Quais as consequências da destinação inadequada do lixo para a população?

A quantidade de resíduos sólidos urbanos destinados inadequadamente no Brasil cresceu 16% na última década. O montante passou de 25,3 milhões de toneladas por ano em 2010 para 29,4 milhões de toneladas por ano em 2019.

Quais as consequências da destinação inadequada do lixo para a população?
Quais as consequências da destinação inadequada do lixo para a população?

Em 2010, 43,2% do total de resíduos eram descartados de forma incorreta (para lixões ou aterros controlados).  Os dados são do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, lançado pela Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

De acordo com a entidade, a destinação inadequada dos resíduos para lixões ou aterros controlados, e não para os aterros sanitários, prejudica diretamente a saúde de 77,65 milhões de brasileiros atualmente, e gera um custo ambiental e para o sistema de saúde de cerca de US$ 1 bilhão por ano.

Três regiões descartam seus resíduos inadequadamente acima da média nacional (59,5%). O Nordeste concentra o maior número de cidades com destinação irregular: 1.340 municípios (74,6%), seguido da Região Norte, com 79% das cidades (357 municípios) e do Centro-Oeste, 65% dos municípios (305 cidades).

Segundo a Abrelpe, considerando a manutenção do cenário atual, serão necessários 55 anos para que aterros controlados e lixões sejam encerrados em todo o país. “A lentidão observada nos últimos dez anos, aliada à projeção dos indicadores futuros, evidencia a extrema urgência para se viabilizar as ações necessárias para o encerramento definitivo dessas práticas medievais de destinação de resíduos”, disse o diretor-presidente da associação, Carlos Silva Filho.

Geração de lixo

Nos últimos dez anos, a geração total de resíduos sólidos urbanos no Brasil cresceu 19%, subindo de 67 milhões de toneladas por ano, em 2010, para 79,6 milhões de toneladas por ano, em 2019. De acordo com a Abrelpe, até 2050 a produção de lixo deverá crescer mais 50% e poderá alcançar 120 milhões de toneladas por ano.

Coleta

Pelo levantamento, a quantidade de resíduos coletados no país cresceu 24%, chegou a 72,7 milhões de toneladas e atingiu 92% de cobertura no país, índice que implica déficit de 6,3 milhões de toneladas por ano sem coleta, que acabam abandonadas no meio ambiente. 

Segundo a Abrelpe, apenas dez estados do país têm índice de cobertura de coleta  acima da média nacional: São Paulo (99,6%), Rio de Janeiro (99,5%), Santa Catarina (95,84%), Goiás (96,1%), Rio Grande do Sul (95,5%), Distrito Federal (95%), Paraná (95%), Espírito Santo (93,7%), Amapá (93,3%) e Mato Grosso do Sul (92,7%). Os menores índices de cobertura de coleta são registrados nas regiões Norte e Nordeste, com os estados do Ceará (80,1%), Rondônia (78,9%), Pará (76,7%), Piauí (69,2%) e Maranhão (63,9%) nas últimas cinco posições.

Composição do lixo

De acordo com a pesquisa, os resíduos orgânicos ainda permanecem como principal componente do lixo dos brasileiros em 2019, com participação de 45,3%, o que representa pouco mais de 36 milhões de toneladas por ano. Já os resíduos recicláveis secos somam 35%, sendo compostos principalmente pelos plásticos (16,8%), papel e papelão (10,4%), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%). Os rejeitos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e são, principalmente, os materiais sanitários. Quanto às demais frações, os resíduos têxteis, couros e borrachas somam 5,6% e outros resíduos, 1,4%.

"Ao longo dos anos temos observado uma mudança no perfil dos resíduos, com gradual redução na proporção de matéria orgânica e aumento dos recicláveis secos, que já ultrapassam um terço do total e nos quais predominam os materiais plásticos, com mais de 13 milhões de toneladas descartadas a cada ano”, ressalta Silva Filho.

Coleta seletiva

As iniciativas de coleta seletiva, que estavam presentes em 56,6% dos municípios em 2010, foram registradas, em 2019, em mais de 73% das cidades. Esse tipo de coleta, no entanto, segundo a Abrelpe, ocorre ainda de forma incipiente.

