Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

O garimpeiro  

“Lúcia tinha dezoito anos, seus cabelos eram da cor do jacarandá brunido, seus olhos também eram assim, castanhos bem escuros. Este tipo, que não é muito comum, dá uma graça e suavidade indefinível à fisionomia.

Sua tez era o meio termo entre o alvo e o moreno, que é, a meu ver, a mais amável de todas as cores. Suas feições, ainda que não eram de irrepreensível regularidade, eram indicadas por linhas suaves e harmoniosas. Era bem feita, e de alta e garbosa estatura.

Retirada na solidão da fazenda paterna, desde que saíra da escola, Lúcia crescera como o arbusto do deserto, desenvolvendo em plena liberdade todas as suas graças naturais, e conservando ao lado dos encantos da puberdade toda a singeleza e inocência da infância.

Lúcia não tinha uma dessas cinturas tão estreitas que se possam abranger entre os dedos das mãos; mas era fina e flexível. Suas mãos e pés não eram dessa pequenez e delicadeza hiperbólica, de que os romancistas fazem um dos principais méritos das suas heroínas; mas eram bem feitos e proporcionados.

Lúcia não era uma dessas fadas de formas aéreas e vaporosas, uma sílfide ou uma bayadère, dessas que fazem o encanto dos salões do luxo. Tomá-la-íeis antes por uma das companheiras de Diana a caçadora, de formas esbeltas, mas vigorosas, de singelo mas gracioso gesto.

Todavia era dotada de certa elegância natural, e de uma delicadeza de sentimentos que não se esperaria encontrar em uma roceira.”    Bernardo Guimarães. O garimpeiro

1.(UNESP/SP) Na descrição da beleza das mulheres, os escritores nem sempre se restringem à realidade, mesclando aspectos reais e ideais. Uma das características do Romantismo, a esse respeito, era a forte tendência para a idealização, embora nem todos os ficcionistas a adotassem como regra dominante. Com base nestas informações, releia atentamente o quarto parágrafo do fragmento de O Garimpeiro e identifique na descrição da personagem Lúcia uma atitude crítica do narrador ao idealismo romântico.

A atitude crítica do autor em relação ao idealismo romântico aparece no trecho em que ele diz “Suas mãos e pés não eram dessa pequenez e delicadeza hiperbólica, de que os romancistas fazem um dos principais méritos das suas heroínas; mas eram bem feitos e proporcionados” . Desse modo, Bernardo Guimarães combate o exagero dos românticos na idealização da figura feminina apontando, por sua vez, uma visão mais objetiva e menos exagerada na descrição da personagem do romance.
2.(Unicamp/SP) Leia o seguinte diálogo de O demônio Familiar, de José de Alencar:

“Eduardo — Assim, não amas a tua noiva?
Azevedo — Não, decerto.
Eduardo — É rica, talvez; casas por conveniências?
Azevedo — Ora, meu amigo, um moço de trinta anos, que tem, como eu, uma fortuna independente, não precisa tentar a chasse au mariage. Com trezentos contos pode-se viver.
Eduardo — E viver brilhantemente; porém não compreendo então o motivo…
Azevedo — Eu te digo! Estou completamente blasé, estou gasto para essa vida de flaneur dos salões; Paris me saciou. Mabille e Château des Fleurs embriagaram-me tantas vezes de prazer que me deixaram insensível. O amor é hoje para mim um copo de Cliqcot que espuma no cálice, mas já não me tolda o espírito!”Alencar, José de. “O demônio familiar” (Cena XIII, Ato Primeiro).
a) O que o diálogo acima revela sobre a visão que Azevedo tem do casamento?

b) Em que essa visão difere da opinião de Eduardo sobre o casamento?

c) Que ponto de vista prevalece no desfecho da peça? Justifique sua resposta.

 a) Neste diálogo, Azevedo expõe ao amigo Eduardo as razões que o levam a casar-se. Ele não o faz por amor; nem por dinheiro (sendo dono de uma “fortuna independente”, despreza qualquer necessidade de casar pelo dote da moça); tampouco por sinceridade de sentimentos (“O amor (…) já não me tolda o espírito!”). Excluídas essas razões, depreende-se do trecho que o casamento é uma válvula de escape para o tédio que a personagem associa à sensação de estar “gasto para a vida de flaneur dos salões”. Além disso, no contexto da peça, Azevedo aquela que apontará como a razão de ser do matrimônio: o interesse pela respeitabilidade que um casamento oferece a um jovem com as ambições políticas dele. O matrimônio com uma mulher bonita possibilitaria a amizade com os poderosos e facilitaria a escalada dos degraus da carreira política. Sendo assim, o casamento é, para Azevedo, um episódio fundamental do jogo de alianças e de interesses da vida social.

 b) O trecho apresenta indícios da visão que Eduardo tem do casamento. As perguntas que faz (“não amas a noiva?”; “casas por conveniência?”) demonstram certo espanto diante das posições assumidas pelo amigo. A opinião de Eduardo se confirma e se esclarece ao longo da peça: recusa o casamento por simples interesse e acredita na verdadeira paixão de um homem pela mulher escolhida, reafirmando valores tradicionalmente associados ao Romantismo.

 c) A visão de Eduardo, que acredita no casamento por amor. No desfecho, temos um duplo matrimônio projetado: Eduardo com Henriqueta, Alfredo com Carlotinha. Para que esse final feliz seja alcançado, as personagens superam os obstáculos colocados diante delas. O amor alcança várias vitórias: sobre o poder do dinheiro (os casais formados terminam a peça sob uma perspectiva de trabalho, sem o auxílio luxuoso de uma herança), sobre as razões de conveniência (prevalece a força do sentimento amoroso) e sobre as artimanhas do “demônio familiar” da peça, o moleque Pedro, que tudo tentara para promover casamentos ricos para os amos Eduardo e Carlotinha. Essa supervalorização do sentimento amoroso favorece a visão romântica, da qual Eduardo é um dos representantes na obra.

3.(Unicamp-SP )Em Ubirajara, tal como em Iracema e em O Guarani, José de Alencar propõe uma interpretação de Brasil em que o índio exerce um papel central.

a) Que sentido têm as sucessivas mudanças de nome do protagonista no romance?

b) Qual o papel das notas explicativas nesse romance? Do que elas tratam em sua maior parte?

c) Como o romance e suas notas tratam o ritual antropofágico, no empenho de construir uma visão do período pré-cabralino?

a) Como todo povo, o índio brasileiro também tem suas tradições, sua cultura, a qual passa por diferentes estágios. Tais estágios são refletidos na mudança de nome do protagonista: Jaguaré é o nome do caçador, Ubirajara é o nome do guerreiro e Jurandir é o nome do hóspede.

b) As notas tratam da língua e dos costumes dos índios. Considerando-se que as notas são objetivas e a narrativa é subjetiva, pode-se dizer que servem de complemento à narrativa.

c) O ritual antropofágico é tratado sob a perspectiva indígena, e não europeia. As notas contribuem tratando o ritual, não com o preconceito europeu, mas com benevolência. O romance confirma isso quando Pojucã pergunta se não é digno deste sacrifício, já que, tendo sido derrotado no combate com Ubirajara, a escravidão causaria mais vergonha que a própria morte.

4.(UFMS/MS) Joaquim Manuel de Macedo não só escreveu romances, mas também algumas peças de teatro, entre elas Romance de uma velha. Nessa peça, uma personagem chamada D. Violante afirma:

“Minha sobrinha, agora não há mais amor, há cálculo; não há mais amantes, há calculistas; não há mais amadas, há calculadas”.

Percebe-se que D. Violante considera o amor equivalente a negócios. Essa relação amor/negócios pode ser identificada em Senhora, de José de Alencar, se for(em) observado(s):

I.Os títulos das quatro partes do romance: O preço, Quitação, Posse e Resgate.

II.Que Aurélia utiliza-se de dinheiro para comprar um marido e que o dinheiro é a causa da separação entre Aurélia e Seixas.

III. Que Aurélia propõe-se a casar com Seixas mediante recebimento de dote, mas ele não consegue levantar o dinheiro e fica preso a essa dívida até o fim do romance.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I.         b) apenas II.        c) apenas I e II.             d) apenas I e III.      e) apenas II e III.

5. (PUC-RS) A prosa de _________, mais especificamente no romance _________ retrata as relações amorosas por meio da _________.

a) Raul Pompeia/O ateneu/superstição.

b) Manuel Antônio de Almeida/Memórias de um sargento de milícia/idealização.

c) Bernardo Guimarães/A escrava Isaura/sátira.

d) Joaquim Manuel de Macedo/A moreninha/insatisfação.

e) José de Alencar/Lucíola/idealização.

Texto para a questão 6.

“Os encantos da gentil cantora eram ainda realçados pela singeleza, e diremos quase pobreza do modesto trajar. Um vestido de chita ordinária azul-clara desenhava-lhe perfeitamente com encantadora simplicidade o porte esbelto e a cintura delicada, e desdobrando-se-lhe em roda em amplas ondulações parecia uma nuvem, do seio da qual se erguia a cantora como Vênus nascendo da espuma do mar, ou como um anjo surgindo dentre brumas vaporosas. (…)

Entretanto, abre-se sutilmente a cortina de cassa de uma das portas interiores, e uma nova personagem penetra no salão. Era também uma formosa dama ainda no viço da mocidade, bonita, bem feita e elegante. (…) Mas com todo esse luxo e donaire de grande senhora nem por isso sua beleza deixava de ficar algum tanto eclipsada em presença das formas puras e corretas, da nobre singeleza (…) da cantora. Todavia Malvina era linda, encantadora mesmo, e posto que vaidosa de sua formosura e alta posição, transluzia-lhe nos grandes e meigos olhos azuis toda a nativa bondade de seu coração.”

Bernardo Guimarães

6.(Mackenzie/SP) Assinale a alternativa que apresenta significativo traço do estilo romântico comprovado com passagem do texto.

a) A contenção emotiva, que caracteriza a descrição panorâmica, aliada ao uso de clichê da tradição mitológica: Vênus nascendo da espuma do mar.

b) A associação de características da figura feminina a imagens fluidas e voláteis — nuvem, espuma do mar, brumas vaporosas —, criando atmosfera de envolvente devaneio.

c) O contraste que se estabelece entre “matéria” e “espírito”: a idealização do esplendor físico da mulher aristocrática, em oposição à frivolidade de seu caráter (vaidosa de sua formosura e alta posição).

d) A opção pela prosa descritiva permite as divagações egocêntricas (em amplas ondulações parecia uma nuvem), em detrimento de um registro de aspectos do mundo social.

e) A descrição pormenorizada e crítica de um universo feminino, caracterizado por personagens que se deixam dominar pelos instintos e valores materialistas da sociedade burguesa: os requintes da beleza física, por exemplo (formosa dama…bonita, bem feita e elegante).

7.(PUC-RS) No Romantismo brasileiro, destaca-se a representação de muitos e diferentes tipos de mulher. Assim, em A Escrava Isaura, uma escrava é criada como moça branca, em A moreninha, Lucíola e Senhora, aparecem, respectivamente,

a) Uma jovem suburbana, uma prostituta e um adama da sociedade paulista.

b) Uma negra, uma rica dama da sociedade e uma mulher madura.

c) Uma jovem típica da elite carioca, uma rica dama da sociedade e uma prostituta.

d) Uma jovem típica da elite carioca, uma prostituta e uma rica dama da sociedade.

e) Uma suburbana, uma prostituta e uma balzaquiana casadoira.

8.(UFRGS-RS) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Bernardo Guimarães.

I.Em O Garimpeiro, o autor utiliza o episódio da cavalhada para defender os costumes interioranos.

II.Em O Seminarista, o autor critica o celibato sacerdotal e o autoritarismo patriarcal, que impedem a realização amorosa de Eugênio.

III. Em A Escrava Isaura, através do drama de Isaura/Elvira, o autor se alinha à luta abolicionista da época. Quais estão corretas?

a) Apenas I.              b) Apenas II.             c) Apenas I e III.     d) Apenas II         e III. e) I, II e III.

 9. (Ufam) São romances escritos por Joaquim Manuel de Macedo:

a) A Luneta Mágica, A Moreninha, Lucíola.

b) Lucíola, O Garimpeiro, O Moço Loiro.

c) A Moreninha, O Garimpeiro, Diva.

d) A Carteira de meu tio, Senhora, A Luneta Mágica.

e) O Moço Loiro, A Carteira de meu tio, A Moreninha.

10.(PUC-RS) O projeto nacionalista da literatura brasileira realiza-se, na prosa, pela ________ nação, principalmente na obra de ________, que se constituiu como precursor da possibilidade de ________ da brasilidade.

a) Idealização da/José de Alencar/expressão

b) Exaltação da/Aluísio Azevedo/fundação

c) Crítica à/Monteiro Lobato/criação

d) Referência à/Joaquim Manuel/tradução de Macedo

e) Sátira à/Lima Barreto/simulação

11.(UFSE) No período romântico brasileiro, os aspectos estéticos e os históricos ligaram-se de modo especialmente estreito e original: entre nós, o Romantismo deu expressão à consolidação da Independência, à afirmação de uma nova Nação e à busca das raízes históricas e míticas de nossa cultura – características que se encontram amplamente:

a) na poesia de Gonçalves de Magalhães influenciada pela de Gonçalves Dias;

b) nos romances urbanos da primeira fase de Machado de Assis;

c) nos romances de costumes de Joaquim Manuel de Macedo;

d) na lírica confidencial de Álvares de Azevedo e de Casimiro de Abreu;

e) na ficção regionalista e indianista de José de Alencar.

12.(UFRS) Leia o texto abaixo.

…………… é um tema dominante na poesia …………… de cunho romântico no Brasil; nela, a mulher é frequentemente …………… sob o olhar apaixonado do poeta, que usa …………… como termo de comparação capaz de expressar a intensidade dos seus sentimentos. Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas desse texto.

a) O amor – nacionalista – homenageada – a religião

b) A pátria – sentimental – martirizada – o mito

c) O amor – intimista – idealizada – a natureza

d) A infância – histórica – divinizada – a Idade Média

e) A morte – nacionalista – humilhada – a música

 13.( Cefet-PR) Assinale a alternativa incorreta sobre o Romantismo.

a) O romance indianista de José de Alencar representa contestação política ao domínio português.

b) Bernardo Guimarães foi o primeiro escritor regionalista brasileiro com o romance Ermitão de Muquém.

c) O aproveitamento da linguagem do sertão é um dos traços marcantes da obra do Visconde de Taunay.

d) A Moreninha garante a Joaquim Manuel de Macedo o pioneirismo na prosa romântica brasileira.

e) Franklin Távora é considerado o criador da Literatura do Norte, região tida por ele como a mais autenticamente brasileira.

 14.(UFRS) Considere as afirmações abaixo, referentes ao romance romântico no Brasil.

I.A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, insere-se na linha primitivista da corrente romântica, em que as personagens vivem em contato constante com a natureza.

II.Uma das fontes de inspiração do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, é a novela picaresca espanhola.

III. A heroína de A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, é mestiça; porém, na sua apresentação inicial, são destacadas sua tez clara “como marfim” e sua beleza “branca”. Quais estão corretas?

a) Apenas I.           b) Apenas II.            c) Apenas I e II.      d) Apenas II e III.          e) I, II e III.

 15.(PUC-RS) Sobre Castro Alves é correto afirmar que

a) Se ateve à temática amorosa.                            d) Produziu poesia de tom ingênuo.

b) Rejeitou a poesia engajada.                               e) Retratou a realidade de forma sutil.

c) Produziu poesia de denúncia.

16.(UFRR) A obra romanesca de José de Alencar introduziu na literatura brasileira quatro tipos de romances: indianista, histórico, urbano e regional. Desses quatro tipos, os que tiveram sua vida prolongada, de forma mais clara e intensa, até o Modernismo, ainda que modificados, foram:

a) Indianista e histórico;                                         d) Histórico e urbano;

b) Urbano e regional;                                            e) Regional e indianista;

c) Indianista e urbano.

17.(FGV-SP) Leia as afirmações abaixo, a propósito do texto:

  1. A forma de tratamento revela familiaridade entre Carlos e Emília.
  2. O diálogo retrata uma cena de ciúme.
  3. A peça O noviço pertence ao teatro realista.
  4. Comparado com o texto de G. Guarnieri, este revela situação e temática diferentes.
  5. O tom da cena sugere tratar-se de uma comédia.

Podemos dizer, a respeito das afirmações acima:

a) Estão corretas as afirmações 1, 4 e 5.                   d) Estão corretas as afirmações 1, 2 e 3.

b) Estão corretas as afirmações 1, 3 e 5.                       e) Estão corretas as afirmações 3, 4 e 5.

c) Estão corretas as afirmações 1, 2 e 4.

As questões 18 e 19 referem-se ao seguinte texto:

“O primeiro navio destacado da conserva para levar a Portugal a notícia do descobrimento do Brasil, e com instâncias ao rei de Portugal para que por amor da religião se apoderasse d’esta descoberta, cometera a violência de arrancar de suas terras, sem que a sua vontade fosse consultada, a dois índios, ato contra o qual se tinham pronunciado os capitães da frota de Pedro Álvares.

Fizera-se o índice primeiro do que era a história da colônia: era a cobiça disfarçada com pretextos da religião, era o ataque aos senhores da terra, à liberdade dos índios; eram colonos degradados, condenados à morte, ou espíritos baixos e viciados que procuravam as florestas para darem largas às depravações do instinto bruto.” DIAS, Gonçalves.

18.(UFSE-SE) No período romântico brasileiro, os aspectos estéticos e os históricos ligaram-se de modo especialmente estreito e original: entre nós, o Romantismo deu expressão à consolidação da independência, à afirmação de uma nova Nação e à busca das raízes históricas e míticas de nossa cultura — características que se encontram amplamente

a)na poesia de Gonçalves de Magalhães influenciada pela de Gonçalves Dias.

b) nos romances urbanos da primeira fase de Machado de Assis.c) nos romances de costumes de Joaquim Manuel de Macedo.

d) na lírica confidencial de Álvares de Azevedo e de Casimiro de Abreu.

e) na ficção regionalista e indianista de José de Alencar.

19. O gênero “romance” surgiu no Brasil durante o Romantismo e moldou-se segundo os gostos e preferências da burguesia em ascensão. Com uma temática diversificada, logo tornou-se o tipo de leitura mais acessível a essa nova classe social. Dentre as afirmativas seguintes, assinale aquela que NÃO corresponde às tendências do “romance romântico”:

a) As obras românticas conhecidas como romance de “folhetins” caracterizaram-se pelo tom “água-com-açúcar”, pela presença de elementos pitorescos e pela superficialidade de seus conflitos.

b) O romance romântico identificado como “histórico” retratou os fatos políticos brasileiros da época, e também as correntes materialistas daquela segunda metade do século XIX.

c) As narrativas ambientadas na cidade foram rotuladas como “romances urbanos”, sendo ainda conhecidas como obras de “perfis de mulher”, por privilegiar as personagens femininas e seus pequenos conflitos psicológicos.

d) O romance “indianista” enfatizou nossa “cor local” ao retratar as lendas, os costumes e a linguagem do índio brasileiro, acentuando ainda mais o cunho nacionalista do Romantismo.

e) A narrativa romântica de caráter “regionalista” tematizou, de forma idealizada, a vida e os costumes do “brasileiro” do interior.

20.”(…) é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.- Vendido! exclamou Seixas ferido dentro d’alma. – Vendido sim: não tem outro nome (…) O senhor estava no mercado; comprei-o.” O trecho citado pertence à obra de conhecido autor brasileiro. Em qual tipo de romance se enquadra a referida obra?

a) Romântico, de costumes, focaliza aspectos da sociedade do Rio de Janeiro.

b) Realista, versa sobre práticas da aristocracia

c) Romântico, sertanista, aborda relações do Brasil rural.

d) Modernista, parodia a família do século XIX.

e) Realista, preocupado em retratar o adultério.

 Texto para as questões  21

“A língua é a nacionalidade do pensamento como a pátria é a nacionalidade do povo. Da mesma forma que instituições justas e racionais revelam um povo grande e livre, uma língua pura, nobre e rica, anuncia a raça inteligente e ilustrada. Não é obrigando-a a estacionar que hão de manter e polir as qualidades que porventura ornem uma língua qualquer; mas sim fazendo que acompanhe o progresso das ideias e se molde às novas tendências do espírito, sem contudo perverter a sua índole a abastardar-se.” (José de Alencar)

21.Sobre o texto anterior, trecho de abertura de um romance de José de Alencar, são feitas as afirmativas seguintes.

I – O autor usa de um artifício para disfarçar o caráter ficcional da narrativa e, ao mesmo tempo, estreitar os laços da interlocução com o leitor: cria um personagem-narrador e uma personagem-leitora, esta com a função de propiciar ao narrador a oportunidade de contar a sua história.

lI – Pela referência a criaturas infelizes que escandalizam a sociedade, à profanação da atmosfera em que está envolta a neta da personagem à qual se dirige o narrador, bem como pela cautela do narrador em abordar assunto que causa melindres, pode-se inferir que se trata da abertura do romance “Lucíola”.

III – De acordo com o terceiro parágrafo, a personagem-leitora não se deve preocupar caso leia algo que ofenda seu pudor, pois diante do texto escrito não são vexatórias, para a mulher, atitudes que seriam motivo de vergonha na presença de um homem.

Quais são corretas?

a) Apenas I          b) Apenas II          c) Apenas I e III          d) Apenas lI e III              e) I, II e III

22.(FGV/SP) Escreveu poesia, prosa de ficção, historiografia e ensaios. Sua  historiografia, profundamente revolucionária, tem suas origens no Romantismo de Victor Hugo e Walter Scott. Foi, porém, na prosa de ficção que __________ mais contribuiu para a literatura portuguesa do séc. XIX. No Monasticon, que compreende dois romances históricos, _________ e __________, consegue reunir seus dotes de historiador e ficcionista quando põe em conflito a paixão amorosa e a vida religiosa. O autor e as obras referidos estão na alternativa:

a) Antônio Feliciano de Castilho – Cartas de Eco a Narciso – A Noite no Castelo.

b) Camilo Castelo Branco – O Santo da Montanha – Amor de Perdição.

c) Júlio Dinis – Os Fidalgos da Casa Mourisca – As Pupilas do Sr. Reitor.

d) Almeida Garrett – O Arco de Santana – Um Auto de Gil Vicente.

e) Alexandre Herculano – Eurico, o Presbítero – O Monge de Cister.

 23. Identifique a afirmação correta sobre José de Alencar.

a) Seus três romances indianistas fazem parte do projeto maior: retratar aspectos típicos da realidade e dos mitos nacionais.

b) Com Memórias de um sargento de milícias, deu-nos um colorido painel da sociedade carioca ao tempo de D. João VI.

c) Embora tenha escrito belos poemas líricos, foi pela poesia abolicionista que se notabilizou como escritor.

d) Deve ser considerado o pioneiro do Naturalismo no Brasil, com obras-primas no conto, no romance e na novela.

e) Seus romances têm a marca inconfundível da prosa intimista, em que tudo se resume às memórias e pensamentos subjetivos.

24.(PUC-RS) Em O gaúcho, José de Alencar procura representar o povo sul-rio-grandense empreendimento que não alcançou sucesso e foi desacreditado pela crítica. Ao retratar o contexto urbano, entretanto, seu compromisso ideológico associa-se à expressão estética romântica, especialmente nas obras.

a) Diva e O Tronco do Ipê.                                                                    d) A Moreninha e Lucíola

b) Memórias de um sargento de milícias e A Pata da Gazela.        e) A escrava Isaura e A viuvinha

c) Senhora e Lucíola.

“Mas, considerada a situação brasileira do tempo, daí provém igualmente o alcance humano e social que consagrou o livro [ A escrava Isaura ], destacando-se como panfleto corajoso e viril, que pôs em relevo ante a imaginação popular situações intocáveis do cativeiro. (…) A este propósito, lembremos que a cor de Isaura é não apenas tributo talvez inconsciente ao preconceito (que aceitaria como heroína uma escrava branca), mas, ainda, arma polêmica, mostrando a extrema odiosidade a que podia chegar a escravidão, atingindo pessoas iguais na aparência às do grupo livre.”

 25.(UTFPR/PR) A que escritor se refere o crítico literário Antônio Candido?

a) Bernardo Guimarães.                                 d) Joaquim Manoel de Macedo.

b) José Lins do Rego                                           e) Monteiro Lobato.

c) Álvares de Azevedo.

26.INSTRUÇÃO: Leia atentamente o texto a seguir e julgue os itens da questão .

“Portanto, ilustres e não ilustres representantes da crítica, não se constranjam. Censurem, piquem, ou calem-se como lhes aprouver. Não alcançarão jamais que eu escreva neste meu Brasil cousa que pareça vinda em conserva lá da outra banda, como a fruta que nos mandam em lata. (…)   O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?”ALENCAR, José de. Benção Paterna. In: Sonhos de Ouro. São Paulo: Melhoramentos, s.d.

26.UFMT  ( ) Envolvidos pelo ideário político da independência, Alencar e outros escritores românticos empenham-se na construção da nação brasileira, através da luta pela emancipação da língua e da literatura nacionais.

( ) Na história da literatura brasileira, no percurso que vai do Romantismo ao Modernismo, a bandeira da ruptura com o princípio da imitação aos clássicos é empunhada por todas as escolas literárias.

( ) No segundo parágrafo, Alencar opõe, metonimicamente, por meio das frutas, o ambiente brasileiro ao ambiente europeu.

( ) O texto dá a entender que a língua se adapta ao meio para onde foi levada, mais precisamente aos órgãos fonadores e à alma do povo que fala.

V – F – V – V

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

A lagartixa

“A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito…
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha…
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.” AZEVEDO, Álvares de.
 (UFRJ/RJ) A poética da segunda geração romântica é frequentemente associada ao melancólico, ao sombrio, ao fúnebre; a lírica amorosa, por sua vez, costuma ser caracterizada como lamentação de amores perdidos ou frustrados.

1.Relacione essas duas afirmativas ao texto V no que se refere à seleção vocabular relativa aos amantes e a seu tratamento poético.

O texto V não confirma as afirmativas, como bem o comprovam sua seleção vocabular e seu tratamento poético. A caracterização do amante (“lagartixa”) e da amada (“clarão”, “sol”, “vinho”, “sono”, “copo”, “leito”, “néctar de amor”, “travesseiro”, “rosas mais gentis”, “harém”, “minha bela”, “olhos namorados”, “sol de verão”) cria uma atmosfera positiva, solar, amena, bem humorada, expressando a harmonia entre os amantes.

Para responder às questões 02 e 03, leia os textos a seguir:

“Meus oito anos

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!”

Casimiro de Abreu.

“Nasci no campo, e ao desprender-me das faixas infantis, ao saltar do berço, vi quase ao mesmo tempo o céu e o mar, os campos e as matas. Não foi na cidade, onde se morre abafado, não; foi ao ar livre, e, infante ainda, senti a brisa da praia brincar com meus cabelos e o vento da montanha trazer-me de longe o perfume das florestas.

Que deliciosa vida aquela! Como eu corria por aqueles prados! Que colheita que fazia de flores!

Que destemido caçador de borboletas!

Ah! meus oito anos! Quem me dera tornar a tê-los!… Mas… nada, não queria, não; aos oito anos ia eu para a escola, e confesso francamente que a palmatória não me deixou grandes saudades.”     ABREU, Casimiro de.

2.UFRJ O texto de Casimiro de Abreu apresenta um tema relevante no Romantismo: a infância.

A abordagem desse tema é integralmente feita de acordo com o padrão romântico na

literatura brasileira? Justifique a resposta, com suas palavras.

Não segue integralmente, pois, no último parágrafo, atribuem-se à infância traços negativos, que desmitificam sua imagem de passado idealizado a que se desejaria retornar.

3.UFRJ Associado ao tema da infância, o texto de Casimiro de Abreu aborda ainda outro

tema significativo na literatura romântica: a relação entre o homem e a natureza.

Ao tratar desse tema, o texto segue o padrão literário romântico? Justifique a resposta,

com suas palavras.

Sim, segue, pois a relação entre o homem e a natureza é apresentada de forma idealizada, já que, no texto, a natureza é lugar paradisíaco, de experiências positivas.

4.(UFPE/PE) O indianismo foi uma corrente literária que envolveu prosa e poesia e fortificou-se após a Independência do Brasil. Sobre esse tema, analise as afirmações a seguir.

0 0 – A literatura indianista cumpriu um claro projeto de fornecer aos leitores um passado histórico, quando possível, verdadeiro, se não, inventado.

1 1 – Os dois autores que mais se empenharam no projeto de criação de um passado heroico foram José de Alencar, na prosa, e Gonçalves Dias, na poesia.

2 2 – Gonçalves Dias, da primeira geração de românticos, escreveu Y-Juca-Pirama, Os Timbiras, Canto do Piaga. Com eles, construiu a imagem heroica e idealizada do índio brasileiro.

3 3 – Indianismo não significava simplesmente tomar como tema o índio; significava a construção de um novo conceito que, embora idealizado, expressava menos que uma realidade racial; expressava uma realidade ética e cultural, distinta da europeia.

4 4 – José de Alencar, em seus romances, sobretudo em Iracema e em O Guarani , se encarregou de construir o mito do herói indianista. De grande importância para isto, foi a preocupação com a vertente brasileira do português, pois Alencar procurava moldar a língua nacional aos personagens indígenas que a falavam.

VVVVV

Minh’alma é triste como a rola aflita

Que o bosque acorda desde o albor da aurora,
E em doce arrulo que o soluço imita
O morto esposo gemedora chora.
5. A estrofe apresentada revela uma situação caracteristicamente romântica. Aponte-a.
a) A natureza agride o poeta: neste mundo, não há amparo para os desenganos morosos.
b) A beleza do mundo não é suficiente para migrar a solidão do poeta.
c) O poeta atribui ao mundo exterior estados de espírito que o envolvem.
d) A morte, impregnando todos os seres e coisas, tira do poeta a alegria de viver.
e) O poeta recusa valer-se da natureza, que só lhe traz a sensação da morte.

6.Assinale a alternativa que traz apenas características do Romantismo:

 a) idealismo – religiosidade – objetividade – escapismo – temas pagãos.
b) predomínio do sentimento – liberdade criadora – temas cristãos – natureza convencional – valores
absolutos.
c) egocentrismo – predomínio da poesia lírica – relativismo – insatisfação – idealismo
d) idealismo – insatisfação – escapismo – natureza convencional – objetividade.
e) n.d.a.

7.(UFAC-AC) A poesia Romântica desenvolveu-se em três gerações: Nacionalista ou Indianista, do Mal do século e Condoreira. O Indianismo de nossos poetas românticos é:

a) Um meio de reconstruir o grave perigo que o índio representava durante a instalação da Capitania de São Vicente.

b) Um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo índio, da nova civilização que se instalava.

c) Uma forma de apresentar o índio como motivo estético; idealização com simpatia e piedade; exaltação de bravura, heroísmo e de todas as qualidades morais superiores.

d) Uma forma de apresentar o índio em toda a usa realidade objetiva; o índio como elemento étnico da futura raça do Brasil.

e) Um modelo francês seguido no Brasil; uma necessidade de exotismo que em nada difere do modelo europeu.

8.De acordo com a posição romântica, é correto afirmar que:

 a) A natureza é expressiva no Romantismo e decorativa no Arcadismo.
b) Com a liberdade criadora implantada no Romantismo, as regras fixas do Classicismo caem e “o poema começa onde começa a inspiração e termina onde esta termina.”
c) A visão de mundo romântica é centrada no sujeito, no “eu” do escritor, daí a predominância da função
emotiva na linguagem do Romantismo.
d) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

Texto para as questões 9 e 10

Não me Deixes!

Debruçada nas águas dum regato

A flor dizia em vão

A corrente, onde bela se mirava…

‘Ai, não me deixes, não!

‘Comigo fica ou leva-me contigo

‘Dos mares à amplidão,

Límpido ou turvo, te amarei constante

Mas não me deixes, não!

E a corrente passava; novas águas

Após as outras vão;

E a flor sempre a dizer curva na fonte:

‘Ai, não me deixes, não!’

E das águas que fogem incessantes

À eterna sucessão

Dizia sempre a flor, e sempre embalde:

‘Ai, não me deixes, não!

Por fim desfalecida e a cor murchada,

Quase a lamber o chão,

Buscava inda a corrente por dizer-lhe

Que a não deixasse, não.

A corrente impiedosa a flor enleia,

Leva-a do seu torrão;

A afundar-se dizia a pobrezinha:

‘Não me deixaste, não!’”                  DIAS, Gonçalves.

 9.F. (Católica de Salvador-BA) O lamento da flor representa fielmente o sentimento romântico de:

a) evasão no tempo;                                                 d) amor incondicional ao outro;

b) supervalorização da natureza;                                e) exaltação do sonho, da fantasia;

c) desejo de morte pelo amor não correspondido.

10.(F. Católica de Salvador-BA) Observa-se a inversão, como recurso estilístico, no verso:

a) “A flor dizia em vão”                                               d) “Mas não me deixes, não.”

b) “E a corrente passava”                                            e) “Dizia sempre a flor, e sempre embalde”

c) “Leva-a do seu torrão”

Para responder às questões 11 e 12, ler os textos que seguem.

