Quais as principais atitudes que levaram à mudança da concepção da infância?

Pode-se afirmar que no limiar do século XXI começam a surgir outros modos de olhar e tratar a criança, através de novas concepções acerca da infância. Um dos trabalhos mais sistematizados sobre esse pensar diferente a criança chega através da obra de Sônia Kramer (1996), que faz um estudo sobre as concepções de infância, e coloca a criança como sujeito social, criadora de cultura, desveladora de contradições e com outro modo de ver a realidade. Kramer (1996) apresenta junto com outras autoras essa concepção, tendo como referenciais Walter Benjamin, Lev S. Vygotsky e Mikhail Bakhtin.. Convém destacar que encontro na obra dessa autora, diretamente ligada à área da educação, um estudo elaborado acerca da ideia de infância que serve como referencial. Para Kramer (1996):

(...) a criança é concebida na sua condição de sujeito histórico que verte e subverte a ordem e a vida social. Analiso, então a importância de uma antropologia filosófica (nos termos que dela falava Walter Benjamin), perspectiva que, efetuando uma ruptura conceitual e paradigmática, toma a infância na sua dimensão não-infantilizada, desnaturalizando-a e destacando a centralidade da linguagem no interior de uma concepção que encara as crianças como produzidas na e produtoras de cultura.

Os aspectos relacionados à concepção de infância e sobre como as crianças eram tratadas e educadas permitem analisar e refletir melhor sobre as concepções hoje existentes, também possibilitando uma reflexão sobre a educação e a escola hoje.

 1- CONCEITO DE INFÂNCIA NA ATUALIDADE


 A maneira como a infância é vista atualmente é mostrado no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasília, 1998), que vem afirmar que "as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio". Sendo assim, durante o processo de construção do conhecimento, "as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses originais sobre aquilo que procuram desvendar". Este conhecimento constituído pelas crianças "é fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação". Ainda convém salientar que compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina, etc. possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998, p.22).

A partir do momento em que alcançou - se uma consciência sobre a importância das experiências da primeira infância foi criada várias políticas e programas que visassem promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças, que por sua vez, passaram a ocupar lugar de destaque na sociedade.

No Brasil temos, atualmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394, que ressaltou a importância da educação infantil. A educação é dever da família e do estado inspiradas nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Esta citação encontra respaldo no art. 4º, IV que diz: "o dever do Estado com educação escolar pública está efetivado mediante a garantia de (...) atendimento gratuito em creches e pré-escolas as crianças de zero a seis anos de idade".

Houve também a criação do Conselho da Criança e do Adolescente, no ano 1990, que
explicitou melhor cada um dos direitos da criança e do adolescente bem como os princípios que devem nortear as políticas de atendimento. Determinou ainda a criação dos Conselhos da Criança e do adolescente e dos Conselhos Tutelares. Os primeiros devem traçar as diretrizes políticas e os segundos devem zelar pelo respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes, entre os quais o direito à educação, que para as crianças pequenas incluirá o direito a creches e pré-escolas. ( CRAIDY, 2001)

Na visão de muitos autores a criação do Conselho da Criança e do Adolescente é vista como um marco no que diz respeito ao reconhecimento e valorização da infância por parte das políticas públicas. Torna-se relevante citar também o Plano Nacional de Educação (PNE), que em consonância com os princípios da Educação para Todos, estabelece metas relevantes de expansão e de melhoria da qualidade da educação infantil. A atuação, nesse sentido, tem como objetivo concretizar as metas estabelecidas no PNE e incentivar estados e municípios a elaborem seus planos locais de educação, contemplando neles a educação infantil ressaltando assim a importância destinada á infância na sociedade atual.

Resta também, nos questionarmos sobre a qualidade da educação oferecida para estas crianças dentro das creches e pré - escolas, visto que a origem das mesmas tinha por objetivo atender somente a população carente o que significou em muitas situações atuar de forma compensatória para sanar as supostas faltas e carências das e crianças e suas famílias.

Modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão muito além dos aspectos legais. Envolve, principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, as responsabilidades da sociedade e o papel do estado diante das crianças pequenas. (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998).

Fazendo-se necessária uma avaliação sobre os nossos conceitos no que se refere à infância.

2 - RELAÇÃO INFÂNCIA E EDUCAÇÃO

Esta pesquisa visa conceituar Infância e Educação Infantil, sendo que antigamente nem sempre a criança era reconhecida, como um ser que merecesse atenção, carinho, respeito, que precisa ser trabalhada e educada. Já a Educação Infantil era basicamente para atender as crianças pobres, abandonadas, ou seja, aquelas que não tinham onde morar e atuavam assim como cáritas. Mas hoje em dia a educação infantil é uma das principais modalidades de Ensino. Hoje, é dever do Estado ofertar à todas as crianças de zero a seis anos de idade  atendimento em creche e pré-escola (Constituição Brasileira de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/90 ,art 54, inciso IV, entre outras), embora não haja legislação especifica que assegure o efetivo cumprimento dessa determinação.

Desde quando a criança nasce ela precisa de alguém que cuide e a ensine, pois ela é um ser que mereça atenção, carinho, respeito, afeto, e muito mais amor e ser compreendida. Mas antigamente a criança não era vista assim e varia de acordo com a cultura de onde ela esta concebida.

As crianças são o maior tesouro da humanidade, por esta razão cabe a cada profissional da Educação Infantil aprofundar os temas relacionados a esta etapa da educação básica podendo assim, com conhecimento, desempenhar bem o seu papel e contribuir para uma Educação Infantil de qualidade, que atenda os indicadores estabelecidos.

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Quais as principais atitudes que levaram à mudança da concepção da infância?

Quais as principais atitudes que levaram à mudança da concepção da infância?

Como referenciar: "Concepção de Infância do Professor de Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2022. Consultado em 10/12/2022 às 18:10. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/concepcaodeinfancia/?pagina=2

Quais são as concepções de infância?

Ghiraldelli Jr. (2001) cita duas concepções de infância: na primeira, a criança é caracterizada como um indivíduo inocente. Enquanto, na segunda, a criança é vista como um indivíduo que abrange uma série de particularidades, mas nunca a inocência e a bondade como características essenciais.

Como foi a evolução do conceito de infância através dos tempos?

É no decorrer do século XVII que se da os primeiros passos para a separação do adulto e da criança, por meio da escolarização. Antes, por não haver a distinção entre idades, todos aprendiam da mesma maneira e sobre as mesmas temáticas. No fim deste século que pode-se notar as primeiras mudanças do conceito de infância.

Qual a concepção de infância nos dias atuais?

Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), a carta magna internacional assinada pelo Brasil em 1990, entende-se por infância o período de vida de todo indivíduo com menos de dezoito anos de idade, “salvo se, em virtude da lei que lhe seja aplicável, tenha atingido antes a maioridade”.

Quais foram os fatores que contribuíram para o conceito de infância na modernidade?

Quando a infância passa a ser percebido no início do século XVII, a escola moderna contrapondo-se escola medieval, quanto a formação moral do aprendiz, foi um instrumento formação da infância de grande eficácia cujo as crianças em muito seriam diferentes das medievais no que corresponde ao seu tratamento, uma criança ...