Quais os primeiros sintomas do autismo leve?


Quais os primeiros sintomas do autismo leve?

Postado por Autismo em Dia em 26/mar/2021 - 76 Comentários

Você já ouviu alguém dizer que a pessoa com autismo leve pode levar uma vida normal? Se sim, hoje nós iremos explicar qual o problema por trás dessa frase e por qual razão ela pode não soar bem aos ouvidos de uma pessoa com autismo leve.

Antes de mais nada, precisamos falar sobre a palavra “normal”. Afinal, o que é ser normal? Se o que vem à sua mente é uma pessoa que cumpre papeis tradicionais na sociedade, como fazer uma faculdade, casar-se e ter filhos, então, muitas pessoas, até mesmo neurotípicas, não se encaixariam nesse normal, não é mesmo? Fique claro: não estamos dizendo, de forma alguma, que um autista de grau leve não pode fazer faculdade, se casar ou ter filhos. Apenas desejamos lhe convidar a questionar o que significa ser normal, e se isso sequer existe, de fato.

No decorrer do texto, iremos falar sobre o peso do autismo leve, como ele interfere na vida do autista e quais desafios são enfrentados da infância à vida adulta. O objetivo do texto é conscientizar o leitor sobre essas questões, a fim de servir de guia para aprendermos como não invalidar ou subestimar os desafios de quem está nessa faixa do espectro.

Se você quer saber mais, então, vem com a gente!

Índice

  • 1 Autismo leve, vida normal? Entenda os desafios na infância
    • 1.1 Autismo leve, vida normal? Obstáculos na jornada escolar
  • 2 Autismo leve, vida normal? Entenda os desafios na vida adulta
    • 2.1 Autismo leve, vida normal? Desafios nas relações sociais
    • 2.2 Autismo leve, vida normal? Desafios para compreender sinais
    • 2.3 Autismo leve, vida normal? Hiperfoco
  • 3 O que não dizer para um autista de grau leve
    • 3.1 “Você não parece autista”
    • 3.2 “Você não tem cara de autista”
    • 3.3 “Você é mais inteligente que as pessoas normais?”

Autismo leve, vida normal? Entenda os desafios na infância

Quais os primeiros sintomas do autismo leve?

Fonte: Envato – viki2win

A infância é uma fase repleta de desafios, para as crianças e para os pais. É um período de constantes mudanças, marcadas pelo desenvolvimento de diversas áreas da vida. A criança começa a crescer, desenvolver sua personalidade e entender melhor as relações entre as pessoas e o mundo ao seu redor.

É verdade, o desenvolvimento de cada criança, seja ela autista ou não, varia muito. Mas uma coisa é certa: uma criança autista, ainda que em um grau leve, pode enfrentar muitos obstáculos, e muitas vezes se sentir deslocada entre os neurotípicas nas relações e na vida escolar.

Autismo leve, vida normal? Obstáculos na jornada escolar

Nem todo autista é gênio! Isso não significa que eles tenham menos potencial, ou um intelecto prejudicado, afinal, no grau mais brando do espectro, não costuma haver deficiência intelectual.1

No entanto, diversas características inerentes ao autismo podem tornar a vida escolar mais difícil para as crianças do espectro, como, por exemplo:

  • Dificuldade na interação com os professores e colegas;
  • Desconforto ao ser pressionado a participar de atividades e brincadeiras em grupo;
  • Incômodo com estímulos sensoriais como: barulho, iluminação, toques, etc.

Além disso, também é comum que algumas crianças autistas tenham algumas comorbidades, como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que interfere na capacidade de concentração, e o transtorno opositor desafiador (TOD), que pode tornar mais difícil a tarefa de reconhecer a autoridade dos professores e acatar suas orientações.2

Quais os primeiros sintomas do autismo leve?

Autismo leve, vida normal? Entenda os desafios na vida adulta

Quais os primeiros sintomas do autismo leve?

Fonte: Envato – halfpoint

A transição da adolescência para a vida adulta é complicada para muitos, e não é diferente com os autistas de grau leve. Novas responsabilidades surgem, e costuma existir certa pressão quanto a escolher uma profissão, entrar para a faculdade, namorar… Não é fácil, ainda que não seja impossível.

Mas o que diferencia a vida adulta de uma pessoa neurotípica para uma autista? Vamos refletir sobre alguns pontos envolvidos a seguir:

Autismo leve, vida normal? Desafios nas relações sociais

Os prejuízos na interação social são muito comuns entre as pessoas com TEA. Certamente, o desafio pode vir de todos os lados: lidar com as relações familiares, acadêmicas, de amizade, amorosas, entre tantas outras. O autista pode preferir ficar sozinho por boa parte do tempo, mas essa tendência ao isolamento não necessariamente indica que a pessoa não se sinta solitária as vezes.

Apesar da linguagem não ser afetada, o autista de grau leve pode ter dificuldade em comunicar seus sentimentos, desejos e anseios. É comum que seja mais difícil iniciar uma conversa, ou manter as conversas iniciadas a ponto de desenvolver uma amizade ou um relacionamento.

Dificuldades para lidar com estímulos sensoriais como ambientes muito iluminados, barulhentos ou com aglomerações também podem dificultar uma vida social ativa, já que os mais variados encontros acontecem em ambientes propícios a esse tipo de estímulo: cinemas, shoppings, baladas, bares, restaurantes, parques e até mesmo igrejas, por exemplo.

Autismo leve, vida normal? Desafios para compreender sinais

Os sinais sociais fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas neurotípicas, e é comum que muitas vezes as pessoas não parem para refletir sobre pessoas atípicas e suas necessidades em particular.

