A primeira Escola de Enfermagem no Brasil foi implantada

INTRODU��O

A enfermagem � hoje no Brasil uma profiss�o universit�ria, como desejavam as enfermeiras americanas da miss�o t�cnica de coopera��o para o desenvolvimento da enfermagem, que aqui implantaram o Sistema Nightingale, na d�cada de 20. Entretanto, o movimento de ingresso da carreira de enfermagem na universidade, que se iniciou no final da d�cada de 30, ainda n�o lhe proporcionou situa��o igual � das carreiras mais antigas da �rea da sa�de, apesar de algumas conquistas efetuadas, ao longo dos anos. A reflex�o sobre a trajet�ria das escolas de enfermagem na sociedade brasileira permitiu uma melhor compreens�o dos dilemas vividos e as respostas historicamente dadas pelas enfermeiras para atender �s exig�ncias de cada �poca. A an�lise j� realizada, foi organizada em tomo de quatro vertentes, a saber: - rea��es � hegemonia da Igreja cat�lica nos hospitais; - o "padr�o Ana Neri": obst�culos � sua difus�o; - as escolas de enfermagem nas universidades e o n�vel de escolaridade; - a Reforma Universit�ria e a carreira da enfermeira.

I - REA��ES � HEGEMONIA DA IGREJA CAT�LICA NOS HOSPITAIS

No Brasil, desde os tempos coloniais, at� meados do s�culo 20, a assist�ncia e a administra��o da maioria dos servi�os de enfermagem dos hospitais brasileiros, era exercida por religiosas, que entretanto, n�o possu�am diploma de enfermeira.

As primeiras escolas de enfermagem governamentais criadas no Rio de Janeiro, em 1890 e em 1916 (Escolado Hosp�cio Nacional de Alienados e Escola da Cruz Vermelha), de um ponto de vista t�cnico, tiveram como finalidade resolver problemas conjunturais, ligados ao atendimento de certo tipo de doentes ou a feridos de guerra. Essas escolas, eram vinculadas a hospitais, e nem se integraram ao sistema oficial de ensino, nem adotaram o modelo da enfermagem moderna, que j� era conhecido em v�rios pa�ses da Am�rica do Sul, desde os �ltimos anos do s�culo passado (Souza, 1982).

Em S�o Paulo, nos primeiros anos do s�culo 20, ocorreu a primeira tentativa de implanta��o do sistema nightingale no Brasil, na Escola de Enfermeiras do Hospital Samaritano. Tamb�m partindo da sociedade civil foi a iniciativa da cria��o da Escola da Cruz Vermelha de S�o Paulo, no mesmo ano do in�cio da Ia Grande Guerra.

O que t�m em comum essas iniciativas � a caracter�stica de representarem, por raz�es de naturezas diversas, uma contraposi��o � hegemonia que a Igreja cat�lica vinha mantendo, desde os tempos coloniais, em rela��o aos hospitais brasileiros.

A ESCOLA DO HOSP�CIO NACIONAL DE ALIENADOS

A primeira iniciativa de sistematiza��o do ensino de enfermagem no Brasil aconteceu em 1890, com a cria��o da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras do Hosp�cio Nacional de Alienados, atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/UNI-RIO, no Rio de Janeiro. Este hospital, que at� ent�o chamava-se Hospicio Pedro II, fora criado em 1841, inaugurado em 30 de novembro de 1852, e dirigido pela Irmandade da Santa Casa da Misericordia (Moreira, 1990).

At� � proclama��o da Rep�blica, a Igreja tinha a exclusividade do tratamento e do cuidado dos doentes nas Santas Casas da Miseric�rdia, onde o pessoal m�dico era subordinado administrativamente ao pessoal religioso. O cuidado do doente baseava-se essencialmente em um discurso de cunho religioso-caritativo, n�o havendo a preocupa��o com um respaldo cient�fico (Machado, 1978).

No Governo Provis�rio da Rep�blica, de forte inspira��o positivista, portanto cientificista e anticlerical, ocorreu um choque nas rela��es entre o Estado e a Igreja (Machado, 1978). No bojo desta quest�o, a classe m�dica, buscando autonomia profissional, passou a criticar as prec�rias condi��es dos hospitais da Santa Casa, alegando que as instala��es, a aparelhagem e as condi��es gerais de trabalho oferecidas ao m�dico, prejudicavam a qualidade da assist�ncia prestada e impediam a gera��o de conhecimentos sobre as doen�as, especialmente a loucura.

Logo em 1890, o Hosp�cio Pedro II foi desanexado da Santa Casa da Miseric�rdia, passando ao controle do Governo e recebendo a denomina��o de Hosp�cio Nacional de Alienados. A campanha pela hegemonia m�dica nos hospitais culminou com a substitui��o das irm�s de caridade na dire��o do Hosp�cio, que foi assumida pelo m�dico Teixeira Brand�o (Machado, 1978). Retirava-se assim das irm�s de caridade o poder e prest�gio que lhes eram conferidos pela responsabilidade da administra��o do hospital. A nova dire��o resolveu ainda que as irm�s n�o deveriam trabalhar com os doentes homens e designou para este tipo de servi�o "enfermeiros" e "guardas" (Moreira, 1990).

As irm�s de caridade, cerceadas em suas fun��es, principalmente as administrativas, terminaram por ser retiradas do servi�o do hosp�cio, o que causou uma enorme baixa no quadro de pessoal. A dire��o do hosp�cio contratou ent�o, em car�ter provis�rio, "enfermeiras" francesas para assumir o servi�o de enfermagem (Carvalho, 1976). Assim, a substitui��o das religiosas2 pelas enfermeiras francesas "n�o se fez pelo louco, mas para atender a um confronto entre a corpora��o m�dica amparada no Estado Republicano e o antigo poder clerical" (Miranda, 1990).

Para contornar a situa��o, tratou-se de criar no interior do hosp�cio uma escola de enfermagem, a qual deveria atender �s exig�ncias do novo sistema de tratamento dos doentes mentais que vinha sendo propugnado pelos m�dicos. Este era baseado na persua��o moral e na ordena��o do espa�o nosocomial, segundo o modelo do Hospital de Salpetri�re, fundado nos preceitos de Philippe Pinei, que havia promovido a reforma dos manic�mios franceses no s�culo anterior (Cavalcanti, 1993).

A ESCOLA DE ENFERMEIRAS DO HOSPITAL SAMARITANO

O Hospital Samaritano foi criado, como relata Carvalho (1980), porque um rico comerciante de origem chinesa, quando necessitou internar-se na Santa Casa de S�o Paulo, sentiu-se discriminado pelo fato de ser evang�lico. Assim, ao morrer, em 1884, Jos� Pereira Achou deixou por disposi��o testament�ria, um fundo destinado � constru��o de um hospital evang�lico. Esta � a origem da Sociedade Hospital Samaritano, criada em 1890, que logo instituiu uma comiss�o para planejar a constru��o do hospital. Esta entidade era formada por m�dicos ingleses e americanos que, conhecedores do sistema nightingale, contrataram cinco enfermeiras inglesas para trabalhar no hospital e posteriormente iniciar um curso de prepara��o de enfermeiras, o que ocorreu em 1900 ou 1901.

