Quando o petróleo vai acabar no Brasil

Volume de novos poços é o menor em 75 anos; barril deve ficar de US$ 80 a US$ 85 no próximo ano

A produção de petróleo a partir de novos poços, em todo o mundo, foi a menor em 75 anos. A constatação é da Rystad Energy, consultora independente norueguesa.

De janeiro a novembro, os volumes globais de novos poços atingiram em 4,7 bilhões de barris de óleo equivalente. E sem grandes descobertas anunciadas até o momento, a indústria caminha para o pior resultado desde 1946. Em 2020, o número de descobertas foi de 12,5 bilhões.

A perspectiva de escassez de oferta da commodity, frente ao aumento da demanda, deve elevar o preço do barril dos atuais US$ 70 para US$ 80 a US$ 85, avalia Adriano Pires, fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

Pires afirma que, no próximo ano, o mundo terá boa parte da oferta ainda nas mãos da OPEP+, grupo que reúne os maiores exportadores.

“A produção norte-americana, que poderia dar maior estabilidade ao preço do barril, só chega ao mercado em 2023. Como a OPEP vai ser a principal ofertante, a capacidade ociosa tende a cair. Então, vamos ter estoques menores, o que vai acabar impulsionando os preços”, afirma.

Ou seja, os combustíveis, como gasolina e diesel, podem ficar mais caros no próximo ano. Esse é um dos segmentos que mais pressionou a inflação nos últimos meses.

Quando o petróleo vai acabar no Brasil

Leia aqui a íntegra do relatório da consultoria Rystad Energy (258 KB).

Segundo Adriano Pires, outro fator que tende a pressionar os preços é o descompasso gerado entre a oferta e a demanda não só pela pandemia do coronavírus, mas também pela agenda da transição energética. Ou seja, a mudança do consumo de energia de origem fóssil –emissora de gases de efeito estufa– para renovável.

“Há 5 anos, as grandes petrolíferas não fazem mais grandes investimentos por causa dos próprios ambientalistas. Com isso, a oferta não cresce. Daqui para frente, vamos ter queda estrutural de investimentos e quem vai ser o principal ator nessa transição vão ser os países exportadores”, disse Pires.

Pires afirma que a forma como os ambientalistas têm conduzido a temática vem causando e ainda causará um choque de preços em todo o mundo e, ainda, o retorno a fontes ainda mais poluentes. “Os ambientalistas, de certa maneira, foram muitos açodados em demonizar os combustíveis fósseis. E a gente está vendo isso, no inverno europeu, está dramático. E o preço da energia, na Europa, está acima de 300 euros o MWh. Vários países estão recorrendo novamente ao carvão”, afirmou.

A consequência imediata do aumento da cotação do barril, no mercado internacional, será a elevação dos preços dos derivados, como diesel e gasolina, uma vez que a Petrobras adota o PPI –preço de paridade de importação. “A notícia boa é que, como o Brasil é um grande produtor de óleo, [o aumento do preço do barril] vai aumentar a arrecadação de royalties e participações especiais. A notícia ruim é que os derivados vão ficar mais caros para o consumidor”, disse Pires.

A situação hoje seria menos desesperadora  que num passado não muito distante, pois a corrida tecnológica em busca de alternativas para o combustível fóssil nunca esteve tão acelerada.

Entraram em cena novos combustíveis. Os principais são o biocombustível, gás natural, hidrogênio e energia elétrica. Aliás, dois deles – eletricidade e álcool – estão voltando ao palco, pois foram usados no século 19, antes mesmo da gasolina. Assista ao vídeo e entenda!

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Combustão “limpa”

Alternativa para se evitar a queima do carbono presente no petróleo é substituir seus derivados pelos de origem vegetal. Utilizados em motores convencionais ou adaptados para queimá-los.

Biocombustível

O Brasil é o maior especialista do mundo para o uso do álcool em motores a combustão, no lugar da gasolina.

O diesel dos nossos motores já recebe uma mistura de biodiesel (hoje em 12%) e já se desenvolve o “Diesel Verde” (ou HVO) que pode ser usado puro no motor (100%).

Hidrogênio

Foi utilizado experimentalmente em substituição à gasolina, entre outros pela BMW (série 7 em 2005) e pela Mazda num RX-8 com motor rotativo Wankel (2004). E voltou recentemente como combustível em novos projetos:

  • Akyo Toyoda, presidente da Toyota, foi piloto este ano ao volante de um Corolla com H2 (hidrogênio) no tanque. Os engenheiros da marca afirmaram ter obtido torque 15% maior que a gasolina.
  • A empresa belga de tecnologia Punch desenvolve em sua filial italiana (Turim) uma picape Nissan com motor a diesel, porém preparado para queimar H2.

Híbridos, há mais de 100 anos

Tecnologia muito em evidência hoje, foi apresentada inicialmente por Ferdinand Porsche em 1900. Isso mesmo: 1900, há 121 anos! É ele mesmo, o austríaco fundador da fábrica dos famosos esportivos alemães.

