O que significa Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor?

MENSAGEM de Fernando Pessoa- Segunda Parte: MAR PORTUGUEZ - MAR PORTUGUEZ

O que significa Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor?

.-Ouça aqui o poema(para estudantes de português) Óleo de Carlos Alberto Santos

MAR PORTUGUEZ

� mar salgado, quanto do teu sal

S�o l�grimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas m�es choraram,

Quantos filhos em v�o rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, � mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma n�o � pequena.

Quem quere passar al�m do Bojador

Tem que passar al�m da dor.

Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,

Mas nelle � que espelhou o c�u.

Comentários:

Este é o poema principal da Segunda Parte de Mensagem (porque a ela deu o nome) e também o poema breve mais conhecido da lingua portuguesa. É incomparável em simplicidade e beleza e também na sucessão de grandes frases: "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!", "Tudo vale a pena se a alma não é pequena", "Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor" e "Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu".

"quem quer passar além do Bojador..."- o Cabo Bojador, na costa africana, era considerado o limite do mar navegável porque, dizia-se, os ventos e as correntes impossibilitariam o regresso de quem o dobrasse. Quando Gil Eanes finalmente navegou para além do Bojador e voltou, foi ultrapassada uma barreira psicológica capital. Neste poema, o Bojador simboliza todos os desafios que houve que vencer no esforço das Descobertas, independentemente do custo humano.

.-Ouça aqui o poema(para estudantes de português) . Voltar ao índice da MENSAGEM de Fernando Pessoa

Lisboa, Portugal. Setembro 05, 2003

 

Revisto Agosto 27, 2007

João Manuel Mimoso

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English version

An introduction to the poem: Mar Português (after which the second part of Mensagem is named) is the capital short poem of Portuguese Literature and also Pessoa's best known poem in his homeland. It sums up the cost of conquering the seas in terms of human suffering and asks "Was it worthwhile?" immediately replying with two resounding sentences "All is worthwhile when the spirit is not small" and "He who wants to go beyond the Cape has to go beyond pain". The poem then concludes in a grand manner with the statement that God created the sea dangerous but it was in it that He chose to mirror the sky that symbolizes heaven!

Portuguese Sea

Oh salty sea, so much of your salt

Is tears of Portugal!

Because we crossed you, so many mothers wept,

So many sons prayed in vain!

So many brides remained unmarried

That you might be ours, oh sea!

Was it worthwhile? All is worthwhile

When the spirit is not small.

He who wants to go beyond the Cape

Has to go beyond pain.

God to the sea peril and abyss has given

But it was in it that He mirrored heaven.

"Quem quer passar além do Bojador tem de passar além da dor", escreve Fernando Pessoa na Mensagem. O Bojador português de hoje é a saída de uma bancarrota iminente e a entrada no equilíbrio das contas públicas e num crescimento económico consistente. Só essa passagem permite a construção sólida de justiça social e de pilares para um crescimento sustentado no futuro.

A dor que teremos de ultrapassar reside nos elevados níveis de desemprego (14,5%), nas difíceis provações económicas das famílias portuguesas e, muitas vezes, na falta de perspectivas de vida para jovens e menos jovens. Esperamos um crescimento negativo de 3,3% de crescimento, em 2012, o que atrasa resultados, se não os comprometer. A inflação está acima do previsto e os juros da dívida mantêm-se elevados. Não é fácil. Temos a medida - lúcida e solidária - da gravidade do momento. Não ignoramos os sacrifícios. Bater-nos-emos por "passar além" deste período com determinação e sensibilidade social.

E estamos "a passar além da dor", como diz o verso de Pessoa, nas metas previstas, nesta fase, para a consolidação orçamental. Reforçámos as condições de estabilidade do sistema financeiro. A par dos sacrifícios da sociedade portuguesa e da resiliência das empresas, registámos a melhoria no controlo da despesa, por parte do Governo, no segundo semestre de 2011, o que contribuiu para a redução do défice estrutural, sobretudo em comparação com outros exemplos europeus. Há dias, os dados do Instituto Nacional de Estatística disseram-nos que as exportações portuguesas cresceram quase 11% (10,9%) e que as importações caíram 7% no trimestre concluído em Janeiro, em comparação com o período homólogo do ano passado. Estes resultados são encorajadores para os tempos difíceis que nos esperam em 2012, sobretudo com a perspectiva de crescimento do desemprego.