Em 1931, esse curso n�o cumpriu as determina��es da lei de equipara��o das escolas de enfermagem � Escola Anna Nery, continuando entretanto a funcionar. Somente em 1950, por for�a da lei 775/49, o curso foi desativado e criado o de auxiliar de enfermagem. Em 1959, foi reativado o curso superior de enfermagem e a Escola passou a denominar-se Lauriston Job Lane, em homenagem ao diretor do Hospital Samaritano no per�odo de 1901 � 1942. Esta Escola funcionou at� 1970, quando, por dificuldades financeiras, encerrou suas atividades (Carvalho, 1980).

AS ESCOLAS DA CRUZ VERMELHA

Henri Dunant, que j� era conhecedor dos sucessos de Florence Nightingale na Guerra da Crim�ia, presenciou a sangrenta batalha de Solferino, em 1859, na It�lia, entre as tropas francesas, comandadas por Napole�o III, e as austr�acas, comandadas pelo Imperador Francisco Jos�. Dunant, impressionado com a falta de assist�ncia aos feridos, publicou um artigo3no qual sugeria a realiza��o de uma confer�ncia internacional sobre o assunto. A Sociedade Genebrina de Utilidade P�blica durante o ano de 1863 promoveu reuni�es para estudar as id�ias de Dunant e, em 1864, como recomenda��o da Conven��o de Genebra, foi criada a Cruz Vermelha Internacional. A nova organiza��o logo comprovou sua utilidade, atuando nas guerras entre a R�ssia e a �ustria (1866) e entre a Fran�a e a Pr�ssia (1871), quando atendeu a mais de 500 mil pessoas.

O Comit� Internacional da Cruz Vermelha entre outras fun��es, tem as de: promover a ades�o dos governos � Conven��o de Genebra; criar ag�ncias internacionais para socorrer prisioneiros e feridos, bem como para promover a comunica��o entre estes e suas fam�lias; convencer os governos, povos e grupos de v�rias nacionalidades, da necessidade de apoiarem um programa de assist�ncia humanit�ria, nos per�odos de guerra e de paz (Enciclop�dia Brasileira M�rito, 1962).

A Cruz Vermelha Brasileira come�ou a funcionar no final do ano de 1908, e teve como primeiro presidente Oswaldo Cruz (Paix�o, 1963), ent�o diretor do Departamento Nacional de Sa�de. Para atender a necessidades da Primeira Guerra Mundial criou, em S�o Paulo (1914) e no Rio de Janeiro (1916), escolas pr�ticas de enfermeiras, subordinadas ao Minist�rio da Guerra. A partir de 1917, a dura��o destes cursos passou de 1 para 2 anos e suas denomina��es foram modificadas para Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha.

Ap�s a guerra, a Cruz Vermelha Brasileira, seguindo as recomenda��es da Conven��o de Genebra, atuou principalmente no atendimento a situa��es de emerg�ncia, como as inunda��es e as secas ocorridas no Nordeste, epidemias, como a gripe espanhola, em 1918, al�m de outros desastres ou cat�strofes. Tamb�m mantinha hospitais e cursos de volunt�rios. V�rias das candidatas a estes cursos pertenciam a fam�lias ilustres e muitas delas eram parentas de militares. Essas mulheres eram consideradas benem�ritas, pelo alto significado moral e patri�tico de sua atua��o na assist�ncia aos necessitados, tanto em tempo de paz, como em tempo de guerra. Para elas, desenvolver um trabalho fora de casa, inclusive algumas vezes fora de seu Estado e mesmo fora do Pa�s, trabalho este altamente valorizado pela sociedade, por seu car�ter quase caridoso, despreendido de interesses econ�micos, apresentava-se como uma op��o para seu ingresso na vida p�blica, numa �poca em que as oportunidades da mulher atuar fora de casa eram quase nulas.

II - "O PADR�O ANA NERI" OBST�CULOS � SUA DIFUS�O

N�o obstante o antecedente da Escola do Hospital Samaritano, pode-se considerar que a implanta��o oficial do sistema nightingale no Brasil inicia-se em 1923, com a cria��o e implanta��o, no Rio de Janeiro, da atualmente denominada Escola de Enfermagem Anna Nery, pela miss�o de enfermeiras norte-americanas. Em 1931, a Escola Anna Nery � considerada legalmente a escola padr�o, para efeito de reconhecimento das demais escolas, situa��o que perdura at� a promulga��o da lei do ensino da enfermagem (775/49), quando tal atribui��o � tomada a si pelo governo, atrav�s o Minist�rio da Educa��o e Sa�de. Nesse per�odo, de dez anos, observam-se for�as contr�rias � expans�o do “padr�o Ana Neri”, principalmente enquanto profissionaliza��o civil e laica.

A REFORMA CARLOS CHAGAS E A ENFERMAGEM MODERNA

O fim da escravid�o no Brasil determinara o surgimento de um mercado de trabalho para as ocupa��es ligadas ao com�rcio externo e � incipiente industrializa��o nos centros urbanos. Esta procura de m�o-de-obra e as desfavor�veis condi��es de trabalho no campo determinaram uma forte migra��o para a capital federal que, n�o estando preparada para esse aumento populacional, crescia desordenadamente. Multiplicavam-se os bairros pobres, onde eram prec�rias as condi��es de vida; a taxa de desempregados era alta e os sal�rios, baixos (Costa, 1985).

Esta situa��o foi agravada com a Primeira Guerra Mundial, que determinou a recess�o econ�mica no Brasil, "devido � interrup��o do fluxo de dinheiro do exterior e � cobran�a da d�vida externa pelos credores, o que gerou desemprego, super-explora��o do trabalho, eleva��o geral do custo de vida, desabastecimento, concordatas e fal�ncias" (Costa, 1985). As p�ssimas condi��es de vida da popula��o e as epidemias que assolavam a cidade, come�aram a ser denunciadas pela imprensa. A participa��o dos m�dicos sanitaristas nesse debate resultou na funda��o da Liga "Pr�-Saneamento do Brasil" que, liderando um movimento em prol da sa�de p�blica como responsabilidade governamental, culminou com a cria��o do Departamento Nacional de Sa�de P�blica (DNSP). Carlos Chagas foi nomeado diretor do DNSP e com um grupo de jovens sanitaristas liderou a reforma sanit�ria, com o apoio da Funda��o Rockfeller, o que assinalava a intensifica��o da entrada do capital norte-americano no Brasil (Costa, 1985).

No bojo da reforma sanit�ria foram criados: um servi�o de enfermeiras de sa�de p�blica; um hospital geral de assist�ncia (atual Hospital Escola S�o Francisco de Assis/UFRJ); e uma escola de enfermagem, vinculada a esse hospital. Os tr�s �rg�os de enfermagem eram subordinados � Superintend�ncia do Servi�o de Enfermeiras, a qual ligava-se diretamente ao Diretor Geral do DNSP. Essa foi a primeira Escola organizada e dirigida por enfermeiras e cujo quadro de pessoal de ensino contava com a maioria de enfermeiras. Para isto, veio para o Brasil uma miss�o de enfermeiras norte-americanas, liderada pela Sra. Ethel Parsons, ainda sob os ausp�cios da Funda��o Rockfeller.

Ao tempo em que a Escola preparava as futuras enfermeiras tamb�m desenvolvia uma forte inculca��o ideol�gica, segundo a m�stica da profiss�o. Nos prim�rdios da implanta��o da enfermagem moderna no Brasil, a maioria das candidatas � profiss�o provinha da classe m�dia-alta, muitas delas tendo sido recrutadas pelos m�dicos sanitaristas do DNSP. Tamb�m, a profiss�o de enfermagem naquela �poca representava a �nica oportunidade nova de acesso da mulher � educa��o.

