Em que parte da flor se formam respectivamente os grãos de pólen e os óvulos?

Doutorado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente (Instituto de Botânica de São Paulo, 2017)
Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente (Instituto de Botânica de São Paulo, 2012)
Graduação em Biologia (UNITAU, 2006)

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As flores são formadas por um conjunto de folhas modificadas que possuem função de reprodução ou proteção. São estruturas características das angiospermas, assim como os frutos. Elas podem se encontrar solitárias ou reunidas em grupos denominados inflorescências. Os principais componentes de uma flor são o cálice, a corola, os estames e os carpelos (Figura 1). As flores que possuem esses quatro componentes são ditas flores completas. Caso algum esteja ausente, elas são designadas flores incompletas.

O cálice e a corola formam juntos o perianto. A corola é o conjunto de pétalas de uma flor, ao passo que o cálice é o conjunto de sépalas (Figura 1). Ambas são folhas modificadas que têm função de proteção. Na maioria das plantas, as sépalas são verdes e relativamente espessas, e as pétalas são mais finas, exibindo cores brilhantes e aspecto vistoso. Características morfológicas das sépalas e pétalas são importantes para a atração de agentes polinizadores. Caso não seja possível uma distinção entre essas duas estruturas, elas são referidas como tépalas.

Os estames e os carpelos são folhas modificadas e especializadas na produção de estruturas reprodutivas masculinas e femininas, respectivamente (Figura 1). Nos estames, coletivamente conhecidos como androceu (que significa “casa do homem”), é onde são sintetizados os grãos de pólen. A maior parte das flores exibem dois ou mais estames, porém algumas espécies apresentam apenas um único estame. Em geral, os estames são constituídos por um filamento delgado chamado de filete, o qual possui na extremidade uma região dilatada denominada antera.

Os carpelos são as estruturas das flores que originam os óvulos, sendo coletivamente designadas como gineceu (que significa “casa da mulher”). Eles são folhas modificadas e podem estar separados ou fusionados, em parte ou na totalidade. As flores podem conter um ou mais carpelos, que formam uma estrutura denominada pistilo. Cada pistilo possui três partes (Figura 1): o estigma, o qual recebe o pólen; o estilete, uma parte intermediária, na qual o tubo polínico cresce; e o ovário, o qual contém os óvulos e, dentro destes, o gameta feminino (oosfera).

A maioria das flores possui tanto estames quanto carpelos, sendo referidas como flores bissexuadas. Caso alguma dessas estruturas esteja ausente, a flor é dita unissexuada. Quando apenas os estames estão presentes, elas são conhecidas como estaminadas, já se possuírem somente os carpelos, as flores são chamadas de carpeladas. Se as flores carpeladas e estaminadas são encontradas na mesma planta, como no milho e no carvalho, as espécies são designadas monoicas (do grego: monos, único e oikos, casa). Se há indivíduos que produzem apenas flores estaminadas e outros que produzem apenas flores carpeladas, como ocorre no salgueiro, no cânhamo e em certas figueiras, a espécie é denominada dioica.

Em que parte da flor se formam respectivamente os grãos de pólen e os óvulos?

Figura 1 – Esquema que destaca as principais estruturas morfológicas encontradas em flores de angiospermas. Ilustração: Designua / Shutterstock.com (adaptado)

Referências bibliográficas:

Appezzato-da-Glória, B. & Carmello-Guerreiro, S.M. 2006. Anatomia Vegetal. 2ª ed. Viçosa: Ed. UFV, 438 p.

Raven, P.; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 830 p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/plantas/flor/


Por Priscilla Moniz

Professora de Biologia do Colégio Qi

Definições

As angiospermas são plantas que possuem as sementes protegidas pelo fruto, é o grupo com maior número de espécies - mais de 250 mil - e o termo angio significa vaso, enquanto esperma quer dizer semente. Em conjunto com as gimnospermas, formam um grupo de plantas fanerógamas (fânero = “visível”; gamos = “casamento”), ou seja, são plantas que possuem órgãos reprodutores facilmente observáveis. 

Abaixo, podemos observar a estrutura completa de uma flor, que é responsável pela reprodução sexuada das angiospermas. 

Em que parte da flor se formam respectivamente os grãos de pólen e os óvulos?
Estrutura da angiosperma (Foto: Reprodução/Colégio Qi)

O carpelo, que está no interior da flor formando um vaso, é o local onde as sementes irão se desenvolver, e parte deste se transformará em fruto. A planta propriamente dita é o esporófito, sendo que o gametófito encontra-se incluso nos tecidos do esporófito em tamanho reduzido. 

