e menos reativa. Essa metodologia deve ser capaz de prever o impacto que possíveis falhas podem causar à empresa e ainda estimula novos procedimentos para minimizar situações de risco e estabelecer ações de combate e buscar melhorias. Já o Compliance é mais prescritivo, já que as organizações devem aderir às regras e normas já em vigor.

Como a integração dessas áreas beneficia as empresas?

A integração entre gestão de risco, governança corporativa e Compliance se relaciona à sigla GRC. Esse conjunto de conceitos se relaciona aos esforços da companhia para facilitar a unificação e a transparência de seus processos, com o objetivo de garantir que as políticas e os valores da empresa se alinhem satisfatoriamente.

Em um mercado tão acirrado, pontuado por clientes cada vez mais exigentes e normas regulatórias diversas, integrar os setores é a solução para que as empresas aumentem sua produtividade. Para isso, o GRC é fundamental.

Uma abordagem integrada desses processos em toda a empresa promove o diálogo contínuo entre todos os setores envolvidos com o gerenciamento de deficiências e riscos.

A integração promove uma cultura de suporte às regras em todos os níveis da organização, permitindo a identificação mais apurada dos custos e das exigências das ações que serão efetivadas pela implementação do Compliance.

A utilização de uma abordagem integrada melhora o nível geral de transparência da companhia, além de ajudar a reduzir a utilização de recursos financeiros. Porém, esses esforços devem incluir uma padronização nos processos, podendo incluir o uso de automação para otimizar as atividades.

A abordagem integrada de gestão de riscos ao Compliance ajuda as instituições a se fortalecerem contra riscos futuros ainda desconhecidos e antecipar o impacto das mudanças nas condições em relação às regulações que devem ser adotadas.

Essa integração garante, desse modo, a redução de ameaças e ainda potencializa o número de oportunidades. Os profissionais envolvidos devem colaborar em prol da expansão da empresa, traçando estratégias comuns e seguindo as mesmas práticas, normas e regulações relativas ao gerenciamento de risco e ao Compliance.

Gestão de riscos, governança corporativa e Compliance são três pilares fundamentais do gerenciamento de empresas. Cada vez mais, as instituições investem no mapeamento dos riscos, sejam eles operacionais, financeiros ou ambientais.

Uma boa análise leva em consideração o possível impacto do problema, a frequência dessas anomalias nos processos, a magnitude e a probabilidade de que essa falha ocorra novamente.

Matriz de impacto e probabilidade

A matriz de impacto e probabilidade, por exemplo, envolvida diretamente na análise de riscos, fornece uma escala de acordo com cada risco em uma etapa inicial. Os fatores identificados servem de recurso para a delimitação de iniciativas de controle e monitoramento em tempo real que auxiliam no cumprimento de objetivos estratégicos, na segurança geral dos processos, na reputação e no valor geral de mercado da companhia.

Isso aumenta as chances de prevenção a situações desfavoráveis e ainda auxilia na busca por novas oportunidades de negócio e conquista de clientes.

O próprio processo de confecção dessa matriz gera uma melhora significativa na cultura de gestão de riscos e ativos, principalmente quando envolve diversos níveis da hierarquia interna da instituição na elaboração das decisões.

Como assegurar a implementação acertada dos conceitos?

Podemos traçar etapas similares para a correta implantação dos dois conceitos. Segundo os autores do livro "Compliance 360º — riscos, estratégias, conflitos e vaidades no mundo corporativo", Vinícius Trevisan, Ana Paula P. Candeloro e Maria Balbina Marins de Rizzo, as etapas de implantação do Compliance são as seguintes:

  • disseminar e educar os colaboradores da empresa sobre a cultura geral do Compliance;
  • iniciar a implementação pela demonstração dos benefícios e combate aos mitos sobre o assunto;
  • buscar as pessoas certas e os recursos mais adequados para iniciar o trabalho;
  • mapear e monitorar, estabelecendo as metas mais urgentes de redução de riscos;
  • iniciar os treinamentos e a comunicação mais eficiente, priorizando a transparência;
  • dar voz a todos os setores, garantindo um canal comum de colaborações e investigações;
  • incentivar e sancionar as propostas mais pertinentes, os mecanismos-chave;
  • estabelecer métricas e critérios para promover melhorias no programa;
  • estabelecer uma política interna que ofereça a defesa da companhia em caso de fiscalização.