Durante os dez anos de perman�ncia da miss�o norte-americana de enfermeiras, n�o surgiu, no Brasil, outra escola de enfermagem. Em 1931, antes que os destinos da Escola passassem �s m�os de enfermeiras brasileiras, a Escola Anna Nery foi considerada a escola oficial padr�o para efeito de equipara��o e reconhecimento de outras escolas de enfermagem que viessem a ser criadas, com o prop�sito de garantir um alto n�vel de forma��o profissional de enfermagem no Brasil.

LIMITES � EXPANS�O DO "PADR�O ANA NERI"

O projeto de implanta��o da Enfermagem Moderna no Brasil, antes mesmo de sua implementa��o, criou rea��es de defesa de interesses corporativos. Assim � que, no mesmo ano da chegada ao Rio de Janeiro, da chefe da miss�o de enfermeiras norte-americanas, foi aprovado o regulamento do Servi�o de Sa�de do Ex�rcito, em tempo de paz, que criou Escolas de Forma��o Sanit�ria Division�rias, subordinadas � Diretoria de Sa�de da Guerra. Estas escolas eram destinadas � forma��o de "enfermeiros e outros que, no Corpo de Sa�de, constituir�am o pessoal subalterno" (Resende, 1961). Tanto a dire��o da Escola, como o ensino ministrado aos futuros enfermeiros eram de responsabilidade dos m�dicos da corpora��o, e os est�gios eram feitos em hospitais militares. S� eram admitidos ao curso, alunos do sexo masculino, que recebiam, al�m da forma��o t�cnica em assuntos de sa�de, forma��o militar. O mesmo Decreto previu ainda que o quadro de enfermeiros dos hospitais militares passaria a ser composto exclusivamente por enfermeiros militares, habilitados em concurso realizado no Hospital Central do Ex�rcito ou nos hospitais de 1a classe4. A entrada para o quadro de enfermeiros se dava no posto de enfermeiro de 3a classe, que correspondia ao posto de terceiro sargento, e chegava at� ao de primeiro sargento (enfermeiro de 1a classe), caracterizando assim sua subaltemidade.

Amainadas as for�as hist�ricas que haviam determinado a cria��o da Escola Anna Nery, tratou-se de atenuar os efeitos de sua institui��o como escola oficial padr�o, o que se chocava com interesses das corpora��es militares e religiosas. Em mar�o de 19325, um Decreto aprovou a organiza��o do quadro de enfermeiros do Ex�rcito e criou o Curso de Enfermeiros da Escola de Sa�de do Ex�rcito, com dura��o de um ano, obrigat�rio, tanto para os enfermeiros j� pertencentes aos quadros dos hospitais militares, quanto para os que desejassem para eles entrar. Os portadores de diplomas de enfermeiro militar ou da Cruz Vermelha Brasileira n�o tinham seus diplomas registrados no Departamento Nacional de Sa�de P�blica, mas na Diretoria de Sa�de da Guerra.

No mesmo ano, Get�lio Vargas assinou outro Decreto6 conferindo �s religiosas direitos iguais aos das enfermeiras de Sa�de P�blica, desde que apresentassem atestados provando que j� contavam naquela data com seis ou mais anos de pr�tica efetiva de enfermeira. Os atestados deveriam ser assinados pelos diretores dos hospitais onde as irm�s desenvolviam pr�tica de enfermagem, e desde que esses hospitais estivessem entregues �s congrega��es religiosas �s quais as religiosas fossem vinculadas.

Ao mesmo tempo, e de outro modo, foram tomadas provid�ncias para preservar a hegemonia das ordens religiosas na administra��o dos hospitais, ou seja, mediante a qualifica��o de religiosas para o exerc�cio da profiss�o, de acordo com a nova legisla��o. Nos conventos existiam, como ainda existem, as servi�ais e as intelectuais. Estas �ltimas � que foram encaminhadas para os cursos de enfermagem, no interesse de suas congrega��es, n�o s� de manterem seus hospitais, mas tamb�m de incrementarem a abertura de escolas de enfermagem cat�licas. Al�m do curso de enfermagem, muitas religiosas eram encaminhadas a outros cursos superiores, como o de Filosofia ou de Pedagogia. A Igreja, aliada �s classes dominantes, tratava de manter sua antiga hegemonia tamb�m no setor educacional, empenhada em exercer influ�ncia atrav�s da forma��o das elites dirigentes.

A cria��o da Escola Anna Nery, fora da esfera de influ�ncia do clero, provavelmente apresentou-se como uma amea�a ao poder e prest�gio das ordens religiosas. Tanto assim que � diminui��o da influ�ncia das enfermeiras norte-americanas nos destinos da enfermagem nacional, segue-se o reconhecimento das religiosas como enfermeiras, em 1932, e a cria��o, em 1933, da primeira escola a formar enfermeiras religiosas no Brasil, em Belo Horizonte, por decreto estadual, mas que utilizava como campo de est�gio um hospital da ordem de S�o Vicente de Paulo. A nova Escola teve como patrono Carlos Chagas, criador da Escola Anna Nery, e como primeira diretora Lais Netto dos Reys - ex-aluna desta Escola.

Depois surgiram mais duas escolas de enfermagem de orienta��o cat�lica: a Escola do Hospital S�o Paulo/SP (1938), dirigida pelas Franciscanas Mission�rias de Maria e a Escola Luiza de Marillac/DF (1939), fundada pela ordem de S�o Vicente de Paulo. Seitas evang�licas tamb�m trataram de proteger seus interesses. Duas escolas foram criadas por iniciativa de igrejas evang�licas, ambas no estado de Goi�s: a Escola Florence Nightingale (1933), em An�polis e a Escola Cruzeiro do Sul, em Rio Verde (1937).

Essas cinco Escolas estavam vinculadas a hospitais, ao contr�rio do que preconizava a miss�o norte-americana de enfermeiras, o que sugere, que n�o existiam, at� ent�o, em outras cidades brasileiras, condi��es hist�ricas equivalentes �s que determinaram a cria��o da Escola Anna Nery no ent�o Distrito Federal, ou seja, o "alto padr�o" de ensino de enfermagem adotado pela Escola Anna Nery, em moldes considerados cient�ficos, poderia n�o corresponder � realidade brasileira da �poca.

De 1937 a 1945, no Estado Novo, marcado pelo populismo de Get�lio Vargas, foram criadas onze escolas de enfermagem no Brasil. Segundo Gadotti (1992) para o Estado Novo "a escola representava o instrumento ideal para a dissemina��o da nova ideologia desenvolvimentista, isto �, o mito do desenvolvimento capaz de produzir o bem-estar de todos, independentemente de classe social". Ainda mais, abrir novas escolas era uma maneira de mostrar que o Estado, como realizador dessas benfeitorias, tinha compromisso com o povo, preocupava-se com suas necessidades e agia deforma a supr�las. Assim, merecia o apoio pol�tico dos beneficiados e ampliava, cada vez mais, seus dividendos pol�ticos, at� mesmo porque, a multiplica��o dos estabelecimentos de ensino, por impor o crescimento da burocracia, exigia a cria��o de novos cargos que seriam preenchidos por "correligion�rios" e seus "clientes" (Cunha, 1983). Assim, a Constitui��o de 1937 introduz o ensino profissionalizante que, al�m das finalidades acima, formava m�o de obra qualificada para as empresas. O mesmo vale para os hospitais, para onde grande parte das enfermeiras j� come�ava a se dirigir.

