Qual a intenção dos artistas brasileiros com a exposição Como vai você Geração 80?

História da Arte RECORTE HISTÓRICO DOS ESTILOS CONTEMPORÂNEOS A modernidade caracterizou-se por produzir diferentes estilos concomitantes e variadas correntes, numa demonstração de diversidades de gostos e, já de certa forma, numa busca pela originalidade, estilo próprio e pelo uso da criatividade na estética. O "Pós-Modernismo" possui correntes artísticas que diferem entre si, mas que reagem à liberdade da técnica disseminada pela pintura de ação modernista. 1 HARD EDGE Aos poucos o Action Painting é abandonado. Inaugurando um período, surge o Hard Edge Painting (pintura com contorno marcado) em Nova York, adotando o rigor do controle da técnica em função da liberdade sugerida pelo Expressionismo Abstrato. "A pintura Hard Edge usa formas simples e contornos rígidos. Os quadros são precisos e frios, como se feitos à máquina" (STRIKLAND, 2002, p.170). Foi neste estilo de arte que os artistas passaram a usar telas em que seus formatos de triangulos, circulos e outras formas irregulares passaram a tornar-se parte da composição. 2 ARTE POP Os anos 50 e 60 dão continuidade à história da arte com a Arte Pop e o resgate do figurativismo. Ela tem como características a impactante captação de imagens de produtos da mídia e da industria, uma forma de crítica ou, por que não, exaltação à sociedade de consumo. Ela "elevou a ícones os mais crassos objetos de consumo, como hamburgueres, louça sanitária, cortadores de grama, estojos de batom, pilhas de espaguete e celebridades como Elvis Presley" (STRICKLAND, 2002, p. 174). Os trabalhos confeccionados possuíam grandes dimensões e revelavam, de forma bem humorada, imagens de quadrinhos e de objetos do cotidiano, como fez Andy Warhol em suas obras retratando latas de sopa Campbell e a atriz Marilyn Monroe, caracterizando o consumo das massas. Warhol foi um mestre em autopromoção e abusou da irreverência. Sua obra é realmente centrada em torno da mercantilização, e as grandes imagens de outdoors da garrafa de Coca-Cola ou da lata de sopa Campbell, que explicitamente enfatizam o fetichismo das mercadorias, remete Jameson (1997, p. 35). 3 ARTE OP O termo optical alude à capacidade de exploração do olho perante determinadas obras pictóricas ou escultóricas. A Arte Op surgida na década de 50, procurava acentuar certos efeitos ópticos de natureza instável através de movimentos aparentes, imagens ambíguas e ilusões espaciais. Produz um jogo de efeitos entre cores, tons ou formas o que causa a sensação de movimento. "O que é novo na Op Art é que ela estende a ilusão de óptica até a arte não figurativa e a faz funcionar de todas as formas concebíveis", remete JANSON (1996 p. 393). 4 MINIMALISMO Momento em que a arte se mostra despretensiosa e básica, afastando-se de sua função ideológica de representação, de marcas pessoais ou mensagem. Os artistas procuravam imediatismo, criando obras que ganharam notoriedade por sua simplicidade de apresentação com formas mínimas que deram corpo ao movimento minimalista na década de 60. Sua produção artística constituía telas monocromáticas e esculturas formadas por objetos pré-fabricados, como caixas de metal e até mesmo tijolos. Nele os objetos assumem posições seqüenciais. Na visão pessimista de GARDNER (1996, p. 97), esse tipo de arte viria a ser o prenúncio do "fim da História da Arte", tudo já havia sido feito. 5 ARTE CONCEITUAL Movimento artístico que, em toda história da arte, aboliu a pintura em sua tipologia de composição, adotando o termo objeto como designação de alguns tipos de trabalho e considerando a idéia, o conceito, por trás da confecção de uma obra artística. Quem deu nome ao movimento foi o artista Sol Le Witt, para ele "a própria idéia, mesmo se não é tornada visual é uma obra de arte, tanto quanto qualquer produto" (STRICKLAND, 2002, P. 178). Com o artista moderno Marcel Duchamp podem ser percebidos os primeiros indícios da sobrevalorização do conceito. Na Arte Conceitual o artista utiliza a arte como veículo de comunicação, pois ela exige a participação mental do espectador. A Arte Conceitual ainda possui como sub movimentos a Arte Processo que parte do preceito de concepção da obra como idéia; a Arte Ambiental que é exposta ao ar livre, aproveitando o ambiente externo, das ruas e a natureza; a Arte Performática