O bom caminho não é o caminho mais fácil. É um caminho estreito, mas estamos sem alternativa. Se atalhos existissem, por lá iríamos; se mais tempo houvesse, mais folga teríamos para um ajustamento suave, como pede José Seguro. Mas deixámo-nos colocar numa situação de ajuda externa que nos condiciona. Temos, por isso, de realizar esforços adicionais e urgentes nas reformas estruturais. Estamos num período único, pleno de possibilidades para a regeneração da economia, da administração pública, da cultura de trabalho e da aplicação de boas práticas na vida da comunidade. Tomemos a palavra "crise" em mandarim: que significa oportunidade de mudança. As regras e os hábitos que tivemos nas últimas décadas não nos conduziram a bom porto. Importa, por isso, continuar a agenda de transformação estrutural para a promoção do crescimento e do emprego.

Estamos a "passar além da dor". Em apenas oito meses, num contexto muito desfavorável, o Governo fez trabalho árduo, a bom ritmo, mostrando estar à altura do combate à severidade dos problemas que enfrentamos. Pôs em marcha uma série de reformas estruturais vitais para voltar ao mapa dos investidores estrangeiros, para recolocar a economia no mercado.

A agilização do processo judiciário; a Lei da Concorrência, com méritos reconhecidos pela oposição; a Lei das Insolvências, há tanto esperada; as bem- -sucedidas privatizações da EDP e da REN, que encaixaram mais de dois terços do esperado para o total das empresas a privatizar, atraindo liquidez para a economia nacional; a nova Lei da Arbitragem e o Estatuto dos Reguladores; o reordenamento do QREN; o novo Tribunal da Concorrência; a reforma da Lei dos Financiamentos Locais e Regionais; e, finalmente, a transposição para Portugal da Directiva dos Serviços que acaba com as barreiras para a criação de negócios em mais de 70 diplomas, a concluir até ao final de 2012.

É importante registar o consenso entre a maioria e a oposição sobre memorando. Dirá Basílio Horta que "a coesão não suspende a democracia". Concordo. Mas reforça os resultados alcançados, pelo que devemos um reconhecimento à postura do Partido Socialista. No mesmo sentido, foi notável o resultado obtido a nível da concertação social, num período tão exigente. Como diz o povo, "é na dificuldade que se forja o carácter". E o concílio alcançado demonstra o sentido de responsabilidade de todas as partes envolvidas.

Saúdo os portugueses, as empresas nacionais e o Governo pela prestação corajosa que têm demonstrado e pela eficácia do esforço, em tempo recorde, nos resultados obtidos no ajustamento económico.

Quem quer passar pelo Bojador tem que passar além da dor?

Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quere passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abysmo deu, Mas nelle é que espelhou o céu.

O que é o Bojador no poema de Fernando Pessoa?

O poema de Fernando Pessoa faz menção ao Cabo Bojador, na terceira estrofe do poema. Pessoa remete ao fato histórico da travessia ao versar que, “Quem querer passar além do Bojador, Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu” (PESSOA, 1986, p. 16).

O que significa passar além do Bojador nas primeiras décadas do século 15?

O significado de “passar além do Bojador”, nas primeiras décadas do século XV, é: a) ultrapassar a “barreira” que, segundo a tradição grega, era o limite máximo para navegar sem o perigo de ser atacado por monstros marinhos, permitindo aos navegantes portugueses atingir a Costa da Guiné.

Qual é a importância para os portugueses de passar além do Bojador?

A passagem pelo ponto era simbólica para Portugal, pois significava o avanço técnico da sua ciência náutica e o controle dos seus navegadores sobre o oceano, sendo uma espécie de "meta" no desenvolvimento das grandes navegações portuguesas.