Isto parece explicar, em parte, que o Estado, por apoiar iniciativas de forma��o de m�o de obra qualificada para garantir a manuten��o do desenvolvimento urbano-industrial, apoiava tamb�m a cria��o de escolas de enfermagem, que respaldavam a abertura de novos hospitais ou o funcionamento dos v�rios hospitais ligados aos Institutos de Aposentadorias. At� porque os cursos de enfermagem se assemelhavam aos cursos profissionalizantes: a maioria n�o exigia o curso secund�rio e o ensino era voltado para a instrumentaliza��o das alunas para o trabalho manual; embora as enfermeiras fossem consideradas profissionais de n�vel superior.

A Igreja cat�lica apoiava o Estado Novo alegando que as reformas sociais empreendidas pelo governo Vargas eram inspiradas na doutrina social da Igreja (Gadotti, 1992), mas este apoio n�o ficava sem retribui��o. Assim � que, dessas onze Escolas, dois ter�os eram vinculadas a igrejas, sendo seis de congrega��es religiosas cat�licas, e uma evang�lica. Das quatro escolas restantes, tr�s eram estaduais (Escola de Enfermagem da USP, Escola de Enfermagem do Par� e Escola de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro - atual EE da UFF) e uma federal (Escola de Enfermagem Rachel Haddock Lobo - atual Faculdade de Enfermagem da UERJ).

Na d�cada de 40, foram inauguradas catorze escolas de enfermagem, sendo sete vinculadas � congrega��es religiosas cat�licas, cinco estaduais e duas federais. Na d�cada de 50, foram criadas quinze escolas de enfermagem no Brasil: onze eram de congrega��es religiosas cat�licas, duas federais e duas estaduais. O per�odo de 1933 � 1959 caracteriza-se assim por uma supremacia num�rica das escolas de enfermagem religiosas sobre as demais: 22 escolas religiosas em um total de 34 escolas criadas nesse per�odo, o que corresponde a 64,7%.

III - AS ESCOLAS DE ENFERMAGEM NAS UNIVERSIDADES E O N�VEL DE ESCOLARIDADE

J� na virada da d�cada de 30 para a de 40 � que se observa um movimento, ainda que discreto, de ingresso das escolas de enfermagem nas universidades brasileiras. At� mesmo porque, era reduzido o n�mero de universidades e em alguns dos estados nos quais foram criadas escolas de enfermagem, elas inexistiam. Contudo, at� a d�cada de 60, mesmo nos estados em que j� havia universidade, muitas das escolas de enfermagem foram criadas como estabelecimentos isolados de ensino superior e s� posteriormente, a maioria foi integrada �s universidades.

Por outro lado, a desfavor�vel condi��o da mulher em nossa sociedade contribuiu, durante longos anos, para evitar a eleva��o do n�vel de escolaridade exigido das candidatas �s escolas de enfermagem, o que se n�o chegou a impedir sua entrada nas universidades, lhes acarretou uma posi��o inc�moda, em rela��o �s demais escolas de n�vel superior.

AS CONDI��ES DE ENTRADA NA UNIVERSIDADE

Em 1931, ano em que a Escola Anna Nery fora decretada escola padr�o, tamb�m fora decretado o Estatuto das Universidades Brasileiras, que reconhecera o sistema universit�rio preferencial ao das escolas superiores isoladas. A Universidade do Rio de Janeiro, criada em 1920, at� ent�o era composta por apenas tr�s escolas: a Faculdade de Direito, a Faculdade de Medicina e a Escola Polit�cnica. Na reforma de 1931, foram a ela incorporadas, afora as de outras �reas que n�o a da sa�de, as Faculdades de Farm�cia e de Odontologia (Romanelli, 1978). Mas, apesar de se haver cogitado da incorpora��o da Escola Anna Nery, devido a "conveni�ncias da organiza��o sanit�ria", esta Escola, apesar de se reconhecer que a mesma atendia "aos bons padr�es t�cnicos encontrados em universidades de outros pa�ses"7, permaneceu no DNSP. Somente em 1937, quando a Universidade do Rio de Janeiro foi reestruturada, passando a designar-se Universidade do Brasil, a Escola Anna Nery passou a integrar a nova universidade, mas na qualidade de institui��o de ensino complementar.

Na d�cada de 40, das catorze escolas de enfermagem inauguradas, apenas duas foram, desde o in�cio, vinculadas a universidades: a Escola de Enfermagem da USP/SP (1942) e a Escola de Enfermagem da UFBA (1946). A partir de 1945 (Decreto-Lei n�8457/45), as exig�ncias para a cria��o de universidades ficaram bem mais flex�veis e econ�micas. Como diz Cunha (1983): "passava a ser poss�vel instalar-se uma universidade (...) sem as custosas faculdades de engenharia ou medicina", podendo-se optar, por exemplo, por uma faculdade de filosofia, uma de direito e a terceira de economia ou servi�o social.

Em 1946, com a redemocratiza��o do pa�s, o Brasil ganhou uma nova Constitui��o, que estabelecia que � Uni�o cabia legislar sobre as diretrizes e bases da educa��o nacional, ao contr�rio da Constitui��o de 1937, que fazia concess�es � iniciativa privada, quanto � liberdade de ensino. Neste mesmo ano, quando foi aprovado o Estatuto da Universidade do Brasil, a Escola Anna Nery constava como estabelecimento de ensino superior, mesmo sem exigir das suas candidatas o curso secund�rio completo (12 anos de escolaridade).

No in�cio da d�cada de 50, ocorreu o fen�meno da "federaliza��o " de estabelecimentos de ensino superior mantidos pelos estados, pelos munic�pios e por particulares, o que favoreceu o surgimento, em alguns estados, de universidades federais, a partir da aglutina��o dessas escolas federalizadas. Mesmo assim, at� 1954, s� existiam no Brasil dezesete universidades, distribu�das em apenas oito estados: Para�ba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Paran� e Rio Grande do Sul.

A federaliza��o de escolas atendeu a interesses de v�rios grupos: das antigas entidades mantenedoras, que sempre alegavam dificuldades financeiras; dos estudantes, que sempre reivindicavam o ensino superior p�blico e gratuito; e de professores e funcion�rios dessas institui��es de ensino superior, que reivindicavam os privil�gios do funcionalismo p�blico federal (Cunha, 1983).

O movimento de federaliza��o perdeu sua for�a a partir da promulga��o da Lei de Diretrizes e Bases, quando o Conselho Federal de Educa��o (CFE), com as atribui��es que lhe foram por ela conferidas e sob a alega��o de falta de recursos, passou a emitir sucessivos pareceres que defendiam a prioridade da expans�o de vagas das escolas superiores oficiais ao inv�s da federaliza��o de escolas particulares (Cunha, 1983).

Na d�cada de 50, das quinze escolas de enfermagem criadas no Brasil, apenas duas estavam inseridas em universidades: uma federal, em Porto Alegre (1950) e uma estadual, em Ribeir�o Preto (1951). Entretanto, dentre as treze restantes, cinco vieram a ser incorporadas � universidades (sendo quatro cat�licas e uma federal) e a Escola de Enfermagem Luiza de Marillac (criada em 1939), foi agregada � PUC-RJ, em 1953.