Texto A

Maria

Onde vais à tardezinha,
Mucama tão bonitinha,
Morena flor do sertão?
A grama um beijo te furta
Por baixo da saia curta,
Que a perna te esconde em vão…
Mimosa flor das escravas!
O bando das rolas bravas
Voou com medo de ti!…
Levas hoje algum segredo…
Pois te voltaste com medo
Ao grito do bem-te-vi!
Serão amores deveras?
Ah! Quem dessas primaveras
Pudesse a flor apanhar!
E contigo ao tom d’aragem,
Sonhar na rede selvagem…
À sombra do azul palmar!
Bem feliz quem na viola
Te ouvisse a moda espanhola
Da lua ao frouxo clarão…
Com a luz dos astros — por círios,
Por leito — um leito de lírios…
E por tenda — a solidão!”

Castro Alves

Texto B

“Iracema, sentindo que lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.
Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou suas entranhas; porém logo o choro infantil inundou sua alma de júbilo.
A jovem mãe, orgulhosa de tanta ventura, tomou o tenro filho nos braços e com ele arrojou-se às águas límpidas do rio. Depois suspendeu-o à teta mimosa; seus olhos então o envolviam de tristeza e amor.
— Tu és Moacir, o nascido de meu sofrimento.
A ará, pousada no olho do coqueiro, repetiu Moacir, e desde então a ave amiga unia em seu canto ao nome da mãe, o nome do filho.
O inocente dormia; Iracema suspirava:
— A jati fabrica o mel no tronco cheiroso do sassafrás; toda a lua das flores voa de ramo em ramo, colhendo o suco para encher os favos; mas ela não prova sua doçura, porque a irara devora em uma noite toda a colmeia. Tua mãe também, filho de minha angústia, não beberá em teus lábios o mel de teu sorriso.”

Para responder à questão 11, analisar as afirmativas que seguem, sobre os textos A e B.

I.A imagem delicada, graciosa e harmoniosa da escrava, presente no texto A, exemplifica a tendência predominante do poeta no que se refere ao tratamento da temática da escravidão.

II.A visão melancólica da natureza presente em ambos os textos associa-se ao Romantismo exacerbado.

III. O texto B, numa profusão de imagens ligadas a elementos da natureza, relata o nascimento de Moacir, que representa a fusão entre o branco e o índio, dando origem ao povo brasileiro.

IV.Ambos os textos expressam o subjetivismo.

11.(PUC-RS) Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa

a) I e II                b) I e III                   c) I, II, III e IV          d) II e IV          e) III e IV

12.(U.E. Ponta Grossa-PR) A poesia romântica brasileira, em seus diversos momentos, apresenta como características:

01.escapismo e subjetivismo;

02.naturalismo e pitoresco;

04.nacionalismo e religiosidade;

08.socialismo e ilogismo;

16.imaginação criadora e amor à natureza.

SOMA: 21

13.(UEL-PR) Considere as seguintes afirmações sobre a poesia de Álvares de Azevedo:

I.Seu lirismo deixou-se empolgar pelas lutas políticas travadas durante a consolidação da nossa Independência.

II.Influenciado por Gonçalves Dias, seus versos espelham a força primitiva da natureza e a admiração pelo índio.

III. A solidão extrema e a timidez amorosa marcaram os versos ora sentimentais, ora irônicos de sua lírica.

Está correto apenas o que se afirma em

a) I.                     b) II.                      c) III.                    d) I e II.                      e) II e III.

14.(ITA/SP) O texto a seguir é a estrofe inicial do poema Meus oito anos, de Casimiro de Abreu:

“[…]
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
[…]”

Sobre o poema, não se pode afirmar que

a) Se trata de um dos poemas mais populares da Literatura Brasileira.

b) O poeta se vale do texto para manifestar a sua saudade da infância.

c) A linguagem não é erudita, pois se aproxima da simplicidade da fala popular, o que é uma marca da poesia romântica.

d) A memória da infância do poeta está intimamente ligada à natureza brasileira.

e) O poeta é racional e contido ao mostrar a sua emoção no poema.

15. (Ufam) Assinale a alternativa que NÃO se refere de modo correto à obra de Álvares de Azevedo:

a) Sua poesia caminhava na esteira de um Romantismo em progresso, enquanto trazia à luz da contemplação os domínios obscuros do inconsciente.

b) Escreveu verdadeiras “bíblias” de satanismo, como a Noite na taverna e Macário, e foi um byroniano autêntico.

c) Em sua poesia, a natureza está praticamente ausente, de vez que o poeta só tem olhos para si mesmo: seu eu íntimo, mas também seus objetos pessoais.

d) Todos os motivos literários e utópicos do americanismo anticolonialista, venerador do modelo comunitário proposto pelo incas, estão presentes em textos de feição indianista.

e) A evasão segue, nesse poeta muito sensível, a rota de Eros (o Amor), mas o horizonte último é sempre a morte.

16.(Ufam) Assinale o item que se refere à poesia de Álvares de Azevedo:

a) O ânimo oratório de seu verso, a poesia de ardentes apóstrofes e audaciosas hipérboles lhe valeram o título de maior poeta da segunda geração.

b) Seus poemas foram submetidos a uma disciplina rígida, totalmente estranha às tonalidades de ritmo e de simbolização abertas pelo Romantismo.

c) A melancolia se expande nos sentimentos mais simples, como a rememoração saudosa da infância campestre, povoada de verdejantes notas paisagísticas.

d) Seu lirismo é o da confidência, das efusões derramadas, numa atmosfera fortemente masoquista, em que o pressentimento da morte é um dos temas prediletos.

e) Sua obra-prima foi o poema Cântico do Calvário, em que já preludia a técnica de construção que seria empregada pelos simbolistas.

17. (Ufam) Assinale a opção cujo enunciado pode ser aplicado aos poetas da segunda geração romântica brasileira:

a) Comprometeram-se com a busca do que julgavam ser as verdadeiras qualidades da poesia: equilíbrio, contenção de sentimentos, linguagem culta, valorização da forma.

b) Assumiram posturas engajadas, de combate às injustiças, à escravidão e à opressão do povo, temas esses que foram ignorados pelos poetas da primeira geração.

c) Influenciados pela poesia de Lord Byron e Alfred de Musset, cultivaram um comportamento boêmio e uma visão negativista da existência.

d) Sintonizados com a riqueza e as possibilidades temáticas proporcionadas pelo avanço da ciência, pela civilização das máquinas, romperam com os temas clássicos e universais.

e) Cultivaram uma linguagem rebuscada, simbólica, de onde derivaram dois traços estilísticos importantes: o cultismo e o conceptismo.

18.(U.F. Uberlândia-MG) Existem diferenças básicas entre a paisagem retratada pelos árcades e a paisagem retratada pelos românticos. Escolha a alternativa correta que define essas duas paisagens:

a) A paisagem romântica é amena e monótona e a paisagem árcade é sempre graciosa e fulgurante.

b) A paisagem árcade é bucólica e a paisagem romântica é ainda mais bucólica, devidoaos exageros do eu-lírico.

c) A paisagem romântica reflete os sentimentos do eu-lírico, enquanto a paisagem árcade é harmoniosa, alheia ao eu-lírico.

d) A paisagem árcade é mais visual enquanto a paisagem romântica só é perceptível através da leitura.

19.(UFF-RJ) Assinale o fragmento que não corresponde ao indianismo romântico:

a) “As leis da cavalaria no tempo em que floresceu em Europa não excediam por certo em pundonor e brios à bizarria dos selvagens brasileiros.” (José de Alencar).

b) “Não há hoje a menor razão porque desconheçamos a importância da parte indígena na população do Brasil; e menos ainda para que apaixonados declamemos contra selvagens que por direito natural defendiam a sua liberdade, independência e as terras que ocupavam.” (Gonçalves de Magalhães).

c) “Imaginei um poema… como nunca ouviste falar de outro: guerreiros diabólicos, mulheres feiticeiras, sapos e jacarés sem conta: enfim, um gênesis americano, uma Ilíada Brasileira, uma criação recriada.” (Gonçalves Dias).

d) “É certo que a civilização brasileira não está ligada ao elemento indiano nem dele recebeu influxo algum; e isto basta para não ir buscar entre as tribos vencidas os títulos da nossa personalidade literária.” (Machado de Assis).

e) “O maravilhoso, tão necessário à poesia, encontrar-se-á nos antigos costumes desses povos [indígenas], como na força incompreensível de uma natureza constantemente mutável em seus fenômenos.” (Ferdinand Denis).

20.( UFRS) Leia o texto abaixo.

“Uma das facetas do Romantismo é conceber o poeta como um gênio inspirado, dono de uma  sensibilidade extraordinária. Isso faz com que ele expresse suas ideias e emoções de uma forma original e seja capaz de revelar realidades inacessíveis ao homem comum.”

Dos exemplos citados abaixo, identifique aquele(s) que expressa(m) a concepção acima.

I.“Meia-noite soou na floresta

No relógio de sino de pau;

E a velhinha, rainha da festa,

Se assentou sobre o grande jirau.”   (Bernardo Guimarães)

II.“Se é vate quem acesa a fantasia

Tem de divina luz na chama eterna;

Se é vate quem do mundo o movimento

Co’o movimento das canções governa;

(…)

Se é vate quem dos povos, quando fala,

As paixões vivifica, excita o pasmo.” (Laurindo Rabelo)

III. “Tenho medo de mim, de ti, de tudo,

Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes,

Das folhas secas, do chorar das fontes,

Das horas longas a correr velozes.

(…)

O véu da noite me atormenta em dores,

A luz da aurora me intumesce os seios,” (Casemiro de Abreu)

Quais exemplos correspondem à concepção citada?

a) Apenas I.              b) Apenas II.            c) Apenas I e II.    d) Apenas II e III.           e) I, II e III.

21.UFF-RJ Na literatura, a visão romântica representativa da mulher é a de uma figura

idealizada, frágil e inatingível.

Assinale a opção em que a visão da mulher não se enquadra nesta característica:

a) “Ah! Vem, pálida virgem, se tens pena

De quem morre por ti, e morre amando.

Dá vida em teu alento à minha vida,

Une nos lábios meus minha alma à tua!” (Álvares de Azevedo)

b) “Anjos longiformes

De faces rosadas

E pernas enormes

Quem vos acompanha?” (Vinícius de Moraes)

c) “Anjo no nome, Angélica na cara!

Isso é ser flor, e Anjo juntamente:

Ser Angélica flor e anjo florente,

Em quem, senão em vós se uniformara.” (Gregório de Matos)

d) “Minha mãe cozinhava exatamente:

arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.

Mas cantava.” (Adélia Prado)

e) “Baixas do céu num voo harmonioso! …

Quem és tu bela e branca desposada?

Da laranjeira em flor a flor nevada

Cerca-te a fronte ó ser misterioso! …” (Castro Alves)

22.(UEMS)“Maldição”

baudelaire macalé luiz melodia/ quanta maldição/ o meu coração não quer dinheiro/quer poesia/ baudelaire e macalé luiz melodia/ rimbaud a missão/ poeta e ladrão/ escravo da paixão sem guia/ edgar allan poe tua mão na pia/ lava com sabão/ tua solidão/ tão infinita quanto o dia/ vicentinho van gogh luiza erundina/ voltem pro sertão/ pra plantar feijão/ tulipas para a burguesia/ baudelaire macalé luiz melodia/ waly salomão/ itamar assumpção/ o resto é perfumaria” BALEIRO, Zeca. In: Vô imbolá, 1999.

Em sua música “Maldição”, Zeca Baleiro menciona Edgar Allan Poe (grande influência

para muitos escritores brasileiros, especialmente para uma das gerações do Romantismo). Uma das obras em que podemos observar tal influência é Noite na taverna e seu autor foi um dos mais influenciados por Poe. Referimo-nos a:

a) Álvares de Azevedo.       b) Gonçalves Dias.       c) Casimiro de Abreu.    d) Castro Alves.     e) Olavo Bilac.

23.(UFPA)

Maria

Onde vais à tardezinha,
Mucama tão bonitinha,
Morena flor do sertão?
A grama um beijo te furta
Por baixo da saia curta,
Que a perna te esconde em vão…
Mimosa flor das escravas!
O bando das rolas bravas
Voou com medo de ti!…
Levas hoje algum segredo…
Pois te voltaste com medo
Ao grito do bem-te-vi!
Serão amores deveras?
Ah! quem dessas primaveras
Pudesse a flor apanhar!
E contigo, ao tom d’aragem,
Sonhar na rede selvagem…
À sombra do azul palmar!
Bem feliz quem na viola
Te ouvisse a moda espanhola
Da lua ao frouxo clarão…
Com a luz dos astros — por círios,
Por leito ― um leito de lírios…
E por tenda ― a solidão!” ALVES, Castro. Obra Completa.

Sobre o poema e seu autor, é correto afirmar:

a) O tom grandiloquente, quase retórico, do poema ilustra o estilo condoreiro de Castro Alves. O condoreirismo, influência de Victor Hugo, foi tendência da última geração do Romantismo brasileiro, mais voltado para o aspecto social, em superação ao egocentrismo angustiado da geração anterior.

b) O poema registra o tratamento da temática amorosa em Castro Alves, marcado pelo tom do prazer erótico, da presença da morte e da dor, tal como seus antecessores da segunda geração.

c) O poema ilustra que Castro Alves se tornou conhecido como o poeta dos escravos não somente pela denúncia da escravatura, mas, também, por ter acolhido, em sua lírica, os sentimentos do homem negro em equivalência aos do homem branco, retratando o negro como herói, como amante, como ser integralmente humano.

d) No poema, o diminutivo “bonitinha” demonstra o desprezo do eu lírico à mulher negra, revelando o preconceito do homem branco com relação à escrava, um simples objeto para ele, na época.

24. (UEM-PR) Assinale a alternativa incorreta.

a) O Romantismo valorizou o gênero romance em detrimento da epopeia tradicional, como podemos constatar na prosa de Gonçalves Dias. Também as regras clássicas para a tragédia
passaram a ser desconsideradas, como verificamos nas peças de Martins Pena, nosso primeiro grande autor de tragédias.

b) No Romantismo brasileiro, constatamos, entre outras características, o culto do individualismo e da natureza como refúgio acolhedor, o nacionalismo indianista e a preocupação com reformas sociais, como o abolicionismo.

c) Pertencem à chamada geração ultrarromântica Álvares de Azevedo, autor de Noite na taverna, e Casimiro de Abreu, autor do poema “Meus oito anos”.

d) Gonçalves de Magalhães abriu o Romantismo brasileiro, em 1836, com Suspiros poéticos e saudades. Machado de Assis inaugurou o Realismo, em 1881, com Memórias póstumas de Brás Cubas.

e) A prosa romântica brasileira tem, entre seus representantes, José de Alencar, Machado de Assis, Bernardo Guimarães. Machado de Assis foi, também, escritor realista.

25.(Ufam) Só uma das afirmativas abaixo se refere de modo correto a Sousândrade. Assinale-a:

  1. a) Sua lírica apresenta a tentativa de reconstruir, dez anos depois, a atmosfera de anticonvencionalidade que os byronianos haviam instaurado durante o segundo momento da poesia romântica.
  2. b) Incompreendido por seus contemporâneos, esquecido pela crítica por mais de sessenta anos depois da morte, foi recuperada pelas vanguardas do século XX, principalmente pelos concretistas.
  3. c) A sensualidade direta, embora ligada a uma psicologia infantil, afastou sua obra das visões mórbidas dos byronianos, em que pese o fato de a mulher amada continuar a ser a bela adormecida, a donzela pálida.
  4. d) Mais que um nome literário, permanece nas letras brasileiras como uma personagem paradigmática, carreador para a cultura nacional das ideias que levaram ao realismo naturalismo e, na política, à Primeira República.
  5. e) Tendo entrado aos dezenove anos para um convento beneditino, dali fugiu três anos depois, o que o levou a identificar o cárcere metafórico com o anseio de liberdade que perpassa sua poesia.

26.(PUC/PR/PAES) Assinale o único item incorreto.

São características do Romantismo:

a) Tendência patriótica e nacionalista.                      d) Exagero na emoção e no sentimento.

b) Preocupação formal.                                        e) Reação aos modelos clássicos.

c) Idealização.

27.(UFPA/PSS) Contrariamente aos primeiros românticos, Castro Alves, em seu sentimentalismo amoroso, “percorre a gama completa da carne e do espírito”, segundo o crítico literário Antônio Candido (In: A formação da literatura brasileira. 7 ed., v. 2. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Itatiaia, 1993. p. 251). Os versos de Castro Alves, abaixo, que caracterizam a afirmativa de Candido são:

a) “Queres voltar a este país maldito
Onde a alegria e o riso te deixaram?
Eu não sei tua história… mas que importa?”

b) “Uma noite, eu me lembro… Ela dormia
Numa rede encostada molemente…
Quase aberto o roupão… solto o cabelo
E o pé descalço no tapete rente.”

c) “Deus!ó Deus! onde estás que não
[respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu
[t’escondes
Embuçado nos céus?”

d) “Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — doirada borboleta —
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.”

e) “No céu dos trópicos
P’ra sempre brilha,
Ó noite esplêndida,
Que as ondas trilha.”

28.UFF-RJ A visão de Gonçalves Dias no texto:

a) reforça a posição dos brasileiros que desejam comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, como se esta tivesse sido um evento relevante e benéfico para os habitantes de nossa terra;

b) insere-se no contexto do Romantismo, que busca ressaltar os aspectos negativos da colonização portuguesa, como elemento motivador para um distanciamento e uma diferenciação em relação a Portugal;

c) recusa a ideia da violência que teria caracterizado a colonização portuguesa no Brasil, como se a esquadra de Pedro Álvares não houvesse enviado dois índios a Portugal, contra a vontade deles;

d) ressalta a concordância a que os capitães da frota de Pedro Álvares teriam chegado, como se o consenso de todos estes comandantes justificasse a atitude de enviar os dois índios ao rei português;

e) valoriza e confirma a iniciativa de alguns órgãos de imprensa que celebram a conquista portuguesa como fator importante para nosso posterior desenvolvimento como nação.

29.UFF-RJ Índice é tudo aquilo que indica ou denota uma qualidade ou característica especial. No texto, Gonçalves Dias afirma que “fizera-se o índice primeiro do que era a história da colônia” porque aquela história:

a) seria produzida por pessoas moralmente condenáveis, que alegavam razões religiosas para seus atos, mas que eram movidas pela ganância;

b) seria conduzida por personagens da mais alta idoneidade moral, que se dedicavam intensamente à causa da conversão do indígena brasileiro;

c) seria arquitetada por colonos degradados, condenados à morte ou espíritos baixos, que buscavam no Brasil a redenção de seus pecados;

d) seria derivada da cobiça disfarçada com pretextos da religião, que evitava o ataque dos colonos degradados aos senhores da terra e à liberdade dos índios;

e) seria causada pelos condenados à morte, ou espíritos baixos e viciados que procuravam as florestas para se redimirem, convertendo os índios.

30.(UFF-RJ) O sofrimento amoroso é frequente nas obras dos poetas românticos, como se

pode observar abaixo:

Se Se Morre de Amor! 

Sentir, sem que se veja, a quem se adora,

Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,

Segui-la, sem poder fitar seus olhos,

Amá-la, sem ousar dizer que amamos,

E, temendo roçar os seus vestidos,

Arder por afogá-la em mil abraços:

Isso é amor, e desse amor se morre!”  DIAS, Gonçalves.

A característica que situa o fragmento dentro da poética romântica é:

a) evasão no espaço, transportando o eu-lírico para um lugar ideal, junto à natureza;

b) forte subjetivismo, revelando uma visão pessimista da vida;

c) idealização do amor, transcendendo os limites da vida física;

d) realização de poemas lírico-amorosos, valorizando o idioma nacional;

e) idealização da mulher, conduzindo o eu-lírico à depressão.

31.(PUC-RS) É correto afirmar que a produção poética de Álvares de Azevedo

a) Evidencia a rejeição a temas relacionados à morte e ao medo.

b) Rejeita a idealização do ser amado.

c) Intensifica o tom confessional e subjetivo.

d) Cultua o sentimento de brasilidade.

e) Rompe com a tradição romântica.

32.(Fuvest-SP) Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que, no Brasil, a poesia romântica:

a) Pouco deveu às literaturas estrangeiras, consolidando de forma homogênea a inclinação sentimental e o anseio nacionalista dos escritores da época.

b) Repercutiu, com efeitos locais, diferentes valores e tonalidades da literatura europeia: a dignidade do homem natural, a exacerbação das paixões e a crença em lutas libertárias.

c) Constituiu um painel de estilos diversificados, cada um dos poetas criando livremente sua linguagem, mas preocupados todos com a afirmação dos ideais abolicionistas e republicanos.

d) Refletiu as tendências ao intimismo e à morbidez de alguns poetas europeus, evitando ocupar-se com temas sociais e históricos, tidos como prosaicos.

e) Cultuou sobretudo o satanismo, inspirado no poeta inglês Byron, e a memória nostálgica das civilizações da antiguidade clássica, representadas por suas ruínas.

33.(UFPE) Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a letra (V) se a afirmativa for verdadeira ou (F) se for falsa.

Observe que os textos a seguir representam a visão do amor em três autores do Romantismo. São momentos da poesia romântica coincidindo com três gerações.

“Boa noite, Maria! Eu vou me embora,
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde… é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.”

Castro Alves

“Não acordes tão cedo! Enquanto dormes
Eu posso dar-lhe beijos em segredo
Mas, quando nos teus olhos raia a vida
Não ouso te fitar… Eu tenho medo!”

Álvares de Azevedo

“Enfim te vejo – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Apesar de quanto sofri.”           Gonçalves Dias

( ) O amor em Gonçalves Dias é sempre ilusão perdida, e a experiência concreta é o fracasso e o sofrimento.

( ) Em Álvares de Azevedo, já aparece um misto de erotismo e medo, frustrando assim a realização da experiência amorosa.

( ) Na obra de Castro Alves prevalece a temática do amor sensual.

( ) O lirismo amoroso de Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo inclui a falta de sensualidade presente em Castro Alves e também se descobrem, nos autores, os traços de donjuanismo.

( ) Os três autores apresentam, como ponto comum, a visão da mulher como uma musa inacessível.

V, V, V, F, F.

34.(UFRGS-RS) Assinale a alternativa correta:

a) Álvares de Azevedo, classificado na segunda geração do Romantismo brasileiro, deixou uma obra composta de poemas tipicamente indianistas e nacionalistas.

b) Com Castro Alves, a poesia brasileira atingiu o seu apogeu, apesar do tom tímido que encontramos nos seus versos.

c) Os poetas do Romantismo foram responsáveis pela consolidação do sentimento nacional e contribuíram para o abrasileiramento da língua portuguesa.

d) Gonçalves Dias, autor da consagrada Canção do exílio, compôs também Os timbiras, se eu morresse amanhã e Meus oito anos.

e) O saudosismo que caracteriza o lirismo luso-brasileiro não teve representantes no período romântico.

35.(UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre a obra de Castro Alves.

I.A poesia amorosa do autor registra personagens femininas, algumas notáveis pela pureza e intangibilidade angelicais, outras destacadas pela sensualidade e disponibilidade satânicas.

II.O poeta destacou-se pela poesia de protesto contra a injustiça e a violência presentes na sociedade brasileira em geral e evidentes nas condições de vida a que estava submetida a população escrava.

III. A retórica grandiloquente rendia ao poeta autênticos poemas-discurso para serem antes ouvidos do que lidos, quer fossem denúncias contra a sociedade, quer fossem a exaltação da mulher amada.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.            b) Apenas III.               c) Apenas I e III.       d) Apenas II e III.        e) I, II e III.

36. (PUC-RS)

Para responder à questão, ler o texto que segue.

Tirania

  1. “MINHA MARIA é bonita,
    Tão bonita assim não há;
    O beija-flor quando passa
    Julga ver o manacá.”
  2. “Minha Maria é morena,
    Como as tardes de verão;
    Tem as tranças da palmeira
    Quando sopra a viração.”
  3. “Companheiros! O meu peito
    Era um ninho sem senhor;
    Hoje tem passarinho
    P’ra cantar o seu amor.”
  4. “Trovadores da floresta!
    Não digam a ninguém, não!…
    Que Maria é a baunilha
    Que prende meu coração.”
  5. “Quando eu morrer só me enterrem
    Junto às palmeiras do val,
    Para eu pensar que é Maria
    Que geme no taquaral…”

O tom ________ e ________ do poema de Castro Alves sugere uma ideia de amor ________ — elemento que o __________ dos poetas de seu tempo.

a) Otimista/apaixonado/possível/diferencia.

b) Otimista/sensível/possível/aproxima.

c) Alegórico/sensível/impossível/aproxima.

d) Intimista/apaixonado/impossível/distancia.

e) Sentimental/retórico/possível/diferencia.

37.(Mackenzie-SP) Assinale o comentário que está corretamente associado a Gonçalves Dias.

a) Com assunto quase contemporâneo à publicação — luta da tropa aliada, espanhola e portuguesa, contra os índios aldeados nas Missões jesuíticas do atual Rio Grande do Sul — o poema Uraguai o distingue do academicismo de contemporâneos como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

b) Cultivando, como os da sua geração, o pessimismo — e por isso atraído pela morte, o “humor negro”, a perversidade —, ao tratar do “homem selvagem”, o glorifica para, por oposição, recusar valores medievais.

c) Envolvido intensamente com as injustiças sociais, é o símbolo da literatura participante; o poeta-orador faz sua poesia aproximar-se da oratória, meio enfático de lutar por igualdade social, como se vê no tratamento do tema do índio escravizado.

d) Herdeiro de preocupações neoclássicas, repudiou exageros na expressão; no tratamento da temática, inventou recursos, como, em famoso poema indianista, romper a expectativa de valentia inquebrantável do herói e usar sua fragilidade para mais enaltecer sua bravura.

e) Sua defesa do nativo contra os colonos que o escravizavam era realizada por retórica complexa e sutil, mais conceptista do que cultista, em busca de desenvolver e provar qualquer das assertivas feitas em sua tribuna.

38.(UFRGS-RS) Leia as afirmações abaixo, sobre Sousândrade.

I.Trata-se de um autor maranhense do século XIX, cujo nome verdadeiro é Joaquim de Sousa Andrade, quase desconhecido dos contemporâneos românticos.

II.O Guesa é um longo poema narrativo, composto sobre uma lenda quíchua que narra o sacrifício de um jovem imolado por sacerdotes.

III. O poema O Guesa traz para a Literatura Brasileira temas do capitalismo mundial, entre os quais o da Bolsa de New York.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.              b) Apenas II.           c) Apenas III.          d) Apenas I e II.              e) I, II e III.

39.(UFRS) Sobre a poesia de Gonçalves Dias é correto afirmar que

a) Cantou a natureza brasileira como cenário das correrias e aventuras do indígena bravo e leal.

b) Denunciou a iniquidade da escravidão em poemas altissonantes e repletos de metáforas aladas.

c) Elogiou os esforços do colonizador português em suas campanhas militares.

d) Cantou a bondade da mãe e da irmã, esteios femininos do núcleo familiar patriarcal.

e) Elogiou a dissipação e os excessos do vinho em orgias noturnas marcadas pela devassidão e crueldade.

40. As afirmações abaixo referem-se ao Romantismo, exceto uma. Assinale-a:

a) Tem como característica básica a expressão do “eu”, do mundo interior do artista.

b) Teve início na Alemanha e na Inglaterra, no século XVIII.

c) Representou um período decisivo no desenvolvimento da literatura brasileira.

d) Sua fase mais importante no Brasil coincidiu com a permanência de D. João VI no Rio de Janeiro

41.(PUC/PR) Assinale a alternativa correta.

A poesia brasileira do Romantismo do século XIX pode ser dividida em:

a) três fases: a poesia da natureza e indianista, a poesia individualista e subjetiva, e a poesia liberal e social.

b) duas fases: a histórica e indianista, e a fase subjetiva e individualista.

c) três fases: a subjetiva, a nacionalista e a experimental.

d) quatro fases: a histórica, a de crítica nacionalista, a experimental e a subjetiva.

e) duas fases: a amorosa e sentimental e a fase nacionalista.

42.(UNIOESTE/PR) Assinale a alternativa que se relaciona, de forma correta, com o enunciado e com a autoria dos versos abaixo.

Dentre os movimentos significativos da Literatura Brasileira, houve um que se destacou pela defesa dos ideais libertários, conforme atestam os seguintes versos:

Não! Não eram dous povos que abalavam
Naquele instante o solo ensanguentado…
Era o porvir – em frente do passado, –
A Liberdade – em frente à Escravidão,
Era a luta das águias – e do abutre,
A revolta do pulso – contra os ferros
O pugilato da razão – contra os erros
O duelo da treva – e do clarão!…

a) Indianismo – Gonçalves Dias.                            d) Conceptismo barroco – Gregório de Matos Guerra.

b) Concretismo – Paulo Leminski.                           e) Parnasianismo – Olavo Bilac.

e) Condoreirismo – Castro Alves

43. UFGO A poesia de Gonçalves Dias pode ser dividida em três grandes vertentes temáticas:

a indianista, a saudosista e a lírico-amorosa. A produção poética desse autor pode ser caracterizada da seguinte forma:

( ) na poesia indianista, predomina uma sensibilidade plástica singular, moldada por um cenário natural tipicamente brasileiro, no qual está inserido o primeiro habitante do País, o índio, numa representação quase sempre épica.

( ) na poesia saudosista, o poeta demonstra acentuadas marcas do nacionalismo vigente no Romantismo, como a exaltação do pitoresco nacional, em que se sobressai o tratamento exótico da natureza tropical.

( ) na poesia lírico-amorosa, pode-se encontrar um ultraromantismo já convencional, detectado no sentimentalismo exagerado, que deforma os encantos da mulher amada, e em lamentos melodramáticos, provocados pelo sofrimento do amor irrealizado.

( ) em todas as vertentes da poesia de Gonçalves Dias, a natureza tem um caráter expressivo e dinâmico. Ela é o refúgio acolhedor e o ideal de evasão do eu-poético, estabelecendo, assim, uma interdependência entre paisagem e estado de alma.

VVFV

 44.(UFV-MG) Leia com atenção o texto crítico de Antônio Candido:

“À maneira do Arcadismo, o Romantismo surge como movimento de negação; negação neste caso, e na literatura luso-brasileira, mais profunda e revolucionária, porque visava redefinir não só a atitude poética, mas o próprio lugar do homem no mundo e na sociedade. O Arcadismo se irmanava aos dois séculos anteriores pelo culto da tradição greco-romana; aceitava o significado literário da mitologia e da história clássica; aceitava a hierarquia dos gêneros […]. Os românticos foram buscar nos países estranhos, nas regiões esquecidas e na Idade Média pretextos para desferir o voo da imaginação.” CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira.

Com base nas informações contidas no fragmento acima. NÃO se pode dizer que o Romantismo:

a) Concebeu de maneira nova o papel do artista através de uma visão mais antropocêntrica.

b) Assimilou alguns valores árcades como o culto à tradição greco-romana e o retorno à história clássica.

c) Procurou fixar novos valores que dariam à literatura uma dimensão mais atuante e revolucionária.

d) Reestruturou a teoria clássica dos gêneros literários, quebrando a hierarquia existente e miscigenando as antigas formas.

e) Redimensionou o sentido da obra de arte a partir da liberdade e da imaginação, princípios estes que nortearam os passos do escritor romântico.

45.(UNIFESP/SP) Tema bastante recorrente nas literaturas românticas portuguesa e brasileira, o amor impossível aparece em personagens que encarnam o modelo romântico, cujas características são

a) O sentimentalismo e a idealização do amor.        d) Os jogos de interesses e a racionalidade.

b) O subjetivismo e o nacionalismo.                             e) O egocentrismo e o amor subordinado a interesses sociais.

c) A introspecção psicológica e a idealização da mulher

46.(Mackenzie/SP)

“Eu amo a noite Taciturna e queda!
Então parece que da vida as fontes
Mais fáceis correm, mais sonoras soam,
Mais fundas se abrem;
Então parece que mais pura a brisa
Corre, — que então mais funda e leve a fonte
Mana, — e que os sons então mais doce e triste
Da música se espargem.”    Gonçalves Dias

Assinale a alternativa incorreta.

a) O ritmo regular dos versos decassílabos ajuda a construir a ideia da serena grandiosidade da noite.

b) O quarto e o oitavo versos encerram cada sequência gloriosa que a noite abarca: aquele, os dons das fontes; este, a ação da brisa, da fonte e da música.

c) A descrição das ações das fontes de vida, na primeira estrofe, faz-se com o auxílio sintático de um polissíndeto.

d) doce e triste, no sétimo verso, podem ser lidos como docemente e tristemente, devido ao fato de permanecerem no singular.

e) A repetição de então é fator de coesão textual, recuperando sempre o termo

47.(Unama)

XV

“[…]
És doutro agora, e pr’a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a expressão deste desgosto
Será um crime ante Deus!”

XVIII

“[…]
Lerás porém algum dia
Meus versos, d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados,
Com sangue escritos — e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiede,
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, — de compaixão.”        Gonçalves Dias

Nessas estrofes do poema Ainda uma vez, adeus, de Gonçalves Dias, o eu—lírico:

a) Insatisfeito, evade-se da realidade por meio da morte.

b) Transfere à poesia, o que ele próprio não conseguira, a missão de comover a amada.

c) Rompe com o platonismo contemplativo e seduz a amada.

d) Racionaliza a impossibilidade de viver com a amada.

