Quais são os principais impactos socioambientais da exploração de carvão mineral?

Quais são os principais impactos socioambientais da exploração de carvão mineral?

Pode-se definir a atividade mineradora como a exploração de recursos minerais – concentração de minerais e/ou rochas com valor econômico viável em determinada região do planeta e que podem se apresentar sob a forma metálica, não metálica, além dos estados sólido, líquido e gasoso, como ferro, granito, carvão, petróleo e gás natural, respectivamente. A mineração propicia o acesso de indústrias às matérias-primas para a criação de bens de consumo que são utilizados profissional e cotidianamente, o que classifica esta atividade econômica atualmente como uma das mais importantes no Brasil e no mundo.

Em contrapartida, a prática mineradora pode gerar graves impactos ambientais, por vezes irreversíveis – um gerador de consequências muitas vezes de longa duração capazes de atingir não apenas indivíduos que trabalham diretamente com a atividade, mas também biomas e pessoas que residem próximas ao local explorado. Os problemas ambientais desenvolvidos podem apresentar impactos hídricos, biológicos, atmosféricos e geomorfológicos, sendo os principais: Remoção da vegetação na área de extração e evasão de animais habitantes da área; contaminação dos solos; sedimentação e poluição de rios por indevido descarte de material sem aproveitamento; poluição do ar (quando há queima de material); intensificação de processos erosivos; poluição de recursos hídricos por produtos químicos utilizados na extração mineral; contaminação das águas por vazamento de minerais extraídos; dentre outros. A poluição e contaminação de corpos d’água ocorre normalmente por descarte errôneo de rejeitos produzidos durante o processo de mineração ou pelo próprio minério.

A facilidade na realização do procedimento de forma equivocada se dá por vezes pela existência de minas ilegais, mas, principalmente, pela falta de fiscalização em determinados locais, sendo possível utilizar este último como uma das justificativas para a ocorrência de tantos desastres ambientais causados por mineradoras no Brasil. De acordo com o diretor da RTA Ambiental, Vanderlei Oliveira, ex-secretário de meio ambiente de Cubatão (SP), “Não há uma fiscalização efetiva do poder público para evitar esses acidentes. A mineração é uma atividade que muda muito ao longo da vida útil do projeto e, por isso, necessita de vigilância periódica”.

Um dos acidentes ambientais mais marcantes dos últimos anos foi o rompimento da barragem de Fundão, controlada pela Samarco, na cidade de Mariana (MG). As consequências do desastre, além da perda de algumas vidas e do prejuízo econômico, foram a contaminação de recursos hídricos, com destaque para o Rio Doce, além de ecossistemas marinhos e terrestres.

Assim como este, diversos outros acidentes já ocorreram no Brasil. Entre eles estão o despejo de mais de 174 toneladas de minério em córrego em Santo Antônio do Grama, Minas Gerais (2018) pelo rompimento do maior mineroduto (por onde se transporta minério) do mundo e o vazamento de rejeitos de bauxita da barragem da mineradora norueguesa Hydro Alunorte no Nordeste do Pará.

Diante de tantos casos de acidentes com consequências ambientais desastrosas, além dos casos desconhecidos pela mídia, é visível a urgente necessidade de uma fiscalização mais rigorosa, tanto dos processos de mineração, quanto da manutenção das construções para exploração e descarte dos dejetos.

Referências:

A extração do carvão mineral, usado como fonte de energia principalmente na região Sul de Santa Catarina, e os danos ambientais provocados por essa atividade econômica foram o foco do sétimo e último Seminário Meio Ambiente e Sociedade 2019, promovido pela Comissão de Turismo e Meio Ambiente e Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira, 31, no auditório do campus da UFSC em Araranguá, com a presença de mais de 100 estudantes e lideranças regionais.

Além das palestras, também foram apresentados projetos voltados à preservação ambiental na região, desenvolvidos por organizações da sociedade civil e por professores e alunos do programa de pós-graduação em Energia e Sustentabilidade da universidade. O evento em Araranguá encerrou uma série de seminários voltados ao tema, ocorridos todas as regiões do Estado. A primeira foi realizada em Florianópolis, depois em Anchieta, Itapema, Salto Veloso, Papanduva e Lages.

Quais são os principais impactos socioambientais da exploração de carvão mineral?

O deputado Padre Pedro Baldissera, proponente do evento e que também preside o Fórum para Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais, destacou que objetivo dos seminários foi despertar na juventude ações concretas na relação do meio ambiente e a tecnologia, procurando uma convivência saudável e prática. Lembrou que desde 2002 vem trabalhando na conscientização sobre a preocupação da produção agrícola saudável e a indústria do agrotóxico, que vem aumentando gradativamente no Brasil.

O parlamentar disse que o seminário em Araranguá foi uma oportunidade para discutir e debater a exploração do carvão, que está ligada a toda uma cadeia econômica produtiva, mas que ao mesmo tempo provoca consequências ambientais preocupantes, principalmente na qualidade da água. “Dados científicos apontam que a exploração do carvão tem provocado essas consequências ambientais e ao mesmo tempo o comprometimento com o desenvolvimento da região, já que onde é explorado esse minério, não se produz mais nada.”