“A inexistência de um mercado estruturado para absorver os resíduos e as dificuldades logísticas e tributárias devem ser objeto de atenção prioritária, juntamente com a estruturação dos sistemas de logística reversa definidos por lei, já que no período de uma década, apenas aqueles cuja obrigatoriedade antecede o Plano Nacinoal de Resíduos Sólidos apresentam resultados satisfatórios”, destaca Carlos Silva Filho. 

Matéria alterada às 16h42 do dia 16/12/2020 para adequação de informação

Atualizado: 31 de mai. de 2021

Quais as consequências da destinação inadequada do lixo para a população?

O Brasil no ano de 2015 se tornou o quarto país mais gerador de resíduos sólidos do mundo, neste ano a quantidade de lixo urbano produzida chegou a 79,9 milhões de toneladas, sendo esse dado divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Sendo assim, devido à falta de políticas públicas e uma estrutura adequada, faz-se necessário um estudo a respeito da problemática dos resíduos sólidos no país.

Dessa forma, este artigo tem o objetivo de fazer um estudo de como se apresenta o descarte de resíduos sólidos no Brasil, com foco nas consequências que o seu descarte incorreto causa tanto ao meio ambiente como a saúde pública. Por conseguinte, demonstrar a influência de uma coleta efetiva tanto para a saúde da população, quanto para o desenvolvimento da sociedade e, igualmente, para o meio ambiente e a sustentabilidade.

A PROBLEMÁTICA DO DESCARTE INCORRETO DO LIXO E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE PÚBLICA E NO MEIO AMBIENTE

O avanço do sistema capitalista que tem como um de seus pilares fazer com que as pessoas tenham a necessidade de consumir mais e mais, muitas vezes sem a necessidade desse consumo, é o principal fator para o aumento dos resíduos sólidos. De modo que esses resíduos gerados pela sociedade são, em sua maioria, descartados de forma incorreta em lixões a céu aberto, ruas, rios ou nos mares, gerando um enorme impacto socioambiental.

Visto isso, em média cada pessoa produz um quilo de lixo por dia, sendo a população mundial de mais de 7 bilhões de pessoas, de tal modo que é produzido mais de 7 milhões de toneladas de lixo por dia sendo esses produzidos apenas por pessoas. Contudo, não é apenas a população que gera resíduos, as indústrias, empresas, hospitais e entre outros também o geram, e em uma quantidade muito superior a um quilo por dia, de tal forma que é de suma importância que esses resíduos tenham um descarte correto, haja vista que muitos deles, como os resíduos gerados em indústrias e hospitais, quando não têm o descarte adequado causam danos graves e de difícil remediação tanto ao meio ambiente quanto a saúde da população.

Dessa forma, um dos impactos que os resíduos sólidos descartados de maneira inadequada causam a saúde pública é a colaboração direta para a proliferação de vetores, pois são um local que promovem alimento, água e abrigo para esses animais, a exemplo dos lixões a céu aberto. Visto isso, e na atual situação do Brasil de ser o quarto país mais gerador de lixo, é mais do que necessário haver o descarte correto do lixo.

Desse modo, a má destinação desses resíduos para aterros clandestinos ou lixões, acabam por gerar diversos problemas de poluição e saúde, sendo a situação do país extremamente grave, haja vista que 40% dos municípios depositam seu lixo em lixões, segundo a pesquisa de saneamento ambiental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, nesse sentido os resíduos sólidos coletados pela Empresa de Limpeza Urbana de Saúde Pública de Salvador, sendo que esses detritos que poderiam ser reaproveitados ou reciclados, são jogados em lixões, onde esses depósitos causam poluição do solo, das águas que a sociedade bebe e do ar, pois as queimas espontâneas são constantes. Dessa forma, por lei todos os lixões deveriam ter sido fechados em 2014, contudo, o país tem quase 3 mil lixões funcionando em 1.600 cidades segundo a Abrelpe. Além disso, estudos apontam que o Brasil gasta 3 bilhões por ano com o tratamento de pessoas que ficaram doentes por causa da contaminação provocada por lixões.

