Quais são as origens dos imigrantes que vieram para o Brasil?

A discussão em torno do fim da escravidão no Brasil aconteceu em meados do século XIX, e medidas políticas como a Lei Eusébio de Queirós (1850), Lei Bill Aberdeen (1845) e Lei dos sexagenários (1885) foram criadas com o objetivo de abolir o regime escravista no território brasileiro. Entre essas leis, destaca-se a de 1888, que decretou o fim do trabalho escravocrata no Brasil, gerando assim um grande problema para os fazendeiros que necessitavam de mão de obra nas lavouras. A alternativa encontrada foi buscar trabalhadores em outros países, assim, milhares de italianos, suíços, alemães e japoneses vieram trabalhar nas fazendas de café, principalmente no Estado de São Paulo.

O principal motivo da vinda de imigrantes foi a falta de emprego provocada pela Revolução Industrial a partir do século XVIII e XIX, pois o avanço tecnológico das máquinas dispensou grande parte do trabalho humano nas fábricas. Dessa forma, sair do país de origem foi a solução que os imigrantes buscaram para contornar o desemprego.

Chegando ao Brasil, os imigrantes eram contratados pelo sistema de parceria. Nesse sistema, os fazendeiros custeavam a vinda dos imigrantes, fazendo com que eles já chegassem endividados. Além disso, trabalhavam em um pedaço de terra da fazenda e os lucros e prejuízos da colheita eram divididos. Porém, como os trabalhadores eram controlados de maneira disciplinadora, muitas vezes nem podiam sair das fazendas, e o próprio fazendeiro era quem vendia mercadorias como roupas, alimentos e remédios, o imigrante sempre estava endividado e não conseguia obter lucros com seu trabalho, pois o sistema de parceria sempre beneficiava os fazendeiros.

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Dessa forma, muitos imigrantes deixaram de vir para o Brasil, escolhendo outras regiões da América, como a Argentina, para imigrarem. Temendo a escassez de mão de obra, os grandes fazendeiros mudaram a relação trabalhista e começaram a pagar uma quantia fixa para cada imigrante que viesse trabalhar nas lavouras, assim o sistema de parceria não fora mais utilizado. Somente com essa mudança os trabalhadores estrangeiros voltaram a ter confiança em escolher o território brasileiro para morar.

Os imigrantes, além de servirem como mão de obra na fazenda, faziam parte de um projeto político brasileiro de embranquecimento da sociedade. A intenção era fazer do Brasil um país com maior quantidade de pessoas brancas, pois a elite brasileira dessa época discriminava a mistura de raças do brasileiro, fruto da relação entre índios, escravos e europeus. Assim sendo, esse projeto ambicionava fazer do Brasil um modelo de civilização parecida com a dos países europeus, onde o número de pessoas brancas fosse bem superior ao número de pessoas negras.

Portanto, esse foi um período de bastante mudança na sociedade brasileira, e em razão desse processo histórico ligado à transição do trabalho escravo para o livre, o Brasil tem atualmente colônias japonesas, alemãs e italianas espalhadas pelo seu território que contribuem para formação de uma sociedade repleta de culturas e costumes diferentes.

O Brasil é um país de imigrantes. Desde o início da colonização brasileira, o país recebe pessoas de todo o mundo. Durante os primeiros anos da colonização, essa imigração, ou seja, a vinda de pessoas de outras partes do mundo para o Brasil, acontecia de forma espontânea. Quando a notícia do “descobrimento” das Américas espalhou-se na Europa, muitas pessoas vieram para o Brasil para explorar o “Novo Mundo”.

A partir do século XVIII, com a ameaça de invasão espanhola, a imigração para o país passou a ser incentivada, inicialmente pela Coroa Portuguesa e, depois da independência, pelos governos seguintes. Isso ocorreu tanto como uma forma de ocupação e proteção do território brasileiro, uma vez que, com uma numerosa população, a Coroa portuguesa teria um controle maior sobre as fronteiras do país, quanto como uma estratégia de fomento ao desenvolvimento do país, já que, para explorar o território, era preciso muita mão de obra.

Durante o período colonial, a coroa portuguesa incentivava a imigração oferecendo viagem gratuita, gado, cavalo, armas, ferramentas, alimentos e terras para milhares de portugueses. Outro fluxo migratório que se iniciou no período colonial foi a migração forçada de negro-africanos para servirem de mão de obra escrava para o desenvolvimento da economia da colônia. Estima-se que 5,5 milhões de negros saíram da África para serem escravizados no Brasil. Desses, 4,8 milhões chegaram vivos em nosso país.

