Quais são as fases do processo de criação do conhecimento organizacional?

As cinco fases do processo de criação de conhecimento organizacional consistem em: (1) compartilhamento do conhecimento tácito; (2) criação dos conceitos; (3) justificação dos conceitos; (4) construção de um arquétipo; (5) nivelação ou difusão interativa do conhecimento.

Figura 3 - Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento organizacional

Compartilhamento do conhecimento tácito: estabelece uma estreita relação com o modelo da socialização. O compartilhamento ocorre entre vários indivíduos com diferentes histórias, perspectivas e motivações, tornando-se a etapa crítica à criação de conhecimento organizacional. Para efetivar esse compartilhamento, é necessário um espaço ou situação em que os indivíduos possam interagir uns com os outros, através de diálogos pessoais, compartilhando experiências e sincronizando seus ritmos corporais e mentais. Esse espaço é denominado de “campo” e uma forma típica desse campo de interação é a equipe auto- organizada, na qual membros de várias áreas funcionais trabalham juntos para alcançar uma meta comum. Uma equipe auto-organizada favorece a criação do conhecimento organizacional, porque trabalha a partir de diversos requisitos, em função da diversidade do grupo funcional, o que leva à redundância de informação. Outro aspecto é a sinergia que o grupo vivencia, através do compartilhamento de suas crenças, interpretações das informações e a necessidade de se atingirem os objetivos organizacionais.

Criação de conceitos: corresponde à externalização, na medida em que o modelo mental tácito, compartilhado pela equipe auto-organizada, passa a ser verbalizado em palavras e frases e, finalmente, cristaliza-se em conceitos explícitos. Esse processo “é facilitado pelo uso de múltiplos métodos de raciocínio como dedução, indução e abdução” (NONAKA E TAKEUCHI, 1997, p. 98). Esse último método é principalmente empregado em função da linguagem figurativa. A autonomia, sentida pelos membros do grupo, ajuda a formar os conceitos novos, que são criados cooperativamente através do diálogo. A meta ou intenção clara serve como ferramenta para conversão do foco e direção do pensamento. A variedade de

requisito ajuda a equipe a pensar sob vários ângulos para a análise do problema. A flutuação e o caos geram o desiquilíbrio necessários para “desaprender” e aprender novamente e a redundância de informação permite que os membros da equipe compreendam a linguagem figurativa e cristalizem seu modelo mental compartilhado.

Justificação de conceitos: corresponde a um filtro que avalia e seleciona a relevância dos novos conceitos criados:

[...] contínua e inconscientemente durante todo o processo, [...] a organização deve conduzir essa justificação de uma forma mais explícita, a fim de verificar se a intenção organizacional continua intacta e ter certeza de que os conceitos que estão sendo gerados atendem às necessidades da sociedade de forma mais ampla (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 99).

Na organização, o processo de justificação, que deve ocorrer logo após a formação do conceito, inclui: custo, margem de lucro e grau de contribuição de um produto para o crescimento da empresa. Os critérios podem ser qualitativos também, como: qualidade, adequação , aventura, romantismo e estética: “Assim os critérios de justificação não precisam ser estritamente objetivos e factuais; também podem ser parciais e onerados de valor” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 99).

Os autores orientam que, em uma empresa criadora de conhecimento, cabe à alta gerência o papel da justificação, sempre com a preocupação com o alinhamento da estratégia ou visão:

Neste aspecto os critérios de justificação devem ser consistentes com o sistema de valor ou as necessidades da sociedade como um todo, que em uma situação ideal deve estar refletido na intenção organizacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 99).

Construção de um arquétipo: ocorre quando o conceito justificado é transformado em algo tangível ou concreto:

[...] o arquétipo pode ganhar a forma de um protótipo, no caso de desenvolvimento de produto concreto, ou em um mecanismo operacional, no caso de inovações abstratas, como um novo valor corporativo, um novo sistema administrativo ou uma estrutura organizacional inovadora. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 82)

Nos dois casos acima, o arquétipo é construído combinando o conhecimento explícito dos conceitos novos, recém-criados, com os conhecimentos explícitos dos conceitos antigos. Como os conceitos justificados que são explícitos sofrem a transformação para os arquétipos, que também são explícitos, essa fase é semelhante à combinação:

[...] como essa fase é complexa, a cooperação dinâmica entre vários departamentos dentro da organização é indispensável. Tanto as variedades de requisitos como a redundância de informação facilitam esse processo. A intenção organizacional também serve de ferramenta útil para convergir [...] Know-how e tecnologias existentes na organização, bem como para promover a relação interpessoal e interdepartamental. (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 101)

Nivelação do conhecimento ou difusão interativa do conhecimento: a criação do conhecimento organizacional é contínuo e interminável. Ele não finaliza com a construção do arquétipo. O novo conceito que foi criado e justificado é transformado em modelo e passa para um novo ciclo de criação de conhecimento, em um nível ontológico diferente, tanto dentro da organização, quanto entre organizações. O conhecimento criado expande e se dissemina horizontal e verticalmente dentro da organização e pode precipitar um novo ciclo de conhecimento. Essa possibilidade de criação, a partir desse novo ciclo, é chamada de “fertilização de interação”, que poderá ocorrer no mesmo nível, horizontal, ou em nível superior, vertical. Externamente, o conhecimento criado por uma organização pode mobilizar afiliadas, clientes fornecedores, concorrentes, em uma interação dinâmica. O fato é que, para que esses ciclos de interações dinâmicas funcionem bem, é fundamental que cada unidade que compõe a organização tenha autonomia para aplicar o conhecimento livremente.

Abaixo apresentamos uma tabela que demonstra, à esquerda, cada fase dos processos de criação do conhecimento, à direita, as condições que favorecem a criação do conhecimento e modos de conversão do conhecimento. Horizontalmente, temos uma síntese do que ocorre em cada fase da criação do conhecimento, com as visões, as condições que favorecem e o modo predominante de conversão do conhecimento envolvido naquele processo:

Quais são os 4 processos do conhecimento?

Assim, é possível dizer que existem quatro modos diferentes de conversão do conhecimento que são:.
Socialização: de conhecimento tácito para tácito;.
Externalização: conhecimento tácito em explícito;.
Combinação: conhecimento explícito em explícito;.
Internalização: do conhecimento explícito para o tácito..

Como ocorre o processo de criação do conhecimento organizacional?

Assim, a criação do conhecimento organizacional é vista como “um processo que amplia 'organizacionalmente' o conhecimento criado pelos indivíduos, cristalizando-o como parte da rede de conhecimentos da organização” (Nonaka & Takeuchi, 1997, p. 65).

Qual a primeira fase do processo de criação do conhecimento?

O processo de criação do conhecimento organizacional começa com o compartilhamento do conhecimento tácito, que corresponde a socialização. Na sequência, o conhecimento tácito compartilhado é convertido em conhecimento explícito na forma de um novo conceito, semelhante à externalização.