Ademais, a situação no país se agrava ainda mais com a falta de uma educação ambiental, que conscientize a população da importância de descartar o lixo nos lugares corretos, de se fazer coleta seletiva, de não jogar lixo nas ruas, mares ou rios. Mas, além de educar a população é necessário melhorar a infraestrutura do país, visto que a problemática dos resíduos sólidos no Brasil não está apenas na destinação do lixo, mas também em sua coleta, tendo em vista que 17 milhões de pessoas não têm acesso a coleta regular do lixo, sendo a maior parte dessas pessoas sem esse atendimento encontradas no meio rural, assim como apenas 18% dos municípios do país contam com a coleta seletiva, e ainda mais, apenas 15% da população são atendidos com algum programa de reciclagem.

Do mesmo modo, os impactos causados pelo descarte incorreto dos resíduos vão muito além do já relatado, além da poluição ambiental em si, o descarte do lixo nas ruas causa a obstrução das galerias de águas pluviais, ocasionando em alagamentos e inundações, que causam muitos transtornos e ainda riscos à saúde da população, uma vez que há riscos de se contaminar com a leptospirose. Assim como o descarte irresponsável de resíduos comerciais, industriais e hospitalares podem gerar a contaminação do solo, assim como dos lençóis freáticos, poluindo a água que a população ingere.

Outrossim, o descarte do resíduo sólido em rios leva a formação de ilhas de lixo, que não só prejudicam a fauna e flora de diversas regiões, como igualmente, colaboram para a proliferação de vetores, a exemplo do Aedes aegypti. Visto que, muitos rios desaguam no oceano, assim acabam por levar o lixo para as praias, isso quando não é a própria população que descarta o lixo nas praias, tornando as impróprias para banho e desequilibrando o ecossistema, uma vez que muitos animais confundem os resíduos sólidos, principalmente o plástico, com comida e tem graves consequências, ocasionando muitas vezes no óbito dos mesmos, anualmente 100 mil animais marinhos morrem devido a contaminação de plástico nos oceanos.

No Brasil as formas de se descartar o lixo é através dos lixões a céu aberto, que consistem em um local, geralmente um terreno abandonado, no qual os resíduos sólidos são despejados no solo, não há separação dos rejeitos depositados, de modo que são classificados como locais de altíssimo potencial poluente, além de atraírem grandes quantidades de animais transmissores de doenças, como baratas, roedores e insetos, havendo ainda chances de incêndios em razão do acúmulo de gases tóxicos e inflamáveis resultantes da decomposição dos resíduos ali depositados, além da contaminação do solo com chorume. Outra forma é através dos catadores, que procuram o material, captam, selecionam, acondicionam, transportam e até mesmo beneficiam os resíduos sólidos com aparente valor de mercado para reutilização, venda ou reciclagem. No Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 90% dos resíduos sólidos reciclados no país resultam do trabalho dos catadores.

Além desses, há a incineração industrial, que se consiste na queima de dejetos industriais em usinas e fornos específicos com essa finalidade, essa técnica possui alguns benefícios, como a rapidez na diminuição da quantidade de insumos e destruição total de micro-organismos responsáveis por doenças, principalmente nos rejeitos industriais e hospitalares, todavia, os gases tóxicos liberados na atmosfera são extremamente prejudiciais à população e ao meio ambiente. Por fim, há os aterros sanitários, é a forma de descarte mais adequada, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, apenas os resíduos sólidos que não podem ser reutilizados ou reciclados devem ser destinados ou dispostos nesses locais, porém como no país há uma ineficiência e ausência de coleta seletiva em muitas localidades, acaba que muitos materiais que não deveriam estar nos aterros como plásticos, vidros, metais, papéis e outros que poderiam ser reciclados, acabam tendo como destino os aterros sanitários.

Portanto, de acordo com a legislação brasileira o descarte inadequado dos resíduos sólidos é proibido desde 1954, através da Lei 2.312 de 3 de setembro, pelo código Nacional da Saúde, a mesma foi reforçada em 1981 pela Política Nacional de Meio Ambiente, e igualmente, em 2010 pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos. No entanto, visto todos os dados apresentados nesse artigo, assim como toda a problemática abordada, o que está previsto em lei não está de acordo com a realidade.

