A crônica narrativa é um gênero literário marcado pela brevidade de ações ocorridas em tempo e espaço determinados. As histórias geralmente apresentam diálogos ágeis, marcados pela possibilidade de se explorar o humor, com finais surpreendentes e/ou inusitados. Show
De maneira bastante usual, personagens e situações colocam-se de maneira ficcional, embora sejam trabalhadas temáticas do cotidiano, em que se realizam reflexões sobre o comportamento humano, a fim de se construir crítica social. Considerando a intencionalidade do gênero, é comum o uso de linguagem coloquial, do dia a dia, refletindo as características das personagens. É bastante comum que os autores de crônicas narrativas explorem fatos e acontecimentos do tempo presente, e que se construam narradores que olham pelo “buraco da fechadura”, revelando o comportamento das pessoas diante de questões sociais, políticas, artísticas, individuais, coletivas, entre tantas outras, mas que tenha o ser humano como foco. Leia também: Como tornar um texto coeso? As redações de jornais são ainda grandes produtoras de crônicas no Brasil.Tópicos deste artigo
Como fazer uma crônica narrativaPara se produzir uma crônica narrativa de excelência, é fundamental que se tenha em mente um projeto de texto que contemple:
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Por fim, vejamos o que diz Artur da Távola sobre como se escrever uma crônica:
Saiba também: Crônica argumentativa: veja suas características Principais características da crônica narrativa
Videoaula sobre crônica narrativaExemplo de crônica narrativaNo restaurante Carlos Drummond de Andrade – Quero lasanha. Aquele anteprojeto de mulher - quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia – entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha. O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais. – Meu bem, venha cá. – Quero lasanha. – Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa. – Não, já escolhi. Lasanha. Que parada – lia-se na cara do pai. Relutante a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato: – Vou querer lasanha. – Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão. – Gosto, mas quero lasanha. – Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá? – Quero lasanha, papai. Não quero camarão. – Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal? – Você come o camarão e eu como lasanha. O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo: – Quero lasanha. O pai corrigiu: – Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada. A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações apenas se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou: – Moço, tem lasanha? – Perfeitamente, senhorita. O pai, no contra-ataque: – O senhor providenciou a fritada? – Já sim, doutor. – De camarões bem grandes? – Daqueles legais, doutor. – Bem, então me vê um chinite, e para ela... O que é que você quer, meu anjo? – Uma lasanha. – Traz um suco de laranja para ela. Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para a surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo, a vitória do mais forte. – Estava uma coisa, hem? - comentou o pai, com um sorriso bem alimentado - Sábado que vem, a gente repete... Combinado? – Agora a lasanha, não é, papai? – Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer, mesmo? – Eu e você, tá? – Meu amor, eu... – Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha. O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem. Fonte: O Poder Ultrajovem e mais 79 textos em prosa e verso, 1972. Leia também: Ciao: a última crônica de Carlos Drummond de Andrade Representantes da crônica narrativa na literatura brasileiraClarice Lispector é uma grande representante da crônica narrativa brasileira. [1]Segundo alguns historiadores e críticos literários, a partir da década de 30 do século XX, a crônica consolidou-se como um gênero textual brasileiro, quando autores de renome passaram a publicar, sobretudo em jornais, textos dessa natureza. São exemplos de grandes autores que escreveram crônicas:
Assim, tanto a dedicação desses escritores como o crescimento dos jornais no Brasil contribuíram, sobremaneira, para que a crônica fosse disseminada e tomada como um gênero literário, caindo no gosto dos brasileiros e firmando-se como um texto próximo dos seus leitores. Mais recentemente em nossa história, podemos citar Rubem Braga e Luis Fernando Veríssimo como grandes representantes do gênero. Vale ressaltar ainda que, com o advento das mídias digitais, é possível encontrar esse texto circulando não apenas em livros e jornais, mas também em outros veículos, o que contribui para a popularização da crônica e para o seu acesso mais facilitado. Crédito de imagem: [1]Arquivo Nacional Notas: [1] TÁVOLA, Artur da. Ser jovem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, página 54.
Como deve ser uma crônica segundo a última crônica?Exemplo de resposta: uma crônica deve ser um texto que capte algo pitoresco ou irrisório no cotidiano das pessoas; um texto que procura enxergar poesia e beleza em algo circunstancial, episódico, aparentemente irrelevante.
Quem é o interlocutor do texto ou seja quem é o narrador?O emissor (ou locutor) – É a pessoa que emite a mensagem. Receptor (ou interlocutor) – É a pessoa a quem a mensagem é remetida. A mensagem – Constitui a essência do que se propõe a dizer, ou seja, o conteúdo contido na informação.
Que tratamento o médico receitou ao escritor pastilha diversas injeção inalação chá de folhas com alho repouso e água?Resposta. Resposta: letra a) pastilhas diversas.
Onde se passa a história da crônica?A crônica é um gênero textual narrativo típico de jornais e revistas. Seus temas, em geral, são ligados à vida cotidiana urbana.
|