Quais os principais países se tornaram independentes no continente africano entre 1940 é 1960?

O início dos anos 60 marca o princípio de uma nova era em África. Surgem novos Estados independentes, novas elites políticas chegam ao poder, começam a desenhar-se diferentes equilíbrios regionais à medida que as potências coloniais deixam o continente. E 1960 é uma data-chave neste processo com 17 novos Estados a nascerem em África, 14 dos quais ex-colónias francesas.

Um processo em que se afirmam figuras como o costa-marfinense Félix Houphouët-Boigny - deputado no Parlamento francês -, o senegalês Léopold Sédar Senghor - o primeiro africano a integrar a Academia Francesa - ou ainda o guineense Ahmed Sekou Touré, adepto do modelo marxista.

As declarações destas personalidades traduzem outras tantas formas de relacionamento com o ex-poder colonial, numa tensão que se vai reflectir nas opções dos futuros Estados. Uma tensão e encontro de referências presente também noutro dos pais das independências africanas, o ganês Kwame Nkrumah. Líder que não descura citar Aristóteles ao mesmo tempo que propugna pela africanidade e namora o modelo soviético. Na prática irão reproduzir o modelo político dos países coloniais ou do seu oposto ideológico, o comunismo. Modelos que se irão degradando; os golpes de Estado tornam-se uma característica comum a partir da segunda metade dos anos 60, assim como se multiplicam guerras civis e o aumento da despesa militar.

O período do "Sol das independências" depressa perdeu o seu brilho. As promessas dos dirigentes que defendiam a liberdade para o continente depressa se tornaram no seu contrário e muitas das promessas de desenvolvimento ficaram por concretizar, enquanto os líderes políticos insistiam na africanização do Estado, um Estado que, na maioria dos novos países, não dispõe de recursos para manter uma moderna Administração Pública. E quando estes existem serão delapidados pelas novas oligarquias ou esbanjados em longos conflitos internos ou regionais.

Muitos dos novos dirigentes não dispõem de bases de apoio nas respectivas sociedades e vão ter de as forjar a partir do nada. O que irá favorecer certos fenómenos autocráticos e, num momento posterior, o regresso de estratégias de tribalização da política na África pós-colonial.

Afirmam os historiadores do continente que a aliança das novas elites com as populações não será duradoura nem eficaz em muitos dos novos Estados.

A fragilidade dos novos Estados impede quaisquer veleidades autonómicas e a recusa da secessão. Para assegurar a subsistência deste e a sobrevivência do grupo dirigente, a repressão vai surgir como a melhor solução possível. Uma estratégia que só entrará em crise com o fim da Guerra Fria.

O ano em que África gritou "liberdade"

Índice

Introdução

Após a Segunda Guerra Mundial, movimentos que lutavam pela independência de seus países em relação às potências coloniais ganharam força na África e na Ásia.

Além dessas lutas internas, cada vez mais ficava evidente no cenário internacional a contradição entre o discurso de liberdade usado na guerra contra o nazifascismo na Europa e a manutenção de impérios coloniais.

Nesse contexto, a segunda metade do século XX assistiu a diversos povos dos continentes africano e asiático conquistarem sua independência do domínio colonial e formarem novos países.

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Contexto histórico

Ainda durante o século XIX, diversos países europeus utilizaram seu poder militar e força econômica para implantar um domínio imperialista sobre outros países, em especial na África e na Ásia.

Essa política ficou conhecida como neocolonialismo, e perdurou ao longo da primeira metade do século XX, além de ter sido uma das principais causas da Primeira Guerra Mundial.

Contudo, após o final da Segunda Guerra Mundial, os países que ainda possuíam colônias, em especial Inglaterra e França, além de atravessarem graves dificuldades econômicas, passam a ser cada vez mais questionados pela manutenção de suas colônias.

Não apenas os movimentos internos de libertação nas áreas coloniais reclamavam sua independência, como a existência de colônias era considerada incompatível com os princípios defendidos pelas mesmas potências coloniais na esfera internacional, como na Declaração de Direitos Humanos, promulgada pela ONU em 1948, por exemplo.

Diante desse quadro geral, podemos elencar as causas principais que levaram aos processos de descolonização a partir da década de 1940: 

  • Declínio das potências coloniais depois da Segunda Guerra Mundial, em especial Inglaterra e França;
  • Apoio das duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, aos processos de descolonização, com o objetivo de conquistar influência sobre os novos regimes que seriam formados; 
  • O crescimento de movimentos nacionalistas, que defendiam seu direito à autodeterminação e a ruptura com a antiga ordem colonial.

Essas causas gerais, aliadas ao contexto interno de cada país e sua relação com a metrópole, moldaram os processos de descolonização africano e asiático no século XX, como veremos a seguir.

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A descolonização da Ásia

Ainda antes da Segunda Guerra Mundial, ex-colônias britânicas, como Egito e Iraque, conquistaram suas independências, em 1922 e 1932, respectivamente.