que deriva dos Happennings (surgidos na década de 60 com as apresentações públicas de Alan Kaprow), sugerindo um tipo de arte onde o artista utiliza o corpo como uma expressão cênica e as instalações como formas de representação em montagens utilizando objetos retirados de seu contexto usual para outro, que ressurge com uma nova significação partindo de uma idéia do artista. As instalações proporcionam ao fruidor, a possibilidade de poder entrar na obra, fazer parte dela. 6 ARTE POVERA Nos anos 70 surgiu na Itália a arte Povera. Significando Arte Pobre, sofreu influência da arte Conceitual e promoveu uma reação ao Minimalismo. O objetivo da Arte Povera era desafiar os padrões da arte vigente criando imagens coerentes, mas fora da relação convencional de objetos e substâncias, como um verdadeiro desafio à ordem estabelecida. Como muitos movimentos, absorvia temas de cunho político como a oposição mundial à guerra do Vietnã. Um tipo de arte com a intenção de interagir com o público através de instalações, esculturas e montagens com fotos, pintura e outros materiais não convencionais como terra, madeira, pedaços de árvore, ferramentas agrícolas, terra, metal, feltro, espelhos e trapos. 7 FOTORREALISMO Proporcionando um revival do Realismo, o Fotorrealismo, também conhecido como Hiper-realismo, mostra uma forma de retratar a realidade em uma fidelidade fotográfica. Porém, o que difere este movimento da década de 60 dos estilos tradicionais, dentro da história da arte, é que além dos artistas utilizarem aparelhos tecnológicos como projeção de slides e o airbrush. Resultam deste trabalho, pinturas que se confundem com fotografias e esculturas que se confundem com pessoas. A arte fotorrealista, além da realidade, também exprime em suas obras simbologias e expressividade, utilizando a técnica clássica de perspectiva e desenho e a preocupação minuciosa com detalhes, cores, formas e textura. Utiliza-se de cores luminosas e pequenas figuras incidentais, para pintar de maneira irônica e bonita o mundo ao nosso redor. O Hiper-Realismo abriu espaço para o estilo neofigurativo. 8 NEOFIGURAÇÃO Movimento dos anos 70 e 80 que se baseia em seus principais preceitos, como o figurativismo e a expressividade. Um retorno do figurativismo por uma perspectiva diferente. Na pintura do alemão Anselm Kiefer, por exemplo, paisagens e pessoas aparecem num mundo expressionista de angústia e solidão. 9 NEO-EXPRESSIONISMO Modalidade artística resgatada a partir da década de 80, ao voltar a registrar os sentimentos através da arte. Foi fortemente influenciado pelo Expressionismo, Simbolismo e Surrealismo. Trouxe de volta a pintura e a escultura, com suas representações críticas, emocionais e subjetivas, após algumas décadas. Formulando o devir da arte em sua história universal. Os artistas costumavam utilizar tintas misturadas a materiais como areia, palha e outros, colados à tela. A arte dos anos 90 e da virada do século reafirma as tendências supracitadas enveredando-se ainda mais na política e causas sociais, ambientais e econômicos. Mostra ainda a proliferação da arte performática, das instalações e suportes associados a gêneros híbridos e materiais variados. ARTE CONTEMPORÂNEA NO BRASIL O Brasil acompanha os movimentos artísticos internacionais com uma menor distância de tempo. Tal qual no exterior, a Arte Contemporânea começa a mostrar-se a partir da década de 50. Na década de 60 surge o Tropicalismo e sua contestação à política vigente através da arte; a década de 70 caracteriza-se pelas noções de conceito e tecnologia a serviço da arte; já na geração 80 produz-se uma arte de caráter festivo e alegre. Em 20 de outubro de 1951, um acontecimento deu abertura a uma grande movimentação no campo artístico brasileiro, a realização da primeira Bienal de São Paulo que contou com 1.854 obras representando 23 países. Uma proposta de Ciccillo Matarazzo para a realização de uma grande mostra internacional inspirada na Bienal de Veneza. Seu êxito resultou em "50 anos de atividades, 25 edições com a participação de 148 países, 10.660 artistas e cerca de 56.932 obras, num espaço que permitiu a estimulante convivência das artes plásticas, das artes cênicas, das artes gráficas, do design, da música, do cinema, da arquitetura e de muitas outras formas de expressão artística" (ARTIGAS, 2001). A década marca também o