Uma das autoras, Ana Paula P. Candeloro, esclarece em artigo posterior que a trajetória para a busca de soluções em Compliance passa, necessariamente, por diversas etapas — e ela reafirma a importância de apostar no desenvolvimento de práticas corporativas para que a instituição alcance a maturidade profissional.

Esse nível de maturidade vai garantir um diferencial competitivo no mercado e a sustentabilidade dos negócios. Segundo ela, "viver para a empresa" deve ser o ponto de partida do programa, em vez de "viver da empresa".

Já segundo as etapas do processo de gestão de riscos proposto pela norma técnica ISO 31000 e as recomendações do Roteiro de Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), as etapas são as seguintes:

  • estabelecimento do contexto;
  • identificação dos riscos;
  • análise de risco;
  • avaliação de risco;
  • tratamento de risco;
  • monitoramento e análise crítica.

A Petrobras é um exemplo bem-sucedido de implantação de uma gestão integrada de Compliance e gestão de riscos. A adoção das duas ferramentas ajudaram muito na recuperação da imagem da companhia e do seu valor de mercado.

Ao adotar o tripé GRC (como vimos, Governança, Risco e Compliance), ficou mais fácil estabelecer ações continuadas de prevenção e flagrante de fraudes e casos de corrupção.

A implementação de um canal terceirizado de denúncias acessível aos colaboradores internos e ao público externo ajudou a garantir a transparência dos processos. O processo de Due Dilligence de Integridade também garantiu uma reforma em toda a estrutura gerencial da companhia.

Como a tecnologia pode ajudar?

O conceito de transformação digital se relaciona à crescente incorporação de tecnologias digitais, como armazenamento em nuvem e softwares de automação, a todos os setores das empresas, o que ocasiona uma grande mudança em toda a operação da companhia.

Essa transformação tecnológica é uma mudança cultural de alta relevância, já que proporciona um meio de testar novas soluções e abandonar processos antigos que já não geram tanto valor para a empresa. Desse modo, a transformação digital oferece boas oportunidades de integração com a gestão de riscos.

A busca por soluções robustas por meio de tecnologias de ponta, acessíveis aos diversos tipos de negócio, podia parecer até uma utopia há pouco tempo, mas se tornou realidade.

As tendências de TI têm guiado inovações empresariais e influenciado o comportamento dos consumidores, que exigem cada vez mais praticidade e agilidade.

A transformação digital auxilia os diversos processos de gerenciamento por meio de algumas ações bem definidas. Vamos conhecê-las.

Possibilidade de se antecipar a fraudes por meio de análise de dados

A tecnologia pode servir às empresas na busca de informações internas sobre os processos e os próprios colaboradores. Alguns tipos de informações relevantes para a companhia que podem ser mapeados por meio da análise aprofundada de dados são:

  • investigar colaboradores que possam estar envolvidos com casos públicos de corrupção;
  • checar as informações e a reputação de potenciais parceiros de negócio;
  • mapear o financiamento da empresa a outras causas e reduzir os custos, se necessário.

Evitar conflitos de interesse na companhia

Quem é responsável pela análise de risco?

Em geral, esse tipo de análise é realizado por profissionais com vasto conhecimento de riscos e estatísticas que permitem a elaboração de planos de ação para atuar em diferentes cenários. Logo, isso faz com que o impacto negativo de uma eventual ocorrência seja o menor possível.

Quais são os membros responsáveis pela realização do processo de identificação de riscos?

Os participantes na identificação do risco geralmente quando possível, são os seguintes: equipe de projeto, equipe de gerência de risco, especialistas no tema de outras partes da compania, clientes, usuários, outros gerentes de projetos, partes envolvidas e especialistas de fora.

O que é um gestor de risco?

A gestão de risco é o conjunto de atividades coordenadas que têm o objetivo de gerenciar e controlar uma organização em relação a potenciais ameaças, seja qual for a sua manifestação. Isso implica no planejamento e uso dos recursos humanos e materiais para minimizar os riscos ou, então, tratá-los.

Qual o papel das empresas no gerenciamento de riscos?

O principal objetivo da gestão de risco é permitir que a empresa faça uma análise preditiva de todos os processos e situações que ocorrem ou possam ocorrer eventualmente. Com isso, ela consegue evitar boa parte das consequências negativas e minimizar os impactos daquilo que não pode ser evitado.