Sobre a realização dos seminários, Padre Pedro afirmou que a meta é de continuar promovendo o evento em outros municípios em 2020, como forma de contribuir para o desenvolvimento de uma maior conscientização ambiental e promover debates sobre ações para preservação dos aquíferos Guarani e Serra Geral.
“Neste mês de novembro, vamos analisar com nossa equipe os pontos positivos e o que não funcionou tão bem no ciclo de palestras realizadas esse ano e planejar alterações para darmos continuidade no próximo ano.” Os seminários também contam com apoio do projeto Rede Guarani Serra Geral, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), CNBB Regional Sul 4 e Cáritas Santa Catarina.

Aquífero dos Leques Aluviais

O professor Luciano Augusto Henning, do Projeto Rede Guarani/Serra Geral, que apresentou a primeira palestra, abordando o tema Ciclo da Água, Aquíferos, Energia e Gás de Xisto, considerado fundamental para Santa Catarina, abordou a preocupação com a preservação do Aquífero dos Leques Aluviais, de ampla distribuição na bacia hidrográfica do rio Araranguá, considerado importante unidade geológica no que diz respeito a disponibilidade de água subterrânea, não sendo, porém, até o momento utilizado como aquífero.

Ele observou que atualmente a bacia do rio Araranguá é muita poluída devido à exploração do carvão, que nem é de boa qualidade, resultando num custo-benefício que prejudica a região. “O custo-benefício dessa exploração não compensa, o impacto ambiental que causou e causa, é grande. Agora, o governo federal quer reativar essa exploração do carvão mineral, e nos preocupa muito”.

Henning também falou da importância do aquífero Serra Geral, considerado tão importante quanto o aquífero Guarani, por cobrir 51% de Santa Catarina. “Essa água limpa e boa, está no subsolo catarinense, nas fraturas das pedras de ferro e tem que ser preservada e utilizada conscientemente, apesar de já existir indícios de poluição”. O professor explicou que o Serra Geral é formado nas fraturas da pedra ferro, conhecida popularmente como basalto, diferente do Guarani onde a água fica alojado nos poros.

Santa Catarina é o maior produtor de proteína animal do mundo, mas para isso acontecer, precisa de muita água de qualidade. Por isso, para o palestrante, como as águas superficiais já estão contaminadas, cresce a importância da preservação dos aquíferos já que, uma vez contaminados, ficará difícil a sua recuperação. Ele explicou que as águas do Guarani estão a mais de 1,5 mil metros de profundidade e que as águas do Serra Geral são mais acessíveis, por isso divulgação da sua existência e a preocupação ambiental com ela é importante. “Primeiro temos que conhecer, para depois preservar e utilizar conscientemente”.

Henning tem mestrado e doutorado pela UFSC na área de Geografia e participou de pesquisas na Queen’s University, no Department of Global Development Studies, em Kingston, no Canadá. Atualmente, além de pesquisador do projeto Rede Guarni/Serra Geral, integra a equipe de investigadores do Laboratório de Análise Ambiental (LAAm) do Departamento de Geociências da UFSC, com ênfase na área de recursos hídricos.

Desastres ambientais

O professor Marcos Aurélio Espíndola, durante a segunda palestra, denominada Energia e Desastres Ambientais, alertou sobre a relação contraditória entre a natureza e o meio ambiente, principalmente na região Sul, onde há ainda uma economia que explora o carvão mineral que, segundo ele, é uma das atividades mais danosas ao meio ambiente. Ele observou que vem propondo aos especialistas sobre o tema que façam uma correção de que não existe desastres naturais e sim desastre ambientais, por entender que os eventos não têm uma causa apenas natural e sim são resultado de uma simbiose entre eventos físicos e humanos.

Para o professor, que é mestre em Geografia pela USP, doutor em Geografia Humana pela UFSC e Pós-doutor pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Área de Concentração Sociedade e Meio Ambiente (Desastres Ambientais e Políticas Públicas), também pela UFSC, a primeira ação que deve ser feita para evitar esses desastres ambientais é a prevenção, e não depois quando elas ocorrem. Além de ações voltadas para evitar os desastres ambientais, é fundamental focar na presença de risco. “É preciso colocar a natureza em evidência, despertar essa consciência ecológica para evitar os desastres.”

A ideia é conscientizar a população da importância de se estabelecer um contrato com a natureza, superando a visão iluminista, que prioriza o social e o econômico. “Temos que colocar a natureza em evidência, despertar essa consciência ecológica”. Ele também abordou a relação entre o modelo de geração de energia no País e as consequências ambientais e sociais para as populações. 

De acordo com o professor, o contrato natural reza que as relações socioeconômicas entre os homens não podem mais ser regidas pela premissa de que a natureza é apenas o ponto de partida do processo de produção. “Somos parte da teia da biosfera e dependemos imediatamente dela para viver. A natureza é o ponto de partida e de chegada de si mesma”, finaliza. 

