Quais foram a contribuição da teoria sintética da evolução as ideias de Darwin?

Mestre em Ecologia e Evolução (Unifesp, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

A teoria moderna da evolução (também conhecida por síntese moderna, teoria sintética da evolução ou neodarwinismo), refere-se à expansão da teoria da evolução, que teve início com a fusão das ideias sobre hereditariedade à teoria da seleção natural.

Quando Darwin propôs a seleção natural como mecanismo condutor do processo evolutivo, ele reconheceu que um dos seus pré-requisitos era a variação nas características herdáveis dos organismos. No entanto, Darwin não pode explicar precisamente como os organismos poderiam passar tais características à prole, pois sequer tinha conhecimento sobre genes.

Alguns anos após a publicação do seu livro A Origem das espécies (em 1859), o monge austríaco Gregor Mendel, com base em seus experimentos com ervilhas, identificou os mecanismos pelos quais se dá a transferência das unidades herdáveis (que hoje chamamos de genes) à prole e propôs duas leis de hereditariedade (lei da segregação e lei da segregação independente). Seus resultados foram originalmente apresentados à comunidade científica em 1865.

Hoje Mendel é considerado o “pai da genética”, mas suas descobertas passaram despercebidas durante toda a sua vida e assim permaneceram até 1900, quando foram “redescobertas”. Inicialmente pensava-se que elas contrariavam as ideias de Darwin, mas, nos anos que se seguiram, foi demonstrado que as lacunas que existiam na teoria da seleção natural eram preenchidas por elas. Apesar disso, ainda pairavam críticas sobre os trabalhos de Mendel, em especial argumentações de que as características dos organismos variavam de maneira quase contínua, e não discretas.

Essa crítica caiu quando Ronald Fisher publicou um trabalho com um modelo que explicava as variações contínuas como resultado da interação de múltiplos genes de caracteres discretos, no que é considerado um dos trabalhos fundadores da síntese moderna. Além de Fisher, John Haldane e Sewall Wright publicaram, independentemente, por volta da década de 1930, grandes obras sobre genética de populações que demonstravam que a seleção natural poderia operar com os mecanismos de herança mendeliana. A partir da síntese moderna, o processo evolutivo passou a ser descrito matematicamente como a variação da frequência de genes nas populações ao longo do tempo.

Essa nova visão inspirou diversas pesquisas biológicas e levou ao desenvolvimento de várias áreas. O processo de especiação é um exemplo: antes da síntese moderna ele era frequentemente explicado em termos de macromutações ou por herança de caracteres adquiridos, mas depois dela passou a ser descrito com base na genética de populações. A classificação biológica também foi afetada. O conceito tipológico de espécie (que definia espécies como um conjunto de organismos similares) tornou-se inapropriado sob a ótica do neodarwinismo. Os membros de uma espécie passaram então a ser definidos pela capacidade de se intercruzarem. No campo da paleontologia, até então se acreditava que as mudanças observadas no registro fóssil eram explicadas pela evolução ortogenética (hipótese de que existe uma tendência intrínseca de uma espécie em evoluir numa determinada direção, para um objetivo pré-definido). Com a descoberta dos mecanismos genéticos da evolução, esta hipótese foi refutada.

Por volta da década de 1940 o neodarwinismo – que podemos considerar o núcleo da teoria evolutiva – já havia se espalhado por todas as áreas da biologia e se tornado amplamente aceito. Nas décadas seguintes a biologia evolutiva continuou se desenvolvendo e foi incorporando diversos outros princípios compatíveis com a síntese moderna, como a “teoria neutra” que enfatiza a importância de processos aleatórios na evolução. Entretanto, a maior parte dos pressupostos da síntese moderna original predomina até os dias atuais e existe uma corrente que defende que a biologia evolutiva carece de uma nova síntese, pois negligencia processos importantes.

Referências:

Laland et al. Does evolutionary theory need a rethink? Nature. 2014.

Ridley, Mark. Evolução. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biologia/teoria-moderna-da-evolucao/

O Neodarwinismo chamado também de "Teoria Sintética (ou Moderna) da Evolução" surgiu no século XX. Está relacionada com os estudos evolucionistas do naturalista inglês Charles Darwin e as novas descobertas no campo da genética. As lacunas que surgiram após a publicação da obra “Origem das Espécies" (1859) de Darwin, foram desvendadas pelo avanço dos estudos genéticos.

Aceita atualmente pela maioria dos cientistas, a teoria moderna da evolução se tornou um tipo de eixo central da biologia, aproximando disciplinas como sistemática, citologia e paleontologia.