48.(UTFPR/PR) Marque a alternativa que NÃO corresponde à obra de Gonçalves Dias.

a) Canção do Exílio representa bem o seu ideal literário; beleza na simplicidade; fuga ao adjetivo, procura da expressão de tal maneira justa que outra seria difícil” (CÂNDIDO, 1981, p.81). (2011)

b) “A partir dos Primeiros Cantos, o que antes era tema – saudade, melancolia, natureza, índio – se tornou experiência, nova e fascinante, graças à superioridade da inspiração e dos recursos formais.” (CÂNDIDO, 1981, p.83)

c) “No poemeto I- Juca Pirama, a crítica, unânime, tem admirado a ductilidade dos ritmos que vão recortando os vários momentos da narração.” (BOSI, 3.ed.,p.118, s/d).

d) “Tanto nos romances nativistas (…) como naqueles em que o bom selvagem se desdobra em heróis regionais, o selo da nobreza é dado pelas forças do sangue que o autor reconhece e respeita.” (BOSI, p.152)

e) “Assim se explica a edição de Os Timbiras, em Leipzig, no ano de 1857, em língua portuguesa, pois dificilmente se poderia esperar que uma edição inteira em português fosse vendida na Europa.”(KOTHE, 2000, p.188).

49.(Ufam) O Romantismo foi introduzido no Brasil em 1836, com a publicação do livro:

a) Os Timbiras, de Gonçalves Dias.

b) Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães.

c) A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.

d) A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães.

e) Primeiros cantos, de Gonçalves Dias.

50. (UEPG/PR-2006) Leia os textos 1, 2 e 3, retirados do livro Gonçalves Dias – Poesia Lírica e Indianista, organizado por Márcia Lígia Guidin. Estabeleça as relações com as afirmações apresentadas e assinale o que for correto.

Texto 1

Se muito sofri já, se ainda sofro
Por teu amor?!
Não mo perguntes! que do inferno a vida
Não é pior!…

“Se muito sofri já, não mo perguntes”. p. 192.

Texto 2

Em vão meu coração por ti se fina,
Em vão minha alma te compr’ende e busca,
Em vão meus lábios sôfregos cobiçam
Libar a taça que aos mortais of’reces!
Dizem-na funda, inesgotável, meiga;
Enquanto a vejo rasa, amarga e dura!
Dizem-na bálsamo, eu veneno a sorvo:
Prazer, doçura – eu dor e fel encontro!

“O amor”. p. 181.

Texto 3

Quanto és bela, ó Caxias! – no deserto,
Entre montanhas, derramada em vale
De flores perenais,
És qual tênue vapor que a brisa espalha
No frescor da manhã meiga soprando
À flor de manso lago.

“Caxias”. p. 48.

01) O subjetivismo é um dos traços fundamentais do Romantismo. A realidade é revelada através da atitude pessoal do escritor, o artista traz à tona o seu mundo interior. Isso pode ser observado nos textos 1 e 2 numa demonstração do sofrimento por amar.

02) No texto 2, o motivo do sofrimento é um amor que parece não ser correspondido. Isso pode ser comprovado pelos quatro primeiros versos.

04) Quanto ao aspecto formal, o verso livre, sem métrica e sem estrofação, e o verso branco, sem rima, caracterizam a poesia romântica. Essa característica pode ser observada nos três textos.

08) A derrota é um dos motivos que conduz a um tipo de evasão ou escapismo em que o eu-lírico procura, na morte, a solução para o impasse em que se encontra. Dos fragmentos apresentados acima, somente o texto 1 apresenta tal característica.

16) No texto 3, a descrição da natureza tem por objetivo celebrar Caxias, terra natal de Gonçalves Dias.

SOMA: 19.

51.Em relação ao Romantismo brasileiro, todas as afirmações são verdadeiras. Exceto:

a) expressão do nacionalismo através da descrição de costumes e regiões do Brasil.

b) análise crítica e científica dos fenômenos da sociedade brasileira.

c) desenvolvimento do teatro nacional.

d) expressão poética de temas confessionais, indianistas e humanistas.

e) caracterização do romance como forma de entretenimento e moralização.

52.(UA-AM) Leia o enunciado abaixo:

A grande voz da poesia romântica foi, sem dúvida, a de um estudante paulista que morreu tuberculoso aos vinte anos. Pela sua inspiração e sentimento elevou a poesia brasileira, que vinha do verso medido e frio de Gonçalves de Magalhães e Porto Alegre, a alturas até então desconhecidas.

Demonstrou talento precoce e grande capacidade de estudo, apesar das tentações de byronismo e de satanismo a que teria cedido integrando-se nos grupos boêmios do tempo ou tomando parte nos desmandos da Sociedade Epicureia.

Ele só teve seus poemas reunidos em livro após a morte, quando então encontrou uma divulgação tão ampla quanto era possível no Brasil da metade do século XIX.

O enunciado se refere a:

a) Gonçalves Dias.     b)    Álvares de Azevedo.     c) Castro Alves.     d)    Fagundes Varela.    e) Cruz e Souza.

53.(ITA-SP) Observe as afirmações abaixo:

I.O “Eu” romântico, objetivamente incapaz de resolver os conflitos com a sociedade, lança-se à evasão. No tempo, recriando a Idade Média Gótica e embruxada. No espaço, fugindo para ermas paragens ou para o oriente exótico.

II.A natureza romântica expressiva. ao contrário da natureza árcade, decorativa. Ela significa e revela. Prefere-se a noite ao dia, pois sob a luz do sol o real impõe-se ao indivíduo, mas é na treva que latejam as forças inconscientes da alma: o sonho, a imaginação.

III. No Romantismo a epopeia, expressão heroica já em crise no século XVIII, é substituída pelo poema político e pelo romance histórico, livres das peias de organização interna que marcavam a narrativa em verso. Renascem, por outro lado, formas medievais de estrofação e dá-se o máximo relevo aos metros livres, de cadência popular, as redondilhas maiores e menores, que passam a competir com o nobre decassílabo.

Estão corretas;

a)todas    b) apenas a I     c) apenas a I e a II       d) apenas a II e a III.    E) apenas a I e a III.

53.(FESP) As poesias de Álvares de Azevedo desenvolvem atmosferas variadas que vão do lirismo mais ingênuo ao erotismo, com toques de ironia, tristeza, zombaria, sensualidade, tédio e humos. Essas características demonstram:

a)a carga de brasilidade do seu autor.

b) a preocupação do autor com os destinos do país.

c) os aspectos neoclássicos que ainda persistem nos versos desse autor.

d) o ultrarromantismo, marcante nesse autor.

e) o aspecto social de seus versos.

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

1.(FESP) Aponte a alternativa cujo conteúdo não se aplica ao Arcadismo:

a)Desenvolvimento do gênero épico, registrando o início da corrente indianista na poesia brasileira.

b) Presença da mitologia grega na poesia de alguns poetas desse período.

c) Propagação do gênero lírico em que os poetas assumem a postura de pastores e transformam a realidade em um quadro idealizado.

d) Circulação de manuscritos anônimos de teor satírico e conteúdo político.

e) Penetração de tendência mística e religiosa, vinculada a expressão de ter ou não fé.

2.Sobre Bocage, assinale a informação incorreta:
a) Além de produzir poesia culta, foi poeta popular e exímio improvisador.
b) Sob a linguagem grosseira, mas sempre divertida, com que representa situações escabrosas, revela-se, muitas vezes, um moralismo bastante convencional, machista e preconceituoso.
c) A capacidade de representar o traço caricatural e ridículo de situações e pessoas, aliada à versificação fluente e precisa, à linguagem próxima da oralidade, fazem-nos rir, até nas passagens vulgares, mesmo quando discordamos da visão distorcida e encobertamente moralista.
d) Os alvos privilegiados de sua sátira foram os mulatos e os mestiços das colônias orientais. É contra eles que mostra a presunção de superioridade do branco europeu, o racismo e o preconceito.
e) A sátira bocagiana é superior à sua produção lírica, além de ser muito mais popular, autêntica e original.

3.Movimento estético que gravita em torno de três diretrizes, Natureza, Verdade e Razão, buscando fazer da literatura a “expressão racional da natureza para, assim, manifestar a verdade”. Trata-se do:
a) Barroco     b) Romantismo           c) Simbolismo        d) Neoclassicismo         e) Modernismo

4. (CESEP – PE) I   – “O momento ideológico, na literatura do Setecentos, traduz a crítica da burguesia culta, ilustrada, aos abusos da nobreza e do clero.”
II  – “O momento poético, na literatura do Setecentos, nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos  comuns do homem”.
III – “Façamos, sim, façamos doce amada / Os nossos breves dias mais ditosos.” Estes versos desenvolvem o tema do carpe diem.
a) só a proposição I é correta;                    d) só a proposição II é correta;
b) só a proposição III é correta;                 e) são corretas somente as proposições I e II;
c) todas as proposições são corretas.

5.. (MACKENZIE) Sobre a obra de Bocage, é correto afirmar que:
a) seus sonetos contêm o mais alto sopro de seu talento lírico, sendo considerado um dos maiores sonetistas da língua;
b) basicamente se faz de anedotas, todas se aproximando da obscenidade grosseira;
c) a sátira ocupa o lugar de maior importância em seu desenvolvimento;
d) pode ser colocada como ponto máximo da poesia romântica portuguesa;
e) não supera regras e as coerções literárias ligadas ao movimento arcádico.

6.(FUVEST) De Bocage, pode-se dizer que:
a) passou a maior parte de sua vida no Brasil;
b) é o expoente máximo da poesia portuguesa do século XVIII;
c) foi grande cultor do soneto barroco;
d) escreveu contos eróticos;
e) representa a poesia parnasiana em Portugal.

7.(CENTEC-BA) Quando o poeta neoclássico pinta uma paisagem como um “estado de alma”, podemos dizer que estamos diante de uma paisagem:

a)tipicamente neoclássica.                                         d) prenunciadora do Parnasianismo
b) sugestivamente simbolista                                     e) antecipadamente romântica.c) rebuscadamente barroca

8.(MACKENZIE) Sobre Bocage, é incorreto afirmar que:
a) como poeta satírico, ironizou contemporâneos seus, o clero, a nobreza decadente;
b) houve, notada inclusive por ele mesmo em um famoso soneto, uma série de semelhanças entre sua vida e a de Camões;
c) em sua obra lírica, o Arcadismo interessou apenas como postura, aparência, pois, no fundo, o poeta foi um pré-romântico;
d) como abriu mão totalmente dos valores neoclássicos, desprezou o apuro formal, o bucolismo e a postura pastoril;

e) o subjetivismo, a confidência de sua vida interior, a confissão foram elementos frequentes em sua obra lírica.

9.(FUVEST) Bocage foi:
a) o poeta mais representativo do Arcadismo em Portugal;
b) o poeta mais representativo do Arcadismo no Brasil;
c) um poeta pré-romântico;
d) o escritor-chave para a compreensão do movimento barroco;
e) um cronista medieval.

10.Bocage só não escreveu:
a) poesia satírica e obscena;                        d) poesia lírica bucólica;
b) poesia lírica reflexiva;                            e) poesia encomiástica e de circunstância;
c) poesia épica.

11.. Assinale a incorreta sobre Bocage:
a) Foi fundador da Escola Arcádia Lusitana, em 1756, e pertenceu à Nova Arcádia, mas rompeu com as duas agremiações.
b) À semelhança de Camões, teve vida atribulada: viveu no Oriente, conheceu a miséria e a prisão.
c) À semelhança de Gregório de Matos, notabilizou-se como poeta satírico e como poeta lírico.
d) A lírica bocagiana evoluiu do Arcadismo convencional para o egocentrismo pré-romântico.
e) A tensão entre o racionalismo neoclássico e o individualismo pré-romântico é um dos eixos temáticos de sua obra.

12.(ITA) Dadas as afirmações:
I) O Uruguai, poema épico que antecipa em várias direções o Romantismo, é motivado por dois propósitos indisfarçáveis: exaltação da política pombalina e antijesuitismo radical.
II) O (A) autor(a) do poema épico Vila Rica, no qual exalta os bandeirantes e narra a história da atual Ouro Preto, desde a sua fundação, cultivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona a natureza como refúgio.
III) Em Marília de Dirceu, Marília é quase sempre um vocativo; embora tenha a estrutura de um diálogo, a obra é um monólogo – só Gonzaga fala, raciocina; constantemente cai em contradição quanto à sua postura de Spastor e sua realidade de burguês.
Está(ão) Correta(s):
a) Apenas I           b) Apenas II          c) Apenas I e II        d) Apenas I e III              e) Todas

13.(ITA) Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a:
a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e entidades pagãs. Mas esses mesmos deuses convivem com outros seres do mundo cristão.
b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se sobretudo de poesia, que pode ser lírico-amorosa, épica e satírica.
c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem barroca, preferindo a clareza, a ordem lógica na escrita.
d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de missionários e colonos português.

e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uruguai, de Basílio da Gama.

14. Poema satírico sobre os desmando administrativos e morais imputados a Luís da Cunha Menezes, que governou a Capitania das Minas de 1783 e 1788:
a) Marília de Dirceu                                          d) Vila Rica
b) Fábula do Ribeirão do Carmo                    e) Caras Chilenas
c) O Uruguai

15.Qual a alternativa que apresenta uma associação errada?
a) Barroco / Contrarreforma.                            d) Arcadismo / Iluminismo
b) Romantismo / Revolução Industrial.             e) Arcadismo / Anti-Classicismo
c) Arcadismo / Racionalismo

16.Entre os escritores mais conhecidos do “Grupo Mineiro”, estão:
a) Silva Alvarenga, Mário de Andrade, Menotti del Picchia.
b) Santa Rida Durão, Cecília Meireles, Tomás Antônio Gonzaga.
c) Basílio da Gama, Paulo Mendes Campos, Alvarenga Peixoto.
d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto.
e) Alvarenga Peixoto, Fernando Sabino, Cláudio Manuel da Costa.

17.A respeito da época em que surgiu o Arcadismo:
a) o século XVIII ficou conhecido como “século das luzes”;
b) os “enciclopedistas”construíram os alicerces filosóficos da Revolução Francesa;
c) o adiantamento cientifico é uma das marcas desta época histórica;
d) a burguesia conhece, então, acentuado declínio em seu prestígio;
e) em O Contrato Social, Rousseau aborda a origem da Autoridade.

18.Indique a alternativa errada:

 a) Cultismo e conceptismo são as duas vertentes literárias do estilo barroco.
b) O arcadismo afirmou-se em oposição ao estilo barroco.
c) O conceptismo correspondeu a um estilo fundado em “agudezas”ou “sutilezas”de pensamento, com transições bruscas e associações inesperadas entre conceitos.
d) O cultismo correspondeu sobretudo a um jogo formal refinado, com uso abundante de figuras de linguagem e verdadeiras exaltação sensorial na composição das imagens e na elaboração sonora.
e) O Arcadismo tendeu à obscuridade, à complicação linguística e ao ilogismo.

19.Assinale o que não se refere ao Arcadismo:
a) Época do Iluminismo (século XVIII) – Racionalismo, clareza, simplicidade.
b) Volta aos princípios clássicos greco-romanos e renascentistas (o belo, o bem, a verdade, a perfeição, a imitação da natureza).
c) Ornamentação estilística, predomínio da ordem inversa, excesso de figuras.
d) Pastoralismo, bucolismo suaves idílios campestres.
e) Apoia-se em temas clássicos e tem como lema: inutilia truncat (“corta o que é inútil”).

20.(MACKENZIE/SP-2006) Tomás Antônio Gonzaga, outro poeta árcade brasileiro, assim expressa o sentimento amoroso: Se não lhe desse, / compadecido, / tanto socorro / o deus Cupido; / se não vivera / uma esperança / no peito seu, / já morto estava / o bom Dirceu.

Nesses versos, encontram-se índices que apontam para o fato de que a poesia brasileira do século XVIII

I.preservou da cultura clássica as referências mitológicas.

II.adotou explicitamente o “fingimento” poético, ao desenvolver motivos pastoris.

III. apoiou-se também em padrões métricos mais populares, como o verso tetrassílabo.

Assinale:

a) se apenas a afirmação I estiver correta.           d) se apenas a afirmação II estiver correta.

b) se apenas a afirmação III estiver correta.        e) se apenas as afirmações I e II estiverem corretas.

c) se todas as afirmações estiverem corretas.

21.(MACKENZIE/SP-2006) Assinale a alternativa que apresenta comentário crítico adequado à obra de Cláudio Manuel da Costa, poeta do Arcadismo brasileiro.

a) … sua poesia prolonga uma atmosfera lírica e moral que descortinamos na poesia camoniana, evidente no emprego constante da antítese, do paradoxo e do racionalismo …

b) … a essência doutrinária revela um homem primitivo, apegado ainda à Idade Média: os poemas respiram uma fé inabalável, intocada pelos ventos críticos da Renascença.

c) … o sentimento amoroso se espraia livremente; nota-se que o poeta infringe os princípios clássicos da contenção e manifesta a emoção dum modo tal que seus versos acabam adquirindo foros de crônica amorosa.

d) …é preciso ver na força desse poeta o ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante desde os árcades, acabou por fazer-se verdade artística.

e) … os seus versos agradaram, e creio que ainda possam agradar aos que pedem pouco à literatura: uma expressão fácil, uma sintaxe linear, uma linguagem coloquial e brejeira..

22.(UFPB-2006) No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga.
O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se aoseu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas).

Aquele, Doroteu, que não é Santo
Mas quer fingir-se Santo aos outros homens,
Pratica muito mais, do que pratica,
Quem segue os sãos caminhos da verdade.
Mal se põe nas Igrejas, de joelhos,
Abre os braços em cruz, a terra beija,
Entorta o seu pescoço, fecha os olhos,
Faz que chora, suspira, fere o peito;
E executa outras muitas macaquices,
Estando em parte, onde o mundo as veja. GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69.

Considerando as informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar:

a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irônico.

b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas.

c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um posicionamento crítico.

d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio.

e) O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos fiéis.

23.(PUC/PR/PAES-2006) É só a partir do Arcadismo, que começa a surgir no país uma relação sistemática entre autor, obra e público, que caracterizam um sistema literário. Aponte a alternativa que melhor descreve esse período.

a) Busca da simplicidade, racionalismo, imitação da natureza, caráter pastoril, imitação dos clássicos, ausência de subjetividade.

b) Individualismo e subjetivismo, culto à Natureza, evasão, liberdade artística, culto à mulher amada, sentimentalismo, indianismo, nacionalismo.

c) Subjetivismo, efeito de sugestão, musicalidade, irracionalismo, mistério.

d) Liberdade, de expressão, incorporação do cotidiano, linguagem coloquial, inovação técnica, ambiguidade, paródia.

e) Racionalismo, incorporação do cotidiano, culto à mulher amada, imitação dos clássicos, efeito de sugestão.

24.(UFAC-2007) O Arcadismo brasileiro surgiu por volta de 1700, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa, só não se pode afirmar que:

a) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e formas.

b) Apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com as questões sociais do seu tempo, com a crítica aos abusos de poder da Coroa Portuguesa.

c) Legou a nós os poemas de feição épica Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão e O Uraguai, de Basílio da Gama, no qual se reconhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro.

d) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e os modelos camonianos da lírica amorosa.

e) Em termos dos valores estéticos básicos, norteou a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo autor.

25.(PUC-CAMPINAS/SP-2007) A imagem mítica de uma natureza harmônica, capaz de inspirar o desejo do equilíbrio racional e da vida simples, constitui uma espécie de paradigma da poesia neoclássica, tal como se pode perceber nestes versos:

  1. a) O Demo a viver se exponha
    Por mais que a fama a exalta,
    Numa cidade onde falta
    Verdade, honra, vergonha.
  2. b) O vocábulo puro, em que me amparo,
    Esquiva-se a meu jugo; e raro canto.
    Que a palavra da boca é sempre inútil
    Se o sopro não lhe vem do coração.
  3. c) O poema é uma pedra no abismo.
    O eco do poema desloca os perfis.
    Para bem das águas e das almas
    Assassinemos o poeta.
  4. d) A morte é limpa.
    Cruel mas limpa.
    Com seus aventais de linho
    – Fâmula – esfrega as vidraças.
    Tem punhos ágeis e esponjas.
  5. e) Pois que viva eu em paz, em calma pura,
    Abrandando a paixão nestes ribeiros,
    Aspirando dos álamos a brandura,
    Ouvindo ao vento os cantos mais inteiros.

26. (UFV-MG) Todos os fragmentos abaixo representam, pela linguagem ou pela temática, o movimento árcade brasileiro, EXCETO:

  1. a) “A mesma formosura/é dote que só goza a mocidade:/rugam-se as faces, o cabelo alveja/mal chega a longa idade.”
  2. b) “Pastores que levais ao monte o gado,/Vede lá como andais por essa serra,/Que para dar contágio a toda a terra,/Basta ver-se o meu rosto magoado.”
  3. c) “Passam, prezado amigo, de quinhentos/Os presos que se ajuntam na cadeia./Uns dormem encolhidos sobre a terra,/Mal cobertos dos trapos, que molharam/de dia, no trabalho.”
  4. d) “Que havemos de esperar, Marília bela?/que vão passando os florescentes dias?/as glórias que vêm tarde, já vêm frias,/e pode enfim mudar-se a nossa estrela.”
  5. e) “Oh! Que saudades que eu tenho/Da aurora da minha vida,/Da minha infância querida/Que os anos não trazem mais!”

27.(UFV-MG) Observe com atenção os textos abaixo, pertencentes a autores dos estilos árcade e barroco:

Texto I “[…]
Ornemos nossas tendas com as flores,
e façamos de feno brando leito;
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças,
sem que o possam deter, o tempo corre;
[…]”

Texto II “[…]
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
[…]”

Dentre as seguintes alternativas, assinale aquela que estabelece uma relação CORRETA entre a temática dos poemas transcritos, seus autores e os períodos literários a que pertenceram:

  1. a) O texto II traz implícita uma crítica à sociedade mineira do século XVIII e foi escrito pelo poeta barroco Gregório de Matos Guerra.
  2. b) O autor do texto I prioriza a tranquilidade da vida campestre e, movido por um forte sentimento nativista, exalta as belezas da natureza brasileira.
  3. c) O texto II insere-se no gênero satírico da estética barroca e confirma a veia crítica do poeta Tomás Antônio Gonzaga.
  4. d) O texto I compara os prazeres da vida no campo aos dissabores da vida na cidade e retoma o famoso princípio poético “fugere urbem”.
  5. e) O texto I é de autoria do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga e evidencia a inevitável passagem do tempo, sobretudo a necessidade de aproveitar bem os momentos de felicidade.

28.(Ufam) Leia as afirmativas abaixo, feitas a propósito de poetas brasileiros do período colonial:

I.O apego à felicidade do “lar, doce lar” e ao comodismo burguês perpassam sua lírica muitas vezes erótica, e esse último aspecto desfaz em parte o código da idealização platônica da mulher eleita.

II.Seus versos, que nunca foram editados e circularam muito tempo em cópias volantes, até serem coligidos a partir do século XX, constituem um dos grandes problemas de autoria de nossa literatura.

III. Sua grande contribuição à literatura reside na habilidade com que infundiu lirismo ao verso narrativo, tendo imprimido no confronto civilização versus natureza várias notas de simpatia pelo selvagem.

Os enunciados se referem, respectivamente, a:

  1. a) Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama, Gonçalves Dias.
  2. b) Cláudio Manuel da Costa, Bento Teixeira, Santa Rita Durão.
  3. c) Alvarenga Peixoto, Gregório de Matos, Gonçalves Dias.
  4. d) Tomás Antônio Gonzaga, Gregório de Matos, Basílio da Gama.
  5. e) Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama.

29.(Ufam) Leia as afirmativas abaixo, feitas a respeito do Caramuru, poema épico de Frei José de Santa Rita Durão:

I.Possui inspiração devota e a vontade de celebrar em Diogo Álvares Correia um herói camoniano, capaz de dilatar a fé cristã e o Império português.

II.Moema, preterida pelo Caramuru em favor de Paraguaçu, apostrofa o ingrato herói e morre agarrada ao leme do navio que o levará, com sua eleita, para a França.

III. Emprega o verso branco, que o neoclassicismo, em seu duplo afã de austeridade e naturalidade, valorizava.

IV.O alarido da glória bélica perde importância ante a sensibilidade amorosa registrada nas cenas de namoro entre o herói e sua eleita.

Estão corretas:

a) Apenas III e IV. b) I, II e III. c) I, III e IV.     d) Apenas II e IV.    e) Apenas I e II.

30.(Ufam) Todas as características de estilo abaixo relacionadas pertencem ao Arcadismo, exceto:

  1. a) A defesa de uma função social para a literatura, que devia ter caráter didático.
  2. b) O retorno ao equilíbrio e à simplicidade dos modelos greco-romanos.
  3. c) O culto da teoria aristotélica da arte como imitação da natureza.
  4. d) A exaltação da vida campesina, com sua paisagem, seus pastores e seu gado.
  5. e) O gosto pelo noturno, como forma de acentuar a atmosfera de mistério.

31.(Ufam) Considerando, principalmente, o nome da musa inspiradora, somente um dos trechos abaixo foi escrito por Tomás António Gonzaga. Assinale-o.

  1. a) “Não sei, Marília, que tenho.
    Depois que vi o teu rosto,
    Pois quanto não é Marília,
    Já não posso ver com gosto.
    Noutra idade me alegrava,
    Até quando conversava
    Com o mais rude vaqueiro:
    Hoje, ó bela, me aborrece
    Inda o trato lisonjeiro
    Do mais discreto pastor.”
  2. b) “Nise? Nise? Onde estás? Aonde espera
    Achar-te uma alma, que por ti suspira;
    Se quanto a vista se dilata e gira
    Tanto mais de encontrar-te desespera!”
  3. c) “Eu vi a linda Estela e namorado
    Fiz logo eterno voto de querê-la;
    Mas vi depois a Nise e é tão bela,
    Que merece igualmente o meu cuidado.
    [ ]”
  4. d) “Uma, que às mais precede em gentileza,
    Não vinha menos bela do que irada:
    Era Moema, que de inveja geme,
    E já vizinha à nau se apega ao leme.”
  5. e) Este lugar delicioso e triste,
    Cansada de viver, tinha escolhido
    Para morrer a miséria Lindóia.
    Lá, reclinada, como que dormia.”

32.

(UFPA)Convite a Marília

“Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores,
O prado ameno de boninas veste:
Varrendo os ares o subtil Nordeste
Os torna azuis: as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros [vento brando] e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste;
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!”

BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Sonetos.
Lisboa: Europa-América, s. d. p. 38.

Acerca do soneto, é correto afirmar:

(A) Observa-se, devido à presença de uma natureza agreste, um afastamento das convenções árcades referentes ao “locus amoenus”.

(B) O Pré-Romantismo, com sua valorização do sentimento, manifesta-se nas referências mitológicas, como “Zéfiros” e “Amores”.

(C) “Locus amoenus” é configurado, nos quartetos, por expressões como “a fértil Primavera”, “o prado ameno”, “a cor celeste”, o que afasta o texto das paisagens noturnas do Pré-Romantismo.

(D) A oposição entre “a vã grandeza” da corte e “as perfeições da Natureza” revela o conflito entre o eu lírico e os valores da sociedade, numa antecipação pré-romântica do sentimento da paisagem.

(E) No primeiro terceto, dada a presença do tema campestre, evidenciam-se o bucolismo e o sentimento da natureza, típicos do Pré-Romantismo.

33.(Ufal) Considere as seguintes afirmações:

I.Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga compuseram poesia lírica, mas o talento de ambos encontrou sua expressão máxima nas sátiras.

II.Em Marília de Dirceu, o árcade mineiro buscou figurar um equilíbrio entre a vida rústica e a cultura ilustrada.

III. Cláudio Manuel da Costa confronta a paisagem bucólica idealizada com a de sua terra natal.

Está inteiramente correto o que vem afirmado SOMENTE em

  1. a) I.                             b) II.                  c) III.                   d) I e II.                    e) II e III.

34. (UEL-PR) A chamada atividade literária das primeiras décadas de nossa formação histórica caracterizou-se por seu cunho pragmático estrito, seja a circunscrita ao parâmetro jesuítico, seja a decorrente de viagens de reconhecimento e informação da terra.

São representantes dos dois tipos de atividade literária referidos no excerto acima:

  1. a) Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa.
  2. b) Antônio Vieira e Tomás Antônio Gonzaga.
  3. c) José de Anchieta e Gabriel Soares de Sousa.
  4. d) Bento Teixeira e Gonçalves de Magalhães.
  5. e) Basílio da Gama e Gonçalves Dias.

35.(Ufal) Considerando-se a produção poética de Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa, é correto afirmar que ambos:

  1. a) Cultivaram o soneto, forma fixa pela qual exploraram temas e recursos poéticos próprios dos diferentes períodos e estilos literários que tão bem representaram.
  2. b) Cultivaram o soneto, pois valorizaram o mesmo estilo de época predominante no século XVII, quando essa forma fixa de poesia era considerada superior a todas as demais.
  3. c) Notabilizaram-se pela sátira, dirigida contra os mandatários da Coroa portuguesa responsáveis pela exploração econômica do açúcar e pela corrupção política na Bahia.
  4. d) Notabilizaram-se por um tipo de lirismo sentimental que já prenunciava o movimento romântico, influindo diretamente nas obras de Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo.
  5. e) Notabilizaram-se pela idealização do amor e da natureza, esses dois elementos centrais para a lírica que seguia os padrões e os valores do chamado estilo neoclássico.

36.(UFPE)

“Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma armada sois imperador? Assim é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu trato, são os outros… ladrões de maior calibre e mais alta esfera… Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados, e o bucolismo estes furtam e enforcam.”

Antonio Vieira. Sermão do bom ladrão.

“Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.”     Tomás Antônio Gonzaga. Lira XIV.

Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas a seguir.

I.A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos acima é o “carpe diem” (gozar a vida presente), escrito numa linguagem amena, sem arroubos, própria do Arcadismo.

II.Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem arcádica, no poema de Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada, usada pelo Barroco.

III. O texto de Vieira, sendo Barroco, está pleno de metáforas, de linguagem figurada, de termos inusitados e eruditos, sendo de difícil compreensão.

IV.Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto o predomínio das ideias, do raciocínio, da lógica, procurando adequar os textos religiosos à realidade circundante.

Está(ão) correta(s) apenas:

a) I, II e III.           b) I.                                     c) II.                 d) I, II e IV.         e) II, III e IV.

37.(PUC-MG)

Texto I

“Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
e na rosada face a aurora fria;

Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria.

Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido o que é verdura.

Que passado o zenith da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.”      Gregório de Matos Guerra

Texto II

“Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos deuses
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi pastor de gado.
Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos,
Um coração, que frouxo
A grata posse de seu bem difere
A si, Marília, a si próprio rouba,
E a si próprio fere.

Ornemos nossas testas com as flores;
E façamos de feno um brando leito,
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.”     Tomás Antônio Gonzaga

O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, só não é correto afirmar que:

  1. a) Os barrocos e árcades expressam sentimentos.
  2. b) As construções sintáticas barrocas revelam um interior conturbado.
  3. c) O desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois textos.
  4. d) Os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que os barrocos.
  5. e) A fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos.

38.(UFV-MG) Sobre o Arcadismo, anotamos:     

I.Desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas assumem postura de pastores e transformam a realidade num quadro idealizado.

II.Composição do poema Vila Rica por Cláudio Manuel da Costa, o Glauceste Satúrnio.

III. Predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva da busca do transcendente.

IV.Propagação de manuscritos anônimos de teor satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás Antônio Gonzaga.

V.Presença de metáforas da mitologia grega na poesia lírica, divulgando as ideias dos inconfidentes.

Considerando as anotações anteriores, assinale a alternativa CORRETA:

a) Apenas I e III são verdadeiras.             d) Apenas II e IV são falsas.
b) Apenas II e V são verdadeiras.             e) Apenas III e V são falsas.
c) Todas são verdadeiras.

39.(Ufla-MG) Apresentam-se em seguida três proposições: I, II e III.

I.O momento ideológico, na literatura do Setecentos, traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

II.O momento poético, na literatura do Arcadismo, nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos comuns do homem.

III. Façamos, sim, façamos, doce amada,

Os nossos breves dias mais ditosos.

A característica que está presente nesses versos de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, é o “carpe diem” (“gozar a vida”).

Marque:

a) Se só a proposição I é correta.                d) Se só a proposição II é correta.

b) Se só a proposição III é correta.             e) se só são corretas as proposições I e II.

c) Se todas as proposições são corretas.

40.(UFV-MG) Os árcades, no Brasil, assimilaram as idéias neoclássicas européias, muitas vezes, reinterpretando, cada um ao seu estilo, a realidade sociopolítica e cultural do país, como se observa no seguinte fragmento das Cartas chilenas:

“Pretende, Doroteu, o nosso chefe
erguer uma cadeia majestosa,
que possa escurecer a velha fama
da torre de Babel e mais dos grandes,
custosos edifícios que fizeram,
para sepulcros seus, os reis do Egito.
Talvez, prezado amigo, que imagine
que neste monumento se conserve,
eterna a sua glória, bem que os povos,
ingratos, não consagrem ricos bustos
nem montadas estátuas ao seu nome.
Desiste, louco chefe, dessa empresa:
um soberbo edifício levantado
sobre ossos de inocentes, construído
com lágrimas dos pobres, nunca serve
de glória ao seu autor, mas sim de opróbrio.”Tomás Antônio Gonzaga. Cartas chilenas. In: Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 814.

Todas as alternativas abaixo apresentam características desse estilo literário, presente nos versos acima citados, EXCETO:

  1. a) Valorização do ideal da vida simples e tranquila.
  2. b) Tendência ao discurso em forma de diálogo do eu poético com um interlocutor.
  3. c) Utilização de linguagem elegante, rebuscada e artificial.
  4. d) Intenções didáticas, expressas no tom de denúncia e sátira.
  5. e) Caracterização do poeta como um pintor de situações e não de emoções.

41.U.F. Santa Maria-RS Autor de Obras Poéticas, apresenta, em suas composições, motivos

árcades. Assinale a alternativa que identifica esse autor, associando, corretamente, seu nome à característica presente nessa obra.