Energias Renováveis e tecnologias sociais

Com o foco em desenvolvimento de formas alternativas de geração de energia e sua interação com a sociedade, o professor Marcio Antônio Nogueira Andrade abordou o tema Energias Renováveis e Tecnologias Sociais. O professor, além de tratar da questão da exploração do carvão mineral, uma atividade considerada danosa ao meio ambiente, citou como exemplo de aproveitamento viável para região Sul o fato do município de Braço do Norte ter a maior concentração de suínos do estado, que poderia ser utilizado para geração de biogás, uma energia mais limpa e menos danosa ecologicamente. “Poderíamos utilizar a exploração da biomassa residual, dos dejetos de suínos, que podem ser utilizados para geração de biogás e produção de energia, conectada à rede, com qualidade”.

O professor, que é mestre e doutor em Engenharia Civil na área de Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos, da USP e pós-doutor no Laboratório Nacional de Engenharia Civil – LNEC (Núcleo de Engenharia Sanitária do Departamento de Hidráulica) em Lisboa, Portugal, e na Cornell University (Department of Biological and Environmental Engineering) em Ithaca, Nova Iorque (EUA), defendeu investimentos em tecnologias sociais para que a população possa sobreviver as adversidades.

Ele observou que a região Sul de Santa Catarina tem uma área degradada para retirada de um minério que é utilizado basicamente para geração de energia, o que no contexto do desenvolvimento sustentável não é mais aceito. “Temos aqui rios mortos, áreas degradadas e pessoas ficaram doentes para essa produção de energia, que poderia ser feita com outros métodos”.

Marcio salientou que o ser humano viveu milhares de anos sem energia, mas hoje, a energia é essencial ao modo de vida e ao desenvolvimento econômico, por isso é necessário encontrar modelos diferentes para essa produção. “Já vimos pessoas fazerem greve de fome, mas não de água. Não adianta desenvolvermos um modelo econômico baseado na exploração de um minério para geração de energia que contamina os nossos rios. Isso não é sustentável”.
O professor lembrou que o Brasil é um país tropical e que a era do carvão e do petróleo está no fim. “Nós temos que utilizar a tecnologia sustentável, disponível no nosso país, como a biomassa, a energia solar, eólica, fotovoltaica, para progredirmos”.

Ele sugeriu que as coberturas de casas e prédios sejam aproveitados para captação de água da chuva e fornecimento de energia elétrica, utilizando a energia solar ou eólica, por exemplo, além de pedir que as pessoas invistam em torres sustentáveis que tenham cisternas de água de chuva para uso geral, que filtre as águas para consumo e gere energia elétrica sustentável.

Experiências regionais

No período da tarde, o seminário abriu espaço para apresentações de projetos voltados ao meio ambiente e à sustentabilidade na região. O vereador de Sombrio, professor Marcello Fagundes Areão, representando a ONG Aguapé, falou sobre o trabalho de fiscalização e preservação das lagoas na região.

Depois, a professora Cláudia Weber, do programa de pós-graduação em Energia e Sustentabilidade da UFSC, abordou sobre os projetos de recursos hídricos para região de Araranguá.  Os alunos Artur Augusto Ribeiro e Henrique Sachet relataram sobre a experiência do programa UFSC e a Associação Técnica sem Fronteiras com Tecnologias Sociais, e os alunos Ágata Knoper e Jonathan Damasceno falaram sobre o programa “Plant for the Planet”.

Fonte: W3 Revista

Quais são os impactos socioambientais do carvão mineral?

São grandes as usinas que costumam utilizar o carvão como combustível e elas provocam vários impactos ambientais. Geralmente, elas produzem resíduos sólidos tóxicos e ainda emitem gases altamente poluentes, a exemplo do cádmio, do chumbo e do mercúrio, além da poluição térmica, provocada pelo aquecimento das caldeiras.

Quais são os principais impactos socioambientais da exploração de carvão mineral na região sul?

“Teríamos a contaminação química por metais pesados tóxicos (zinco, cobre, mercúrio, chumbo, cádmio, entre outros) além da turbidez maior dos cursos de água e particulados (poeira de minério de carvão) que afeta flora, fauna e saúde humana”, acentua.

Quais são os impactos ambientais causados pela exploração mineral?

São estes os principais impactos ambientais causados pela mineração:.
1) Degradação da paisagem. ... .
4) Poluição, contaminação e compactação do solo. ... .
5) Poluição sonora e alteração da qualidade do ar. ... .
6) Redução da biodiversidade. ... .
7) Redução da disponibilidade de minerais..

Quais são os impactos socioambientais decorrentes da exploração?

A contaminação por compostos químicos, com destaque para o mercúrio, também é um dos principais danos ambientais provocados pela mineração. Esses compostos são utilizados para a separação de misturas, retirada dos minerais e catalização de reações.