Lamarckismo, Darwinismo e Neodarwinismo

Tanto o Lamarckismo quanto o Darwinismo apresentam um conjunto de teorias associadas à evolução. Embora as ideias de Lamarck sejam anteriores às ideias de Darwin, quando o assunto é evolução, Charles Darwin é o primeiro a ser citado, isso porque suas ideias sobre a seleção natural das espécies continuam válidas até hoje, mais de 150 anos depois.

Ideias de Lamarck

Sendo assim, o conjunto das teorias evolucionistas sugeridas pelo naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829), que propunha as leis: “Lei do Uso e do Desuso” e a “Lei da Transmissão dos Caracteres Adquiridos” foi genial para a época em que ele as criou (1809), pois acreditava-se que as espécies eram imutáveis desde a sua origem.

Lamarck não concordava com o fixismo e o criacionismo da época e através das suas observações e estudos sobre os seres vivos, percebeu que havia mudanças nas características dos organismos, que ele julgou fossem uma resposta frente às necessidades deles se adaptarem ao ambiente, transmitindo essas aquisições sucessivamente aos descendentes.

Hoje sabe-se que isso está errado porque nem sempre o maior uso de um órgão irá desenvolvê-lo e tão pouco essas características serão transmitidas aos descendentes.

Ideias de Darwin

Por sua vez, Darwin (1809-1882) se guiou pelos estudos já existentes sobre a geologia e a evolução dos seres vivos e em suas observações durante os cinco anos que viajou pelo mundo à bordo do Beagle. Formulou sua teoria da evolução que revolucionou o mundo, e em especial suas conclusões sobre a seleção natural.

Para Darwin, todas as espécies atuais se originaram, através de modificações que sofreram ao longo de milhares de anos, a partir de ancestrais comuns. Foi o ambiente que atuou, limitando a continuidade de algumas espécies menos adaptadas e favorecendo que espécies mais adaptadas se perpetuassem. É o processo da seleção natural agindo sobre os organismos.

Assim como Darwin, outro naturalista britânico da época chegou a conclusões muito semelhantes sobre a origem e evolução das espécies, tendo os dois anunciado à sociedade científica em 1858 suas ideias, era Alfred Russel Wallace, que é pouco citado.

Neodarwinismo

O que Darwin e seus contemporâneos não conseguiram explicar começou a ser esclarecido poucos anos mais tarde pelo austríaco Gregor Mendel (1822-1884). O monge botânico realizou diversas experiências com cruzamento de plantas, em especial ervilhas, postulando duas leis:“Lei da Segregação dos Fatores” e a “Lei da Segregação Independente”.

Mendel utilizava o nome fatores para definir os genes, termo criado em 1905 pelo biólogo holandês Wilhelm Johannsen. Muitos outros biólogos foram importantes no desenvolvimento da genética, como Walter Sutton que contribuiu para a teoria cromossômica de hereditariedade.

A partir do conhecimento do mecanismo genético da hereditariedade, das mutações e recombinações gênicas, algumas das lacunas no processo evolutivo foram esclarecidas. Com isso, foi definida uma síntese da teoria da evolução que passou a ser uma referência fundamental para a explicação de muitos processos biológicos.

Para saber mais sobre a Evolução, leia também:

  • Origem da Vida
  • Evolução
  • Evolução Humana
  • Teoria do Big Bang
  • Criacionismo
  • Teoria da Evolução
  • Lamarckismo
  • Charles Darwin
  • Darwinismo
  • Seleção Natural

O que a teoria sintética da evolução acrescentou as ideias de Charles Darwin?

Base da moderna teoria sintética (neodarwinismo), a Teoria da Evolução afirma que é o ambiente, por meio de seleção natural, que determina a importância da característica do indivíduo ou de suas variações, e os organismos mais bem adaptados a esse ambiente têm maiores chances de sobrevivência, deixando um número maior ...

Qual foi a contribuição de Darwin para o processo evolutivo das espécies?

“Sem dúvida, a explicação da evolução por meio da seleção natural é a grande contribuição do Darwin. Ele não apenas escreveu essa teoria, como também chamou grandes especialistas de cada área da Biologia para buscar formas de demonstrar que a evolução ocorria por seleção natural.

Quais foram as contribuições dos estudos de Darwin para as teorias evolutivas modernas?

“A maior contribuição intelectual de Darwin não foi, como é geralmente pensado, a teoria da evolução, mas a idéia da seleção natural”, sentencia Pena, ao lembrar que a seleção natural pregada por Darwin envolvia a combinação de duas forças - chance e necessidade –, essenciais para explicar, de forma natural, a ...

Quais são os princípios da teoria da evolução proposta por Darwin?

Os seres com características menos favoráveis encontrariam dificuldade para competir, reproduzir e sobreviver. Dessa forma, mediante a seleção natural, os indivíduos com características desfavoráveis tenderiam a quase desaparecer com o passar dos tempos.