A RESIST�NCIA � ELEVA��O DO N�VEL DE ESCOLARIDADE

Ao final do governo Dutra, foi aprovada a lei do ensino de enfermagem (Lei n� 775, de 6/8/49). O ante-projeto que deu origem � essa lei, foi elaborado pelas enfermeiras Edith de Magalh�es Fraenkel e Lais Netto dos Reys, em conjunto com alguns deputados e com membros da ent�o Diretoria do Ensino Superior do MES, em reuni�es realizadas na Escola Anna Nery. Aquele anteprojeto foi discutido, em abril de 1949, pelos membros da Divis�o de Educa��o da ABED (Carvalho, 1976).

Por for�a dessa lei, cessa a exig�ncia de equipara��o das escolas ao "modelo anan�ri", passando a avalia��o das escolas a ser atribui��o da Diretoria do Ensino Superior do Minist�rio da Educa��o e Sa�de. Essa Lei instituiu ainda a obrigatoriedade de vincula��o das escolas de enfermagem a centros universit�rios ou a faculdades de medicina, por�m n�o determinou o tipo de inser��o administrativa.

A Lei 775/49 (art. 5�) estabeleceu tamb�m a exig�ncia do curso secund�rio completo para o ingresso de alunas nos cursos de enfermagem. Entretanto, permitia que as escolas continuassem a receber, por mais sete anos, candidatos portadores apenas do certificado de conclus�o do curso ginasial ou equivalente. As diretoras de escolas apoiavam tal medida por julgarem que, sendo ainda pequeno o n�mero de mulheres que terminava o secund�rio, uma exig�ncia maior poderia diminuir muito a procura pelo curso (Pinheiro, 1962). Entretanto, como, em 1953, foi apresentado um novo Projeto de Lei, que adiava, mais uma vez, aquele prazo que fora concedido em 1949, a ABED fez uma consulta �s vinte e cinco escolas de enfermagem ent�o existentes no pa�s, cujo resultado foi o de que apenas oito delas opinaram a favor da exig�ncia. Continuava "o temor de que diminu�sse de modo assustador a procura dos cursos de enfermagem (Carvalho, 1976). Tanto � que, em 1956, realmente a exig�ncia do curso secund�rio foi prorrogada, com a anu�ncia da Associa��o, para que as escolas "pudessem preparar seu corpo docente para o ensino em n�vel superior" (Carvalho, 1976), o que demonstra que, apesar dos diplomas fornecidos pelas escolas de enfermagem serem registrados na Diretoria de Ensino Superior do MEC, este estatuto era bastante question�vel.

O fato � que o prazo para o cumprimento da exig�ncia de doze anos de escolaridade foi prorrogado por duas vezes, totalizando doze anos de adiamento. Sobre isto, Am�lia Corr�a de Carvalho (1961), comenta que a grande maioria das professoras de enfermagem concordava em que o curso secund�rio completo devesse ser o requisito m�nimo para a admiss�o nas escolas de enfermagem, "al�ando-se assim a enfermagem, definitivamente para o n�vel superior", o que refor�a seu posicionamento anterior. Marina de Andrade Resende, concordava com este posicionamento, mas tinha a expectativa de que haveria um novo adiamento. Referia-se ela ao per�odo de adiamentos como os "onze anos de toler�ncia no que, desde 1949, deveria ter colocado o ensino de enfermagem em grau superior" devido a "um conformismo a padr�es tradicionais" (Resende, 1961). Mas seus receios n�o se concretizaram pois, em dezembro de 1961, Jo�o Goulart, sancionou a Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional, que, entre outras provid�ncias, exigia a conclus�o do ciclo colegial ou equivalente de todos os candidatos aos concursos vestibulares dos cursos superiores.

No que se refere aos cursos de enfermagem, constata-se em 1962, a diminui��o, j� esperada, do n�mero de candidatos aos cursos, e a retomada gradual do n�mero de matr�culas, nos cinco anos subseq�entes (Alc�ntara, 1969).

IV - A REFORMA UNIVERSIT�RIA E A CARREIRA DA ENFERMEIRA

Em 1964 existiam trinta e sete universidades espalhadas pela maioria dos estados brasileiros (Cunha, 1983), observando-se portanto um crescimento de mais de 130% nos �ltimos dez anos (de 16 para 37).

Com o golpe militar de 1964, a quest�o da "moderniza��o" da Universidade foi assumida pelo governo, que passou a controlar os movimentos de professores e de estudantes, e alijar a sociedade civil da esfera de decis�es. Em nome da organiza��o, da efic�cia e da racionaliza��o, que faziam parte da ideologia governamental, as reivindica��es foram sistematicamente ignoradas ou combatidas. A estrat�gia adotada foi a de manipular a inova��o, sem amea�ar a estrutura de poder, ajustando-a a um certo padr�o de desenvolvimento econ�mico, com o apoio de outras for�as, internas e externas, que n�o a desses professores e estudantes (interessados na reestrutura��o da universidade).

Foram constitu�dos, pelo governo, grupos de trabalho para estudar a situa��o do ensino no Brasil e oferecer subs�dios � Reforma Universit�ria, assessorados por t�cnicos norte-americanos pertencentes � United States Agency for International Development (USAID), atrav�s de conv�nios de assist�ncia t�cnica e financeira. Os acordos MEC-USAID "tiveram o efeito de situar o problema educacional na estrutura geral de domina��o, reorientada desde 1964, e de dar um sentido objetivo e pr�tico a essa estrutura" (Romanelli, 1987). Com a assinatura desses Acordos, o ensino superior no Brasil passou a ser encarado como imprescind�vel ao desenvolvimento econ�mico e voltado essencialmente � forma��o de recursos humanos para o setor industrial.

Como nos lembra Germano (1993), a Reforma Universit�ria n�o se traduziu numa simples incorpora��o, pelo MEC, das recomenda��es dos diversos relat�rios dos t�cnicos da USAID, pois j� existia no Brasil, desde o final da d�cada de 40 "um movimento interno em favor da moderniza��o da universidade".

Tecnicamente, esses Acordos estavam voltados para as principais reivindica��es do movimento estudantil e de grupos de professores, interessados na reforma do ensino superior, mas nem de longe seguiram os princ�pios desses movimentos. Sugeriram, sim, que se ampliasse a matr�cula de estudantes mas "segundo crit�rios de racionaliza��o cujo princ�pio b�sico vincular-se-ia � m�xima produtividade do ensino em rela��o a um m�nimo custo" (Graciani, 1982). Al�m disso, foram sugeridas medidas para operacionalizar a orienta��o geral e para coibir os movimentos estudantis.

Com a assist�ncia da USAID, o Ministro da Educa��o come�ou a promover mudan�as nas universidades federais, paulatinamente difundidas para as demais universidades. Dois decretos8, que estabeleciam os princ�pios e normas de organiza��o para as universidades federais alteraram a situa��o de relativa autonomia das unidades universit�rias, atrav�s da institui��o de Departamentos, Institutos e/ou Centros, e tamb�m visando o "pleno aproveitamento das vagas e � racionaliza��o das atividades acad�micas" (Germano, 1993), intitui o ciclo b�sico.