Os verticilos são conjunto de folhas modificadas ou esporófitas, geralmente apresentando quatro destes: cálice (conjunto de folhas protetoras – sépalas); corola (conjunto de pétalas); androceu (andro = “masculino”) formado por folhas modificadas responsáveis pela reprodução – estame; gineceu (gino = “feminino”) formadas pelo conjunto de carpelos ou pistilos que também é responsável pela reprodução – estigma, estilete, ovário e óvulo. 

As angiospermas possuem tamanhos variáveis e apresentam raiz, caule, folha e flor.

Reprodução das angiospermas

As angiospermas possuem um ciclo chamado de haplodiplobiôntico, tendo uma fase haplóide bem reduzida. Os sacos polínicos que correspondem a microesporângios são encontrados nos estames responsáveis pela produção de micrósporos, as células-mães em cada saco polínico sofrem meiose originando esporos haplóides. Os esporos sofrem mitose formando grão de pólen que são os gametófitos masculinos.  

No interior do ovário, são encontrados macroesporângios que correspondem ao óvulo. A célula-mãe sofre meiose dando origem a quatro megásporos haplóides, alguns sofrem três divisões nucleares nas quais surgem os gametófitos femininos chamados de saco embrionário.

A polinização pode acontecer pela ação do vento, sendo que, na maioria das vezes, são por insetos ou outros animais que se alimentam do néctar da planta, o que torna a fecundação independente da água e, além disso, a probabilidade do grão de pólen ser levado para uma planta da mesma espécie é maior já que cada planta possui atrativos como tamanho da flor, cor ou cheiro que atraem certos tipos de polinizadores.

Algumas angiospermas que não possuem essas flores atrativas, como é o caso das gramíneas (capim, trigo, entre outros), possuem adaptações para que consigam ser polinizadas pelo vento. Estas possuem como adaptação, estigmas grandes, bem expostos e com ramificações em forma de plumas para facilitar a interceptação do grão de pólen.

Quando a polinização acontece pela ação do vento, esta é chamada de anemofilia, por insetos é a entomofilia, por aves é ornitofilia e por morcegos, quiropterofilia. 

Para a formação do fruto, o ovário, após a fecundação, transforma-se em fruto e os óvulos, em sementes, conforme a imagem abaixo. O fruto que apresenta uma parede chamada de pericarpo é formado por três regiões – epicarpo, mesocarpo (parte comestível, acúmulo de reserva nutritiva) e endocarpo.

Em que parte da flor se formam respectivamente os grãos de pólen e os óvulos?
(Foto: Reprodução/Colégio Qi)

O fruto coopera para dispersão da semente através de sua reserva nutritiva que atrai animais e, além disso, a semente possui uma membrana protetora fazendo com que a semente não seja digerida e que saia nas fezes ajudando na disseminação das sementes. Alguns frutos que não possuem essa reserva nutritiva conseguem se espalhar por conta de adaptações, como é o caso do carrapicho que se prende aos pelos dos animais facilitando sua dispersão ou outros que se adaptaram na dispersão pelo vento. 

Quando a disseminação do fruto acontece por animais, esta é chamada de zoocoria, quando ocorre pelo vento é a anemocoria e pela água, hidrocoria. 

As angiospermas também podem se reproduzir de forma assexuada a partir de seus botões vegetativos ou gemas, esse tipo de reprodução é chamada de propagação vegetativa.

Classificação

As angiospermas são divididas em duas classes: Monocotyledoneae (monocotiledôneas) e Dicotyledoneae (dicotiledôneas) por conta do número de cotilédones na semente (FIGURA 4). 

Em que parte da flor se formam respectivamente os grãos de pólen e os óvulos?
(Foto: Reprodução/Colégio Qi)

Exercícios

(FUVEST-2010) Uma pessoa, ao encontrar uma semente, pode afirmar, com certeza, que dentro dela há o embrião de uma planta, a qual, na fase adulta, 
a) forma flores, frutos e sementes. 
b) forma sementes, mas não produz flores e frutos. 
c) vive exclusivamente em ambiente terrestre. 
d) necessita de água para o deslocamento dos gametas na fecundação. 
e) tem tecidos especializados para condução de água e de seiva elaborada.

Resposta: E
Se há sementes, certamente, trata-se de uma espermatófita (gimnosperma/angiosperma). Assim, a planta pode ou não produzir frutos, o que elimina as opções A e B. Há representantes, principalmente, de angiospermas em ambiente aquático, o que elimina a opção C. Nesses grupos, o tubo polínico trouxe a independência da água para a reprodução (opção D incorreta). Todas as espermatófitas são traqueófitas, isto é, possuem vasos condutores de seiva.