Na década de 1940, outros territórios como a Transjordânia, Palestina e Líbano também se libertaram da dominação colonial. Com isso, percebemos que a luta pela independência do domínio colonial esteve presente na disputa política em diferentes momentos do século XX. 

Contudo, mesmo após a Segunda Guerra, o grande território colonial inglês, a Índia, permanecia sob condição de dominação. Nesse país, os movimentos contra a colonização já atuavam desde o século XIX, mas ainda sem obter sucesso.

Índia x Paquistão

A partir da década de 1940, os líderes hindus Mahatma Gandhi e Jawaharial Nehru intensificaram os protestos pela independência indiana. A marca de suas ações era a desobediência civil: ao contrário de outros movimentos de libertação nacional, Gandhi pregava a resistência através do não pagamento de impostos e do boicote aos produtos ingleses, por exemplo.

Em resposta a ação desses grupos, para manter seu o domínio na Índia, a Inglaterra fez uso de expedientes como a exploração dos conflitos entre os hindus e os muçulmanos, que também viviam no país e eram liderados por Muhammad Ali Jinnah.

Apesar dos esforços ingleses em prosseguir com a dominação colonial, a Índia conquistou sua independência em 1947, mas sem a criação de um único Estado. Além da República da Índia, majoritariamente hindu, foi criada a República Muçulmana do Paquistão, país de maioria muçulmana.

Mesmo com a conquista de seus estados nacionais, o conflito entre hindus e muçulmanos persistiu, o que culminou com o assassinato de Gandhi em 1948 por um militante de um grupo hindu radical, que discordava da política pacifista do líder indiano.

As desavenças entre Índia e Paquistão persistiram após a morte de Gandhi, e resultaram em uma guerra em 1965. As constantes ameaças entre os dois países fizeram com que ambos passassem a investir no desenvolvimento de armas nucleares, criando um cenário de tensão permanente na região.

A Conferência de Bandung e a descolonização da África

Alguns anos depois dos acontecimentos na Índia, em 1955, 29 países, sendo 23 africanos e 6 asiáticos, se reuniram em Bandung, na Indonésia, para discutir a posição dos novos Estados na ordem mundial bipolar, característica da Guerra Fria.

Além da política de não alinhamento automático a nenhuma das duas superpotências, os países presentes na Conferência afirmaram seu direito a autodeterminação e o repúdio a todas as formas de colonialismo. Nesse sentido, o principal resultado da Conferência de Bandung foi o impulso dado aos movimentos de independência no continente africano. 

Os processos de descolonização na África se deram, principalmente, a partir da pressão de movimentos de dentro das colônias. Contudo, esses movimentos não possuíam atuação uniforme, por isso fizeram uso de estratégias diferentes para conquistar a independência de seus países.

Alguns desses movimentos desencadearam conflitos militares contra as metrópoles, como no caso das antigas colônias da Argélia, Congo Belga e África Oriental, contra França, Bélgica e Inglaterra, respectivamente, que resultaram na criação de novos países.

Em outros prevaleceram as negociações diplomáticas, que inclusive preservaram interesses econômicos das metrópoles. Dentre os diferentes casos, também cabe destacar as colônias portuguesas, como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, que conquistaram sua independência entre 1973 e 1975, algumas das últimas do continente africano.

Nesse contexto, observamos que os conflitos internos existentes em Portugal, que culminaram na Revolução dos Cravos, derrubando a ditadura portuguesa, contribuíram com a luta dos movimentos de libertação desses países africanos.

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Conclusão

Apesar de terem conquistado a independência de seus países, os movimentos de libertação africanos foram marcados por diversos conflitos internos, o que acabou por estimular guerras civis e processos de segregação.

As próprias fronteiras artificiais estabelecidas pelas potências coloniais no século XIX, que não respeitavam traços étnicos e culturais, contribuíram com o surgimento desses conflitos.

O resultado é que, apesar de conquistarem sua independência administrativa, esses países africanos continuaram, em maior ou menor grau, dependentes das antigas potências coloniais, bem como reféns de disputas internas que restringiram seu potencial de desenvolvimento. 

Quais são os países que se tornaram independentes em 1960?

Nos anos seguintes viriam Serra Leoa, em 1961, Quênia, em 1963, Zâmbia – então Rodésia do Norte – em 1964 e a porção sul, hoje Zimbábue, em 1965. A Argélia, que conquistou liberdade após uma guerra sangrenta de oito anos com os franceses, tornou-se independente em 1962.

Quais são os países independentes da África?

África.

Quais foram os últimos países da África a se tornarem independentes?

O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em 1993. Os processos de independência na África se iniciaram no início do século XX, com a independência do Egito.

Qual o país que conquistou a sua independência no período da década de 1960?

A independência do Congo ocorreu na década de 1960, passando por um golpe de Estado que perdurou por 32 anos.