Esses Decretos "lan�aram, portanto, as principais bases das reformas que se seguiram e serviram de fundamento para a principal das comiss�es brasileiras que completaram a defini��o da pol�tica educacional: a Comiss�o Meira Matos" (Romanelli, 1987). O relat�rio dessa Comiss�o refor�ou as medidas sugeridas pelos Acordos MEC-USAED.

Os primeiros meses do ano de 1968 foram marcados pela intensifica��o das manifesta��es populares promovidas pela UNE que, mesmo na ilegalidade, protestava contra os acordos que vinham sendo feitos entre o MEC e a USAID. Nessa mesma �poca, foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Reforma Universit�ria (GTRU), formado pelo MEC, um anteprojeto que se transformou no texto da lei que fixou as normas para a organiza��o e funcionamento do ensino superior. A reforma universit�ria institu�da ao final do ano, n�o correspondeu �s propostas dos movimentos de alunos e professores, que h� cerca de tr�s d�cadas clamavam por uma reforma estrutural do ensino superior, de cuja inoper�ncia o problema cr�nico dos "excedentes" era uma express�o.

No entanto, os protestos contra os rumos propostos pelo governo para o sistema de ensino, foram logo silenciados, quando no �ltimo dia do ano de 1968, foi promulgado o Ato Institucional n� 5, que retirou do cidad�o brasileiro todas as garantias individuais, p�blicas ou privadas, assim como concedeu ao Presidente da Rep�blica plenos poderes para atuar nos planos Executivo e Legislativo.

Daqueles dois relat�rios (Comiss�o Meira Matos e GTRU) resultaram medidas legais, que tratavam do aumento do n�mero de vagas no ensino superior, e da conten��o de toda e qualquer manifesta��o de car�ter pol�tico ou de protesto no �mbito das universidades, sob pena de suspens�o para os estudantes e demiss�o para os funcion�rios e professores. Esse conjunto de instrumentos legais modificou profundamente o sistema de ensino superior, alterando sua organiza��o, sua administra��o e o funcionamento de seus cursos.

Dentre as principais mudan�as advindas da Reforma Universit�ria est�o as seguintes: *a departamentaliza��o: as c�tedras foram substitu�das pelos Departamentos que, congregando um conjunto de disciplinas afins, passaram a ser unidades administrativas com lota��o de pessoal e de recursos materiais, e autonomia para o desempenho de suas atividades. A departamentaliza��o ampliou a representatividade docente e discente nos �rg�os colegiados. Ao tempo em que eliminava a duplicidade de trabalho, aumentava a possibilidade de economia de recursos materiais e humanos; *o regime de cr�ditos "foi a maneira encontrada para que aquela economia tornada poss�vel pela departamentaliza��o se efetivasse" (Cunha, 1989). Assim � que, as disciplinas foram classificadas em obrigat�rias e eletivas, sendo que as obrigat�rias para uns cursos poderiam ser eletivas para outros, e as eletivas poderiam ser escolhidas por alunos de diversos cursos; *a institui��o do ciclo b�sico: seria a etapa na qual todos os alunos de uma mesma �rea de conhecimento realizariam seus estudos em conjunto. Objetivava a recupera��o de insufici�ncias evidenciadas pelo concurso vestibular; orienta��o para a escolha da carreira; realiza��o de estudos b�sicos para ciclos ulteriores. Pretendia com isto ocupar as vagas ociosas dos cursos de menor procura; *a unifica��o do vestibular por �rea de conhecimento e o ingresso por classifica��o: esta estrat�gia visava o preenchimento das vagas das escolas, em um �nico vestibular pois, mesmo que o candidato n�o conseguisse pontos suficientes para ocupar uma vaga na carreira de primeira op��o, poder�a ingressar em outro curso de menor procura. Esta provid�ncia serviu tamb�m para eliminar "legalmente a figura do aprovado" (Cunha, 1989) que tantas reivindica��es fazia por seu direito de ingressar na universidade; * a fragmenta��o do grau acad�mico de gradua��o: a reforma previu ainda a diminui��o do tempo de dura��o dos cursos de gradua��o e a institui��o das habilita��es, como op��o, para os alunos que desejassem aprofundar seus conhecimentos em determinada �rea de conhecimento, correspondente ao curso de gradua��o que tivessem cursado. Como o tempo de perman�ncia dos alunos na universidade diminuiu, aumentou o atendimento da demanda de vagas; *a institucionaliza��o da p�s-gradua��o e o incentivo formal � pesquisa: os objetivos dessa medida eram os de formar professores para os cursos de gradua��o; preparar pessoal para atuar nas empresas p�blicas e privadas e apoiar os estudos e as pesquisas que visassem o desenvolvimento do pa�s. Cunha (1989) cita que no texto da Lei aparece, de forma um tanto quanto velada, um outro objetivo desta medida: "manuten��o da alta cultura que permanece privil�gio de alguns". Diz o autor supra citado, que esse objetivo pode indicar uma fun��o de discrimina��o social da p�s-gradua��o, ou seja, "a de restabelecer o valor econ�mico (elegibilidade para as ocupa��es mais remuneradoras) e simb�lico (atribui��o de maior quantidade de prest�gio) do diploma de ensino superior, degradado em virtude do grande crescimento do n�mero de graduados".

A REFORMA UNIVERSIT�RIA NAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM

A Reforma Universit�ria de 1968 determinou uma ruptura na identidade da enfermeira brasileira, e de v�rios modos. De um ponto de vista quantitativo, primeiramente pela massifica��o do ensino superior, implementada �s custas do incremento do n�mero de vagas; e segundo pela cria��o de novas Escolas: enquanto que no per�odo 1964-1974, foram criadas catorze escolas de enfermagem, das quais doze inseridas em universidades, sendo nove vinculadas ao governo federal ou estadual; entre 1975 e 1979, foram criados vinte e seis novos cursos de enfermagem, sendo dezessete inseridos em universidades (doze em universidades federais, dois em universidades estaduais e tr�s em universidades particulares). Nove cursos foram criados como unidades isoladas de ensino superior: dois ligados a governos estaduais, um � uma congrega��o cat�lica e seis a faculdades particulares.

Esse aumento do n�mero de vagas no sistema de ensino p�blico, apesar de insuficiente para atender aos milhares de candidatos �s demais carreiras oferecidas pela universidade, foi bastante significativo para a carreira de enfermagem. Ao mesmo tempo observa-se uma retra��o na cria��o de escolas de enfermagem religiosas, pois das quarenta escolas criadas no per�odo 1964-1979, apenas tr�s eram ligadas a congrega��es religiosas: duas cat�licas e uma evang�lica. Na d�cada de 80, foram implantados vinte e cinco novos cursos de enfermagem, sendo que dezessete na regi�o sudeste, quatro na regi�o sul, tr�s na regi�o nordeste e um no norte do pa�s. Em 1996, existiam cento e nove cursos de gradua��o em enfermagem no Brasil distribu�dos pelas diversas regi�es do pa�s. Destes, cinquenta e nove (54%) est�o vinculados ao governo federal, estadual ou municipal, e cinquenta (46%) � institui��es privadas.