  1. a) Cláudio Manuel da Costa – desencanto e brevidade do amor.
  2. b) Basílio da Gama – preocupação com feito histórico.
  3. c) Tomás Antônio Gonzaga – celebração da natureza.
  4. d) Basílio da Gama – inspiração religiosa.
  5. e) Tomás Antônio Gonzaga – celebração da amada.

42.Relacione este trecho ao seu respectivo estilo, de acordo com as informações contidas nas alternativas a seguir:
“Sou pastor, não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados.”
a) BARROCO: O homem barroco é angustiado, vive entre religiosidade e paganismo, espírito e matéria, perdão e pecado. As obras refletem tal dualismo, permeado pela instabilidade das coisas.
b) ARCADISMO: Em oposição ao Barroco, esse estilo procura atingir o ideal de simplicidade. Os árcades buscam na natureza o ideal de uma vida simples, bucólica, pastoril.
c) ROMANTISMO: A arte romântica valoriza o folclórico, o nacional, que se manifesta pela exaltação da natureza pátria, pelo retorno ao passado histórico e pela criação do herói nacional.
d) PARNASIANISMO: A poesia é descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas.
e) MODERNISMO: Original e polêmico, o nacionalismo nele se manifesta pela busca de uma língua brasileira e informal, pelas paródias e pela valorização do índio verdadeiramente brasileiro.

43.Considere as afirmações a respeito do Arcadismo brasileiro. Todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) Foi o movimento literário que se desenvolveu no século XVIII, quando o “saber” assumiu uma importância fundamental.
b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Iluminismo, por uma forte preocupação com a ciência e com o raciocínio.
c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Barroco, retomando a simplicidade e o bucolismo dos clássicos.
d) Empreendeu uma minuciosa análise do personagem, revelando-nos claramente os traços de seu corpo e de sua alma.
e) Vivenciou uma expressiva transformação social, sendo fortemente marcado pelos ideais político-filosóficos do enciclopedismo francês.

44.Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:
a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o conflito entre matéria e espírito.
b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa.
c) além das características europeias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional.
d) apresenta já completa ruptura com a literatura europeia, podendo ser considerado a primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira.
e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida.

45.Assinale a alternativa que NÃO apresenta um trecho do Arcadismo brasileiro.
a) “Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;”

b) “Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci! oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!”

c) “Musas, canoras musas, este canto
Vós me inspirastes, vós meu tenro alento
Erguestes brandamente àquele assento
Que tanto, ó musas, prezo, adoro tanto.”

d) “Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões que me arrastava,
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!”

e) “Não vês, Nise, este vento desabrido,
Que arranca os duros troncos ? Não vês esta,
Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta,
Entre o horror de um relâmpago incendido?”

46.:Leia atentamente o texto a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.
Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem por muito tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao ócio, e sepultar-me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as ideias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores.”(COSTA, Cláudio M. da. Fragmento do “Prólogo ao Leitor”. In: CÂNDIDO, A. & CASTELLO, J. A. PRESENÇA DA LITERATURA BRASILEIRA, vol. I, S. Paulo, Difusão Europeia do Livro, 1971, p. 138)
a) o poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu reflexo na produção literária.
b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual europeia, mas que deseja exprimir a realidade tosca de seu país.
c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre o Academicismo Árcade europeu e a realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta.
d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto sobre a validade de adotar esse modelo literário no Brasil.
e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias da Arcádia de onde retirava suas inspirações poéticas.

47.Sobre o Arcadismo no Brasil, é incorreto afirmar que:
a) Cláudio Manuel da Costa, um de seus autores mais importantes, embora tenha assumido uma atitude pastoril, traz, em parte de sua obra poética, aspectos ligados à lírica camoniana.
b) em “Liras de Marília de Dirceu”, Tomás Antônio Gonzaga não segue aspectos formais rígidos, como o soneto e a redondilha em todas as partes da obra.
c) nas “Cartas Chilenas”, o autor satiriza Luís da Cunha Menezes por suas arbitrariedades como governador da capitania de Minas.
d) Basílio da Gama, em “O Uraguai”, seguiu a rígida estrutura camoniana de “Os Lusíadas”, usando versos decassílabos em oitava-rima.
e) “Caramuru” tem, como tema principal, o descobrimento da Bahia por Diogo Álvares Correia, apresentando, também, os rituais e as tradições indígenas.

(UFMT-2007) Leia o poema do poeta árcade Cláudio Manoel da Costa e responda às questões 48 e 49.

VIII

Este é o rio, a montanha é esta,
Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Esta é a mesma rústica floresta.
Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos, e penedos;
Que de amor nos suavíssimos enredos
Foi cena alegre, e urna é já funesta.
Oh quão lembrado estou de haver subido
Aquele monte, e as vezes, que baixando
Deixei do pranto o vale umedecido!
Tudo me está a memória retratando;
Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: Cultrix, 1986.

48(UFMT-2007) A respeito do texto, assinale a afirmativa verdadeira.

  1. a) A natureza é cenário tranqüilo, descrita sem levar em conta o estado de espírito de quem a descreve, como ocorre no Romantismo.
  2. b) O poema faz elogio ao pastoralismo, criticando os males que o meio urbano traz ao homem.
  3. c) Exemplo típico do Arcadismo, o poema apresenta a primazia da razão sobre a emoção, revelando a influência da lógica iluminista.
  4. d) A antítese Foi cena alegre, e urna é já funesta. resume o poema, indicando a passagem do tempo e a lembrança do amor perdido.
  5. e) Faz referência à constância da vida, à previsibilidade do destino, recomendando que se aproveite o dia.

49.(UFMT-2007) 2. A respeito da construção do poema, assinale a afirmativa INCORRETA.

  1. a) A métrica regular e a estrutura do poema, um soneto, são de inspiração greco-latina.
  2. b) O jogo interior × exterior organiza o poema em duas partes: os dois quartetos × os dois tercetos.
  3. c) Nas duas primeiras estrofes, as rimas são emparelhadas e interpoladas; nas duas últimas, cruzadas.
  4. d) Apresenta períodos em ordem indireta, mas sem o radicalismo da escrita barroca.
  5. e) Apresenta vocabulário erudito, com latinismos próprios à literatura clássica.

50.(UNIFESP-2007) INSTRUÇÃO: Leia o poema de Bocage para responder às questões de números 50 a 53.

Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?

Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares, sussurrando, gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

50.(UNIFESP-2007) A descrição que o eu lírico faz do ambiente é uma forma de mostrar à amada que o amor

  1. a) acaba quando a morte chega.
  2. b) tem pouca relação com a natureza.
  3. c) deve ser idealizado, mas não realizado.
  4. d) traz as tristezas e a morte.
  5. e) é inspirado por tudo o que os rodeia.

51.(UNIFESP-2007) O emprego de Mas, na última estrofe do poema, permite entender que

  1. a) todo o belo cenário só tem tais qualidades se a mulher amada fizer parte dele.
  2. b) a ausência da mulher amada pode levar o eu-lírico à morte.
  3. c) a morte é uma forma de o eu-lírico deixar de sofrer pela mulher amada.
  4. d) a mulher amada morreu e, por essa razão, o eu-lírico sofre.
  5. e) o eu-lírico sofre toda manhã pela ausência da mulher amada.

52.(UNIFESP-2007) Leia os versos e analise as considerações sobre as formas verbais neles destacadas.

I.Olha, Marília, as flautas dos pastores… — Como o eu lírico faz um convite à audição das flautas dos pastores, poderia ser empregada a forma Ouça, no lugar de Olha.

II.Vê como ali, beijando-se, os Amores… — A forma verbal, no imperativo, expressa um convite do eu lírico para que a amada se delicie, junto a ele, com o belo cenário.

III. Mas ah! Tudo o que vês… — A forma verbal, também no imperativo, sugere que, neste ponto do poema, a amada já viu tudo o que o seu amado lhe mostrou.

Está correto o que se afirma apenas em:

A) I                           B.II                        C.I  e II                          D.III                  E. I e III

53.(UNIFESP-2007). O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas características, o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana, que estão exemplificados, respectivamente, em

  1. a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as
    flautas dos pastores.
  2. b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele
    arbusto o rouxinol suspira.
  3. c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os
    Zéfiros brincar por entre flores?
  4. d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a
    sorrir-se! Olha, não sentes

54.(Ufscar-SP)

“Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado.
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!

Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a região esta não era
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!”

Cláudio Manuel da Costa. Sonetos (VlI).
In: Péricles Eugênio da Silva Ramos (Intr., sel. e notas).
Poesia do outro – Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1964, p. 47.

O estilo neoclássico, fundamento do Arcadismo brasileiro, de que fez parte Cláudio Manuel da Costa, caracteriza-se pela utilização das formas clássicas convencionais, pelo enquadramento temático em paisagem bucólica pintada como lugar aprazível, pela delegação da fala poética a um pastor culto e artista, pelo gosto das circunstâncias comuns, pelo vocabulário de fácil entendimento e por vários outros elementos que buscam adequar a sensibilidade, a razão, a natureza e a beleza.
Dadas estas informações:

a) Indique qual a forma convencional clássica em que se enquadra o poema.

b) Transcreva a estrofe do poema em que a expressão da natureza aprazível, situada no passado, domina sobre a expressão do sentimento da personagem poemática.

Respostas:

a) Trata-se de um soneto, cuja forma poética é constituída de dois quartetos e dois tercetos.
b) É na terceira estrofe do poema em que o poeta descreve de modo objetivo a expressão de natureza aprazível. “Árvores aqui vi tão florescentes,/Que faziam perpétua a primavera:/Nem troncos vejo agora decadentes”

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

(UFRJ-2007) Texto para as questões 1 e 2

A Maria dos povos, sua futura esposa
Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos – Seleção de José Miguel Wisnik. 2a ed. São Paulo: Cultrix, [s.d.]

(UFRJ-2007) 1. O poema se constrói por meio da oposição entre dois campos semânticos, especialmente no contraste entre a primeira e a última estrofes. Explicite essa oposição e retire, dessas estrofes, dois vocábulos com valor substantivo – um de cada campo semântico –, identificando a que campo cada vocábulo pertence.

(UFRJ-2007) 2. O primeiro verso da 3ª estrofe apresenta-se como consequência de um aspecto central da visão de mundo barroca. Justifique essa afirmativa com suas próprias palavras.

RESPOSTAS:   01. Os dois campos semânticos presentes na construção do poema contrastam aspectos positivos e negativos: juventude versus maturidade; beleza versus decrepitude; nascimento versus morte; luminosidade versus sombra. Os vocábulos representativos desses campos semânticos são aurora, sol, dia, flor, beleza versus terra, cinza, pó, sombra, nada.
02. O primeiro verso da 3a estrofe, que traduz o carpe diem, constitui uma consequência da perspectiva da fugacidade, da efemeridade da vida, aspecto importante na visão de mundo barroca.

3.(Ufscar-SP)”Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis, e com muita razão, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet. Estão essas praças no verão cobertas de pó: dá um pé-de-vento, levantase o pó no ar e que faz? O que fazem os vivos, e muito vivos. NÃO AQUIETA O PÓ, NEM PODE ESTAR QUEDO: ANDA, CORRE, VOA; ENTRA POR ESTA RUA, SAI POR AQUELA; JÁ VAI ADIANTE, JÁ TORNA ATRÁS; TUDO ENCHE, TUDO COBRE, TUDO ENVOLVE, TUDO PERTURBA, TUDO TOMA, TUDO CEGA, TUDO PENETRA, EM TUDO E POR TUDO SE METE, SEM AQUIETAR NEM SOSSEGAR UM MOMENTO, ENQUANTO O VENTO DURA. Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento parou, ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é.”Antônio Vieira. Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza. Apud: Sermões de Padre Antônio Vieira. São Paulo: Núcleo, 1994, p.123-124.

Em Padre Vieira fundem-se a formação jesuítica e a estética barroca, que se materializam em sermões considerados a expressão máxima do Barroco em prosa religiosa em língua portuguesa, e uma das mais importantes expressões ideológicas e literárias da Contrarreforma.
a) Comente os recursos de linguagem que conferem ao texto características do Barroco.

b) Antes de iniciar sua pregação, Vieira fundamenta-se num argumento que, do ponto de vista religioso, mostra-se incontestável. Transcreva esse argumento.

RESPOSTA:a)O Barroco é o movimento marcado pela oposição de ideias; assim, no poema encontram-se antíteses (“pó levantado”/ “pó caído”; paradoxos (“Distinguimo-nos os vícios dos mortos, assim como s distingue o pó do pó”); anáforas (pronome indefinido “tudo”) polissíndetos (ou) e outros.
b) O argumento é: “Ora, pressuposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse”…

4.O Padre Antônio Vieira (1608-1697), em cuja prosa oratória coexistem os princípios barrocos do cultismo e do conceptismo, é considerado um dos maiores oradores de todos os tempos, em Língua Portuguesa. Em seus sermões, se serve frequentemente do simbolismo das Sagradas Escrituras para desenvolver argumentos de raciocínio complexo, mas sempre de modo claro e preciso. No fragmento acima transcrito, Vieira aborda fundamentalmente o tema do “amor”. Releia o texto dado e, a seguir, responda: quantas e quais são as espécies de “amor”, segundo Vieira?
RESPOSTA:São três: o amor fino (sem “causa nem fruto”), o amor agradecido (“ama porque o amam”) e o amor interesseiro (“ama para que o amem”).

Leia atentamente o texto:
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.

Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te.

Alerta, alerta, pois, que o vento berra.
Se assopra a vaidade e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina e ferra.

Todo o lenho mortal, baixel humano,
Se busca a salvação, tome hoje terra,
Que a terra de hoje é porto soberano.(MATOS, Gregório de. “Poemas escolhidos.” São Paulo: Cultrix, 1997. p. 309)
Gregório de Matos expressou em sua obra toda a tensão do século XVII, ao abordar os temas predominantes do Barroco.
Identifique no poema elementos que atestam o comprometimento do poeta com o respectivo momento literário.
RESPOSTA:O poeta tem consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o sentimento de nulidade diante do poder divino.

5.UFMG Leia o poema de Gregório de Matos.

“Triste Bahia! Oh quão dessemelhante

Estás, e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,

Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando, e tem trocado

Tanto negócio, e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus, que de repente

Um dia amanheceras tão sisuda

Que fora de algodão o teu capote!”

Com base nessa leitura, é incorreto afirmar que:

a) o eu poético, no poema, mantém-se distanciado do objeto criticado;

b) o poema compara o presente e o passado da cidade;

c) o futuro desejado revela, no poema, a presença de uma voz moralizadora;

d) o poema faz referência ao contexto da época.

6. U.F. Santa Maria-RS A respeito da poesia de Gregório de Matos, assinale a alternativa incorreta.

a) Tematiza motivos de Minas Gerais, onde o poeta viveu.

b) A lírica religiosa apresenta culpa pelo pecado cometido.

c) As composições satíricas atacam governantes da colônia.

d) O lirismo amoroso é marcado por sensível carga erótica.

e) Apresenta uma divisão entre prazeres terrenos e salvação eterna.

7.:Foi um movimento literário do século XVII, nascido da crise de valores renascentistas. Caracteriza-se na literatura pelo culto dos contrastes, a preocupação com o pormenor e a sobrecarga de figuras como a metáfora, as antíteses, hipérboles e alegorias. Essa linguagem conflituosa reflete a consciência dos estados contraditórios da condição humana. Trata-se do:

a) Romantismo.        b) Trovadorismo.       c) Humanismo.    d) Realismo. e) Barroco.

8.Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e textos para teatro com clara intenção catequista.
b) A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamento da terra, daí ser predominantemente descritiva.
c) A literatura seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e o espírito, o pecado e o perdão.
d) O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos, interrogações.
e) O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de ideias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista..

9.No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu:
“Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de Prata, cuidei, que a esta cidade tonta, e fátua*, mandava a Inquisição alguma estátua, vendo tão espremida salvajola* visão de palha sobre um mariola*”.
Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco.
Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.
O papel passou de mão em mão.
“A difamação é o teu deus”, disseram, sorrindo.
(Ana Miranda, “Boca do Inferno”)
(*fátua: tola;*salvajola: variante de “selvagem”; *mariola: velhaco)
O trecho ilustra
a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu origem à alcunha do poeta, “Boca do Inferno”.
b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para a temática filosófica, em linguagem marcada pelos recursos da estética barroca.
c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada à descrição fiel da sociedade da época, utilizando recursos expressivos característicos do barroco português.
d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada pela crítica aos comportamentos e às autoridades baianas da época colonial.
e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa, no conjunto de sua obra, uma fuga aos moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da época, costumes e personalidades.

10.Relacione este trecho ao seu respectivo estilo, de acordo com as informações contidas nas alternativas a seguir:
“Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua igreja;
De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.”
a) BARROCO: O homem barroco é angustiado, vive entre religiosidade e paganismo, espírito e matéria, perdão e pecado. As obras refletem tal dualismo, permeado pela instabilidade das coisas.
b) ARCADISMO: Em oposição ao Barroco, esse estilo procura atingir o ideal de simplicidade. Os árcades buscam na natureza o ideal de uma vida simples, bucólica, pastoril.
c) ROMANTISMO: A arte romântica valoriza o folclórico, o nacional, que se manifesta pela exaltação da natureza pátria, pelo retorno ao passado histórico e pela criação do herói nacional.
d) PARNASIANISMO: A poesia é descritiva, com exatidão e economia de imagens e metáforas.
e) MODERNISMO: Original e polêmico, o nacionalismo nele se manifesta pela busca de uma língua brasileira e informal, pelas paródias e pela valorização do índio verdadeiramente brasileiro.

11.Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Em seus sermões, de estilo conceptista, o Padre Antônio Vieira segue os moldes da parenética medieval.
b) Caracteriza o Barroco a tentativa de unir os valores medievais aos renascentistas.
c) O poema épico Prosopopeia foi escrito em versos decassílabos e oitava-rima e é considerado o marco inicial do Barroco no Brasil.
d) Apesar de conhecido como poeta satírico, Gregório de Matos também escreveu poesia lírica e religiosa.
e) O cultismo caracteriza-se como uma sequência de raciocínios lógicos, usando uma retórica aprimorada, que despreza a linguagem rebuscada.

12.Considere as afirmações que se seguem. Todas elas vinculam a poesia de Gregório de Matos aos princípios estéticos e ideológicos do Barroco brasileiro, EXCETO:
a) A vertente lírica da poética de Gregório de Matos cultuou o amor feito de pequenos afetos, da meiga ternura e dos torneios gentis, tendo como cenário o ambiente campestre e pastoril.
b) O “Boca do Inferno” insurgiu-se não só contra os desmandos administrativos e políticos da Bahia do século XVII, mas contra o próprio ser humano, que, na concepção do poeta, é por natureza corrupto e mau.
c) Os poemas religiosos de Gregório de Matos fundiram a contemplação da divindade, o complexo de culpa, o desejo de arrependimento e o horror de ser pó, sensações, enfim, frequentes no atormentado espírito barroco.
d) O significado social do Barroco brasileiro foi marcante, uma vez que a poesia de Gregório de Matos revestiu-se de alto sentido crítico aos vícios e violências da sociedade colonial.
e) A produção literária de Gregório de Matos dividiu-se entre a temática lírico-religiosa e uma visão crítica das mazelas sociais oriundas do processo de colonização no Brasil.

Leia atentamente o poema:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.(MATOS, Gregório de.”Poemas escolhidos” São Paulo: Cultrix, 1997. p. 317.)
13.Todas as afirmativas que se seguem inserem o autor e seu texto em uma visão do mundo de século XVII, EXCETO:
a) A retomada de elementos da natureza e da melancolia identifica o soneto com a produção poética de inspiração byroniana.
b) A aproximação de sentimentos contrastantes, como a tristeza e a alegria, confirma a tendência paradoxal da poesia do século XVII.
c) O poema explora a inconstância dos bens mundanos através de um jogo de ideias e palavras que tanto motivou o escritor barroco.
d) O poeta baiano vale-se da linguagem figurada para persuadir o leitor e convencê-lo da instabilidade da beleza e da felicidade.
e) O traço temático caracteristicamente barroco presente no texto é o caráter fugidio das coisas do mundo.

14.Leia o soneto “15”, do livro “Muito soneto por nada”, de Reinaldo Santos Neves, e trechos do poema “Definição do amor”, de Gregório de Matos. A seguir, leia as afirmativas e responda à questão.

TEXTO I
“15”
Duvido ouvido tenhas pra ouvir Mingus,
ou poema algum de Cummings como Lee,
a bela irmã de “Hannah e suas irmãs”.
Estômago também duvido tenhas
pra digerir um filme de Fellini
sem que germine logo uma enxaqueca.
Duvido até que tenhas, salvo engano,
verniz algum de sensibilidade
pra ler os versos que pra ti escrevo,
compondo em forma fixa a ideia fixa
que é você e tua sombra e teu cabelo.
Mas como argumentar contra o Desejo?
Talvez seja mais baixo ainda o teu Q.I.,
mas antes quero a ti do que a Lee.

TEXTO II

“Definição do amor”

Mandai-me, Senhores, hoje
que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
e de Cupido as proezas.
(…) Uma ferida sem cura,
uma chaga, que deleita,
um frenesi dos sentidos,
desacordo das potências.
(…) Enfim o Amor é um momo,
uma invenção, uma teima,
um melindre, uma carranca,
uma raiva, uma fineza.
Uma meiguice, um afago,
um arrufo, e uma guerra,
hoje volta, amanhã torna,
hoje solta, amanhã quebra.
(…) O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.
1. Mesmo duvidando do gosto e do quociente de inteligência de sua musa, o poeta do texto I não contraria seu Desejo, ficando, entre a personagem do filme (Lee) e sua musa, com esta.
2. Nos versos finais do texto II, predominam imagens de cunho erótico, de corpos que se tocam; no texto I, insinua-se a relação sexual nos vocábulos “digerir” e “germine”.
3. No texto I, “15” refere-se à idade da inexperiente musa que o poeta deseja conquistar; o texto II exemplifica a poesia gregoriana de estirpe religiosa (“Senhores”, “chaga”).
4. No texto II, mostram-se recorrentes as imagens e palavras antitéticas (“chaga, que deleita”, raiva/fineza, volta/torna, solda/quebra), típicas do estilo barroco.
5. O repertório cultural da musa do texto I inclui, conforme percebe e indica o poeta, o conhecimento de artistas como o músico Mingus, o poeta Cummings e o cineasta Fellini.
Estão CORRETAS apenas as afirmativas
a) 1 e 4.             b) 1 e 5.             c) 1, 3 e 4.                d) 2 e 3.                 e) 2, 4 e 5.

15.(UFV-MG) Leia atentamente o fragmento do sermão do Padre Antônio Vieira:
A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande […]. Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos comer.
VIEIRA, Antônio. “Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões”. Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo Alves. Porto: Lello e Irmão – Editores, 1993. v. III, p. 264-265.
O texto de Vieira contém algumas características do Barroco. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela em que NÃO se confirmam essas tendências estéticas:
a) A utilização da alegoria, da comparação, como recursos oratórios, visando à persuasão do ouvinte.
b) A tentativa de convencer o homem do século XVII, imbuído de práticas e sentimentos comuns ao semipaganismo renascentista, a retomar o caminho do espiritualismo medieval, privilegiando os valores cristãos.
c) A presença do discurso dramático, recorrendo ao princípio horaciano de “ensinar deleitando” – tendência didática e moralizante, comum à Contrarreforma.
d) O tratamento do tema principal – a denúncia à cobiça humana – através do conceptismo, ou jogo de ideias.
e) O culto do contraste, sugerindo a oposição bem x mal, em linguagem simples, concisa, direta e expressiva da intenção barroca de resgatar os valores greco-latinos.

16.O poema abaixo do “Boca de Inferno” representa uma fase e um estilo da literatura brasileira. Leia o poema e as afirmativas seguintes e assinale a alternativa CORRETA.

Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Porquanto o mar rodeia, e o sol abrasa.

Desde a esfera primeira opaca, ou rasa,
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

Muda-se o tempo, e suas temperanças,
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.

Só eu, que todo o fim de meus pesares
Eram de algum minguante as esperanças,
Nunca o minguante vi de meus azares.
I – O poema, do período Barroco e autoria de Gregório de Matos, tem como temática os males da vida do poeta, salientando a constante transformação das coisas, ressaltando que num mundo de eternas mudanças só a sua dor permanece.
II – A primeira estrofe do poema expressa a consciência de mudança e do constante movimento da vida, contrastando com a última, que afirma a permanência de todos os males do poeta.
III – O poema, construído em decassílabo sáfico, com hipérbatos e metáforas, tem na personificação da Lua a expressão do cultismo, uma prática barroca referente aos astros celestes oriunda da Contrarreforma.
IV – As rimas cdc/dcd criam uma simetria com as palavras rimadas, reafirmando a temática central do poema e harmonizando tais palavras de forma que os tercetos destaquem a condição desesperançada do poeta.
a) Nenhumas das afirmativas está correta.        d) Apenas uma das afirmativas está correta.
b) Apenas duas das afirmativas estão corretas.e) Apenas três das afirmativas estão corretas.
c) Todas as afirmativas estão corretas.

17.Leia com atenção os juízos estéticos transcritos abaixo e marque:
Juízo I. “Intérprete dos anseios do homem seiscentista solicitado por ideais em conflito. O fusionismo é a sua tendência dominante – tentativa de conciliar, incorporando contrários.”
Juízo II. “Procurando libertar a língua de termos espúrios, restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o rigor de sentido, é a revitalização do pastoralismo e bucolismo.”
a) se o primeiro se referir ao BARROCO e o segundo, ao ARCADISMO.
b) se o primeiro se referir ao ARCADISMO e o segundo, ao BARROCO.
c) se ambos se referirem ao BARROCO.
d) se ambos se referirem ao ARCADISMO.
e) se ambos se referirem à LITERATURA DOS JESUÍTAS no Brasil.

18.”Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.”
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos, a principal característica do Barroco é:
a) a forte presença de antíteses.                 d) o culto do amor cortês.
b) o uso de aliterações.                                      e) o culto da natureza.
c) a utilização de rimas alternadas.

19.(U.E. Londrina-PR )O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contrarreforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:
a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,
Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
Quer ser filho do sol, nascendo cá.    (Gregório de Matos)

b) Temerária, soberba, confiada,
Por altiva, por densa, por lustrosa,
A exaltação, a névoa, a mariposa,
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.    (Botelho de Oliveira)

c) Fábio, que pouco entendes de finezas!
Quem faz só o que pode a pouco obriga:
Quem contra os impossíveis se afadiga,
A esse cede amor em mil ternezas.   (Gregório de Matos)

d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,
Se bem rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio estado,
Em régio estado não desterras flores.   (Botelho de Oliveira)

e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.   (Gregório de Matos)

20.(UFRGS-RS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) a afirmações abaixo sobre os dois grandes nomes do barroco brasileiro.

( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os valores mundanos, exemplificando as tensões do seu tempo.
( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens desdobradas em numerosos exemplos que visam a enfatizar o conteúdo da pregação.
( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacerbados sentimentos patrióticos expressos em linguagem barroca.
( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira representam duas faces da alma barroca no Brasil.
( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio operado pela retórica retumbante e vazia.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) V – F – F – F – F                              d) V – V – V – V – F
b) V – V – F – V – F                            e) F – F – V – V – V
c) F – F – F – V – V

21.. F.I. Viória-ES –“Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade!… A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu discordo, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade”.

O fragmento é próprio do estilo:

a) medieval, por sua religiosidade;                     d) clássico-renascentista, pelas comparações;

b) barroco, pelo conceptismo e cultismos;     e) árcade, pelo bucolismo;

c) romântico, pelo sentimentalismo

22.U.E. Ponta Grossa-PR O termo Barroco denominou manifestações artísticas dos anos

1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época. Entre as vozes do Barroco brasileiro figuram:

01. Cláudio Manuel da Costa 08. Tomás Antônio Gonzaga

02. Gregório de Matos 16. Padre Antônio Vieira

04. Manuel Botelho de Oliveira

Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. ( 18)

23.F.M. Itajubá-MG Na fase quase inicial de nossa literatura, uma nova tendência, de

traços bem definidos, fazendo ressaltar ……………, bem como aspirações religiosas, e que

se convencionou chamar de ……………, tem como representante maior no Brasil o poeta

baiano …………… . Marque a opção que preenche adequadamente o enunciado.

a) Sonhos – Romantismo – Bento Teixeira.       d) Figuras – Dadaísmo – Emiliano Perneta.

b) Contraste – Barroco – Gregório de Matos. e) Silepses – Parnasianismo – Castro Alves.

c) A métrica – Concretismo – Caetano Veloso.

24.F.M. Triângulo Mineiro-MG Sobre Gregório de Matos, é correto afirmar que:

a) se insere no Arcadismo brasileiro, ao qual imprimiu características barrocas, por ser

um poeta de transição;

b) pertenceu ao Barroco brasileiro e tematizou, sobretudo, a natureza mineira;

c) pertenceu ao Barroco brasileiro e sua veia crítica valeu-lhe a alcunha de “Boca do Inferno”;

d) se insere no Barroco brasileiro e sua produção literária abrange, basicamente, textos

em prosa;

e) narra, nos seus poemas de contestação social, episódios da Inconfidência Mineira, da

qual participou.

25.Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas do texto abaixo, na ordem em que aparecem.

Padre Antônio Vieira é um dos principais autores do ………, movimento em que o homem é conduzido pela …….. e que tem, entre suas características, o ………, com seus jogos de palavras, de imagens e de construção, e o ………, o uso de silogismo, processo racional de demonstrar uma asserção.
a) Gongorismo – exaltação vital – Cultismo – preciosismo
b) Conceptismo – fé – preciosismo – Gongorismo
c) Barroco – depressão vital – Conceptismo – Cultismo
d) Conceptismo – depressão vital – Gongorismo – preciosismo
e) Barroco – fé – Cultismo – Conceptismo

26:Discreta e formosíssima Maria
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca, o sol e o dia:
……………………………………………………
Goza, goza da flor da mocidade
Que o tempo trata a toda ligeireza
E imprime em toda flor sua pisada.  Gregório de Matos

Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora,
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde…é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.
…………………………………………………
Mas não me digas descobrindo o peito
Mar de amor onde vagam meus desejos   Castro Alves
Nos versos acima, o lirismo barroco, em Gregório de Matos, e o romântico, em Castro Alves, apresentam pontos de divergência e convergência, apesar de pertencerem a movimentos literários diferentes, distanciados por séculos. As convergências se devem a que:
a) a visão do amor, fundamentada na religiosidade contra reformista, elimina a expressão do amor físico, sublimando o sentimento.
b) as relações amorosas são apresentadas de uma maneira sensual e ardente.
c) o tema do “Carpe diem” faz referência ao aproveitamento da vida e da beleza, na sua brevidade; esse tema aparece em ambos como uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas.
d) utilizando o discurso direto, os poetas descrevem suas amadas recorrendo a metáforas alusivas a elementos da natureza.
e) em ambos os poemas, as mulheres são descritas como figuras contraditórias, simultaneamente angelicais e demoníacas.

27.Foi um movimento literário do século XVII, nascido da crise de valores renascentistas. Caracteriza-se na literatura pelo culto dos contrastes, a preocupação com o pormenor e a sobrecarga de figuras como a metáfora, as antíteses, hipérboles e alegorias. Essa linguagem conflituosa reflete a consciência dos estados contraditórios da condição humana. Trata-se do:
a) Romantismo.     b) Trovadorismo.          c) Humanismo.         d) Realismo.          e) Barroco.

28.São características do Barroco, EXCETO
a) sentimento repleto de contradições.
b) soberania da razão em detrimento do conflito.
c) linguagem obscura e expressão indireta das ideias.
d) tempo interligado ao fim da beleza e ao tema da morte.

29.O Barroco, estilo dominante no século XVII, relaciona-se à (ao)
a) ideal do liberalismo e da democracia no Ocidente.
b) evolucionismo, com sua doutrina de seleção natural.
c) Contrarreforma, na tentativa de retomar a tradição cristã.
d) reaproximação do autor com a natureza serena e bucólica.

30.Coloque no parêntese B ou A conforme a característica seja do Barroco ou do Arcadismo.
( ) predominância da ordem inversa
( ) expressão de sentimentos universais e não individuais
( ) utilização de vocabulário simples
( ) grande número de antíteses
( ) preferência por temas religiosos
A sequência correta é:
a) A, A, B, B, B                                  d) A, B, B, A, B
b) B, A, B, A, B                                  e) A, A, A, B, B
c) B, A, A, B, B

31.Associe os movimentos literários aos seus respectivos exemplos.
(1) Barroco                (2) Arcadismo
( ) “Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Da vossa Alta piedade me despido
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tenho a perdoar mais empenhado.”

( ) “Em lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores, …”

( ) “Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras nasce a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.”

( ) “Ah! minha Bela, se a Fortuna volta,
Se o bem, que já perdi, alcanço e provo;
Por essas brancas mãos, por essas faces
Te juro renascer um homem novo
Amar no céu a Jove e a ti na terra.”

( ) “Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa. ”
A sequência encontrada foi
a) 1, 2, 1, 2, 1.      b) 1, 1, 2, 1, 2          c) 1, 2, 1, 2, 2           d) 2, 2, 1, 1, 2

32.Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.
Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de um lado lisonjeia a vaidade dos fidalgos e poderosos, de outro investe contra os governadores, os “falsos fidalgos”. O fato é que seus poemas satíricos constituem um vasto painel ……………….., que …………….. compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados pela expressividade.
a) do Brasil do século XIX – Gregório de Matos
b) da sociedade mineira do século XVIII – Cláudio Manuel da Costa
c) da Bahia do século XVII – Gregório de Matos
d) do ciclo da cana-de-açúcar – Antônio Vieira
e) da exploração do ouro em Minas – Cláudio Manuel da Costa.