(FGV SP - 2009) Em algumas espécies de plantas, ocorre autoincompatibilidade entre o grão de pólen e o estigma da mesma flor. Esse mecanismo, geneticamente determinado, impede que nessas espécies ocorra a: 
a) polinização. 
b) partenogênese. 
c) autofecundação. 
d) fecundação interna. 
e) fecundação cruzada.

Resposta: C
A maioria das flores das angiospermas é hermafrodita (apresenta androceu e gineceu), facilitando a autofecundação, contudo a autofecundação apresenta desvantagem para as espécies, impedindo a variabilidade de caracteres. Para impedir a autofecundação, as flores possuem adaptações que impedem o processo e facilitam a fecundação cruzada (entre flores diferentes).

(Unicamp-2008) A polinização das angiospermas é feita por agentes abióticos (vento e água) ou por vários tipos de animais. Nesse processo se observa relação entre as características florais e os respectivos agentes polinizadores. 
a) Considerando as informações sobre as flores das quatro espécies apresentadas na tabela abaixo, escolha, para cada uma delas, o possível agente polinizador dentre os seguintes: vento, morcego, beija-flor e abelha. 
b) Explique o papel do grão de pólen no processo de formação de sementes.

Em que parte da flor se formam respectivamente os grãos de pólen e os óvulos?
(Foto: Reprodução/Colégio Qi)

Resposta: 
a) 1. beija-flor (ornitofilia); 2. vento (anemofilia); 3. morcego (quiropterofilia); 4. abelha (entomofilia)
b) O grão-de-pólen aloja o material genético do progenitor masculino em núcleos espermáticos para formação do embrião (2n) e do endosperma (3n) da semente. É precursor do tubo polínico (gametófito masculino), o que torna a fecundação independente da água. Além disso, apresenta estrutura de fácil dispersão por agentes polinizadores bióticos e abióticos, facilitando a reprodução sexuada entre os vegetais.

(Mack-2008) Todas as plantas apresentam alternância de gerações, isto é, uma fase assexuada, seguida de uma sexuada. Nas Briófitas, a fase Gametofítica predomina sobre a fase Esporofítica. Nas demais plantas (Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas), a fase Esporofítica é a predominante sobre a Gametofítica. Células haplóides de uma Angiosperma podem ser observadas: 
a) na parede do ovário e no grão-de-pólen. 
b) no interior do óvulo e no grão-de-pólen. 
c) no endosperma da semente e no tubo polínico. 
d) no saco embrionário e na parede da antera. 
e) no pistilo e no filete do estame.

Resposta: B
Nas angiospermas, são estruturas haploides: o saco embrionário encontrado no interior do óvulo e os núcleos do grão de pólen.

(PUC RJ-2008) Em relação aos indivíduos do reino vegetal, pode-se afirmar que os(as): 
a) briófitas não dependem diretamente da água para sua reprodução. 
b) fungos são vegetais aclorofilados. 
c) flores das pteridófitas são frutos modificados. 
d) gimnospermas possuem flores e frutos verdadeiros. 
e) frutos das angiospermas se originam a partir do desenvolvimento do ovário.

Resposta: E 
Após a fecundação, o ovário se transforma em fruto e os óvulos, em sementes.


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Onde se formam os grãos de pólen e os óvulos?

A sua formação ocorre em estruturas reprodutoras especializadas da flor, as anteras, que quando sofrem deiscência libertam o pólen maturo para que este seja transportado até aos estigmas da mesma ou de outra flor.

Onde é produzido o grão de pólen na flor?

O grão de pólen apresenta local de produção diferente para cada grupo de plantas. Nas gimnospermas, ele é produzido nos chamados estróbilos, também conhecidos como cones. Já nas angiospermas, a produção ocorre nas flores, mais precisamente na parte chamada de antera.

Onde são produzidos os óvulos das flores?

Gineceu é o nome dado ao conjunto de carpelos de uma flor. Os carpelos, por sua vez, são a parte da flor na qual estão localizados os óvulos, os quais contêm o gametófito feminino (saco embrionário), que produz o gameta feminino (oosfera).

O que são óvulos e grãos de pólen em uma flor?

As anteras são os órgãos masculinos da flor e o pólen é a gameta masculino. Para que haja a formação das sementes e frutos é necessário que os grãos de pólen fecundem os óvulos existentes no aparelho reprodutor feminino.