De outro modo, a Reforma Universit�ria determinou a mudan�a do tipo de inser��o mesma da carreira de enfermagem na universidade. Algumas das principais transforma��es ocorridas nas Escolas de Enfermagem das Universidades Federais, em decorr�ncia da Reforma Universit�ria foram: *como a sele��o de candidatos deixou de ser responsabilidade das Escolas e passou para os �rg�os de administra��o acad�mica das Universidades, mediante o sistema de vestibular unificado e classificat�rio, as turmas de enfermagem passaram a ser constitu�das, em grande parte, por estudantes n�o especialmente desejosos de ingressar na profiss�o e, muitas vezes, apenas esperando ter mais sorte no pr�ximo vestibular. Posteriormente, tentou-se corrigir essa distor��o dando prefer�ncia aos candidatos de primeira op��o para enfermagem, ainda que com um n�mero de pontos inferior ao alcan�ado pelos candidatos de segunda op��o; *a instala��o do vestibular unificado determinou ainda que alunos do sexo masculino tivessem oportunidade de ingressar nos cursos de enfermagem. At� �quela �poca, a maioria das Escolas mantinha a prerrogativa de incluir, entre os crit�rios de sele��o, o de aceita��o exclusivamente de candidatas do sexo feminino, al�m de outros crit�rios menos objetivos, ligados � apar�ncia, comportamento, antecedentes, etc; *as Escolas de Enfermagem passaram a integrar os Centros de Ci�ncias da Sa�de das Universidades, deixando de ser unidades isoladas, o que possibilitou um sentido mais amplo de integra��o universit�ria; *com a institui��o do Ciclo B�sico, as disciplinas que eram comuns a todos os cursos da �rea da sa�de passaram a ser ministradas ao conjunto dos alunos, e nos Institutos B�sicos. Esta situa��o proporcionou ao aluno de enfermagem a oportunidade de conviv�ncia tanto com os professores das ci�ncias b�sicas como com os alunos de outras carreiras da Sa�de, mas o contato do estudante com as professoras de enfermagem foi adiado para o 4� per�odo do Curso. Segundo Oliveira (1981), esta aproxima��o pretendeu oferecer ao aluno de enfermagem enriquecimento cultural e amplia��o de suas expectativas. Por outro lado, vejo que essa inova��o retirou deles a conviv�ncia com o grupo espec�fico e a ambienta��o com a carreira escolhida, trazendo novos problemas para os alunos, principalmente no tocante � intera��o com professores e alunos de outros cursos. No in�cio da d�cada de 80, as disciplinas j� n�o eram ministradas ao conjunto dos alunos, passando cada curso a ter conte�dos diferenciados. A principal raz�o alegada para que isso ocorresse foi a de que os alunos das carreiras que exigiam menor n�mero de pontos no vestibular, n�o conseguiam acompanhar os ensinamentos que eram oferecidos principalmente aos alunos de medicina e odontologia; *o sistema de cr�ditos trouxe a necessidade de uma adequa��o dos conte�dos e do n�mero de horas/aula, tanto te�ricas quanto pr�ticas, das disciplinas e inviabilizou as promissoras experi�ncias que vinham sendo feitas com curr�culos integrados, sob a forma de unidades did�ticas; *o CFE fixou o novo curr�culo m�nimo dos Cursos de Enfermagem e Obstetr�cia9, devendo as Escolas elaborar seus curr�culos plenos, tendo em vista as exig�ncias espec�ficas das diferentes universidades; *a exig�ncia de qualifica��o do corpo docente atrav�s da obten��o de t�tulos de mestre, doutor ou livre-docente determinou que algumas escolas de enfermagem acelerassem o processo de implanta��o de seus cursos de p�s-gradua��o stricto sensu.

At� a implanta��o da Reforma Universit�ria, o n�mero de unidades universit�rias brasileiras (em todas as �reas) que ofereciam cursos de p�s-gradua��o stricto sensu era muito reduzido. At� ent�o, os esfor�os voltados para este tipo de forma��o incluiam basicamente o financiamento dos estudos em outros pa�ses, principalmente nos Estados Unidos, e para um pequeno n�mero de pessoas. Tanto que, a maioria dos docentes universit�rios n�o tinha forma��o acad�mica em n�vel de mestrado e doutorado e a pesquisa cient�fica ficava restrita a algumas poucas institui��es como "os Institutos de Manguinhos (Rio de Janeiro) e Butant� (S�o Paulo); o Instituto de Biof�sica da UFRJ, do Centro Brasileiro de Pesquisas F�sicas, Institutos de F�sica Te�rica e de Energia At�mica, ambos da USP, o Instituto de Matem�tica Pura e Aplicada" (Germano, 1993).

A Lei da Reforma Universit�ria previa no seu artigo 2� que "o ensino superior, indissoci�vel da pesquisa, ser� ministrado nas universidades e, excepcionalmente, em estabelecimentos isolados". Atrav�s este dispositivo legal, foi efetivamente implantada a p�s-gradua��o no Brasil, o que possibilitou tamb�m o incremento da pesquisa universit�ria.

Em 1972, foi implantado na Escola Anna Nery/UFRJ, o primeiro curso de mestrado em enfermagem no Brasil. J� em 1973, a Escola de EnfermagemdaUSP/ SP cria o segundo curso de mestrado em enfermagem no Brasil. Essas iniciativas tinham como primeira e mais ampla finalidade qualificar docentes de enfermagem de modo a atender a legisla��o em vigor. Como quase a totalidade desses docentes n�o possu�a tal qualifica��o, durante aproximadamente duas d�cadas, as turmas desses cursos foram formadas quase que exclusivamente por professoras de enfermagem, vindas das diversas regi�es do Brasil. Al�m de encaminhar suas professoras para o curso de mestrado na Escola Anna Nery e na Escola de Enfermagem da USP, as escolas de enfermagem trataram tamb�m de incentivar seus docentes para a realiza��o de cursos de mestrado em outras institui��es, tanto no Brasil como no exterior, objetivando tamb�m a cria��o de novos cursos.

Em 1995, onze escolas de enfermagem brasileiras (nove federais e duas estaduais) ofereciam cursos de mestrado. Essas escolas est�o assim distribu�das pelas diversas regi�es do pa�s: sudeste - seis; sul - uma; nordeste - tr�s e norte -uma. Destas onze escolas, cinco (tr�s federais e duas estaduais) oferecem o curso de doutorado, sendo que quatro est�o localizadas na regi�o sudeste e uma na regi�o sul. Algumas dessas escolas oferecem tamb�m, em outros estados, cursos de mestrado ou doutorado em sistema de extens�o.

Assim � que, a Reforma Universit�ria de 68 modificou a situa��o da carreira de enfermagem. Do ponto de vista quantitativo o crescimento ocorreu tanto pelo incremento do n�mero de vagas como pela cria��o de novas Escolas. Como podemos constatar, a situa��o das escolas de enfermagem, no que se refere � depend�ncia administrativa � institui��es mantenedoras, se inverteu a partir do final da d�cada de 80, pois at� esta �poca, a grande maioria das escolas ou eram vinculadas aos governos ou mantidas por congrega��es religiosas, sendo que na maioria destas institui��es, o curso era gratuito. Qualitativamente, a principal altera��o foi em rela��o � produ��o cient�fica, pois a abertura dos cursos de p�s-gradua��o stricto sensu veio a favorecer o aumento significativo da produ��o cient�fica de enfermagem, ainda que restrita ao �mbito da academia e principalmente para atender �s exig�ncias dos cursos de mestrado e doutorado. Como pudemos observar, de todos os modos a Reforma Universit�ria de 1968 determinou uma ruptura na forma��o da enfermeira brasileira.