33.Quatro ignorâncias podem ocorrer em um amante, que diminuam muito a imperfeição e merecimento de seu amor: Ou porque não se conhecesse a si; ou porque não conhecesse a quem amava; ou porque não conhecesse o amor; ou porque não conhecesse o fim onde há de parar, amando. Se não conhecesse a si, talvez empregaria o seu pensamento onde o não havia de pôr, se se conhecera. Se não conhecesse a quem amava, talvez quereria com grandes finezas a quem havia de aborrecer, se não o ignorava. Se não conhecesse o amor, talvez se empenharia cegamente no que não havia de empreender, se o soubera. Se não conhecesse o fim em que havia de parar, amando, talvez chegaria a padecer os danos a que não havia de chegar, se os previra.
(Padre Antônio Vieira, SERMÃO DO MANDATO)
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o texto anterior.
a) Com sutilezas do raciocínio, argumenta-se sobre deméritos possíveis do amor.
b) Na oposição básica ignorância vs. conhecimento, valorizasse positivamente o primeiro elemento.
c) A argumentação preenche uma forma circular, em que todas as hipóteses apresentam conclusão.
d) O tom pedagógico é subjacente ao sermão, em que verdades são demonstradas com rigor lógico.
e) Desdobram-se as premissas nas conclusões, para provar as circunstâncias possíveis da imperfeição de um sentimento.
34.U.E. Maringá-PR Assinale o que for correto em relação aos poemas, ao autor e à sua obra.

1) “A uma freira, que satirizando a delgada fisionomia do poeta lhe chamou “Pica-flor”Décima

Se Pica-flor me chamais,

Pica-flor aceito ser,

mas resta saber,

se no nome que me dais,

meteis a flor, que guardais

no passarinho melhor!

Se me dais este favor,

Sendo só de mim o Pica,

e o mais vosso, claro fica,

que fico então Pica-flor.

Vocabulário:  pica-flor – beija-flor, passarinho./décima – composição poética de 10 versos.

2) Aos Senhores Governadores do Mundo em Seco da Cidade da Bahia, e seus Costumes

A cada canto um grande conselheiro,

que nos quer governar cabana e vinha:

não sabem governar sua cozinha,

e querem governar o mundo inteiro!

Em cada porta um bem frequente olheiro

da vida do vizinho e da vizinha,

pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha

para a levar à praça e ao terreiro

Muitos mulatos desavergonhados,

trazendo pelos pés os homens nobres:

posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados:

todos os que não furtam, muito pobres:

eis aqui a cidade da Bahia.”

Vocabulário:

vinha – terreno plantando de videiras (uvas).

picardia – velhacaria, patifaria.

usura – juro de capital, juro excessivo.  MATOS GUERRA, Gregório de.In: MEGALE, Heitor e MATSUOKA, Marilena. s. 4. ed. São Paulo. Nacional, 1977, p. 179-80.

01. Os dois poemas pertencem à poesia cultista cultivada por Gregório de Matos Guerra.

Neles, notam-se as seguintes características do Cultismo:

 a) linguagem rebuscada, culta, extravagante;

 b) valorização de pormenores (detalhes) mediante jogos de palavras.

Tais características tornam-se evidentes no jogo poético realizado com o termo

“Pica-flor”, no primeiro poema, e na utilização de palavras rebuscadas e extravagantes

que caracterizam o segundo poema.

02. Os dois poemas pertencem, respectivamente, às poesias religiosa e lírica cultivadas

por Gregório de Matos Guerra. No primeiro, notam-se as seguintes características:

a) o gosto por jogos de palavras;

 b) a tentativa de conciliar polos opostos da experiência humana (o sagrado e o profano);

c) a tensão entre o teocentrismo

e o antropocentrismo. No segundo, notam-se os seguintes recursos:

 a) a ênfase no uso do verso decassílabo para a composição de sonetos;

b) a forte presença do paradoxo e do oxímoro, usados para expressar a tensa harmonia de aspectos contrários da vida humana;

 c) a técnica da disseminação e recolha, característica do Barroco.

04. Os dois poemas pertencem à poesia satírica cultivada por Gregório de Matos Guerra. No primeiro, há um jogo poético com o termo “Pica-flor”, que ganha o sentido de um convite erótico claramente profano, já que é dirigido a uma freira. No segundo, a

descrição dos tipos humanos e dos costumes que caracterizam a cidade da Bahia

revela a ironia do poeta para com uma sociedade marcada pela incompetência dos

governantes, pela prática cotidiana da fofoca e da bisbilhotice, pela desonestidade e

pela prática generalizada do roubo no comércio.

08. Os dois poemas pertencem, respectivamente, às poesias religiosa e satírica cultivadas por Gregório de Matos Guerra. No primeiro, há um jogo poético com o termo

“Pica-flor” que marca a harmonia do relacionamento estabelecido entre o poeta

(representante do mundo profano) e a freira (representante do mundo sagrado). No

segundo, há uma crítica ácida aos tipos humanos e aos costumes que caracterizam a

cidade da Bahia: incompetência das autoridades, gosto pela maledicência, corrupção

e roubo generalizados.

16. No primeiro poema, ocorrem elisões nos versos 2, 9 e 10. Tais elisões fazem que o

poema apresente versos isométricos, caracterizados pelo uso da redondilha maior

(verso de 7 sílabas poéticas). A estrutura de rimas apresentada pelo poema é abbaccdde,

estrutura comumente utilizada na composição da décima. As principais figuras

de linguagem presentes no poema são a metáfora e a ironia, evidentes, sobretudo,

no conjunto formado pelos versos 3, 4, 5 e 6.

32. No primeiro poema, ocorre elisão apenas no verso 2. Isso faz que o poema apresente

versos heterométricos, que variam entre a redondilha maior (7 sílabas poéticas) e o

verso de 8 sílabas poéticas. A estrutura de rimas apresentada pelo poema é abbaabbddb,

estrutura característica da décima. As principais figuras de linguagem presentes

no poema são a metonímia e a ironia, evidentes, sobretudo, no conjunto formado

pelos versos 3, 4, 5 e 6.

Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.( 04 )

35.U.F. Santa Maria-RS Observe a charge de Chico Caruso:

– Espelho meu, existe alguém mais ACM do que eu? Veja, 24 de maio de 2000.

A crítica a personagens baianas com influência nos meios políticos pode também ser

identificada na poesia satírica de:

a) Padre José de Anchieta.                       d) Tomás Antônio Gonzaga.

b) Gregório de Matos Guerra.               e) Cláudio Manuel da Costa.

c) Bento Teixeira Pinto.

36.(ITA-SP) Leia o texto abaixo e as afirmações que a ele se seguem.

“Que falta nessa cidade? Verdade.

Que mais por sua desonra? Honra.

Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.

O demo a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde falta

Verdade, honra, vergonha.”

MATOS, Gregório de. Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra. Rio de Janeiro: Record, 1990.

O poema

I. mantém uma estrutura formal e rítmica regular.

II. enfatiza as ideias opostas.

III. emprega a ordem direta.

IV. refere-se à cidade de São Paulo.

V. emprega a gradação.

Então, pode-se dizer que são verdadeiras

a) apenas I, II, IV.     b) apenas I, IV, V.     c) apenas I, II, V.    d) todas.    e) apenas I, III, V.

TEXTO PARA AS QUESTÕES 37  e 38

Leia o seguinte fragmento do “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as

de Holanda”, do Padre Antônio Vieira, para responder às questões 128 e 129:

“Enfim, Senhor, despojados os templos e derrubados os altares, acabar-se-á no Brasil a cristandade católica; acabar-se-á o culto divino, nascerá erva nas igrejas, como nos campos; não haverá quem entre nelas. Passará um dia de Natal, e não haverá memória de vosso nascimento; passará a Quaresma e a Semana Santa, e não se celebrarão os mistérios de vossa Paixão. Chorarão as pedras das ruas como diz Jeremias que chorava as de Jerusalém destruída: chorarão as ruas de Sião, porque não há quem venha à solenidade. Ver-se-ão ermas e solitárias, e que as não pisa a devoção dos fiéis, como costumava em semelhantes dias.”

37.U.F. Santa Maria-RS O texto relaciona-se à invasão holandesa no Brasil, em 1640;

nele, o orador:

a) considera os holandeses hereges e violentos com aqueles que não fossem seus compatriotas;

b) dirige-se a Deus e prevê o esvaziamento da religião católica, caso o Brasil fosse entregue aos holandeses;

c) pede a Deus que evite a invasão de ervas nos templos, a fim de preservar o patrimônio da Igreja;

d) é um profeta e previu o que realmente aconteceria com a religião católica no Brasil,

quase três séculos depois;

e) dirige-se ao rei de Portugal, a fim de salvar o país da invasão holandesa, que já começava a destruir as igrejas da cidade.

 38.U.F. Santa Maria-RS Padre Antônio Vieira, ao afirmar que “Chorarão as pedras das

ruas”, utiliza uma:

a) ironia.            b) onomatopeia.             c) antítese.          d) prosopopeia.           e) gradação.

 39.CEETPS-SP Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações

abaixo:

I.Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como Sol/

Lua, dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõem a figura da antítese.

II.Esse é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, que são:

rimas ricas, interpoladas nas quadras (“A-B-A-B”) e alternadas nos tercetos (“AB-

B-A”).

III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado,

ali, por “ignorância do mundo” e “qualquer dos bens”, por um lado, e por “constância”,

“alegria” e “firmeza”, de outro.

A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:

a) somente I está correta.                            d) somente II está correta.

b) somente III está correta.                            e) somente I e III estão corretas.

c) todas estão corretas.

O texto abaixo refere-se às questões de 40 a 41. Trata-se de um sermão do quinto domingo da Quaresma, do Padre Antônio Vieira

“Como estamos na corte, onde das casas dos pequenos não se faz caso, nem têm nome de casas, busquemos esta fé em alguma casa grande e dos grandes. Deus me guie.

(…) Entremos e vamos examinando o que virmos, parte por parte. Primeiro que tudo vejo cavalos, liteiras e coches; vejo criados de diversos calibres, uns com libré, outros sem ela; vejo galas, vejo joias, vejo baixelas; as paredes vejo-as cobertas de ricos tapizes; das janelas vejo ao perto jardins, e ao longe quintas; enfim, vejo todo o palácio e também o oratório; mas não vejo a fé. E por que não aparece a fé nesta casa: eu o direi ao dono dela. Se o que vestem os lacaios e os pajens, e os socorros do outro exército doméstico masculino e feminino depende do mercador que vos assiste, e no princípio do ano lhe pagais com esperanças e no fim com desesperações, a risco de quebrar, como se há de ver a fé na vossa família? Se as galas, as joias e as baixelas, ou no Reino, ou fora dele, foram adquiridas com tanta injustiça ou crueldade, que o ouro e a prata derretidos, e as sedas se se espremeram, haviam de verter sangue, como se há de ver a fé nessa falsa riqueza? Se as pedras da mesma casa em que viveis, desde os telhados até os alicerces estão chovendo os suores dos jornaleiros, a quem não fazíeis a féria, e, se queriam ir buscar a vida a outra parte, os prendíeis e obrigáveis por força, como se há de ver a fé, nem sombra dela na vossa casa?”

Vocabulário:

libré: uniforme de criados de casas nobres

os socorros do outro exército doméstico: a vestimenta dos outros serviçais

jornaleiros: trabalhadores que recebiam pagamento ao final do dia

a quem não fazíeis a féria: a quem não concedíeis dias de folga

40.FEI-SP O autor do texto, Padre Vieira, pertence à escola literária conhecida como:

a) Baroco.         b) Realismo.           c) Trovadorismo.    d) Romantismo.         e) Arcadismo.

 41.FEI-SP Não é característica da escola literária a que Padre Vieira pertence:

a) emprego frequente de palavras que designam cores, perfumes e sensações táteis.

b) uso constante da metáfora e da antítese.

c) união de duas ideias contrárias em um único pensamento.

d) composição de cantigas de amor e cantigas de amigo.

e) utilização de muitas frases interrogativas.

42.FEI-SP O sermão pode ser definido como:

a) composição em versos recitados nos palácios para divertir os nobres.

b) texto curto, em que predomina o desenvolvimento de um único conflito.

c) narrativa longa em que são apresentados diversos conflitos paralelos.

d) soneto com versos decassílabos.

e) discurso religioso cujo objetivo principal é a edificação moral dos ouvintes.

43.FEI-SP Sobre o fragmento do sermão acima transcrito, é possível afirmar que:

a) o autor discorre sobre a inabalável fé da corte e da nobreza.

b) Padre Vieira critica o povo por não ter a fé que os nobres possuem.

c) o autor conclui que não é possível encontrar a fé em uma casa onde se encontram aqueles que exploram e maltratam os homens do povo.

d) o sermão é um elogio à corte pela maneira como trata os seus serviçais, dignificando-os

e humanizando as relações entre os nobres e o povo.

  1. e) segundo o autor, a fé não tem qualquer relação com as ações desenvolvidas pelos

homens.

44.FEI-SP Verifica-se nesse fragmento a franca intenção de o autor:

a) divertir a plateia.                                                  b) convencer e ensinar o seu público.

c) afastar os homens da verdadeira fé cristã.   d) provocar fortes emoções em seu público.

e) confundir seus ouvintes.

45.(UEL-PR) Ao lado dos versos críticos e contundentes, em geral dirigidos contra os poderosos e os oportunistas, há os versos líricos, tocados pelo sentimento amoroso ou pela devoção cristã. Num e noutro casos, apuravam-se o engenho verbal, as construções paralelísticas, o emprego de antíteses e hipérboles, por vezes inspirando-se diretamente em versos ou fórmulas dos espanhóis Gôngora e Quevedo — mestres desse estilo.

O trecho anterior está-se referindo à obra poética de:

a) Cláudio Manuel da Costa.                                           d) Gregório de Matos.

b) Tomás Antônio Gonzaga.                                          e) José de Anchieta.

c) Antônio Vieira.

46.(UFRRJ)

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol
as Inconstâncias dos Bens do Mundo.

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”Gregório de Matos Guerra. Antologia poética. Rio de Janeiro: Ediouro, 1991. p. 84.

Um dos aspectos da arquitetura do poema barroco é aquele em que conceitos e/ou palavras são inicialmente citados ao longo do poema para, mais adiante, serem retomados conclusivamente. Esse recurso, no soneto de Gregório de Matos, acontece respectivamente:

a) Nos dois quartetos e no 2º terceto.                          d) No 1º quarteto e no 2º quarteto.

b) Nos dois quartetos e nos dois tercetos.              e) No 2º quarteto e no 1º terceto.

c) No 1º terceto e no 2º terceto.

 47(Fatec-SP)

As cousas do mundo

“Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa.
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.”    Gregório de Matos Guerra. Seleção de obras poéticas.

A alternativa que melhor exprime as características da poesia de Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que destaca a presença de:

a) Inversões da sintaxe corrente, como em “Com sua língua, ao nobre o vil decepa” e “Quem menos falar pode”.

b) Conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição “Quem dinheiro tiver” e “pode ser Papa”.

c) Metáforas raras e desusadas, como no verso experimental “a Musa topa/Em apa, epa, ipa, opa, upa”.

d) Contraste entre os polos de antíteses violentas, como “língua” —“decepa” e “menos falar” —“mais increpa”.

e) Imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos da natureza, como “flor” e “tulipa”.

 48.(UEL-PR) O caráter essencial do Barroco está no apelo às emoções, na busca do movimento, na dramatização das expressões, nas colunas torcidas e nos panejamentos em “S” (sinuosos) das roupas dos santos. Com base nos conhecimentos sobre o Barroco, analise as imagens a seguir.

Correspondem à arte barroca apenas as imagens:

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

a) 1 e 2.                  b) 1 e 3.                  c) 2 e 4.               d) 1, 3 e 4.                e) 2, 3 e 4.

49.(UFPA)   Soneto

“Três dúzias de casebres remendados,
Seis becos, de mentrastos entupidos,
Quinze soldados, rotos e despidos,
Doze porcos na praça bem criados.
Dois conventos, seis frades, três letrados,
Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,
Três presos de piolhos carcomidos,
Por comer dois meirinhos esfaimados.
Damas com sapatos de baeta,
Palmilha de tamanca como frade,
Saia de chita, cinta de raqueta.
O feijão, que só faz ventosidade,
Farinha de pipoca, pão que greta,
De Sergipe d’El-Rei esta é a cidade.”

In: DIMAS, Antônio (Org.) Literatura Comentada. São Paulo: Abril, 1981.

A respeito do poema de Gregório de Matos, é correto afirmar que

(A) Como representante dos poemas encomendados, elogia Sergipe, um dos centros urbanos que Gregório de Matos enalteceu, assim como o fez à Bahia, a Recife e a Lisboa.

(B) Satiriza Sergipe, um dos centros urbanos que Gregório de Matos criticou, ressaltando a pobreza do local, o que dá ao poema um tom social, próprio da poética gregoriana.

(C) Pertence à lírica filosófica do autor, que se caracteriza por tecer uma série de elogios a um local ou a uma pessoa, para em seguida lhe traçar os defeitos e pedir por sua redenção.

(D) Os dois tercetos enaltecem a beleza da mulher e elogiam a boa alimentação local, por meio da perífrase, recurso linguístico muito utilizado pela estética barroca.

(E) Presentifica-se no poema um dos recursos mais importantes do Barroco, o conceptismo, jogo de ideias constituído por analogias e por sutilezas do raciocínio e do pensamento lógico.

 50.(PSS/UEPG-2006) A partir do texto de estética barroca abaixo, assinale a alternativa correta.

Definição de Amor
————————-
O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.Gregório de Matos Guerra. Obras Completas

a) Nos versos, evidencia-se o caráter de jogo verbal, próprio do estilo barroco, denotando a expressão lírica de arrependimento do poeta pecador.

b) Nos versos, evidencia-se a ênfase na dualidade e na contraposição entre os elementos, bem como o uso de figuras de linguagem, marcas da poesia barroca.

c) Nos versos, evidencia-se o caráter do jogo verbal, próprio do estilo barroco, em tom satírico e de crítica à sociedade da época.

d) Nos versos, evidencia-se a definição de amor por seus aspectos físicos, o “eu-lírico” afasta-se da dualidade entre o amor carnal e espiritual, tão característica da poesia lírica barroca.

e) Nos versos, evidenciam-se os ideais divergentes entre o humano e o divino, entre a mentalidade pagã e a religiosa.

TEXTO PARA AS QUESTÕES 51 e 52

A Maria dos povos, sua futura esposa – Gregório de Matos

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol e o dia:

Enquanto com gentil descortesia,
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança brilhadora
Quando vem passear-te pela fria…

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda a ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Ó não guardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

51.Pode-se dizer, com relação ao soneto, que:

a)as imagens “naturais” da vida sã, de fato, um perigo, já que conduzem “a morte.

b) Preocupam o poeta os estados de plenitude que caminham para o nada.

c) Percebe-se, pelo segundo quarteto, que Adônis é símbolo da morte.

d) A eterna tensão da vida conduz à morte

e) n.d.a.

52.Um importante símbolo do Barroco presente neste soneto é:

a)a conclamação para o gozo total, já que a vida é breve.

b) A tensão vida/morte, que leva o poeta a conclamar a amada para o gozo da flor da mocidade, antes que seja lesada pela ação do tempo.

c) O desejo de satirizar a vida como uma defesa diante da morte.

d) A referência clássica (Adônis, Aurora)

e) n.d.a.

53.(Vunesp-SP)Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!

Tu, que em um peito abrasas escondido,
Tu, que em um rosto corres desatado,
Quando fogo em cristais aprisionado,
Quando cristal em chamas derretido.

O texto pertence a Gregório de Matos e apresenta todas as características seguintes:

a) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta.

b) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida.

c) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática simétrica por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.

d) Técnica naturalista, assimetria total de construção, ordem direta inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.

e) Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das antíteses, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica

54.Assinale a questão cujo trecho apresenta características próprias do Barroco no Brasil:

a) “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.”

b) “Alma minha gentil, que te partiste/Tão cedo desta vida, descontente,/Repousa lá no Céu eternamente,/E viva eu cá na terra sempre triste./Se lá no assento etéreo, onde subiste,/Memória desta sida se consente,/Não te esqueças daquele amor ardente/Que já nos ollhos meus tão puro viste.”

c) “Última flor do Lácio, inculta e bela,/És, a um tempo, esplendor e sepultura;/Ouro nativo, que, na ganga impura,/A bruta mina entre cascalhos vela.”

d) “Parece até que sobre a fronte angélica/Um anjo lhe depôs coroa e nimbo…/Formosa a vejo assim entre meus sonhos/Mais bela no vapor do meu cachimbo.”

e) “Lá na úmida senzala,/Sentado na estreita sala,/Junto ao braseiro, no chão,/Entoa o escravo o seu canto,/E ao cantar correm-lhe em pranto/Saudades do seu torrão.”

55.A exaltação da forma, o culto à linguagem permeada por metáforas, conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade medieval são características do:

a) Classicismo.           b) Arcadismo.        c) Romantismo.       d) Barroco.      e) Condoreirismo.

 56.(Faculdade Objetivo – SP) Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos do Barroco, assinale a única alternativa incorreta:

a) O cultismo opera através de analogias sensoriais, valorizando a identificação dos seres por metáforas. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, a argumentação.

b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do Barroco que não se excluem. É possível localizar no mesmo autor e no mesmo texto os dois elementos.

c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem, pelo abuso no emprego de figuras semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos, etc.

d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da Sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a ideia.

e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini e o conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos.

57.(FEBASP) “Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres… O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão mas que levam, de que eu trato, são os outros – ladrões de maior calibre e de mais alta esfera… Os outros ladrões roubam um homem; estes, roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco; estes, sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.”                (Padre Antonio Vieira, Sermão do bom ladrão)

Em relação ao estilo empregado por Vieira neste trecho pode-se afirmar:

a) O autor recorre ao Cultismo da linguagem com o intuito de convencer o ouvinte e por isto cria um jogo de imagens.

b) Vieira recorre ao preciosismo da linguagem, isto é, através de fatos corriqueiros, cotidianos, procura converter o ouvinte.

c) Padre Vieira emprega, principalmente, o Conceptismo, ou seja, o predomínio das ideias, da lógica, do raciocínio.

d) O pregador procura ensinar preceito religiosos ao ouvinte, o que era prática comum entre os escritores gongóricos.

58.(FUVEST-SP)”Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar á Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair são os que se contentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah! pregadores! Os de cá, achar-vos-ei com mais paço; os de lá, com mais passos…”

A passagem acima é representativa de uma das tendências estéticas típicas da prosa seiscentistas, a saber:

a)O Sebastianismo, isto é, a aceleração do mito da volta de D.Sebastião ,rei de Portugal, morto na batalha de Alcácer-Quibir.

b) A busca do exotismo e da aventura ultramarina, presentes nas crônicas e narrativas de viagem.

c) A exaltação do heroico e do épico, por meio das metáforas grandiloquentes da epopeias.

d) O lirismo trovadoresco, caracterizando por figuras de estilo passionais e místicas.

e) O Conceptismo, caracterizado pela utilização constante dos recursos da dialética.

59. (FUVEST-SP) a respeito  do Padre Antônio Vieira, pode-se afirmar que:

a)Embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana não se ocupou de problemas locais.

b) Procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava.

c) Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos mundanos.

d) Em função de seu zelo para com Deus, utilizava-o para justificar todos os acontecimentos políticos e sociais.

e) Mostrou-se tímido diante dos poderosos.

60.(F.C.Chagas-BA)Assinale o texto que, ela linguagem e pelas ideias, pode ser considerado como representante da corrente barroca.

a)”Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lábios; os negros caracóis de suas belas madeixas brincavam, mercê do zéfiro, sobre suas faces…e ela também suspirava.”

b)Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus sobre ruas molhadas de pipilos nos arbustos dos squares. Mas a abóboda de garoa desabava os quarteirões.”

c)”Os sinos repicavam numa impaciência alegre. Padre Antônio continuou a caminhar lentamente, pensando que cem vezes estivera a cair, cedendo à fatalidade da herança e à influência do meio que o arrastavam para o pecado.”

d)”De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as brumosas noites pesadas de tanta agonia, de tanto pavor de morte, desfaziam-se, desapareciam completamente como os tênues vapores de um letargo…”

e)Ah! Peixes,  quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com as palavras: eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória: eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento: eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a vontade.”

 61.Sobre as características da obra de Padre Antônio Vieira, estão corretas as proposições:

I.Principal expressão do Barroco em Portugal, sua obra pertence tanto à literatura portuguesa quanto à brasileira.

II.Maior poeta barroco brasileiro e um dos fundadores da poesia lírica e satírica em nosso país, Padre Antônio Vieira, em pleno século XVII, foi um dos precursores da poesia moderna brasileira do século XX.

III. A maior parte de sua obra foi escrita no Brasil e está relacionada com as inúmeras atividades que o autor desempenhou como religioso, como conselheiro de D. João IV ou como mediador e representante de Portugal em relações econômicas e políticas com outros países.

IV.Sua poesia lírica pode ser dividida em três vertentes: poesia religiosa, poesia amorosa e poesia filosófica. Na poesia religiosa, tem como temas o amor a Deus, a culpa, o pecado e o perdão. A poesia amorosa é marcada pelo dualismo amoroso carne/espírito, e a poesia filosófica refere-se ao desconcerto do mundo e às frustrações humanas diante da realidade.

V.Aliando sua formação jesuítica à estética barroca em voga no século XVII, pronunciou sermões que se tornaram ao mesmo tempo a expressão máxima do Barroco em prosa sacra e uma das principais expressões ideológicas e literárias da Contrarreforma.

a) I e II.            b) IV e V.              c) II e IV.          d) I, III e V.       e) Todas estão corretas.

 62.Todas as proposições dizem respeito a Padre Antônio Vieira, exceto:

a) As qualidades de Padre Antônio Vieira como orador são incomparáveis. Entre sua vasta produção, destacam-se: “Sermão da sexagésima”, “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda”, “Sermão de Santo Antônio (aos peixes)” e “Sermão do mandato”.

b) Seus sermões estavam a serviço de causas políticas que abraçava e defendia e, por isso, indispôs-se com muita gente. As ideias que Vieira pregava perturbavam o conforto do pensamento, e quanto mais era odiado pela Inquisição, mais a desafiava.

c) Vieira teve um pouco de sonhador e profeta, chegando a escrever três obras com esse conteúdo, obras baseadas em textos bíblicos e nos textos e profecias do poeta português Bandarra. Vieira acreditava na ressureição do rei D. João IV, seu protetor, morto em 1656.

d) Não tendo publicado nenhum livro, produziu, entretanto, inúmeros poemas de caráter religioso, amoroso e satírico. Foi chamado de Boca do Inferno graças à sua irreverente obra satírica.

63.(USF-SP)

“Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,

Te lembra hoje Deus por sua Igreja;

De pó te fez espelho, em que se veja

A vil matéria, de que quis formar-te”.

Conforme sugere o excerto acima, o poeta barroco não raro expressa:

a)medo de ser infeliz; uma imensa angústia em face da vida, a que não consegue  dar sentido; a desilusão diante da falência de valores terrenos e divinos.

b)a consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o sentimento de nulidadediante do poder divino.

c)a percepção de que não há saídas para o homem; a certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça espiritual.

d) a necessidade de ser  piedoso e caritativo,  paralela   à   vontade  de fruir  até as últimas consequências o lado material da vida.

e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses imprimem a seu destino e à vida na terra

64.(UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:

I.A arte   barroca   caracteriza-se   por   apresentar   dualidades,   conflitos,   paradoxos   e contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra.

II.O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas.

III. A oposição entre Reforma e Contrarreforma expressa, no plano religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.

Quais estão corretas:

a.Apenas I.         b. Apenas II.         c. Apenas III.     d. Apenas I e III.         e. I, II e II

65.(UFRS) Com relação ao Barroco brasileiro, assinale a alternativa incorreta.

a)Os Sermões, do Padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem conceptista, refletiram  as   preocupações   do  autor com problemas  brasileiros   da  época, por exemplo, a escravidão.

b)Os conflitos éticos vividos pelo homem do  Barroco corresponderam,  na  forma literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.

c)A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas  de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, à realidade nacional.

d) Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se  com a vida eterna.

e) A escultura barroca   teve   no   Brasil   o   nome   de   Antônio   Francisco   Lisboa,   oAleijadinho, que, no século XVII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco

66.(UFRS)

“Três dúzias de casebres remendados,

Seis becos, de mentrastos entupidos,

Quinze soldados, rotos e despidos,

Doze porcos na praça bem criados.

Dois conventos, seis frades, três letrados,

Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,

Três presos de piolhos carcomidos,

Por comer dois meirinhos esfaimados.”

Sobre esses versos de Gregório de Matos Guerra são feitas as seguintes afirmações:

I.O poema retrata criticamente a sociedade brasileira do século XVII, permitindo identificar um dos ramos da poesia desse poeta.

II.O conteúdo satírico e a linguagem grosseira dos versos associam o poema à lírica amorosa e religiosa do autor.

III. Falando   em   primeira   pessoa,   em   tom   confessional,   o   autor   desses   versos manifesta uma visão preconceituosa e unilateral da sociedade brasileira colonial.

Quais estão corretas?

a. Apenas I            b. Apenas II            c. Apenas III          d. Apenas I e II   e. Apenas I e II

67.(UFRS) Considere as afirmações abaixo:

I.Barroco literário, no Brasil, correspondeu a um período em que o incremento da atividade mineradora proporcionou o desenvolvimento urbano e o surgimento de uma incipiente   classe   média   formada   por   funcionários,   comerciantes   e   profissionais liberais.

II.Uma das feições da poesia barroca era o chamado conceptismo – exploração de conceitos e ideias abstratas através de evoluções engenhosas do pensamento.

III. A ornamentação da linguagem, que caracterizou o Barroco brasileiro, pode ser identificada pelo uso repetido de  jogos de palavras, pela construção frasal e pelo emprego da antítese.

Quais estão corretas?

a. Apenas I           b. Apenas II           c. Apenas III         d. Apenas II e III     e. I, II e III

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

1.(UESC-2006)

E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se me alonguei um pouco, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, me fez pôr assim tudo pelo miúdo.

E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer cousa de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser por mim muito bem servida, a Ela peço que por me fazer singular mercê, mande vir da Ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro — o que d’Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.    Pero Vaz de Caminha CASTRO, Sílvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 98. (Série Visão do Paraíso, v. 4).

[…] Assim, antes de ir a qualquer agência pública, a norma e a “sabedoria” indicam sempre que se deve primeiro descobrir as nossas relações naquela área. Uma vez que isso é estabelecido, a atuação da agência muda radicalmente de figura. O resultado é que todas as instituições sociais brasileiras estão sujeitas a dois tipos de pressão. Uma delas é a pressão universalista, que vem das normas burocráticas e legais que definem a própria existência da agência como um serviço público. A outra é determinada pelas redes de relações pessoais a que todos estão submetidos e aos recursos sociais que essas redes mobilizam e distribuem. […]

[…]

No fundo, vivemos em uma sociedade onde existe uma espécie de combate entre o mundo público das leis universais e do mercado; e o universo privado da família, dos compadres, parentes e amigos. É uma sociedade que tem formas diferenciadas de definição de seus membros, de acordo com o conjunto de relações que eles possam clamar ou demonstrar em situações específicas.

DaMATTA, Roberto. A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 83-85.

Estabeleça uma relação entre os dois textos, evidenciando em que aspecto o fragmento da carta de Caminha exemplifica o comportamento analisado por DaMatta.

RESPOSTA:  Roberto DaMatta destaca, em sua análise, aspectos da organização social brasileira que se assentam sobre uma estrutura de favores associada a relações familiares. Segundo ele, a tendência a misturar o universo privado (da família) com as questões de ordem pública, onde deveria imperar o princípio das leis universais e das leis de mercado, gera uma pressão indevida sobre as instituições sociais. Na carta de Caminha, tal comportamento é evidenciado pelo pedido final feito pelo escrivão da frota de Cabral ao rei português: “Vossa Alteza há de ser por mim muito bem servida, a Ela peço que por me fazer singular mercê, mande vir da Ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro — o que d’Ela receberei em muita mercê.” Nessa passagem, Caminha pede que o rei conceda um favor pessoal ao seu genro.

2.(MACKENZIE-2006) Esta gentilidade nenhuma cousa adora, nem conhece a Deus; somente aos trovões chama TUPANE, que é como quem diz “cousa divina”. E assim nós não temos outro vocábulo mais conveniente para os trazer ao conhecimento de Deus, que chamar-lhe PAI TUPANE.                            Manuel da Nóbrega

O assunto do texto e a ideologia nele refletida revelam que pertence a um momento histórico-cultural em que

a) escritores já nascidos e formados intelectualmente no Brasil-colônia revelam-se críticos contundentes do processo de colonização.

b) a Bahia conheceu o espírito sagaz de Gregório de Matos, que, com seus improvisos e sua viola, caçoava de todos, inclusive das autoridades.

c) os novos escritores buscam a simplicidade formal, intimamente ligada ao grande valor dado à natureza, como base da harmonia e da sabedoria.

d) o ciclo do ouro propiciou o desenvolvimento da arquitetura, da escultura e da vida musical, principalmente em Minas Gerais.

e) relatos manifestam não só as preocupações do colonizador, como também o deslumbramento diante da paisagem brasileira.