Com a pressão inglesa para a libertação dos escravos, que culminou no fim do tráfico negreiro em 1850 e na abolição da escravatura em 1888, houve uma intensificação da imigração para o Brasil, já que era necessário substituir a mão de obra escrava por assalariada barata, mas que tivesse domínio das técnicas de produção agrícolas e manufatureiras da Europa. Assim, grandes levas de migrantes entraram no Brasil durante 1850 e 1934 e tiveram grande influência no desenvolvimento econômico e social do país nesse período. Os principais grupos de migrantes que vieram para o Brasil nesse período foram:

  • Portugueses: No fim do século XIX, em virtude das difíceis condições econômicas de Portugal, muitos portugueses vieram para o Brasil, espalhando-se por diversas regiões, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo.

  • Alemães: A imigração alemã no país começou a partir de 1824 e estendeu-se ao longo do século XX. A maioria dos migrantes alemães fixou-se em Santa Catarina (Vale do Itajaí), Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo, Estrela, Lajeado e Vale dos Sinos), Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Eles especializaram-se na produção de policulturas alimentícias.

  • Italianos: A imigração de italianos ficou mais consistente a partir de 1870, quando a Itália passava por conflitos internos, e foi bastante importante para o Brasil, já que eles substituíram a mão de obra escrava nas fazendas de café e possuíam o conhecimento das técnicas de produção de manufaturas, fundamentais para a instalação das primeiras indústrias no país. A maior parte dos migrantes italianos fixou-se em São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

  • Espanhóis: Vieram para o país, em maior número, no final do século XIX e fixaram-se principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

  • Sírios e Libaneses: Começaram a chegar ao Brasil no final do século XIX, motivados pelas dificuldades enfrentadas por eles nos seus países de origem. Fixaram-se em São Paulo, Pará, Amazonas, Acre e no Ceará e desenvolveram, principalmente, atividades comerciais.

  • Japoneses: Chegaram em maior número a partir de 1908, quando o Japão sofria com um sério problema econômico e grande parte de sua população passava fome. Concentraram-se principalmente em São Paulo, Paraná, Pará e Mato Grosso do Sul, onde desenvolviam atividades agropecuárias. Foram responsáveis pela implantação de novas técnicas de cultivo e produção no país.

Com o grande crescimento demográfico das primeiras décadas do século XX, os governos brasileiros passaram a dificultar a vinda de migrantes, visando ao não comprometimento da oferta de emprego para a população que já vivia no Brasil. Para se ter uma ideia, a Constituição de 1937 previa um sistema de cotas de migrantes em que só eram aceitos 2% do total de migrantes de cada nacionalidade dos últimos 50 anos, limitando, assim, drasticamente o acesso dos imigrantes ao país.

A partir de 1934, embora a imigração para o Brasil tenha diminuído seu ritmo, ela continuou acontecendo. Estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham entrado no país entre os anos de 1934 e 2005. Atualmente, com o crescimento econômico brasileiro e a crise mundial dos últimos anos, houve um crescimento da quantidade de imigrantes no país. Segundo estimativas do Ministério da Justiça³, o número de estrangeiros legais no Brasil aumentou cerca de 60%, passando de 960 mil para 1,54 milhão de pessoas de 2010 até 2012. Além disso, cresceu o número de imigrantes em situação irregular no país. Esses migrantes são originários, principalmente, dos países vizinhos e vêm em busca de empregos em confecções, comércio, construção civil etc.

Essa intensa migração para o Brasil alterou profundamente a nossa cultura. Quando os portugueses chegaram ao país, eles não consideraram a cultura dos povos que aqui viviam e impuseram seus hábitos e valores culturais. Com a chegada dos demais imigrantes, novos elementos culturais foram sendo inseridos na cultura brasileira. Atualmente a cultura brasileira é multicultural, isto é, possui elementos de diversas culturas, tanto dos povos autóctones que viviam no país e que conseguiram perpetuar suas tradições quanto dos povos que chegaram ao país a partir do início da colonização.

¹ Crédito das imagens: Shutterstock.com e Alf Ribeiro

Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto:

Quais as origens dos imigrantes do Brasil?

Os principais grupos de imigrantes no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que é natural, dada sua afinidade com a população brasileira.

Quais são as origens dos imigrantes?

Vale ressaltar que, durante todo o período colonial e monárquico, a imigração no Brasil foi predominantemente portuguesa e africana.

Quais foram os primeiros imigrantes que vieram para o Brasil?

Os primeiros imigrantes europeus não-portugueses a se estabelecerem no Brasil foram os suíços. Devido à falta de terras na Suíça, cerca de duas mil pessoas imigraram para o país entre 1818 e 1819 e se tornaram "súditas do Rei de Portugal."

Qual a origem dos imigrantes que vieram mais recentemente para o Brasil?

Atualmente 1,3 milhão de imigrantes residem no Brasil. Em dez anos, de 2011 a 2020, os maiores fluxos foram da Venezuela, Haiti, Bolívia, Colômbia e Estados Unidos.