Assim sendo, percebe-se que a geração de resíduos sólidos é um problema que só vem aumentando ao longo dos anos, visto a falta de educação ambiental e conscientização da sociedade, haja vista que com o sistema capitalista, que incentiva o consumo cada vez mais, acabando assim por gerar uma quantidade absurda de resíduos. Da mesma forma a falta de políticas públicas, a exemplo de leis, assim como a ausência de fiscalização das já existentes, igualmente, há falta de investimentos para uma estrutura adequada de coleta e destinação final. Em suma, a realidade no país é uma violação à legislação brasileira, e consequentemente, ao direito da população.

Sendo assim, para se ter um sistema integrado e sustentável de resíduos sólidos urbanos (SISRSU) deve-se prover uma estrutura básica que permita a seleção de tecnologias apropriadas para a gestão e o desenvolvimento do manejo de resíduos sólidos urbanos apoiado na promoção da saúde. De tal maneira que devem todos os governos, terem como objetivo a não geração de resíduos na fonte; a redução de resíduos na fonte; a reutilização; a reciclagem; o tratamento adequado para os resíduos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, aliado com a implementação obrigatória de educação ambiental em escolas e locais de trabalho, com o intuito de conscientizar a sociedade.

Palavras-Chave: Resíduo sólido. Lixo. Descarte incorreto. Consequências. Impactos. Meio ambiente. Saúde pública. Socioambiental.

Quer nos referenciar?

SANTIAGO, Ingrid. ESAJr. O descarte incorreto dos resíduos sólidos no Brasil e suas consequências, 2021. Disponível em:

REFERÊNCIAS

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2. BRK AMBIENTAL; Saneamento em pauta. Descarte incorreto de lixo: entenda por que é preciso mudar esse cenário no país. Disponível em: https://blog.brkambiental.com.br/descarte-de-lixo-2/. Acesso em: 29 abril 2021.

3. BRK AMBIENTAL; Saneamento em pauta. Quais são os principais prejuízos do descarte de lixo nos rios?. Disponível em: https://blog.brkambiental.com.br/descarte-de-lixo/#:~:text=O%20descarte%20inadequado%20de%20lixo,de%20anos%20para%20se%20decompor. Acesso em: 29 abril 2021.

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5. Costa M. Andre; Freitas M. Carlos; S.R. Luiz; Souza N. M. Cezariana. Saneamento: promoção da saúde, qualidade de vida e sustentabilidade, 2015. Acesso em: 29 abril 2021.

6. FERREIRA, Robson. Impactos socioambientais causados pelo descarte incorreto de resíduos sólidos urbanos. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-ambiental/descarte-incorreto. Acesso em: 29 abril 2021.

7. FREITAS, Eduardo. Os problemas provocados pelo lixo. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/os-problemas-provocados-pelo-lixo.htm. Acesso em: 29 abril 2021.

8. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lixo mal descartado pode causar acidentes e doenças. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/53136-lixo-mal-descartado-pode-causar-acidentes-e-doencas#:~:text=O%20lixo%20na%20transmiss%C3%A3o%20de%20doen%C3%A7as&text=E%20o%20lixo%20descartado%20de,%C3%A9%20a%20transmiss%C3%A3o%20da%20leptospirose.. Acesso em: 29 abril 2021.

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11. VGRESÍDUOS. O que a legislação diz sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos?. Disponível em: https://www.vgresiduos.com.br/blog/o-que-a-legislacao-diz-sobre-a-gestao-dos-residuos-solidos-urbanos/. Acesso em: 29 abril 2021.

Quais são as consequências do destino incorreto do lixo?

Em suma, o descarte incorreto de E-lixos impacta a saúde pública devido aos metais pesados, gera danos ao meio ambiente através da contaminação de solos, lençóis freáticos e os organismos da fauna e da flora e, além disso, reduz o tempo de vida dos aterros sanitários.

Quais as consequências que o lixo causa a população?

Além da poluição do ar, terra e água, a má gestão dos resíduos tem efeitos prejudiciais à saúde pública (devido à poluição ambiental e à possível transmissão de doenças infecciosas transportadas por vetores) e à degradação ambiental em geral, bem como aos impactos paisagísticos.