Texto para as questões 3 e 4:

“Senhor:

Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba fazer pior que todos.

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.

De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.

Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Doiro-e-Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.

Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.

Porém o melhor fruito que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.

Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo

cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença.

Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.

E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.                 Pero Vaz de Caminha.”

3.UnB-DF Evidenciando a leitura compreensiva do texto, julgue os itens abaixo.

( ) Diferentemente de outros documentos do século XVI acerca da descoberta do Brasil,

hoje esquecidos, a carta de Pero Vaz de Caminha continua a ser lida devido à sua importância

histórica e, também, por conter elementos da função poética da linguagem.

( ) A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada pela história brasileira o primeiro documento publicitário oficial do país.

( ) A carta de Caminha é um texto essencialmente descritivo.

( ) Pero Vaz de Caminha foi o único português a enviar notícias da descoberta do Brasil ao rei de Portugal.

( ) Segundo Caminha, os habitantes da Ilha de Vera Cruz eram desavergonhados.

RESPOSTAS : V – F – V – F – F

4. UnB-DF Ainda com relação ao texto, julgue os seguintes itens.

( ) Substituindo-se “Posto que” por Haja vista, mantêm-se as mesmas relações de ideias.

( ) O nono parágrafo do texto ressalta uma prática dos silvícolas brasileiros: o extrativismo vegetal, que era a única forma de obtenção dos alimentos necessários à subsistência. Ressalta também que, apesar dessa prática, os silvícolas aparentavam ser mais fortes e bonitos que os conquistadores, mesmo sendo estes mais bem alimentados.

( ) No nono parágrafo do texto, as expressões “inhame” e “semente e fruitos” são repetitivas, pois, para a Biologia, a primeira contém a segunda. Além disso, a associação estabelecida entre “semente e fruitos” e “trigo e legumes” é biologicamente incoerente, pois legumes são sementes e trigo é fruto.

( ) As expressões de tratamento com que a correspondência é aberta e fechada revelam o respeito e a sujeição do remetente ao destinatário.

RESPOSTA:    F – F – F – V

Texto para as questões 5,6 e 7.

“CARTA

(Pero Vaz de Caminha)

Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanho, que haver nela, bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes longas barreiras, umas vermelhas e outras brancas; e a terra de cima, toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.

De ponta a ponta, é toda a praia muito chã e muito formosa. Pelo sertão, nos pareceu vista

do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver, senão terra e arvoredos – terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal ou ferro, nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como o de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo de agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar, parece-me que será salvar esta gente, e esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa alteza aqui esta pousada para esta navegação de Calicute bastava; quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentando da nossa fé! E desta maneira, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe, porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. É pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que me elevo como em outra qualquer coisa que de Vossos serviços for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir a ilha de São Tomé a Jorge Osório, meu genro – o que d’Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza.Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de     1500.”

 5.AEU-DF Julgue os itens abaixo em relação à compreensão e à interpretação do texto.

( ) O texto lido é uma descrição bem objetiva da terra descoberta.

( ) Nele, Caminha menciona as duas principais finalidades das expedições marítimas portuguesas: a expansão da fé católica e a descoberta de ouro e prata.

( ) Por não terem os portugueses se aventurado, até então, terra a dentro, as únicas informações que nos dá do interior são as transmitidas pelos indígenas.

( ) No entender do autor, mesmo que Portugal não explorasse e colonizasse a nova terra, tê-la unicamente como suporte das viagens às Índias, já seria uma grande dádiva.

( ) Para Caminha, o maior bem a que se deviam dedicar os portugueses é aquele que deriva das águas, tamanha a sua abundância na nova terra.

( ) O “será salvar a gente” é o que os soldados portugueses deveriam fazer para evitar que tribos indígenas mais fortes dizimassem outras menores e mais frágeis.

RESPOSTA:             F – V – F – V – F – F

 6.AUE-DF Julgue os itens que seguem, em relação à teoria literária e aos estilos de época

na Literatura Brasileira.

( ) Este texto, por se tratar de uma missiva, tem característica oratórias.

( ) A Carta, de Pero Vaz de Caminha, é o primeiro de uma série de textos no nosso primeiro século, que constituem a “Literatura de Informação” do Brasil.

( ) As constantes inversões e a sintaxe rebuscada da Carta é uma característica da literatura clássica do período, quase já uma transição do Renascimento para o Barroco.

( ) Ainda dentro do Humanismo renascentista, que tinha o homem no centro de tudo, vemos a preocupação de Caminha com o silvícola brasileiro e a preservação de sua cultura.

RESPOSTA: F – V – F – F

7.AEU-DF Julgue os itens seguintes, em relação à semântica e à estilística.

(Para esta questão, utilize o texto das questões 6 e 7.)

( ) Por “contra o sul vimos… contra o norte vem”, deduzimos que os conquistadores se movimentaram do litoral norte para o sul.

( ) A palavra chã que aparece no texto em “toda chã” e “muito chã” é a grafia da época para chão.

( ) Ao citar o “Entre-Douro-e-Minho”, para dar a ideia do clima da nova terra, estabelece- se um raciocínio analógico.

( ) Os termos “fruto” e “semente”, no texto, estão empregados em sentido figurado.

( ) A expressão “pelo miúdo” poderia, sem equívoco semântico, ser substituída por detalhadamente.

RESPOSTAS:    F – F – V – V – V

8.Cefet-RJ  

“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estima nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas; e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (…) Porém a terra em si é de muito bons ares, (…). E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”

O texto acima apresenta fragmentos:

a) do “Diálogo sobre a conversão dos gentios”, do Pe. Manuel da Nóbrega.

b) das “Cartas” dos missionários jesuítas, escritas nos dois primeiros séculos.

c) da “Carta” de Pero Vaz de Caminha a El-Rey D. Manuel, referindo-se ao descobrimento de uma nova terra e às primeiras impressões do aborígene.

d) da “Narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil”, do jesuíta Fernão Cardim.

e) do “Diário de Navegações”, de Pero Lopes de Souza, escrivão do primeiro colonizador,

o de Martim Afonso de Souza.

9.U.F. Santa Maria-RS O Quinhentismo, enquanto manifestação literária, pode ser definido  como uma época em que:

I.não se pode falar, ainda, na existência de uma literatura brasileira, pois a cultura portuguesa estabelecia as formas de pensamento e expressão para os escritores na colônia;

II.se pode falar na existência de uma literatura brasileira porque, ao descreverem o Brasil, os textos mostram um forte instinto de nacionalidade, na medida em que todos os escritores eram nativos da terra;

III. a produção escrita se prende à descrição da terra e do índio ou a textos escritos pelos jesuítas, ou seja, uma produção informativa e doutrinária.

Está(ão) correta(s):

a) Apenas I.      b) Apenas II e III.        c) Apenas II.        d) Apenas III.     e) Apenas I e III.

 10.UFRS Leia o texto abaixo, extraído da Carta de Pero Vaz de Caminha.

“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de

ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa* por estrado. (…) Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. (…) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.”

Vocabulário: *alcatifa – tapete.

Considere as seguintes afirmações sobre o texto.

I.As palavras de Caminha evidenciam o confronto entre civilização e barbárie vivenciado pelos portugueses na chegada ao Brasil.

II.A interpretação que o escrivão dá aos gestos do índio em relação ao colar do Capitão corrobora a intenção dos portugueses em explorar as possíveis jazidas de ouro da terra recém descoberta.

III. No trecho selecionado, Caminha sugere uma prática que viria a se tornar corrente nas relações entre portugueses e selvícolas: o escambo (a permuta) de produtos da terra por artigos manufaturados europeus.

Quais estão corretas:

a) Apenas I.        b) Apenas II e III.           c) Apenas II.            d) I, II e III.          e) Apenas I e II.

 11.U.E. Londrina-PR Leia os fragmentos a seguir e assinale o que for correto.

1) “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.”

Vocabulário:

infindo – infinito, muito grande, muito numeroso.

pousada – local onde se descansa durante uma viagem.

Calecute – primeira cidade da Índia em que desembarcou Vasco da Gama, na sua viagem de descobrimento do caminho marítimo da Índia, em 1498.

acrescentamento – aumento, adição, acréscimo.

A Carta de Pero Vaz de Caminha. In: TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 5. ed. São Paulo, Moderna, 1998.

2) “À Santa Inês

Cordeirinha linda,

Como folga o povo

Porque vossa vinda

Lhe dá lume novo!

Cordeirinha santa,

De Jesus querida,

Vossa santa vinda

O diabo espanta.

Por isso vos canta,

Com prazer, o povo,

Porque vossa vinda

Lhe dá lume novo.”

Vocabulário:

folgar: alegrar.

lume: luz, orientação.     ANCHIETA, José de. Poesia. In: TUFANO, Douglas. Estudos de Língua e Literatura. 5. ed. São Paulo, Moderna, 1998.

  1. Os dois fragmentos pertencem à chamada literatura informativa que representa o

Brasil do século XVI. Caracterizam esses fragmentos:

1) a beleza da nova terra descoberta;

2) a necessidade de revigorar a fé cristã do povo que aqui habitava. Tais

características esclarecem os objetivos dos primeiros colonizadores portugueses: usufruir das riquezas e, ao mesmo tempo, catequizar os índios.

02.Os dois fragmentos pertencem à literatura informativa e jesuítica do Brasil do século

XVI. No primeiro excerto, Pero Vaz de Caminha nos permite perceber as expectativas

dos portugueses com relação ao Brasil (“dar-se-á nela tudo, por bem das águas

que tem”). No segundo excerto, José de Anchieta exalta a figura de Santa Inês e

incentiva o povo a praticar a fé religiosa cristã (“Cordeirinha linda, / como folga o

povo / porque vossa vinda / lhe dá lume novo”). Evidenciam-se, portanto, as informações

que a Coroa Portuguesa desejava obter, confirmando, desse modo, as reais

intenções de expansão do comércio, de conquista de novas fontes de riquezas e de

trabalho escravo.

04.Nos dois excertos, evidenciam-se as primeiras manifestações literárias do Brasil-

Colônia, denominado “ciclo dos descobrimentos”, compreendido por um conjunto de obras cujo objetivo era divulgar os descobrimentos marítimos e terrestres, a conquista e a colonização dos territórios ultramarinos, a vida no mar e as consequências morais e políticas desses fatos.

08.Nos dois excertos, fica muito evidente o objetivo maior do expansionismo marítimo de Portugal e da Espanha: “dilatar a fé e o império”. No primeiro, a terra brasileira confrontada com a paisagem desoladora da África, já conhecida dos portugueses, mais parecia um paraíso intacto (“Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”). No segundo, a cruz do cristianismo e a preocupação em “dilatar a fé” escondem objetivos mercantilistas e expansionistas da coroa portuguesa.

16.Nos dois excertos, o primeiro escrito por Pero Vaz de Caminha e o segundo pelo Padre José de Anchieta, confirmam-se as afirmações dos historiadores: nos primórdios do século XVI, não se pode falar em literatura no Brasil. O que existia eram relatos de viagem (de escasso valor literário), informando sobre a natureza, o índio, documentando o processo de conquista e colonização; as obras dos jesuítas aparecem, paralelamente às obras dos cronistas e viajantes, igualmente ricas de informações, mas acrescidas de um dado novo: a intenção pedagógica, moral e cristã.

Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.

RESPOSTA: 24

11.U.F. Santa Maria-RS Leia o texto a seguir.

“Eles não usam barba, elas têm cabelos compridos e tranças. Esguios, alimentados a peixe moqueado com biju, mingau de amendoim e frutas. Falam baixo, dormem cedo e só têm uma conversa: índio. É a tribo dos brancos composta de cientistas sociais, médicos, pedagogos, enfermeiras, biólogas e engenheiros agrônomos, vindos de diversas regiões brasileiras. Boa parte da engenhosa engenharia social e cultural que mantém o Parque do Xingu funcionando em harmonia se deve ao trabalho desses especialistas. O foco agora é preparar os índios para o inevitável confronto com a civilização que um dia ocorrerá. As cidadezinhas vizinhas do parque vão transformar-se em municípios de porte médio, a urbanização baterá às portas da reserva. Os moradores do parque, cada vez mais, dependerão de produtos fabricados pelo branco. Em todos os momentos da humanidade, sempre que o choque ocorreu, o mais forte sobrepujou o mais fraco. Quase sempre de forma violenta. Neste canto do Brasil, um punhado de brancos está conseguindo driblar essa inevitabilidade. Procuram transformar o abraço sufocante em um caminhar de mãos dadas de culturas tão diferentes.”FERRAZ, Silvio. Do Xingu. In: Veja, 30 de junho de 1999.

Relacione o texto com a carta de Pero Vaz de Caminha e indique se são verdadeiras (V) ou falsas

(F) as seguintes afirmativas quanto à preocupação do homem branco em relação ao índio:

( ) O texto tem o mesmo objetivo da carta, pois ambos destacam, várias vezes, que o rei de Portugal deveria cuidar da salvação dos índios.

( ) O texto tem o mesmo objetivo que a carta de Caminha, na medida em que tanto a “tribo de brancos” quanto o escrivão da esquadra de Cabral mostram preocupação com os índios do Xingu.

( ) O texto não tem o mesmo objetivo da carta pois Caminha, ao destacar que o rei deveria cuidar da salvação dos índios, usa “salvação” no sentido religioso, de converter o índio à fé católica, ou seja, no sentido de salvação da alma.

A sequência correta é:

a) F – F – V.              b) V – V – F.         c) F – V – F.       d) V – F – V.                 e) F – V – V.

 A terra é mui graciosa,

Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeraldas é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.                 (Murilo Mendes)
12.O texto:
a) faz referência à literatura dos jesuítas no Brasil no século XVI.
b) alude humoristicamente àquilo que se convencionou chamar de literatura informativa no Brasil.
c) parodia tendências próprias do Barroco brasileiro.
d) contraria qualquer proposta temática do Modernismo brasileiro de 1922.
e) apresenta elementos que o relacionam com o “Grupo Mineiro”, basicamente responsável pelo Arcadismo no Brasil.

13.No período compreendido entre o descobrimento do Brasil e o ano de 1601, produziu-se, no Brasil a literatura informativa, cuja temática está resumida na opção:
a) a vida dos habitantes nativos.
b) o perfil físico, étnico e cultural da nova terra.
c) o modelo de catequese adotado pelos jesuítas.
d) as aventuras do europeu descobridor.
e) a política predatória de Portugal em relação ao Brasil.

 14.Leia o texto.
As produções do quinhentismo brasileiro podem ser circunscritas, por convenção, entre a “Carta”, de Caminha, e a publicação, em 1601, do poema épico “Prosopopeia”, de Bento Teixeira, que inicia o período do Barroco colonial.
(Abdala Júnior, Benjamin e Campedelli; Samyra Y. “Tempos da Literatura Brasileira”. SP, Ática, 1985.)
As afirmações a seguir relacionam-se com a época descrita acima. Julgue-as.
( ) Os jesuítas tiveram grande importância nessa época pois eram praticamente os únicos responsáveis pela atividade intelectual da colônia.
( ) “Diálogo sobre a conversão do gentio”, de José de Anchieta, é a principal obra literária quinhentista brasileira.
( ) Surgiu nesse século o sentimento nativista que foi desenvolvido mais tarde pelos românticos e pelos modernistas.
RESPOSTA:V F V

 15.“As águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve alcançar.”
Visões otimistas sobre as potencialidades da natureza e dos indivíduos, a exemplo do que se verifica no trecho transcrito, são comuns durante o período colonial. Assinale a alternativa que identifica os textos que transmitiam esse tipo de mensagem.
a) Biografias de santos                        d) Sermões eucarísticos
b) Ficção regionalista                          e) Literatura informativa
c) Gênero lírico

16.(UFSC) A carta de Pero Vaz de Caminha Num dos trechos de sua carta a D. Manuel, Pero Vaz de Caminha descreve como foi o contato entre os portugueses e os tupiniquins, que aconteceu em 24 de abril de 1500:

“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés de uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, muito grande, ao pescoço […] Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a ninguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro da terra. E também olhou para um castiçal de prata, e assim mesmo acenava para a terra, e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! […] Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço, e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que não lho havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de esconder suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam raspadas e feitas. O Capitão mandou pôr por de baixo de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e, consentindo, aconchegaram-se e adormeceram.”     Coleção Brasil 500 anos, Fasc. I, Abril, São Paulo, 1999.

De acordo com o texto, assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S):

01 ( ) Pero Vaz de Caminha, um dos escrivães da armada portuguesa, escreve para o Rei de Portugal, D. Manuel, relatando como foi o contato entre os portugueses e os tupiniquins.

02 ( ) Em “E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a ninguém”, fica implícito que os tupiniquins desconheciam hierarquia ou categoria social lusitanas.

04 ( ) Nada, na embarcação portuguesa, pareceu despertar o interesse dos tupiniquins.

08 ( ) O trecho “[…] e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se davam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos” evidencia que havia problemas de comunicação entre os portugueses e tupiniquins.

RESPOSTA: 1. 01, 02 e 04 são verdadeiras. 03 é falsa.

17.(Ufla-MG) Todas as alternativas são corretas sobre o Padre José de Anchieta, EXCETO:

a) Foi o mais importante jesuíta em atividade no Brasil do século XVI.

b) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa, com seus sermões barrocos.

c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha sobre a gramática da língua dos nativos.

d) Escreveu tanto uma literatura de caráter informativo como de caráter pedagógico.

e) Suas peças apresentam sempre o duelo entre anjos e diabos.

 18.(UEL-PR) “José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, trouxe em sua bagagem, vindo da Canárias onde nasceu, mais do que seu pendor poético. Vinha ele com mais meia dúzia de bravos com a espantosa missão de converter e educar os índios, que seus olhos e dos outros, a princípio, não reconheciam qualquer cultura.”DELACY, M. Introdução ao teatro. Petrópolis: Vozes,

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a prática de catequização de José de Anchieta, considere as afirmativas a seguir:

I.Para catequizar, Anchieta valeu-se de sua criatividade, usando cocares coloridos, pintura corporal e outros adereços que os indígenas lhe mostravam.

II.Com a missão de levar Jesus àqueles “bugres e incultos”, Anchieta se afastou de suas próprias crenças convertendo-se à religião daquele povo.

III. Com a finalidade de catequizar, Anchieta começou a escrever autos, baseados nos autos medievais, nas obras de Gil Vicente e em encenações espanholas.

IV.Para implantar a fé como lhe foi ordenado, Anchieta representava os autos na língua pátria de Portugal.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e III.                      b) I e IV.                     c) II e IV.            d) I, II e III.                e) II, III e IV.

19.(UnB-DF)

Senhor:

I.”Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que – para o bem contar e falar -, o saiba fazer pior que todos.”

II.”Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa.”

III. “Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.”

IV.”Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.”

V.” Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”

VI.”Porém o melhor fruito, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”

VII. “A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.”

VIII. “Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e ele a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença.”

IX.”Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”

X.”E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.”

XI.”Beijo as mãos de Vossa Alteza.”

XII. “Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.”

Pero Vaz de Caminha
Cortesão, Jaime. A carta de Pero Vaz de Caminha.
Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1943, p.199-241.
Coleção Clássicos e Contemporâneos.

Evidenciando a leitura compreensiva do texto, julgue os itens a seguir como verdadeiros ou falsos.

I.( ) Diferentemente de outros documentos do século XVI acerca da descoberta do Brasil, hoje esquecidos, a carta de Pero Vaz de Caminha continua a ser lida devido à sua importância histórica e, também, por conter elementos da função poética da linguagem.

II.( ) A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada pela história brasileira o primeiro documento publicitário oficial do país.

III. ( ) A carta de Caminha é um texto essencialmente descritivo.

IV.( ) Pero Vaz de Caminha foi o único português a enviar notícias da descoberta do Brasil ao rei de Portugal.

V.( ) Segundo Caminha, os habitantes da Ilha de Vera Cruz eram desavergonhados.

 RESPOSTAS:  V, F, V, F, F.

20.(Ufam) A respeito das primeiras manifestações literárias no Brasil, NÃO é correto afirmar:

  1. a) José de Anchieta escreveu um manual prático, intitulado Diálogo sobre a conversão do gentio, com evidentes intenções pedagógicas, nele expondo sobre a melhor forma de lidar com os indígenas.
  2. b) Em sua Carta, Pero Vaz de Caminha descreveu a paisagem do litoral brasileiro e o aspecto físico dos índios, admirando-se da ausência de preconceito que eles demonstravam em relação ao próprio corpo e à nudez.
  3. c) Pero de Magalhães Gandavo, demonstrando total incompreensão, julgou os índios de forma irônica, dizendo que, por não possuírem em sua língua as letras F, L e R, não podiam ter nem Fé, nem Lei, nem Rei.
  4. d) Os textos dos viajantes, no primeiro século de vida do Brasil, foram escritos com o objetivo de informar a Coroa Portuguesa sobre as potencialidades econômicas da nova terra.
  5. e) A Carta de Pero Vaz de Caminha é um documento fundado numa visão mercantilista (a conquista de bens materiais) e no espírito religioso (dilatação da fé cristã e a conquista de novas almas para a cristandade).

21.(Ufam) Leia as estrofes abaixo, que constituem o início de um famoso poema chamado A Santa Inês:

“Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!
Cordeirinha santa,
de Iesu querida,
vossa santa vinda
o diabo espanta.”

Pela religiosidade e pelo didatismo do poema, seu autor só pode ser:

a) Frei Vicente do Salvador                      d) Pero Lopes de Sousa

b) José de Anchieta                                     e) Manuel da Nóbrega

c) Gabriel Soares de Sousa

 22.(Ufam) Caracteriza a literatura dos viajantes, no primeiro século de existência do Brasil:

  1. a) A constatação de que a terra não possuía nem ouro nem prata em grande quantidade e que, por isso, não merecia ser explorada.
  2. b) O espanto do europeu diante do desconhecido, de um mundo estranho e fascinante, encarado como a própria representação do paraíso.
  3. c) A aceitação do índio como um indivíduo que, embora praticasse uma religião diferente, deveria ter sua cultura respeitada.
  4. d) O registro de que se fazia necessário estudar as diversas línguas existentes, como forma de manter um saudável intercâmbio com os povos nativos.
  5. e) O elogio dos índios pela sua falta de ambição quanto ao acúmulo de bens materiais, o que os fazia viver felizes.

23. (UFMG) Com base na leitura da Carta, de Pero Vaz de Caminha, é INCORRETO afirmar que esse texto

  1. a) Se filia ao gênero da literatura de viagem.
  2. b) Aborda seu próprio contexto de produção.
  3. c) Usa registro coloquial em estilo cerimonioso.
  4. d) Se compõe de narração, descrição e dissertação.

 24.(UEPB)

“A Carta de Caminha, que não foi escrita para ser publicada e cuja primeira edição é somente de 1817, tinha características adequadas para ocupar posto estratégico no que se queria que fosse a formação e a determinação do cânone da literatura brasileira, onde costuma ser vista como o seu grande momento inaugural. Isso é estranho, pois a Carta sequer é um texto literário nem de autor brasileiro. Descoberta no século XIX, ela não estava ‘no início’: este foi construído, inventado, ‘reconstruído’ a posteriori.

Não estando no começo, mas nele posta, postada, determina uma visão e um caminho: colocada no começo, determina um perfil e uma orientação, a visão do Brasil como utopia portuguesa, documentando que, embora não seja verdade, o território foi descoberto primeiro por Cabral […] Se um texto é convertido institucionalmente em algo que não corresponde à sua natureza, é porque atende a uma secreta necessidade, que precisa ser definida, ainda que sua vocação íntima seja não se desvelar para, assim, ser mais eficaz.”

Flávio Rene Kothe

Considerando o fragmento citado:

I.Textos literários são construídos em contextos políticos e econômicos e servem também como instrumento de propaganda de ideias das classes que os produzem para os estratos sociais consumidores de tal mercadoria.

II.Textos literários condensam em si vários significados e valores construídos no tempo e no espaço por sujeitos que os querem com determinados propósitos, como ocorreu com a Carta de Caminha, texto não-autorizado para configurar como literário, de acordo com a natureza estética da arte, mas forçou-se a entrada de tal produção no rol do que é considerado literatura.

III. Considerar a Carta de Caminha texto literário parece ser perigoso de um ponto de vista mais acurado e preciso porque se assim o for é possível que outros textos de igual “textura” tenham sido considerados literários e outros excluídos dessa relação, porque não atenderam às expectativas político-ideológicas de quem determina o que é literatura e qual texto deve servir como exemplo dessa produção.

É correto afirmar que:

a) Nenhuma proposição está correta.            d) Apenas as proposições I e II estão corretas.

b) Apenas as proposições II e III estão corretas. e) Apenas as proposições I e III estão corretas.

c) Todas as proposições estão corretas.

 (Mackenzie/SP-2007) Texto para as questões 25 e 26

Quando morre algum dos seus põem-lhe sobre a sepultura pratos, cheios de viandas, e uma rede (…) mui bem lavada. Isto, porque creem, segundo dizem, que depois que morrem tornam a comer e descansar sobre a sepultura. Deitam-nos em covas redondas, e, se são principais, fazem-lhes uma choça de palma. Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que depois de morrer vão descansar a um bom lugar. (…) Qualquer cristão, que entre em suas casas, dá-lhe a comer do que têm, e uma rede lavada em que durma. São castas as mulheres a seus maridos.

Padre Manuel da Nóbrega

25.(Mackenzie/SP-2007) Assinale a alternativa correta a respeito do texto.

a) A narração acerca das festividades de um grupo indígena é verossímil na medida em que nasce da observação direta do autor, isenta de outros testemunhos que poderiam pôr em dúvida a credibilidade do relato.

b) O autor disserta sobre as superstições, a bondade e a harmoniosa relação dos cônjuges de um grupo de indígenas que vivenciam um processo de aculturação.

c) O texto tem como foco principal narrar os rituais praticados por uma sociedade que, embora de cultura diferente, adota os princípios religiosos do cristianismo.

d) Ao escolher determinados aspectos do comportamento dos indígenas, como a hospitalidade, por exemplo, o jesuíta revela que a comunidade, embora não catequizada, lhe é simpática.

e) No relatório sobre os índios brasileiros, o ritual funerário ao qual o jesuíta se refere reflete o tratamento igualitário que essa sociedade dispensa a seus membros.

26.(Mackenzie/SP-2007) O texto, escrito no Brasil colonial,

a) pertence a um conjunto de documentos da tradição histórico-literária brasileira, cujo objetivo principal era apresentar à metrópole as características da colônia recém-descoberta.

b) já antecipa, pelo tom grandiloquente de sua linguagem, a concepção idealizadora que os românticos brasileiros tiveram do indígena.

c) é exemplo de produção tipicamente literária, em que o imaginário renascentista transfigura os dados de uma realidade objetiva.

d) é exemplo característico do estilo árcade, na medida em que valoriza poeticamente o “bom selvagem”, motivo recorrente na literatura brasileira do século XVIII.

e) insere-se num gênero literário específico, introduzido nas terras americanas por padres jesuítas com o objetivo de catequizar os indígenas brasileiros.

(UFPB-2007) Texto para as questões de 27 a 30.

Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás.

Ainda que os tupinambás se dividiram em bandos, e se inimizaram uns com outros, todos falam uma língua que é quase geral pela costa do Brasil, e todos têm uns costumes em seu modo de viver e gentilidades; os quais não adoram nenhuma coisa, nem têm nenhum conhecimento da verdade, nem sabem mais que há morrer e viver; e qualquer coisa que lhes digam, se lhes mete na cabeça, e são mais bárbaros que quantas criaturas Deus criou. Têm muita graça quando falam, mormente as mulheres; são mui compendiosas na forma da linguagem, e muito copiosos no seu orar; mas faltam-lhes três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade; para dizerem Francisco dizem Pancico, para dizerem Lourenço dizem Rorenço, para dizerem Rodrigo dizem Rodrigo; e por este modo pronunciam todos os vocábulos em que entram essas três letras.(SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587- Capítulo CL – Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás. In: VILLA, Marco Antônio e OLIVIERI, Antônio Carlos. Cronistas do Descobrimento. São Paulo: Ática, 1999, p. 144).

27.(UFPB-2007) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa

a) limita-se à descrição dos costumes indígenas, sem emitir nenhum juízo de valor.

b) destaca apenas qualidades negativas dos índios tupinambás, a quem chama de “bárbaros”.

c) exalta à liberdade em que vivem os índios, reconhecendo-a, indiscutivelmente, como um valor intocável.

d) reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambás, ao compará-la com a de outros índios do Brasil.

e) tece considerações críticas a respeito da liberdade excessiva dos índios.

28.(UFPB-2007) Leia o fragmento.

“[…] nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem.” (linhas 7 a 9)

A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor

a) considera eficaz a ação dos jesuítas na conversão dos indígenas.

b) mostra surpresa diante do fato de os índios não terem fé em Deus, mesmo sendo doutrinados no cristianismo.

c) defende, em princípio, que não se deve cobrar dos índios a fé em Deus.

d) reconhece a obediência dos tupinambás à conversão cristã.

e) ressalta a presença das doutrinas cristãs nas práticas religiosas dos índios.

29.(UFPB-2007) A ausência das letras F, L, R na linguagem dos tupinambás é comentada pelo autor do texto para

a) justificar a natureza mais simples da linguagem dos índios.

b) denotar apenas a diferença entre a língua dos brancos portugueses e a dos índios.

c) enfatizar, sobretudo, a criatividade na expressão linguística dos povos indígenas.

d) criticar, principalmente, a inexistência da fé, da lei e do rei na cultura tupinambá.

e) revelar somente os aspectos pitorescos na maneira de falar dos índios.

30.(UFPB-2007) O texto de Gabriel Soares de Sousa filia-se à vertente da literatura brasileira conhecida como “manifestações literárias” (século XVI). Nesse texto, verifica-se o predomínio da

a) função referencial da linguagem, embora se apresentem traços estilísticos comuns à produção literária da época.

b) função emotiva da linguagem, registrando impressões e sentimentos de natureza lírica.

c) função poética da linguagem, visto que se trata de um texto de cunho histórico.

d) linguagem conotativa, por se tratar de um texto eminentemente literário.

e) função apelativa da linguagem, uma vez que o receptor da mensagem é posto em destaque.

31.(PUC/PR/PAES-2006) Assinale a alternativa que contêm as obras consideradas os dois primeiros textos de informação, na literatura brasileira.

Para a resposta, considere fatos históricos como o descobrimento do Brasil, a chegada dos primeiros colonizadores, a vinda dos jesuítas, a passagem de viajantes e de cronistas pela nova terra.

a) Carta, de Pero Vaz de Caminha / Diário de Navegação, de Pero Lopes de Sousa.

b) Diálogo sobre a Conversão dos Gentios, de Manoel da Nóbrega / Tratado da Terra do Brasil, de Pero Magalhães Gândavo.

c) Tratados da Terra e da Gente do Brasil, de Fernão Cardim / Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Souza.

d) Diálogos das Grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão.

e) História do Brasil, de Vicente do Salvador / Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões, de José de Anchieta.

32. (PUC/PR/PAES-2006) Dos textos de informação dos jesuítas, destacam-se, pela sua importância, aqueles produzidos por três autores: ______________ / ______________ / ______________ e a característica que diferencia esses textos, também tão ricos de informações sobre a nova terra e de análise sobre a gente do Brasil, daqueles da crônica leiga, é: _____________

a) Fernão Cardim / Manoel da Nóbrega / José de Anchieta / a intenção pedagógica e moral.

b) Pero Magalhães Gândavo / Ambrósio Fernandes Brandão / Vicente do Salvador / a qualidade literária.

c) Pero Lopes de Sousa / José de Anchieta / Pero Vaz de Caminha / o amor à nova terra e ao índio do Brasil.

d) Pero Lopes de Sousa / Manoel da Nóbrega / Ambrósio Fernandes Brandão / a importância dos dados históricos.

e) Fernão Cardim / Pero Magalhães Gândavo / Vicente do Salvador / o sentimento de religiosidade.

33.(MACKENZIE-2006) José de Anchieta faz parte de um período da história cultural brasileira (século XVI) em que se destacaram manifestações específicas: a chamada “literatura informativa” e a “literatura jesuítica”. Assinale a alternativa que apresenta um excerto característico desse período.

a) Fazer pouco fruto a palavra de Deus no mundo pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. (Pe. Antônio Vieira)

b) Triste Bahia! ó quão dessemelhante / Estás e estou do nosso antigo estado, / Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, / Rica te vi eu já, tu a mim abundante.(Gregório de Matos)

c) Uma planta se dá também nesta Província, que foi da ilha de São Tomé, com a fruita da qual se ajudam muitas pessoas a sustentar a terra. (…) A fruita dela se chama banana.(Pêro de Magalhães Gândavo)

d) Vós haveis de fugir ao som de padre-nossos, / Frutos da carne infiel, seios, pernas e braços, / E vós, múmias de cal, dança macabra de ossos!(Alphonsus de Guimaraens)

e) Os ritos semibárbaros dos Piagas, / Cultores de Tupã e a terra virgem / Donde como dum trono enfim se abriram / Da Cruz de Cristo os piedosos braços. (Gonçalves Dias)

34.As primeiras manifestações literárias que se registram na Literatura Brasileira referem-se a:

a) Literatura informativa sobre o Brasil (crônica) e literatura didática, catequética (obra dos jesuítas).
b) Romances e contos dos primeiros colonizadores.
c) Poesia épica e prosa de ficção.
d) Obras de estilo clássico, renascentista.
e) Poemas românticos indianistas.

35.A literatura de informação corresponde às obras:

 a) barrocas;                                                                  d) arcádicas;

b) de jesuítas, cronistas e viajantes;                 e) do Período Colonial em geral;

c) n.d.a.