A possível dificuldade em compreender sinais de linguagem corporal e expressões faciais, por exemplo, tonam as relações sociais ainda mais complicadas. As pessoas neurotípicas podem não fazer idéia de que o autista não compreendeu algum olhar de interesse ou reprovação, por exemplo. No caso dos relacionamentos amorosos, uma pessoa pode demonstrar sinais de interesse através de sinais não verbais e equivocadamente concluir que a pessoa com TEA não tem interesse, enquanto na verdade, a pessoa nem sabe que a outra demonstrou algum sinal.3

Ironia, sarcasmo, piadas de duplo sentido… são alguns dos exemplos que se encaixam nesse contexto. O autista pode, muitas vezes, ser considerado ingênuo, por não perceber a malícia por trás de algumas falas e comportamentos que seriam facilmente percebidos por pessoas neurotípicas.

Autismo leve, vida normal? Hiperfoco

A maioria das pessoas encara o hiperfoco como algo positivo, e não há nada de errado nisso. De fato, quando o hiperfoco é saudável, ele pode ser muito benéfico, como nos casos em que a pessoa usa isso a favor de seus estudos, profissão e habilidades. No entanto, nem sempre é assim.

O hiperfoco pode prejudicar a qualidade de vida quando passa a afetar a capacidade da pessoa de se interessar por outros assuntos e hobbies que não sejam relacionados ao hiperfoco. Além disso, o hiperfoco pode ser mal interpretado por pessoas que não compreendem essa característica presente em muitas pessoas com autismo e/ou TDAH.

Nas relações, outra vez, o hiperfoco tem grande tendência a ser mal interpretado, e pode não ser saudável. A pessoa que é foco do interesse pode se assustar com comportamentos de atenção excessiva, e encarar tais comportamentos como inadequados. Ainda que o autista tenha consciência disso, precisar se policiar quando a isso pode ser uma tarefa difícil, por sua vez.

A terapia cognitivo comportamental tem um papel fundamental para servir de apoio ao autista que tem hiperfocos potencialmente prejudiciais. Certamente, o terapeuta qualificado pode ajudar a gerenciar esse tipo de conflito.

O que não dizer para um autista de grau leve

Quais os primeiros sintomas do autismo leve?

Fonte: Envato – davidpradoperucha

Ter empatia na hora de conversar é sempre importante! Para evitar que a pessoa com TEA se sinta desconfortável, ou até mesmo incompreendida e invalidada, devemos prestar a atenção ao impacto das palavras durante as conversas.

Pensando nisso, separamos algumas frases que devem ser evitadas durante o diálogo, e explicaremos o porque disso.

“Você não parece autista”

Essa é uma frase insensível em diversos aspectos. Afinal, o que é parecer autista? O transtorno do espectro autista engloba diversas características diferentes. Essas características podem estar presentes ou não em diferentes graus do TEA.

De fato, dizer que alguém não parece autista é diminuir os desafios que são enfrentados por essa pessoa durante toda a vida, além de ser ofensivo para as outras pessoas de graus moderados ou severos de autismo. Afinal, se o “não parecer autista” está sendo usado em tom de elogio, a mesma fala coloca as pessoas que, nessa visão, parecem autistas, em uma posição de inferioridade. São essas as razões pelas quais você não deveria, jamais, usar essa frase.

“Você não tem cara de autista”

Aqui, o contexto é o mesmo da frase anterior. O que é ter cara de autista? E se existe uma cara, por que não ter ela seria motivo para elogios?

Igualmente, essa frase subestima as dificuldades enfrentadas pelos autistas de grau leve, além de soar de forma ofensiva para as pessoas com maior grau de autismo, e algum comprometimento intelectual.

“Você é mais inteligente que as pessoas normais?”

Já dissemos isso anteriormente, mas vale reforçar: nem todo autista é gênio. Supor que o autista tenha, necessariamente, capacidades extraordinárias, como grande talento musical ou para cálculos matemáticos, é inadequado.

Estima-se que apenas 10% das pessoas dentro do espectro tenham, de fato, capacidades intelectuais acima da média. Então, lembre-se disso antes de julgar o intelecto da pessoa autista como extraordinário, afinal, só é assim numa minoria de casos.

Além disso, gostaríamos de mais uma vez chamar a atenção do leitor para o uso da palavra “normal”. Como assim, “mais inteligente que as pessoas normais”? Cada pessoa, neurotípica ou não, tem o seu próprio normal. Aquilo que é normal para si, pode não ser para o próximo.

Em cada contexto social, de personalidade e neurodiversidade, existe um normal diferente. Não há nada de anormal em ser diferente.

Quais os primeiros sintomas do autismo leve?

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Referências e datas de acesso:

1- Instituto NeuroSaber – Acesso em 15/03/2021.

2- Supera – Acesso em 15/03/2021.

3- Autism Speaks – Acesso em 16/03/2021.

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Como identificar os primeiros sinais de autismo leve?

Relacionamento interpessoal afetado;.
Riso inapropriado;.
Não olhar nos olhos;.
Frieza emocional;.
Poucas demonstrações de dor;.
Gostar de brincar sempre com o mesmo brinquedo ou objeto;.
Dificuldade em focar-se numa tarefa simples e concretizá-la;.

Como uma criança autista leve se comporta?

Apesar da linguagem não ser afetada, o autista de grau leve pode ter dificuldade em comunicar seus sentimentos, desejos e anseios. É comum que seja mais difícil iniciar uma conversa, ou manter as conversas iniciadas a ponto de desenvolver uma amizade ou um relacionamento.

O que é autismo grau 1?

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