O híbrido “Lohner-Porsche” tinha motor a gasolina acionando elétricos dentro das rodas. Um século depois, o projeto foi reativado e quem tomou a dianteira foi a Toyota com o Prius, que já vendeu milhões de unidades pelo mundo. Os dois motores, elétrico e combustão, tracionam o carro.

Quando o petróleo vai acabar no Brasil
Ferdinand Porsche apresentou o primeiro carro híbrido da história

Na parede

A novidade seguinte foi o híbrido “plug-in”. Além de a bateria se recarregar nas reduções de marcha, ela se recupera também na tomada. Tem, portanto, maior capacidade e confere autonomia superior. Em geral suficiente para o carro rodar somente elétrico no dia-a-dia. Se o motor a combustão for alimentado com álcool, a solução passa a independer do petróleo.

“De Leve”

Surgiu também o híbrido “de leve”, ou “mild-hybrid”. O motor elétrico não traciona diretamente o carro, mas é recarregado nas frenagens e substitui motor de arranque e alternador. E ainda “auxilia” o motor a combustão nos momentos de maior exigência de potência.

Locomotiva

Outra ideia inteligente e que pode (no Brasil) se tornar independente do petróleo, partiu da engenharia da Nissan: um híbrido que tem um pequeno motor a combustão acoplado a um gerador elétrico.

Este aciona os motores que tracionam o carro. Sistema copiado das locomotivas: são igualmente movimentadas por motores elétricos que recebem energia de geradores acoplados a um enorme motor diesel…

A dificuldade desta opção vingar mais rapidamente não é do motor, mas da bateria. Desde o final do século 19, quando surgiram os primeiros automóveis elétricos, autonomia já era problema.

Ele voltou, mas a autonomia, ponto e tempo de recarga continuam problemáticos. Entretanto, tem uma notável e insuperável eficiência de cerca de 95% contra 40% do motor a combustão. E, enquanto este tem centenas de componentes, o elétrico tem uma única peça móvel e não exige manutenção.

Fuel cell

Mas o automóvel pode se movimentar eletricamente dispensando a bateria: é o sistema da célula a combustível (fuel cell) que gera sua própria energia elétrica. Uma reação química da célula (alimentada por hidrogênio) produz a energia elétrica. Tão limpo que sai apenas água pelo escapamento. E, apesar de elétrico, sem limite de autonomia.

Outro desenvolvimento para se tracionar o veículo eletricamente é a mesma célula a combustível, porém com etanol ao invés de H2 no tanque. Exige um equipamento adicional no próprio carro (ou no posto): um reformador que extrai hidrogênio do álcool.

Já está em desenvolvimento no Brasil numa parceria entre a Nissan e a USP (IPEN). Sistema que seria ideal para o Brasil, onde já existe postos de etanol em todo o país.

SOBRE

Com a crise dos preços da gasolina isso é uma pergunta que me veio a mente.

Algum dia o petróleo vai acabar? O que vai acontecer no mundo quando todas as reservas se esgotarem?

A BP (British Petroleum) divulgou um estudo que aponta o fim das reservas de petróleo nos próximos 53 anos. A empresa britânica até coloca uma data para o fim: 2067. As pesquisas da companhia revelaram que 1,687 trilhão de barris serão consumidos até aquela data e que Rússia e Venezuela têm as reservas que acabarão por último.

Apesar do dado alarmante, a BP diz que o estudo não leva em conta possíveis descobertas de novas reservas, pois não há como prever isso. Na última década, foram encontradas novas áreas de prospecção que ampliaram em 27% as reservas mundiais.

Para a petrolífera do Reino Unido, o petróleo vai acabar cedo ou tarde. Se não for daqui há 53 anos, será nos próximos 60, 70 ou 100 anos. Novas fontes de energia terão de ser exploradas até lá. Hoje em dia, os carros elétricos são abastecidos por eletricidade de usinas nucleares, hidrelétricas e termelétricas, além da primeira geração de carros movidos por hidrogênio.

Etanol, óleos vegetais e gases provenientes de fontes naturais ou da decomposição do lixo também são alternativas, assim como energia eólica, das marés e solar. Enfim, existem muitas opções para o mundo ir explorando até o fim do petróleo. O problema é que a demanda mundial sempre está crescendo e não sabemos se essas opções darão conta do recado.

A empresa chamada BP, anteriormente nomeada Anglo-Persian Oil Company e depois British Petroleum, é uma empresa multinacional sediada no Reino Unido que opera no setor de petróleo e gás. Faz parte do grupo das maiores empresas de petróleo do mundo, conhecido como Sete Irmãs.

Estas sete empresas são Shell, BP, Esso, Mobil, Texaco, Chevron e Gulf Oil. A BP é a empresa responsável pelo vazamento de petróleo depois da famosa explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, nos EUA, fato que depois até mesmo virou um filme.