36.Qual das afirmações não corresponde à Carta de Caminha?
a) Observação do índio como um ser disposto à catequização.
b) Deslumbramento diante da exuberância da natureza tropical.
c) Mistura de ingenuidade e malícia na descrição dos índios e seus costumes.
d) Composição sob forma de diário de bordo.
e) Aproximações barrocas no tratamento literário e no lirismo das descrições.

37. (UNISA) A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história:
a) tem grande valor informativo;
b) marca nossa maturação clássica;
c) visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral;
d) está a serviço do poder real;
e) tem fortes doses nacionalistas.

38.A importância das obras realizadas pelos cronistas portugueses do século XVI e XVII é:
a) determinada exclusivamente pelo seu caráter literário;
b) sobretudo documental;
c) caracterizar a influência dos autores renascentistas europeus;
d) a deterem sido escritas no Brasil e para brasileiros;
e) n.d.a.

39.Anchieta só não escreveu:
a) um dicionário ou gramática da língua tupi;
b) sonetos clássicos, à maneira de Camões, seu contemporâneo;
c) poesias em latim, portugueses, espanhol e tupi;
d) autos religiosos, à maneira do teatro medieval;
e) cartas, sermões, fragmentos históricos e informações.

40.São características da poesia do Padre José de Anchieta:
a) a temática, visando a ensinar os jovens jesuítas chegados ao Brasil;
b) linguagem cômica, visando a divertir os índios; expressão em versos decassílabos, como a dos poetas clássicos do século XVI;
c) temas vários, desenvolvidos sem qualquer preocupação pedagógica ou catequética;
d) função pedagógica; temática religiosa; expressão em redondilhas, o que permitia que fossem cantadas ou recitadas facilmente.
e)   n.d.a.

41.(UNIV. FED. DE SANTA MARIA) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.

42.(UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)
Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:
a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.
c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.
d) Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.
e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

43.(UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala] Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:

a) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa
Portuguesa e a Companhia de Jesus.

b) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.

c) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.

d) Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.

e) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.

44.(UNIV. FED. DE SANTA MARIA) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:

a)É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.

45.(UFMS) Assinale a única alternativa correta.

As manifestações literárias no Brasil do século XVI foram fundamentalmente:

a.relatos de viajantes e missionários estrangeiros e escritos catequéticos do padre José de Anchieta

b.poemas épicos indianistas e poesia lírica de caráter religioso.

c.teatro de sátira política e crônica sobre o cotidiano das pequenas cidades.

d.obras de caráter pedagógico, de circulação restrita.

46.(UEL-PR)

A curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquista e domínio corresponde, inicialmente, o deslumbramento diante da paisagem exótica e exuberante da terra recém-descoberta, testemunhado pelos cronistas portugueses:
a. Gonçalves de Magalhães e José de Anchieta.
b. Pêro de Magalhães Gandavo e Gabriel Soares de Sousa.
c. Botelho de Oliveira e José de Anchieta.
d. Gabriel Soares de Sousa e Gonçalves de Magalhães.
e. Botelho de Oliveira e Pêro de Magalhães Gandavo.

47.(FUVEST) Entende-se por literatura informativa no Brasil:

a) o conjunto de relatos de viajantes e missionários europeus, sobre a natureza e o homem brasileiros.

b) a história dos jesuítas que aqui estiveram no século XVI.

c) as obras escritas com a finalidade de catequese do indígena.

d) os poemas do Padre José de Anchieta.

e) os sonetos de Gregório de Matos.

48.(MACK-SP) Desde seu descobrimento, escreveu-se sobre o Brasil. Alguns escritores, após tal evento, compuseram textos com o propósito fundamental de retratar, não só a terra recém-descoberta, como também as características de seus habitantes. Trata-se, pois, de uma literatura de teor informativo, apesar de se encontrarem, às vezes, algumas passagens onde se mostram elementos artísticos. Aponte a alternativa em que se encontra o nome de um texto que não se encaixe nessa tendência.

a. “Carta do Descobrimento”

b. “Tratado da terra do Brasil”

c.”Tratado descritivo do Brasil”

d. “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda”

e.”História da província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil”.

49.(UNIMEP)

“Esta virtude estrangeira / me irrita sobremaneira./ Quem a teria trazido/com seus hábitos polidos

estragando a terra inteira? /Quem é forte como eu? / Como eu, conceituado? / Sou diabo bem assado,/ Boa medida é beber / cauim até vomitar. / Que bom costume é bailar! /Adornar-se, andar pintado, / tingir penas, empenado / fumar e curandeirar / andar de negro pintado”.

(Auto de São Lourenço, José de Anchieta)

Nestes versos aparecem características da produção poética de José de Anchieta, exceto:

a.versos curtos de tradição popular;

b.preocupação catequética;

c. linguagem direta;

d. tensão e elaboração artística renascentista;

e. conflito entre o bem e o mal.

50.(FEI-SP) Dos oito (autos) que lhe são atribuídos, o melhor é o intitulado na festa de São Lourenço, representado, pela primeira vez, em Niterói, em 1583. Seu autor é:

a.José de Anchieta     b.Gregório de Matos.     c.Bento Teixeira. d.Padre Manuel da Nóbrega.

e.Gabriel Soares de Sousa.

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

1.(Unicamp-SP) Leia com atenção os poemas transcritos abaixo:

Cantiga, partindo-se

“Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.” João Roiz de Castelo Branco. Cancioneiro geral de 1516.

 Soneto

“Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade.
Enquanto houver no mundo saudade,
quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
saía, dando ao mundo claridade,
viu apartar-se de uma outra vontade,
que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,
que duns e doutros olhos derivadas,
se acrescentaram em grande e largo rio;

Ela viu as palavras magoadas.
que puderam tornar o fogo frio
e dar descanso às almas condenadas.”    Luís de Camões

Ambos os poemas desenvolvem o tema da dor da separação, mas tratam-no de forma diferente. Exponha em que consiste esse tratamento diferenciado do tema, em cada poema.

RESPOSTA

No primeiro poema, de João Roiz de Castelo Branco, o eu lírico tem a amada como interlocutora e, metonimicamente, fala do sofrimento amoroso através de seus olhos. No poema de Camões, o sofrimento dos amantes é traduzido pela natureza, mais especificamente pela madrugada, que, testemunhando sua separação, reflete em suas características o sofrimento de ambos (“Aquela triste e leda madrugada”).

2.(UFF-RJ) Leia os dois textos para responder à questão a seguir:

“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”       Luís de Camões. Obra completa.

 Soneto do amor maior

“Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mas da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida malaventurada.

Louco amor meu que, quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer — e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.”       Vinicius de Moraes. Obra completa.

 Vinicius de Moraes (séc. XX) e Luís de Camões (séc. XVI) se aproximam, nestes sonetos, em relação à forma poética. Compare os poemas de Vinicius de Moraes e Camões, destacando:

a) Do soneto de Camões, uma antítese construída pela formação de nomes que tenham o mesmo radical.

b) Do soneto de Vinicius de Moraes, uma antítese construída pela formação de nomes com radicais diferentes.

RESPOSTAS:

a)“É um contentamento descontente.”
b) “E quando a sente alegre, fica triste/E se a vê descontente, dá risada.”

3.(Fuvest)

“Quando da bela vista e doce riso,
tomando estão meus olhos mantimento,
tão enlevado sinto o pensamento
que me faz ver na terra o Paraíso.

Tanto do bem humano estou diviso,
que qualquer outro bem julgo por vento;
assi, que em caso tal, segundo sento
assaz de pouco faz quem perde o siso.

Em vos louvar, Senhora, não me fundo,
porque quem vossas cousas claro sente,
sentirá que não pode merecê-las.

Que de tanta estranheza sois ao mundo,
que não é d’estranhar, Dama excelente,
que quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.”                 Camões.

a) Caracterize brevemente a concepção de mulher que este soneto apresenta.

b) Aponte duas características desse soneto que o filiam ao Classicismo, explicando-as sucintamente.

RESPOSTAS

a) A mulher é apresentada como um exemplo perfeito da criação divina, que eleva o pensamento do eu lírico e está acima das coisas terrenas. Em resumo, é uma concepção platônica de mulher.
b) Podemos apontar como características do Classicismo a concepção platônica do amor (visão da mulher “pura”, e não apresentada em seus aspectos materiais) e o rigor formal, presente no uso de versos decassílabos e na forma do soneto.

(Ufscar-SP) Leia o trecho abaixo para responder às questões 4 e 5.

“Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado,
Assim que só pera mim
Anda o Mundo concertado.”Luís de Camões. Ao desconcerto do Mundo.
In: Rimas. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar Editora, 1963, p. 476.

4.O poema está composto com versos de sete sílabas e na forma conhecida como “esparsa”, que, junto com outras, constituía o estoque de formas medievais que muitos poetas clássicos de Portugal, dentre os quais Camões, continuaram usando no século XVI e que se denominavam de “medida velha”. Além dessas formas, Camões usou as italianizantes ou clássicas, que se denominavam de “medida nova”.

a) Cite outra forma de “medida velha” usada por Camões.

b) Cite duas formas de “medida nova”.

5.Este curto poema de Camões compõe-se de partes correspondentes ao destaque dado às personagens (o eu poemático e os outros). Quanto ao significado, o poema baseia-se em antíteses desdobradas, de tal maneira trançadas que parecem refletir o “desconcerto do mundo”. Posto isso:

a) Identifique a antítese básica do poema e mostre os seus desdobramentos.

b) Explique a composição do texto com base nas rimas.

RESPOSTAS:

a) A forma de “medida velha” em Camões é o vilancete, modalidade poética composta por um mote (proposta de um motivo ou tema) e glosa ou volta (desenvolvimento do tema proposto no mote). A cantiga é outra forma utilizada por Camões. Genericamente, as composições em “medida velha” podem ser chamadas de redondilhas.

b) O soneto é a forma de “medida nova” mais frequente em Camões. Além dessa, há ainda as seguintes formas: elegia, ode, sextina, écloga, oitavas, etc.

a) A antítese básica do poema se constrói a partir do choque entre o bem e o mal, presente na dualidade entre “os bons” e “os maus”. Os desdobramentos da antítese são punição e recompensa, explicada pelo fato de serem premiados aqueles que mereceriam punição e punidos aqueles que mereceriam a recompensa. Por isso é que o mundo está desconcertado, falta-lhe harmonia ou coerência.
b) O texto de Camões é poema de uma só estrofe com dez versos, denominado décima. Os cinco primeiros são unificados pelas mesmas rimas; os cinco últimos, por outras. Em ambas as partes, as rimas, quanto à disposição, são alternadas (intercaladas) e justapostas (paralelas): abbaab; cddcdc. Quanto ao valor, há pobres (eufonia entre palavras da mesma classe gramatical) e ricas (eufonia entre palavras de diferentes classes gramaticais).

Sete  anos de  pastor  Jacó servia

Sete anos de pastor Jacó servia
Lobão, pai de Raquel serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.

Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.

6. O racionalismo é uma das características mais frequentes da literatura clássica portuguesa. A logicidade do pensamento quinhentista repercutiu no rigor formal de seus escritores, e no culto à expressão das “verdades eternas”, sem que isto implicasse tolhimento da liberdade imaginativa e poética. Com base nestas observações, releia os dois textos apresentados e;
a) aponte um procedimento literário de Camões que comprove o rigor formal do classicismo;
b) indique o dado da passagem bíblica que, por ter sido omitido por Camões, revela a prática da liberdade poética e confere maior carga sentimental ao seu modo de focalizar o mesmo episódio.

RESPOSTAS:

a) Preferência pelo soneto petrarquista com rimas e versos decassílabos.
b) Camões omite que Jacó casou-se com Lia e, uma semana depois, com Raquel.

 7:Quando da bela vista e doce riso,
tomando estão meus olhos mantimento,
tão enlevado sinto o pensamento
que me faz ver na terra o Paraíso.

Tanto do bem humano estou diviso,
que qualquer outro bem julgo por vento;
assi, que em caso tal, segundo sento,
assaz de pouco faz quem perde o siso.

Em vos louvar, Senhora, não me fundo,
porque quem vossas cousas claro sente,
sentirá que não pode merecê-las.

Que de tanta estranheza sois ao mundo,
que não é d’estranhar, Dama excelente,
que quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.
(Camões, ed. A.J. da Costa Pimpão)

Tomando mantimento – tomando consciência.
Estou diviso – estou separado, apartado.
Sento – sinto.
Não me fundo – não me empenho.

a) Caracterize brevemente a concepção de mulher que este soneto apresenta.
b) Aponte duas características desse soneto que o filiam ao Classicismo, explicando-as sucintamente.
RESPOSTAS:

a) A mulher é vista não como uma companheira mas como um ser angelical. A beleza converte-se em Beleza pura, que leva ao “mundo das ideias” e à divindade.
b) O soneto composto por dois quartetos e dois tercetos e a medida nova (versos decassílabos) são características do Classicismo. Ainda, há figuras de linguagem como o hipérbato, a seleção lexical e outros.

8.”Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;”
(Lírica de Camões, seleção, prefácio e Notas de MASSAUD MOISÉS, S. P., Ed. Cultrix, 1963)

“Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo.

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.”
(SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, “Terror de te amar”, em Antologia Poética)
Dos dois textos transcritos, o primeiro é de Luís Vaz de Camões (século XVI) e o segundo, de Sophia de Mello Breyner Andresen (século XX). Compare-os, discutindo, através de critérios formais e temáticos, aspectos em que ambos se aproximam e aspectos em que ambos se distanciam um do outro.
RESPOSTA:

Aproximam-se pelo tema do amor e pela utilização de anáforas.
Distanciam-se pela métrica (versos decassílabos em Camões e livres em Andresen) e pela forma de tratar o amor (em Camões o amor é impessoal, e em Andresen é pessoal).

9. (UFRGS-RS) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões. “Um mover de olhos, brando e piedoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado, um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um desejo gravíssimo e modesto;
uma pura bondade manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;
um encolhido ousar, uma brandura;
um medo sem ter culpa, um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.”

Em relação ao poema acima, considere as seguintes afirmações.

I.O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e superior, idealizando a figura feminina.

II.O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade.

III. O poeta sugere o desejo erótico ao referir a figura mitológica de Circe.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.        b) Apenas III.        c) Apenas I e II.     d) Apenas I e III.     e) I, II e III.

10.(UFV-MG)

Leia o soneto a seguir, de autoria do poeta quinhentista Luis de Camões:

“Verdade, Amor, Razão, Merecimento,
qualquer alma farão segura e forte;
porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte,
têm do confuso mundo o regimento.
Efeitos mil revolve o pensamento
e não sabe a que causa se reporte;
mas sabe que o que é mais que vida e morte,
que não o alcança humano entendimento.
Doctos varões darão razões subidas,
mas são experiências mais provadas
e por isso é melhor ter muito visto.
Cousas há aí que passam sem ser cridas
e cousas cridas há sem ser passadas,
mas o melhor que tudo é crer em Cristo.”

Dentre as alternativas abaixo, apenas uma NÃO interpreta corretamente o poema. Assinale-a:

a) O soneto camoniano confirma a persistência de valores cristãos num momento em que se sentia a forte presença do racionalismo quinhentista.

b) O eu lírico mostra-nos que, se valores como a Verdade e o Amor podem fortalecer a alma do homem, outros como o Tempo e a Sorte podem definir-lhe o destino e governar o mundo

c) O homem renascentista, já capaz de conhecer o mundo e a si próprio, não consegue elucidar os mistérios da vida e da morte.

d) O texto confirma que o homem do século XVI também vivenciou os conflitos existentes entre o racionalismo antropocêntrico e a religiosidade teocêntrica.

e) O poema de Camões denuncia a existência de um eu lírico totalmente convencido de que a Verdade, a Razão, o Amor e o Merecimento são os grandes valores que regem o destino da humanidade.

 11.(Unifap)

“Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.”

Os versos acima revelam um dos temas desenvolvidos por Camões em sua construção lírica. A afirmação que evidencia a temática sugerida pelo poeta no texto é o(a):

(A) acentuado pessimismo e a valorização da religiosidade mística.

(B) instabilidade e fugacidade da vida e dos bens materiais.

(C) desproporção entre o merecimento humano e o destino.

(D) sofrimento pela indiferença e pela espiritualização do amor.

(E) a desordem do mundo diante da indiferença e da rejeição.

(PUC-SP) Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13.

“Um mover de olhos brando e piedoso,
Sem ver de quê, um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa, um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste formosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.”

12.O soneto acima é de Luís de Camões e se enquadra em sua poesia lírica. Releia-o atentamente e indique a alternativa errada a respeito dele.

a) Pinta o retrato da mulher amada, composto de traços físicos e de caráter e realçado por imagens construídas por antíteses.

b) Apresenta uma sucessão de frases nominais que, no conjunto, caracterizam uma clara função descritiva.

c) Marca-se por uma força poética que atravessa o texto e alcança seu ápice no nome Circe, núcleo da nomeação e metáfora da mulher amada.

d) Configura, sintaticamente, os quartetos e o primeiro terceto como apostos da proposição contida no segundo terceto.

e) Apresenta regularidade sintática porque tanto os quartetos quanto os tercetos se constroem da idêntica estrutura lógico-oracional.

13.O lirismo é uma das vertentes da poesia camoniana e perpetua o poeta na história da sensibilidade humana. Desse lirismo é incorreto afirmar:

a) Se mostra em sonetos, cujos versos são marcados pelo “doce estilo novo”, trazido do Renascimento italiano por Sá de Miranda.

b) Dialoga com a sensibilidade e com a inteligência do leitor, mas é possível separar nele emoção e razão, já que o desconcerto amoroso inexiste neste gênero poético camoniano.

c) Se expressa em sonetos de construção racional e que combinam com o estilo de Camões, que é, não apenas de confissão afetiva, mas questionador da própria emoção.

d) Apresenta tensão entre os chamados do amor físico, isto é, os desejos e as paixões, e os do amor platônico, ou seja, o vislumbre do transcendental e a busca da unidade divina do ser no reino das ideias.

e) Desenvolve pluralidade de temas, como a transitoriedade da vida, a fugacidade do tempo e da beleza, a precariedade do destino, a necessidade de fruir o instante que passa e o desconcerto do mundo.

 14.Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmação seguinte:
O movimento desenvolveu-se no apogeu político de Portugal; consiste numa concepção artística baseada na imitação dos modelos clássicos gregos e latinos. Nele, o pensamento lógico predomina sobre a emoção, e a estrutura da composição poética obedece a formas fixas, com a introdução da medida nova, que convive com a medida velha das formas tradicionais.
Trata-se do:
a) Modernismo.  b) Barroco.  c) Romantismo.   d) Classicismo.    e) Realismo.

15.Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre leões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co’o amor intrínseco e vontade
Naquele por quem morro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério sejam da mãe triste.
O trecho evidencia características:
a) da poesia trovadoresca.
b) do Barroco português.
c) de um auto vicentino.
d) da poesia lírica de Antero de Quental.
e) da poesia épica camoniana.

 Texto 1:

“Sôbolos rios que vão
Por Babilônia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
E quanto nela passei.”

Texto 2:

“Enquanto quis Fortuna que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento
Escureceu-me o engenho ao tormento,
Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são e não defeitos.
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.”

16Sobre os textos acima, é correto afirmar que:
a) o primeiro faz parte de uma cantiga trovadoresca.
b) ambos pertencem à obra de Camões, sendo o primeiro um exemplo de medida velha e o segundo, de medida nova.
c) o primeiro foi extraído de um auto vicentino e o segundo, de um autor barroco.
d) pertencem ao Cancioneiro Geral de Garcia de Resende.
e) têm aspectos evidentemente barrocos, fazendo parte, portanto, da lírica de Gregório de Matos.

17.Na LÍRICA de Camões,
a) o metro usado para a composição dos sonetos é a redondilha maior.
b) encontram-se sonetos, odes, sátiras e autos.
c) cantar a Pátria é o centro das preocupações.
d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos poetas brasileiros do século XX.
e) a Mulher é vista em seus aspectos físicos, despojada de espiritualidade.

18.UFRS Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões.

“Um mover de olhos, brando e piedoso,

sem ver de quê; um riso brando e honesto,

quase forçado, um doce e humilde gesto,

de qualquer alegria duvidoso;

um despejo quieto e vergonhoso;

um desejo gravíssimo e modesto;

uma pura bondade manifesto

indício da alma, limpo e gracioso;

um encolhido ousar, uma brandura;

um medo sem ter culpa, um ar sereno;

um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste formosura

da minha Circe, e o mágico veneno

que pôde transformar meu pensamento.”

Em relação ao poema acima, considere as seguintes afirmações.

I.O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e superior, idealizando a figura feminina.

II.O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade.

III. O poeta sugere o desejo erótico ao referir a figura mitológica de Circe.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.      b) Apenas III.               c) Apenas I e II.       d) Apenas I     e III e) I, II e III.

 19.Identifique a alternativa que não contenha ideais clássicos de arte:
a) Universalismo e racionalismo.
b) Formalismo e perfeccionismo.
c) Obediência às regras e modelos e contenção do lirismo.
d) Valorização do homem (do aventureiro, do soldado, do sábio e do amante) e verossimilhança (imitação da verdade e da natureza).
e) Liberdade de criação e predomínio dos impulsos pessoais.

20.O culto aos valores universais – o Belo, o Bem, a Verdade e a Perfeição – e a preocupação com a forma aproximaram o Classicismo de duas escolas literárias posteriores. Aponte a alternativa que identifica essas escolas:
a) Barroco e Simbolismo;                      d) Arcadismo e Parnasianismo;
b) Romantismo e Modernismo;              e) Trovadorismo e Humanismo;
c) Realismo e Naturalismo.

21.Assinale a incorreta sobre Camões:

a) Sua obra compreende os gêneros épico, lírico e dramático.
b) A lírica de Camões permaneceu praticamente inédita. Sua primeira compilação e póstumas, datada de 1595, e organizada sob o título de As Rimas de Luís de Camões, por Fernão Rodrigues Lobo Soropita.
c) Sua lírica compõe-se exclusivamente de redondilhas e sonetos.
d) Apesar de localizada no período clássico-renascentista, a obra de citações barrocas.
e) Representa a amadurecimento de língua portuguesa, sua estabilização e a maior manifestação de sua excelência literária.

22.Ainda sobre Camões, assinale a incorreta:
a) Não há um texto definitivo de lírica camoniana. Atribuem-se lhe cerca de 380 composições líricas, destacando-se os cerca de 200 sonetos, alguns de autoria controversa.
b) Camões teria reunido sua lírica sob o titulo de O Parnaso Lusitano, que se perdeu, e do qual há algumas referências nas cartas do poetas.
c) As redondilhas de Camões seguem os moldes da poesia palaciana do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende e , mesmo na medida velha, o poeta superou seus contemporâneos e antecessores.
d) A lírica na medida velha, tradicional, medieval, vale-se dos motes glosados, das redondilhas e são de cunho galante, alegre madrigalesco.
e) A principal diferença entre a poesia lírica e a poesia épica é formal e manifesta-se da utilização de versos de diferentes metros.

 23. O lirismo é uma das vertentes da poesia camoniana e perpetua o poeta na história da sensibilidade humana. Desse lirismo é incorreto afirmar:

a) Se mostra em sonetos, cujos versos são marcados pelo “doce estilo novo”, trazido do Renascimento italiano por Sá de Miranda.

b) Dialoga com a sensibilidade e com a inteligência do leitor, mas é possível separar nele emoção e razão, já que o desconcerto amoroso inexiste neste gênero poético camoniano.

c) Se expressa em sonetos de construção racional e que combinam com o estilo de Camões, que é, não apenas de confissão afetiva, mas questionador da própria emoção.

d) Apresenta tensão entre os chamados do amor físico, isto é, os desejos e as paixões, e os do amor platônico, ou seja, o vislumbre do transcendental e a busca da unidade divina do ser no reino das ideias.

e) Desenvolve pluralidade de temas, como a transitoriedade da vida, a fugacidade do tempo e da beleza, a precariedade do destino, a necessidade de fruir o instante que passa e o desconcerto do mundo.

 24.(Insper 2012)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

muda-se o ser, muda-se a confiança;

todo o mundo é composto de mudança,

tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

diferentes em tudo da esperança;

do mal ficam as mágoas na lembrança,

e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

que já coberto foi de neve fria, e, enfim,

converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

outra mudança faz de mor espanto,

que não se muda já como soía*.             Luís Vaz de Camões

*soía: Imperfeito do indicativo do verbo soer, que significa costumar, ser de costume

Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o sentido dos versos de Camões.

a) O foco temático do soneto está relacionado à instabilidade do ser humano, eternamente insatisfeito com as suas condições de vida e com a inevitabilidade da morte.

b) Pode-se inferir, a partir da leitura dos dois tercetos, que, com o passar do tempo, a recusa da instabilidade se torna maior, graças à sabedoria e à experiência adquiridas.

c) Ao tratar de mudanças e da passagem do tempo, o soneto expressa a ideia de circularidade, já que ele se baseia no postulado da imutabilidade.

d) Na segunda estrofe, o eu lírico vê com pessimismo as mudanças que se operam no mundo, porque constata que elas são geradoras de um mal cuja dor não pode ser superada.   

e) As duas últimas estrofes autorizam concluir que a ideia de que nada é permanente não passa de uma ilusão.

25.(UNOPAR-PR) Desenvolvimento do comércio de reduzida importância na Idade Média; crescente utilização do dinheiro, invenções e melhoramentos técnicos decorrentes das grandes navegações.

Os dados anteriores integram o painel histórico do:

a. Classicismo       b.Barroco               c.Romantismo       d.Arcadismo     e.Modernismo

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

1.O teatro de Gil Vicente caracteriza-se por ser fundamentalmente popular. E essa característica manifesta-se, particularmente, em sua linguagem poética, como ocorre no trecho a seguir, de “O Auto da Barca do Inferno”.

Ó Cavaleiros de Deus,
A vós estou esperando,
Que morrestes pelejando
Por Cristo, Senhor dos Céus!
Sois livres de todo o mal,
Mártires da Madre Igreja,
Que quem morre em tal peleja
Merece paz eternal.

No texto, fala final do Anjo, temos no conjunto dos versos
a) variação de ritmo e quebra de rimas.
b) ausência de ritmo e igualdade de rimas.
c) alternância de redondilha maior e menor e simetria de rimas.
d) redondilha menor e rimas opostas e emparelhadas.
e) igualdade de métrica e de esquemas das palavras que rimam.

2.(UESPI) Sobre o Humanismo, assinale a alternativa INCORRETA:
A)Houve a separação entre poesia e música.
B)Encontra-se a poesia palaciana que é declamada e ganha em expressão.
C)Gil Vicente é o fundador do teatro português.
D)Fernão Lopes é nomeado cronista-mor da Torre do Tombo e este fato é considerado o marco inicial do Humanismo.
E)O caráter humanista da Idade Média está relacionado ao Teocentrismo, onde Deus é o centro das atenções.

3.(UFPI/2006-1ª ETAPA) Sobre Gil Vicente e sua obra, assinale a alternativa correta.
A)Respeita apenas o poder da Igreja.
B)Centra suas críticas nos membros das classes baixas.
C)Conserva a lei das três unidades básicas do teatro clássico.
D)Identifica suas personagens pela ocupação ou pelo tipo social de cada uma delas.

4.(UFPA) Os temas do teatro vicentino são diversos, mas vale ressaltar que nada foi mais impressivo e atual, na obra de Gil Vicente, do que a crítica contundente à sociedade da época.
O Auto da Índia é um exemplo disso e sobre a peça NÃO é correto afirmar:

(A) O motivo mais destacado da obra em questão é o da cobiça, que levou muitos portugueses ao Oriente, descuidados dos perigos das viagens marítimas.

(B) Embora o tema da peça trate de assunto sério e de grande relevância moral, Gil Vicente repassa-o por meio de uma sátira leve e muito divertida.

(C) “Virtuosa esta minha ama!
       Do triste dele hei dó”.

Esses versos correspondem à fala da Moça, responsável pelos serviços domésticos da casa, e, por meio deles, é possível observar a carga de ironia com que Gil Vicente constrói os diálogos dos personagens.

(D) Lemos: “Que dizeis, senhora minha?”
Ama: “Metei-vos nessa cozinha,
Que m’estão ali chamando “.

Essas falas são uma amostra das atitudes da mulher que se cercava de amantes, na ausência do marido, e necessitava escondê-los para evitar encontros desagradáveis.

(E) O Auto da Índia consta sob a denominação de farsa. Essa categoria caracterizava-se por tratar dos vícios da sociedade quinhentista portuguesa.

5.(UFPA)

VELHA

“E o lavrar [o trabalho], Isabel?
ISA. Faz a moça mui mal feita,
Corcovada e contrafeita,
De feição de meio anel; 515
E faz muito mao [mau] carão [semblante],
E mao costume dolhar.
VEL. Hui! pois jeita-te [dedica-te] ao fiar
Estopa, linho ou algodão,
Ou tecer, se vem à mão.
ISA. Isso he [é] peor que lavrar. 520
VEL. Engeitas tu o fiar?
ISA. Que não hei de fiar não.
Eu sou filha de moleira?
Em roca me falais vós?
Ora assi salve Deos, 525
Que tendes forte cenreira [teimosia].

VELHA

Aprende logo a tecer.
ISA. Então bolir co fiado [tecer]:
Achais outro mais honrado
Ofício pera eu saber? 530”

VICENTE, Gil. Farsa de “Quem tem farelos”. In: Obras de Gil Vicente.
Porto: Lello & Irmão, 1965. p. 583-584.

Sobre o fragmento transcrito, é correto afirmar:

(A) Isabel, embora aceite a submissão dos filhos aos pais, não o admite alguns tipos de trabalhos manuais que possam comprometer a sua aparência física .

(B) Trata-se de um fragmento da discussão final entre a Velha e a Isabel (vv. 451-538), por meio da qual o leitor contrapõe conceitos opostos sobre o trabalho feminino da época.

(C) A Velha repudia as atividades relacionadas ao fiar e ao tecer, defendendo que apenas as moças pobres devem dedicar-se a trabalhos domésticos.

(D) A discussão final entre a Velha e a filha marca duas posições opostas e irreconciliáveis, o que as torna personagens individualizadas em oposição ao tipo do fidalgo pobre, representado por Aires Rosado.

(E) A sátira à sociedade portuguesa vincula-se a uma crítica de personagens, representando Isabel uma geração superada historicamente.

6.(PSS/UFPA-2007) Sobre as personagens femininas do Auto da Índia, de Gil Vicente, é CORRETO afirmar:

a) A Ama simboliza o modelo tradicional de esposa e permite estabelecer uma crítica severa ao adultério feminino.

b) A Ama, personagem principal do auto, apresenta-se como “moça e fermosa” e vale-se disso para justificar sua conduta na ausência do marido.

c) A Moça, por criticar o comportamento incorreto da Ama, foge à tipificação característica do teatro vicentino.

d) A Moça é a personagem principal, girando em torno dela toda a ação. Vale-se da mentira e da astúcia para enganar a Ama.

e) Constança representa o tipo dos dependentes domésticos, que não ousam questionar a autoridade dos patrões.

7. Sobre o Humanismo, identifique a alternativa falsa:
a) Em sentido amplo, designa a atitude de valorização do homem de seus atributos e realizações.
b) Configura-se na máxima de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”.
c) Rejeita a noção do homem regido por leis sobrenaturais e opõe-se ao misticismo.
d) Designa tanto uma atitude filosófica intemporal quanto um período especifico da evolução da CULTURA ocidental.
e) Fundamenta-se na noção bíblica de que o homem é pó e ao pó retornará, e de que só a transcendência liberta o homem de seu insignificância terrena.

8.Ainda sobre o Humanismo, assinale a afirmação incorreta:
a) Associa-se à noção de antropocentrismo e representou a base filosófica e cultural do Renascimento.
b) Teve como centro irradiador a Itália e como precursor Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca.
c) Denomina-se também Pré-Renascentismo, ou Quatrocentismo, e corresponde ao século XV.
d) Representa o apogeu da cultura provençal que se irradia da França para os demais países, por meio dos trovadores e jograis.
e) Retorna os clássicos da Antiguidade greco-latina como modelos de Verdade, Beleza e Perfeição.

9.Sobre a poesia palaciana, assinale a alternativa falsa:
a) É mais espontânea que a poesia trovadoresca, pela superação da influência provençal, pela ausência de normas para a composição poética e pelo retorno á medida velha.
b) A poesia, que no trovadorismo era canto, separa-se da música, passando a ser fala. Destina-se à leitura individual ou à recitação, sem o apoio de instrumentos musicais.
c) A diversidade métrica da poesia trovadoresca foi praticamente reduzida a duas medidas: os versos de 7 sílabas métricas (redondilhas menores).
d) A utilização sistemática dos versos redondilhas denominou-se medida velha, por oposição à medida nova, denominação que recebemos os versos decassílabos, trazidos da Itália por Sá de Miranda, em  1527.
e) A poesia palaciana foi compilada em 1516, por Garcia de Resende, no Cancioneiro Geral, antologia que reúne 880 composições, de 286 autores, dos quais 29 escreviam em castelhano. Abrange a produção poética dos reinados de D. Afonso V (1438-1481), de D. João II (1481-1495) e de D. Manuel I – O Venturoso (1495-1521)

10.O Cancioneiro Geral não contém:
a) Composições com motes e glosas.                d) Cantigas e esparsas.
b) Trovas e vilancetes.                                           e) Composições na medida velha.
c) Sonetos e canções.