ressurgimento, do Abstracionismo: Geométrico e Informal. O primeiro propõe a ruptura com a arte figurativa, baseando-se no neoplasticismo de Piet Mondrian. É adotado em São Paulo pelo Grupo Ruptura, em 1952, e no Rio de Janeiro com o Grupo Frente, em 1954. O segundo, não se organiza em torno de grupos e teorias. Na verdade, seu pressuposto básico é a liberdade individual de cada artista para a expressão de sua subjetividade. Não há categorias a priori a condicionar a experiência artística; a única regra a ser seguida é a da não-representação. Inspira-se nas idéias e experiências do pintor Wassily Kandinsky. O Neo-concretismo foi o movimento das artes plásticas, genuinamente brasileiro, que começa em 1957, no Rio de Janeiro, alguns artistas aliam sensualidade ao Concretismo. Um expoente do movimento é o artista Hélio Oiticica. Os anos 60 favoreceram o declínio da abstração e o surgimento de uma produção artística que capta o consumo e a comunicação de massa, sugeridos pela influência da Arte Pop americana, além de promover opinião política e a militância por conta da repressão, da censura e pela referência do Tropicalismo. Esse momento marca uma era onde a arte brasileira acompanha paripasso a arte internacional, produzindo instalações e happennings. Fez surgir movimentos como o Movimento Phases ou Grupo Austral e o Grupo Rex. Teve também grandes mostras como a Opinião 65; Nova Objetividade Brasileira; Jovem Arte Contemporânea - JAC e Domingos de Criação. A arte da década de 70 afasta-se da política e dos problemas sociais. É caracterizada pela emblematização da reflexão, da razão, do conceito e tecnologia. A Exposição Internacional de Arte por Meios Eletrônicos / Arteônica dá abertura à arte tecnológica, realizada com ajuda de computador. A Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) é criada nesse período dando grande incentivo à produção artística brasileira. O momento de transição para a década de 80 foi marcado pela insígnia das diretas já, pela retomada da pintura e pelas mudanças no panorama artístico, marcado por grandes exposições como: Tradição e Ruptura, 1984; A Trama do Gosto, 1987 (organizadas pela Bienal de São Paulo); A Mão Afro-Brasileira, 1988 (organizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo). Além da mostra Como Vai Você, Geração 80? Realizada em 1984 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, um dos importantes centros de formação da nova geração no Rio de Janeiro. A arte efêmera também é fruto desse momento utilizando os mais diversificados materiais para compor o objeto artístico. Para o poeta, ensaísta e crítico de arte, Ferreira Gullar (agosto,2002), [...] A arte conceitual não propõe nada. Apenas adotou, como fundamento ideológico, o caráter efêmero que o consumismo impôs à sociedade atual [...] fazer da arte expressão do efêmero é chover no molhado. Efêmeros somos nós mesmos e quase tudo a nossa volta. A arte contemporânea brasileira dos anos 90 desenvolve características da arte que está sendo feita em outros países, como, por exemplo, fazer o público participar, até mesmo interferir na obra de arte. Atitude apresentada nas diversas feiras internacionais de Artes Plásticas assim como nas diversas bienais.

Qual foi o objetivo da exposição Como vai você Geração 80?

Texto de apresentação da exposição "Como vai você geração 80?" com objetivo de discutir e registrar a produção dos artistas brasileiros surgidos na década de 1980, que será inaugurada no dia 14/06/1984.

Qual era a proposta artística do grupo Geração 80?

Sem proposta fixa artística ou política, o grupo apostava na pintura como forma de expressão e experimentação visual. O grupo se dissolveu ainda na década de 1980 por questões mais práticas do que ideológicas, segundo os artistas.

Que tipos de artes estavam representadas na exposição Como vai você Geração 80?

” Todas as cores, todas as formas, quadrados, transparências, matéria, massa pintada, massa humana, suor, aviãozinho, geração serrote, radicais e liberais, transvanguarda, punks, panquecas, pós-modernos, neo-expressionistas ….” estava ali representadas.

O que os artistas expressavam em seus trabalhos nas artes na Geração 80?

As obras da geração 80 expressam elementos do que poderia ser chamado um certo "espírito do tempo", espírito este que atravessa outros objetos culturais desse mesmo período.