CONSIDERA��ES FINAIS

A hist�ria da enfermagem moderna no Brasil insere-se no passado recente do pa�s, caracterizando um desenvolvimento tardio em rela��o a outras carreiras da �rea da sa�de, como a medicina, a farm�cia e a odontologia, profiss�es j� regulamentadas no s�culo 19, antes mesmo da exist�ncia de universidades no Brasil, e que passaram a integr�-las desde as primeiras d�cadas do s�culo 20.

O sistema implantado pela miss�o t�cnica de enfermeiras norte-americanas no DNSP, feria os interesses econ�micos e pol�ticos das corpora��es militares e religiosas �s quais n�o convinha a difus�o do "padr�o Anna Nery". Ap�s a substitui��o total das enfermeiras norte-americanas por enfermeiras brasileiras, tendo como pano de fundo os governos populistas (da d�cada de 30 a meados da d�cada de 60), observase um crescimento exponencial do n�mero de escolas de enfermagem cat�licas, em sua maioria ligadas a hospitais, ao contr�rio do que preconizavam as enfermeiras norte-americanas.

O exame do processo de forma��o das enfermeiras nos mostra que v�rias escolas foram criadas anexas a faculdades de medicina e o curr�culo de enfermagem j� ent�o atendia �s incipientes especialidades m�dicas. O corpo docente das escolas de enfermagem era composto por m�dicos e enfermeiras; �queles cabia lecionar al�m das disciplinas b�sicas, a parte te�rica relacionada aos "princ�pios cient�ficos", bem como as cl�nicas b�sicas; �s professoras enfermeiras cabia relacionar aqueles conte�dos te�ricos � arte ou � t�cnica de enfermagem, em cada uma dessas �reas (que correspondiam aos campos cl�nicos), em sala de aula, nos laborat�rios de enfermagem e nos est�gios supervisionados, onde muitas vezes desempenhavam fun��es de chefia.

Deste modo, o ensino da enfermagem no Brasil foi configurado como uma �rea ou disciplina da �rea m�dica, ou seja, como se dizia, uma profiss�o param�dica. No entanto, a depend�ncia na qual se achava o ensino de enfermagem, correspondia a uma situa��o de consentimento ou at� de aquiesc�ncia das pr�prias escolas de enfermagem. Essa caracter�stica de nossa forma��o levou a que muitas turmas de enfermeiras fossem formadas sem maiores questionamentos sobre a raz�o de ser da profiss�o na sociedade brasileira, posto que estavam, na maioria das vezes, voltadas para os interesses em fun��o dos quais tinham sido formadas. Por esses motivos e tamb�m devido � falta de atrativos da profiss�o para grande parte do pequeno contingente de mulheres de classe m�dia que completava o curso secund�rio, as escolas de enfermagem de modo geral chegaram tardiamente � universidade, se considerarmos que o projeto inicial de implanta��o da enfermagem moderna no Brasil j� previa a sua inser��o no que hoje se chama ensino de 3� grau.

Assim, no longo per�odo que se estende desde a cria��o das primeiras escolas de enfermagem at� a Lei da Reforma Universit�ria, em 1968, emerge, em linhas bastante n�tidas, o sentido no qual se processou o desenvolvimento da enfermagem brasileira. Apesar da institucionaliza��o do modelo nightingale em 1923, apenas em meados deste s�culo acentuou-se o ingresso de escolas de enfermagem na universidade. Esse movimento foi favorecido pela pol�tica de federaliza��o de institui��es de ensino superior, as quais tiveram que se aglutinar, de modo a atender os requisitos m�nimos exigidos pelo Minist�rio da Educa��o, para a cria��o de universidades. Assim mesmo, somente a partir da d�cada de 60, passou-se a exigir das candidatas ao curso de enfermagem doze anos de escolaridade, correspondentes ao curso secund�rio completo. Nesta mesma d�cada � que se observou o incremento do processo de laiciza��o do ensino e do exerc�cio profissionais.

Portanto, somente a partir da d�cada de 60 � que as escolas de enfermagem, por raz�es at� alheias � sua vontade, mudaram sua configura��o, qualitativa e quantitativamente. Primeiro, pela exig�ncia do curso secund�rio para a sele��o, passando a ter uma fei��o propriamente universit�ria; depois, por sua inclus�o em Centros de Ci�ncias da Sa�de, ou Centro Biom�dicos; e finalmente pela institui��o da p�s-gradua��o stricto sensu e da pesquisa. Em uma perspectiva quantitativa, al�m das quarenta escolas de enfermagem criadas entre 64 e 79, houve a amplia��o do n�mero de vagas ofertadas para a carreira de enfermagem, no bojo do processo geral de massifica��o do ensino superior e de seculariza��o da enfermagem.

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1. Este trabalho Corresponde ao resumo de parte do ret�rio de pesquisa enviado ao CNPq referente ao projeto integrado "Trajet�ria das escolas de enfermagem na sociedade brasileira"
2. Neste trabalho, a palavra religiosa ser� usada com o sentido de: "mulher que fez votos mon�sticos" (Die. Aur�lio, 1975).
3. Mem�ria de Solferino, Genebra, 1862.
4. Entretanto, ficaram asseguradas as vantagens concedidas aos enfermeiros do H.C.E. nomeados em 1911 (Decreto n� 8647, de 31/3/1991), ficando os nomeados posteriormente sujeitos �s disposi��es da nova regulamenta��o.
5. Decreto n� 21 141, de 10/3/1932.
6. Decreto n� 22 257, de 26/12/1932. Este decreto s� foi revogado pela Lei n� 2 604/55, quando as irm�s foram enquadradas como enfermeiras pr�ticas ou pr�ticas de enfermagem.
7. Decreto n� 20 109/31 - 4� Considerando.
8. Decreto-Lei n� 53, de 18/11/1966 e Decreto-Lei n� 252, de 28/02/1967
9. Resolu��o n� 4/72, do CFE e Parecer n� 163

Onde foi implantada a primeira escola de Enfermagem?

O ensino da enfermagem, no Brasil, foi institucionalizado em 1923, com a criação da Escola de Enfermagem Ana Nery e, no estado da Bahia, apenas em 1946 é que se deu a criação da então Escola de Enfermagem da Universidade da Bahia (EEUB), através do Decreto Lei 8.779 de 22 de janeiro de 1946.

Onde foi fundada a primeira escola de Enfermagem do Brasil?

A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi criada no Rio de Janeiro pelo decreto nº 791 de 27/09/1890, aprovado pelo Chefe do Governo Provisório da República, Marechal Deodoro da Fonseca.

Quem foi que criou a primeira escola de Enfermagem no Brasil?

Anna Nery, a responsável pela primeira escola de enfermagem do Brasil. Ana Néri nasceu no dia 13 de dezembro de 1814, na vila de Cachoeira do Paraguaçu, Bahia.

Quais são as primeiras escolas de Enfermagem no Brasil?

Primeiras Escolas de Enfermagem no Brasil.
Escola de Enfermagem "Alfredo Pinto" ... .
Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro. ... .
Escola Anna Nery. ... .
Escola de Enfermagem Carlos Chagas. ... .
Escola de Enfermagem "Luisa de Marillac" ... .
Escola Paulista de Enfermagem. ... .
Escola de Enfermagem da USP..