11.A obra de Fernão Lopes tem um caráter:
a) Puramente científico, pelo tratamento documental da matéria histórica;
b) Essencialmente estético pelo predomínio do elemento ficcional;
c) Basicamente histórico, pela fidelidade à documentação e pela objetividade da linguagem científica;
d) Histórico-literário, aproximando-se do moderno romance histórico, pela fusão do real com o imaginário.
e) Histórico-literário, pela seriedade da pesquisa histórica, pelas qualidades do estilo e pelo tratamento literário, que reveste a narrativa histórica de um tom épico e compõe cenas de grande realismo plástico, além do domínio da técnica dramática de composição.

12.(FUVEST) Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente:
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.
c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
d) Só escreveu peças e português.
e) Representa o melhor do teatro clássico português.
13.(FUVEST-SP) Caracteriza o teatro de Gil Vicente:
a) A revolta contra o cristianismo.
b) A obra escrita em prosa.
c) A elaboração requintada dos quadros e cenários apresentados.
d) A preocupação com o homem e com a religião.
e) A busca de conceitos universais.

14.(Unitau-SP).Em relação a Gil Vicente, é incorreto dizer que
a) recebeu, no início de sua intensa atividade literária, influência de Juan del Encina.
b) sua primeira produção teatral foi “Auto dos Reis Magos”.
c) suas obras se caracterizaram, antes de tudo, por serem primitivas e populares.
d) suas obras surgiram para entretenimento nos ambientes da corte portuguesa.
e) seu teatro caracterizou-se por observações satíricas às camadas sociais da época.

15.( MACK-SP) Marque a alternativa incorreta a respeito do Humanismo:
a) Época de transição entre a Idade Média e o Renascimento.
b) O teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo.
c) Fernão Lopes é o grande cronista da época.
d) Garcia de Resende coletou as poesias da época, publicadas em 1516 com o nome de Cancioneiro Geral.
e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo assunto é religioso, desprovido de crítica social.

(MACK – SP) Na passagem da Idade Média para o Renascimento, dois escritores portugueses se destacaram, por apresentar características que já previam uma nova tendência  filosófica e artística.

Trata-se de:

a)Fernão Lopes e Gil Vicente                       d)Camões e Bocage

b)D. Dinis e Paio Soares de Taveirós           e) Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos

c)Garcia de Resende e Aires Teles

17.( UM-SP ) Assinale a alternativa em que se encontra uma afirmação incorreta sobre a obra de Gil Vicente.

a)Sofre a influência de Juan del Encina, principalmente no teatro pastoril de sua primeira fase.

b)Seus personagens representam tipos de uma vasta galeria de estratos da sociedade portuguesa da época.

c)Por viver em pleno Renascimento, apega-se aos valores greco-romanos, desprezando os princípios da Idade Média.

d)Um dos maiores valores de sua obra é ter contrabalançado uma sátira contundente como pensamento cristão.

e)Suas obras-primas, como a Farsa de Inês Pereira, são escritas na terceira fase de sua carreira, período de maturidade intelectual.

18.Todo o Mundo: Folgo muito em enganar e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá compadre, não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Que?

Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso e Ninguém diz a verdade.

O texto afirma que:

a)todo o mundo é mentiroso.                                       d)ninguém diz a verdade.

b)Ninguém é mentiroso.                                              e)Todo o Mundo é mentiroso.

c)todo o Mundo diz a verdade.

19.Sobre o teatro de Gil Vicente, é correto afirmar:

a)não tem como objetivo a moralização dos costumes.

b)foi todo escrito em português.

c)segue fielmente o modelo do teatro clássico grego.

d)apresenta um rico painel da sociedade portuguesa do início do século XVI.

e)apresenta personagens e situações fora do contexto social de sua época.

20.Das obras abaixo, assinale aquela que não faz parte da chamada trilogia das barcas:

a) Auto da barca do céu                                d) Auto da barca do inferno.

b) Auto da barca da glória                           e) Auto da barca do purgatório

e) Nenhuma das anteriores

21.Sobre o Humanismo português, julgue os itens a seguir:

I.No seu contexto histórico, o Humanismo marca uma fase de transição entre o teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista.

II.Também no plano histórico, podemos constar ainda o renascimento urbano, crises na Igreja e no Feudalismo.

III.Para fins didáticos, podemos dividir as produções literárias do Humanismo em três grupos: o teatro vicentino, a prosa palaciana e a poesia historiográfica.

IV.Gil Vicente escreveu principalmente autos e farsas, nos quais ele tecia críticas à sociedade através do humor, respeitando a máxima do teatro da época: ridendo, castigat mores, ou seja, “rindo, corrigem-se os costumes.

Estão corretas todas as afirmativas, com exceção de:

a) I, III, IV                b) III               c) I, III                d) II, IV               e) I, II, III

22. (Mackenzie-SP) – Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em Portugal, (1) revela-nos, em sua obra lírica, (2) uma ambivalência típica desse período (3) de um lado, a ideologia teocêntrica do mundo medieval; (4) de outro, influenciado pelo antropocentrismo emergente, (5) é o analista mordaz da sociedade portuguesa do século XVI. É esse ambivalência que o situa como autor de transição: (6) entre o humanismo e o antropocentrismo. (7) Dos fragmentos destacados:
a- Todos estão corretos.
b- Todos estão incorretos.
c- Apenas 4 e 5 estão incorretos.
d- Apenas 2 e 7 estão incorretos.
e- Apenas 2, 5 e 7 estão incorretos.

23.(UniCOC-SP) Considere as seguintes asserções sobre o teatro de Gil Vicente.

I.Autos pastoris, autos de moralidade e farsas são gêneros cultivados pelo autor.

II.O espírito crítico cultivado pelo teatro vicentino são poupa o clero corrupto, que é ridicularizado.

III.As personagens do autor representam tipos sociais como alcoviteiras, velhos ridículos, maridos ingênuos, nobres pedantes, entre outros.

Deve-se afirmar que:

a) I, II e III estão corretas                                                    d) apenas I e II estão corretas

b) apenas I e III estão corretas                                         e) apenas II está correta

c) apenas II e III estão corretas

Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor

(Unesp)

Instrução: As questões de números 1 a 3 tomam por base uma cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema Confessor medieval, de Cecília Meireles (1901-1964).

Cantiga

“Bailemos nós já todas três, ai amigas,
So aquestas avelaneiras frolidas,
E quem for velida, como nós, velidas,
Se amigo amar,
So aquestas avelaneiras frolidas
Verrá bailar.

Bailemos nós já todas três, ai irmanas,
So aqueste ramo destas avelanas,
E quem for louçana, como nós, louçanas,
Se amigo amar,
So aqueste ramo destas avelanas
Verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos,

So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós parecemos
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo que bailemos
Verrá bailar.”

Airas Nunes. In: SPINA, Segismundo.
Presença da literatura portuguesa: I. Era medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1966.

Confessor medieval

(1960)
“Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saia de sirgo?

Se te dera apenas um anel de vidro
Irias com ele por sombra e perigo?

Irias à bailia sem teu amigo,
Se ele não pudesse ir bailar contigo?

Irias com ele se te houvessem dito
Que o amigo que amavas é teu inimigo?

Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
Irias sem ele, e sem anel de vidro?

Irias à bailia, já sem teu amigo,
E sem nenhum suspiro?”

Cecília Meireles. Poesias completas de Cecília Meireles. v. 8.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

Tanto na cantiga como no poema de Cecília Meireles, verificam-se diferentes personagens: um eu-poemático, que assume a palavra, e um interlocutor ou interlocutores a quem se dirige. Com base nesta informação, releia os dois poemas e, a seguir:

1.a) Indique o interlocutor ou interlocutores do eu-poemático em cada um dos textos.

b) Identifique, em cada poema, com base na flexão dos verbos, a pessoa gramatical utilizada pelo eu-poemático para dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores

2.A leitura da cantiga de Airas Nunes e do poema “Confessor medieval”, de Cecília Meireles, revela que este poema, mesmo tendo sido escrito por uma poeta modernista, apresenta intencionalmente algumas características da poesia trovadoresca, como o tipo de verso e a construção baseada na repetição e no paralelismo.

Releia com atenção os dois textos e, em seguida, considerando que o efeito de paralelismo em cada poema se torna possível a partir da retomada, estrofe a estrofe, do mesmo tipo de frase adotado na estrofe inicial (no poema de Airas Nunes, por exemplo, a retomada da frase imperativa), aponte o tipo de frase que Cecília Meireles retomou de estrofe a estrofe para possibilitar tal efeito

3.As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-se em dois gêneros na poesia trovadoresca: as “cantigas de amor”, em que o eu-poemático representa a figura do namorado (o “amigo”), e as “cantigas de amigo”, em que o eu-poemático representa a figura da mulher amada (a “amiga”) falando de seu amor ao “amigo”, por vezes dirigindo-se a ele ou dialogando com ele, com outras “amigas” ou, mesmo, com um confidente (a mãe, a irmã, etc.). De posse desta informação:

a) Classifique a cantiga de Airas Nunes em um dos dois gêneros, apresentando a justificativa dessa resposta;

b) Identifique, levando em consideração o próprio título, a figura que o eu-poemático do poema de Cecília Meireles representa.

Respostas

1.a) Na cantiga, o eu lírico se dirige a duas outras moças, que são chamadas ora de amigas, ora de irmãs. No poema de Cecília Meireles, o eu lírico apresenta-se como um confessor ou confidente que se dirige a uma moça apaixonada.
b) Na cantiga, o eu lírico, para se referir aos interlocutores, utiliza a 1ª pessoa do plural: “bailemos”, “nós”. No segundo texto, a pessoa gramatical utilizada para se referir ao interlocutor é a 2ª do singular: “irias”, “tu”, “teu”.

2.No poema de Cecília Meireles, a oração subordinada adverbial condicional que aparece no 2 o verso da 1ª estrofe (“Se ele não te dera saia de sirgo”) é retomada de estrofe a estrofe com alterações. Na 2ª e 3ª estrofes as orações são: “Se te dera apenas um anel de vidro” e “Se ele não pudesse ir bailar contigo”. Na penúltima estrofe, a oração aparece com estrutura mais simples, com a condição veiculada por meio da preposição sem: “Sem a flor no peito, sem saia de virgo”/Irias sem ele, e sem anel de vidro”. Assim, o paralelismo se constrói pela repetição de períodos interrogativos (sempre com o verbo irias), dentro dos quais há sempre um elemento condicional.

3.a) A cantiga apresentada é uma das mais conhecidas do cancioneiro medieval, classificada como “cantiga de amigo”. Os elementos que justificam a resposta são: presença de eu lírico feminino, estrutura paralelística (repetição quase integral dos versos) e refrão.
b) A partir do título do poema (“Confessor medieval”), reconhece-se como eu lírico do texto a figura de um religioso ou confidente que aconselha a moça a ser cuidadosa no envolvimento amoroso e apontando as possíveis dificuldades do amor.

(Unicamp-SP) Leia com atenção os poemas transcritos abaixo:

Cantiga, partindo-se

“Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.”

João Roiz de Castelo Branco. Cancioneiro geral de 1516.

Soneto

“Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade.
Enquanto houver no mundo saudade,
quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
saía, dando ao mundo claridade,
viu apartar-se de uma outra vontade,
que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,
que duns e doutros olhos derivadas,
se acrescentaram em grande e largo rio;

Ela viu as palavras magoadas.
que puderam tornar o fogo frio
e dar descanso às almas condenadas.”

Luís de Camões

4.Ambos os poemas desenvolvem o tema da dor da separação, mas tratam-no de forma diferente. Exponha em que consiste esse tratamento diferenciado do tema, em cada poema.

Resposta:

No primeiro poema, de João Roiz de Castelo Branco, o eu lírico tem a amada como interlocutora e, metonimicamente, fala do sofrimento amoroso através de seus olhos. No poema de Camões, o sofrimento dos amantes é traduzido pela natureza, mais especificamente pela madrugada, que, testemunhando sua separação, reflete em suas características o sofrimento de ambos (“Aquela triste e leda madrugada”).

Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?

(…)                                                             D. Dinis

5.Identifique o tipo de cantiga e justifique sua resposta.

______________________________________________________

Resposta: cantiga de amigo, eu-lírico feminino

6.(Unifesp) Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.

“Un cavalo non comeu
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo si paceu,
e já se leva!

Seu dono non lhi buscou
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!

Seu dono non lhi quis dar
cevada, neno ferrar;
mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar,
e já se leva!”

CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. Harmonia Mundi, USA, 1995.

A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de:

a) Escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele não cuidara, mas graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde recuperar-se sozinho.

b) Amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.

c) Escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, alimentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do dono que o maltratava.

d) Amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.

e) Maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixando-o entregue à própria sorte para obter alimento.

7.(UFPA)

“Bailemos agora, por Deus, ai velidas [formosas],
so [sob] aquestas [estas] avelaneiras frolidas [floridas]
e quem for velida, como nós velidas,
se amig’amar
so [sob] aquestas avelaneiras frolidas
verrá [virá] bailar!
Bailemos agora, por Deus, ai loadas [louvadas],
so aquestas avelaneiras granadas [em flor]
e quem for loada, como nós loadas,
se amig’amar
so [sob] aquestas avelaneiras granadas
verrá bailar!”

ZORRO, João. In: CARDOSO, Wilton; CUNHA, Celso.
Estilística e Gramática Histórica. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1978. p. 300.

Acerca do poema, é correto afirmar:

(A) Trata-se de uma cantiga de amor de refrão, visto que o sujeito é feminino e o objeto, masculino.

(B) Observa-se o acatamento às regras do amor cortês, sobretudo, no que diz respeito à vassalagem amorosa.

(C) O cenário, extremamente convencional, indica a presença da cantiga de amor em que a natureza não se apresenta como amiga e confidente.

(D) Embora haja uma caracterização da donzela como “velida” [formosa] e “loada” [louvada] , o sentimento amoroso manifesta-se como “coita” de amor e amor infeliz.

(E) Explora-se a temática d a alegria de amar e de ser amada, ocorrendo relacionamento entre o sujeito e o objeto num plano de igualdade.

8.(Ufam)

Leia o poema abaixo, de autoria de D. Dinis, rei de Portugal, antes de responder à questão abaixo:

“En gran coita, senhor,
que pior que mort’é,
vivo, per boa fé,
e polo voss’amor
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
Vi polo meu gran mal,
e melhor me será
de morrer por vós já
e, pois me Deus non val,
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
Polo meu gran mal vi,
e mais me val morrer
ca tal coita sofrer,
pois por meu mal assi
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
Vi por gran mal de mi,
pois tam coitad’and’eu.”

A respeito do poema acima fazem-se as seguintes afirmativas:

I.É uma cantiga de escárnio, pois o poeta ridiculariza a mulher amada.

II.É uma cantiga de amigo, pois o eu lírico é feminino.

III. Possui versos paralelísticos, como “Vi polo meu gran mal” e “Polo meu gran mal vi”.

IV.É uma cantiga de amor, pois o eu lírico, além de ser masculino, sofre intensamente um amor impossível.

V.É uma cantiga de refrão, o qual possui a particularidade de ver o seu sentido completado na estrofe seguinte.

VI.É uma cantiga de maldizer, pois o poeta não se conforma com o fato de não conquistar a mulher que ama.

Estão corretas:

a) Apenas III e VI.                      d) Apenas I e V.

b) Apenas II e III.                      e) III, IV e V.

c) Apenas II e V.

9.(PSS/UFPA-2007) Leia atentamente o texto abaixo, considerando a sua temática e forma:

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
e ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
e ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
e ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amado,
por que ei gram cuidado!
e ai Deus, se verrá cedo!     (Martim Codax)

(In: NUNES, José Joaquim. Cantigas […]. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973. v. 2, p. 441.)

Acerca do poema, é CORRETO afirmar:

a) O uso de refrão e o paralelismo justificam a classificação como cantiga de amor.

b) A referência à natureza é meramente convencional, não expressando intimidade afetiva.

c) A expressão do sofrimento amoroso — “por que ei gram cuidado!” — está de acordo com os padrões da cantiga de amor.

d) A enamorada, saudosa, dirige-se às ondas em busca de notícias do amigo que tarda.

e) Versos como “se vistes meu amado!” traduzem uma atitude de vassalagem amorosa.

COMENTÁRIO:

Alternativa D. As demais alternativas estão incorretas porque o refrão é uma características das cantigas de amigo; a natureza é o interlocutor do eu-lírico; esta expressão é um apelo para que o amigo volte; a vassalagem amorosa é característica das cantigas de amor.

10.(UNIFAP-2007) Sobre as cantigas de escárnio do trovadorismo português, é correto afirmar que

a) apresentam interesse, sobretudo histórico através da voz lírica feminina.

b) revelam detalhes da vida íntima da aristocracia através das convenções do amor cortês.

c) apresentam uma linguagem velada, sem deixar de lado o humor sobre a vida social da época.

d) utilizam-se de sátiras diretas, revelando a vida campesina e urbana.

e) fazem a crítica rude, direta, muitas vezes enveredando para a obscenidade.

COMENTÁRIO:

Alternativa C. Nas cantigas de escárnio o eu lírico é masculino, não são respeitadas as convenções do amor cortês, as sátiras são de modo indireto, por meio de trocadilhos e ironias. É a cantiga de maldizer que apresenta críticas de modo direto.

11.(PROSEL/UEPA-2006) Leia com atenção, os textos A e B para avaliar se são corretas as afirmativas que se lhe seguem.

Texto A
“Per ribeira do rio
vi remar o navio,
e sabor hei da ribeira.

Per ribeira do alto
Vi remar o barco
E sabor hei da ribeira.

Vi remar o navio
I vai o meu amigo
E sabor hei da ribeira. (…)

Texto B
“Dizia la fremosinha
ay adeus, val!
Com’estou d’amor ferida,
Ay deus, val!

Dizia la bem talhada:
Ay deus, val!
Com’estou d’amor coytada
Ay deus, val! (…)

Sabor hei – estou contente
Alto – rio
Val – valha

Apud BELLEZI, Clenir. Arte Literária Brasil – Portugal.

I.Tanto no texto A quanto no texto B estão presentes eu-líricos femininos.
II. O sentimento amoroso em A e B exemplifica a noção de “coyta d’amor” (sofrimento amoroso), cultivada, em seus versos, pelos trovadores.
III. O texto A é uma Cantiga de Amor e o B uma Cantiga de Amigo.
IV. Ambos os textos exemplificam a lírica amorosa do Medievalismo literário em Portugal.

São corretas somente:

a) I e IV                 b) I e II                 c) II e III              d) I e III           e) III e IV

COMENTÁRIO:

Alternativa A. Os dois textos são cantigas de amigo que tratam do sofrimento de um eu-lírico feminino que sofre pela ausência do amado.

12.(PROSEL/UEPA-2007)

Texto I 
Aquestas noites tão longas
Que Deus fez em grave dia
Por mi, por que as non
Dormio
E por que as non fazia
No tempo que meu amigo
Soia falar comigo

Por que as fez Deus tan
Grand
Non poss’eu dormir, coitada!
E de como son sobejas,
Quisera – m’outra vegada
No tempo que meu amigo
Soia falar comigo

Por que Deus fez tan
Grandes,
Sem mesura e desiguaaes,
E as eu dormir non posso?
Sossegada
Por que as non fez ataes,
No tempo que meu amigo
Soia falar comigo

(Julião Bolseiro)

Texto II
Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama
A sentir tanta coisa
Que a gente não pode
Explicar
Quando ama.

O calor das cobertas
Não me aquece direito
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.

Volta, vem viver outra vez
A meu lado,
Já não posso dormir
Sossegada
Pois meu corpo está
Acostumado.

(Adaptado de canção de Lupicínio Rodrigues, interpretada por Gal Costa).

A respeito dos textos I e II, julgue as afirmativas a seguir.

I.São confissões amorosas de um eu lírico feminino que ficou sozinho.
II. Falam do amor idealizado na forma de vassalagem comum à Idade Média.
III. Têm raízes populares, de tal forma que o primeiro revela a origem portuguesa das manifestações contemporâneas semelhantes às do segundo.
IV. O segundo tem características comuns às cantigas de amigo que o primeiro exemplifica.

São corretas:

a) I, II, III e IV.                       d) I, II e III, somente.

b) I e IV, somente.                  e) II e III, somente.

c) I, III e IV, somente.

COMENTÁRIO:
Alternativa C. A vassalagem amorosa é característica das Cantigas de Amor.

13.(PRISE/UEPA-2006) Leia a Cantiga reproduzida abaixo e, em seguida, responda à questão proposta no comando.

Cantiga

Afonso Sanches

Dizia la fremosinha:
“ai, Deus, vai!
Com’estou d’amor ferida!
ai, Deus, vai!

Dizia la bem talhada:
“ai, Deus, vai!
Com’estou d’amor coitada!
ai, Deus, vai!

Com’estou d’amor ferida!
ai, Deus, vai!
Nom vem o que bem queria!
ai, Deus, vai!

Com’estou d’amor coitada!
ai, Deus, vai!
Nom vem o que muit’amava!
ai, Deus, vai!”

In Elsa Gonçalves. A lírica galego-portuguesa. Lisboa. Editorial Comunicação, 1983.

Sobre a cantiga acima, de D. Afonso Sanches, é correto afirmar:

a) A voz que fala na cantiga é do homem apaixonado que sofre por amor e dirige-se a Deus.

b) A fremosinha (formosinha) lamenta seu sofrimento pela ausência do amado.

c) O paralelismo “ai, Deus, vai! (ai, valha-me Deus!) é muito comum nas cantigas de amor medievais.

d) O homem sente-se muito ferido pela não correspondência amorosa da fremosinha (formosinha).

COMENTÁRIO:

Alternativa B. Trata-se de uma cantiga de amigo, portanto, o eu lírico feminino sofre pela ausência do amado. O paralelismo é uma característica das cantigas de amigo.

14.Assinale a afirmação falsa:
a) A cultura portuguesa, no século XII, conciliava três matrizes contraditórias: a católica, a islâmica e a hebraica.
b) A cultura católica, técnica e literariamente superior às culturas islâmica e hebraica, impôs-se naturalmente desde os primórdios da formação de Portugal.

c) A expulsão dos mouros e judeus e a Inquisição foram os aspectos mais dramáticos da destruição sistemática que a cultura triunfante impôs às culturas opostas.
d) O judeu Maimônides e o islamista Averróis são expressões do que as culturas dominadas produziram de mais significativo na Península Ibérica.
e) Pode-se dizer que a cultura portuguesa esteve desde seu início assentada na diversidade e na contradição, do que resultaram alguns de seus traços positivos (miscibilidade, aclimatabilidade etc.) e negativos (tendência ao ceticismo quanto a ideias, desconfiança etc.

15.(UFRS) Assinale a alternativa incorreta  a  respeito  do Trovadorismo em Portugal:

a) nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.

b) nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão.

c) a influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.

d) durante o trovadorismo, ocorre a separação entre poesia e música.

e) muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.

16.(PUC-RS) O paralelismo, uma técnica de construção literária nas cantigas

trovadorescas, consistiu em:

a) unir duas ou mais cantigas com temas paralelos e recitá-las em simultaneidade.

b) um conjunto de estrofes ou um par de dísticos em que sempre se procura dizer a mesma ideia.

c) apresentar as cantigas, nas festas da corte, sempre com o acompanhamento de um coro.

d) reduzir todo o refrão a um dístico.

e) pressupor que há sempre dois elementos paralelos que se digladiam verbalmente

17.(UFMG) Interpretando historicamente a relação de vassalagem entre homem  amante / mulher amada, ou mulher amante/ homem amado, pode-se afirmar que:

a) o Trovadorismo corresponde ao Renascimento.

b) o Trovadorismo corresponde ao movimento humanista.

c) o Trovadorismo corresponde ao Feudalismo.

d) o Trovadorismo e o Medievalismo só poderiam ser provençais.

e) tanto o Trovadorismo como Humanismo são expressões da decadência medieval.

18.(UFMG) Nas mais importantes novelas de cavalaria que circularam na Europa medieval principalmente como propaganda das Cruzadas, sobressaem-se:

a) as namoradas sofredoras, que fazem bailar para atrair o namorado ausente.

b) os cavaleiros medievais, concebidos segundo os padrões da Igreja Católica (por quem lutam).

c) as namorada castas, fiéis, dedicadas, dispostas a qualquer sacrifício para ir ao encontro do amado.

d) os namorados castos, fiéis, dedicados que, entretanto, são traídos pelas namoradas sedutoras.

e) os cavaleiros sarracenos, eslavos e infiéis, inimigos da fé cristã.

19.  (PUC-SP) As narrativas que descrevem as lutas dos cruzados  envolvem sempre um herói muito engajado na luta pela cristandade, podendo ser a um só tempo frágil e forte, decidido e terno, furioso e cortês. No entanto, com relação   à   mulher   amada , esse herói  é sempre:

a) pouco dedicado.      b) indelicado    . c) infiel.        d) devotado.              e) n.d.a.

20.Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é INCORRETO afirmar que:
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.

b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade.

c) pode ser dividida em lírica e satírica.

d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal.

e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o eu-lírico feminino.

21.Assinale a afirmativa correta sobre o texto.

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Obs.: verrá = virá
levado = agitado
a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso.
b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser amado.
c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio.
d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do mar para expressar sua solidão.
e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.

22.A poesia, na Idade Média:

(   ) era independente da música

(   ) confundia-se com a prosa, pelo primitivismo da língua e dos recursos técnicos

(   ) era acompanhada de música

(   ) originou-se das antigas canções de gesta

23.“Estes meus olhos nunca perderán,

Senhor, gran coita, mentr’eu vivo for,

E direi-vos, fremosa mia senhor,

Destes meus olhos a coita que hán:

Choran e ceganquando’alguen non veem

E ora cegam por alguem que veem.

O texto acima é um(a):

a.soneto                   b. cantiga de amor     c. cantiga de amigo      d.cantiga satírica

 24.Sobre as cantigas de escárnio do trovadorismo português, é correto afirmar que

(A) apresentam interesse, sobretudo histórico através da voz lírica feminina.

(B) revelam detalhes da vida íntima da aristocracia através das convenções do amor cortês.

(C) apresentam uma linguagem velada, sem deixar de lado o humor sobre a vida social da época.

(D) utilizam-se de sátiras diretas, revelando a vida campesina e urbana.

(E) fazem a crítica rude, direta, muitas vezes enveredando para a obscenidade
Leia os textos abaixo e responda às questões de 25 a 27.
TEXTO I
Ondas do mar de Vigo,
acaso vistes meu amigo?
Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado,
acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo,
aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,
por quem tenho grande cuidado(preocupação)?
Queira Deus que ele venha cedo!                       Martim Codax.

TEXTO II
Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor que tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo;
tanto na feiúra quanto na maldade
não vos vence hoje senão a filha de um rei.
Eu não vos amo nem me perderei
de saudades por vós, quando não vos vir.

25.(ARL) De acordo com o texto I, analise as afirmações abaixo:
I- O eu lírico do texto é masculino.
II- O paralelismo encontrado no texto é uma característica encontrada na cantiga de Amigo.
III- Ocorrem no texto a vassalagem amorosa e o desejo da moça que o namorado volte brevemente.
Assinale a alternativa correta:
A)Apenas I é verdadeira.                                 D)Apenas II é verdadeira.
B)I e II são verdadeiras.                                E)II e III são verdadeiras.
C)I, II e III são verdadeiras.

26. Com relação ao texto I, é INCORRETO dizer que:
A)Justifica a presença de recursos estilísticos que contribuem para o caráter musical do poema o fato de, no contexto em que foi produzido, a literatura ser veiculada oralmente.
B)A musicalidade do texto é adequada, estilisticamente, à expressão de conteúdos emotivos.
C)Sua musicalidade advém apenas da regularidade das rimas emparelhadas e da presença de refrão.

D)Pertence ao gênero lírico.
E)Pertence a um estilo de época vinculado, ideologicamente, ao Teocentrismo.

27. Assinale a alternativa correta sobre o texto I.
A)A estrutura paralelística é, neste poema, particularmente expressiva, pois reflete, no plano formal, o movimento de vai-e-vem das ondas.
B)Nesse texto, os versos livres e brancos são indispensáveis para assegurar o efeito musical da canção.
C)As repetições que marcam o desenvolvimento do texto opõem-se ao tom emotivo do poema.
D)No refrão, a voz das ondas do mar faz-se presente como contraponto irônico ao desejo do eu lírico.
E)É um típico soneto de tradição popular, com versos em redondilha maior e estrofação alostrófica.

28. Leia e observe com atenção a composição seguinte:
“Ay flores, ay flores do verde pinho,
se sabedes novas do meu amigo!
ay Deus, e hu é1?                         1 E hu é: onde está
Ay flores, ay flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ay Deus, e hu é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu no que pôs comigo!
ay Deus, e hu é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu no que me há jurado!
ay Deus, e hu é?
A composição anterior, parcialmente transcrita, pertence à lírica medieval da Península Ibérica. Ela tem autor desconhecido, arte poética própria e características definidas do lirismo trovadoresco, podendo-se ainda descobrir o nome pelo qual composições idênticas são conhecidas.
Em uma das alternativas indicadas acham-se todos os elementos que correspondem a essas afirmações.
a) O autor é Paio Soares de Taveirós. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância vocálica e o refrão. O poeta pergunta pelo seu amigo.
b) O autor é Nuno Fernandes Torneol. Destaca-se o refrão como interpelação à natureza. Trata-se de uma cantiga de amigo.
c) O autor é el-rei D.Dinis. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância vocálica e o refrão. O poeta canta na voz de uma mulher e pergunta pelo amado, porque é uma cantiga de amigo.
d) O autor é Fernando Pessoa. Destaca-se a alternância vocálica. Trata-se da teoria do fingimento, que já existia no lirismo medieval.
e) O autor é Martim Codax. Destaca-se o ambiente campestre. O poeta espera que os pinheiros respondam à sua pergunta.

29.Alguns elementos formais eram frequentemente utilizados pelos trovadores nas cantigas de amigo. Quais os elementos formais presentes neste trecho?

“ Sedia la fremosa seu sirgo torcendo

 Sa voz manselinha fremoso dizendo

Cantigas d’amigo

Sedia la fremosa seu sirgo lavrando,

Sa voz manselinha fremoso cantando

 Cantigas d’amigo.”

a)refrão, parelelismo                                              d) verso e prosa

b)rima e versos com cinco sílabas poéticas             e) eu-lírico feminino

c)eu-lírico masculino

30.Assinale V (verdadeiro) ou F (falso)

(     ) No inicio do século XIII, a intransigência religiosa arrasou a Provença e dispersou seus trovadores, mas a lírica provençalesca já havia fecundado a poesia ocidental com a  beleza melódica e a delicadeza emocional de sua poesia-música, impondo uma nova concepção do amor e da mulher.

(     ) A canção associava o amor-elevação, puro, nobre, inatingível, ao amor dos sentidos, carnal, erótico; a alegria da razão (o amor intelectual) à alegria dos sentidos.

( ) A poesia lírica dos provençais teve seguidores na França, na Itália, na Alemanha, na Catalunha, em     Portugal e em outras regiões , onde também os temas folclóricos foram beneficiados com a forma mais   culta e elaborada que os trovadores disseminaram.

( ) Foi o que ocorreu em Portugal e Galiza: a poesia primitiva, oral, autóctone, associada à musica e à coreografia e protagonizada por um homem, as chamadas cantigas de amigo, passaram a se beneficiar do contato com uma arte mais rigorosa e mais consciente de seus

RESPOSTA:  VVVF

31.(PSS/UFPA-2007) Leia atentamente o texto abaixo, considerando a sua temática e forma:

Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
e ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
e ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
e ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amado,
por que ei gram cuidado!
e ai Deus, se verrá cedo!     (Martim Codax)

(In: NUNES, José Joaquim. Cantigas […]. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973. v. 2, p. 441.)

Acerca do poema, é CORRETO afirmar:

a) O uso de refrão e o paralelismo justificam a classificação como cantiga de amor.

b) A referência à natureza é meramente convencional, não expressando intimidade afetiva.

c) A expressão do sofrimento amoroso — “por que ei gram cuidado!” — está de acordo com os padrões da cantiga de amor.

d) A enamorada, saudosa, dirige-se às ondas em busca de notícias do amigo que tarda.

e) Versos como “se vistes meu amado!” traduzem uma atitude de vassalagem amorosa.

32.(Fuvest-SP) “Coube ao século XIX a descoberta surpreendente da nossa primeira época lírica. Em 1904, com a edição crítica e comentada do Cancioneiro da Ajuda, por Carolina Michaelis de Vasconcelos, tivemos a primeira grande visão de conjunto do valiosíssimo espólio descoberto.” C. Primão

a) Qual é essa “primeira época lírica”? ______________________________________________________ b) Que tipos de composições poéticas se cultivaram nessa época?

Respostas:

a. Trovadorismo               b. Líricas: amor e amigo e Satíricas: escárnio e maldizer.

Qual foi a decisão tomada pelo amor em relação ao sujeito lírico?

a) Qual foi a decisão tomada pelo Amor, em relação ao sujeito lírico? O Amor decidiu dominá-lo.

Qual é a causa da perplexidade?

Em geral, a perplexidade acontece perante um facto que causa comoção. Trata-se de situações que causa surpresa ou impacto e que, por conseguinte, impedem que o indivíduo reaja de forma rápida ou fluida.

Qual é a causa da perplexidade do sujeito lírico expressa na primeira estrofe do soneto?

Na primeira estrofe, o eu lírico parece perplexo com o fato de que, meio a penhascos de pedras tão duras, pode ter nascido alguém como ele, tenro e delicado. 8. Não podemos confirmar elementos neoclássicos no poema. O Neoclassicismo prezava por elementos idealizados, suaves e artificiais, como um jardim.