Quais são os efeitos do exercício físico sobre a cartilagem articular?

ALTERAÇÕES DA CARTILAGEM ARTICULAR NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: revisão sistemática

Adriane Behring Bianchi Behring Bianchi, Camila Kuhn, Mateus Dias Antunes, Sonia Maria Marques Gomes Bertolini


Resumo


As faces articulares estão recobertas por cartilagem articular que tem como principais funções dissipar e transmitir as forças sobre a superfície articular, amortecer as cargas e promover uma superfície de deslizamento adequada entre as faces articulares. As alterações do sistema osteomuscular são comuns no envelhecimento biológico, dentre essas alterações destaca-se a osteoartrose (OA), uma enfermidade crônico-degenerativa que promove alterações na cartilagem articular. O tratamento da osteoartrose consiste em aliviar os sintomas, e quando possível, retardar a evolução, uma vez que a osteoartrose não tem cura. Objetivo: relatar as principais evidências do envelhecimento, atividade física e sedentarismo em relação a cartilagem articular. Método: Estudo de revisão sistemática em que a identificação da bibliografia baseou-se nas bases de dados eletrônicos PubMed, Lilacs, Scielo e Medline e envolveu a busca por estudos que possuíram como descritores os termos cartilagem articular (articular cartilage), atividade física (physical activity) e sedentarismo (sedentary lifestyle). O recorte temporal abrangeu o período de 2005 a 2015. Os critérios de inclusão abordados foram: apresentar informações no estudo sobre indivíduos adultos com alterações da cartilagem articular submetidos ao exercício físico e/ou terapêutico ou indivíduos sedentários, a fim de comparar as possíveis diferenças entre os grupos e o efeito sobre a cartilagem articular. Como critério de exclusão foram considerados os artigos em revisão ou meta análise por não serem fontes primárias de dados. Resultados: Foi encontrado um total de 544 artigos, desses, 18 artigos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Dos 18 artigos encontrados, sete abordaram especificamente as questões relacionadas com osteoartrose e atividade física, todos os artigos apontam a atividade física como sendo uma estratégia eficaz para osteoartrose. Um dos artigos comparou os níveis de atividade física, relatando que exercícios leves ou moderados são mais eficazes em relação a exercícios vigorosos ou estilo de vida sedentário. Três estudos comparam dois tipos de intervenções de exercícios não havendo diferença significativa entre as intervenções. Em relação as evidências da atividade física e a OA, mais da metade dos artigos encontrados relataram melhora do quadro álgico, ou aumento de glicosaminas no joelho de paciente com AO, o que corrobora com as diretrizes para gestão da OA estipuladas pela Sociedade Internacional de Pesquisa da OA (OARSI), que recomendam exercícios físicos como tratamento central nos casos de OA. Considerações finais: Conclui-se que atividades físicas leves ou moderadas tem a capacidade de manter a integridade da cartilagem articular, podendo oferecer um efeito condroprotetor e dessa forma, diminuir os efeitos do envelhecimento sobre a cartilagem articular, retardando o aparecimento da osteoartrose. Os exercícios de estabilização e força muscular também parecem oferecer benefícios.

Palavras-chave: Cartilagem Articular; Envelhecimento; Atividade Física, Sedentarismo.


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A atividade física dentro dos limites fisiológicos aumentaria a concentração interleucinas nas articulações, fatores que inibem a degradação da cartilagem — Foto: Istock Getty Images

Dentre os ganhos descritos, estão:

  • Melhora do humor;
  • Aumento da concentração;
  • Redução do estresse e a depressão;
  • Melhor qualidade do sono;
  • Manutenção do peso saudável;
  • Melhoria da confiança;
  • Estímulo à liderança;
  • Melhoria o desempenho profissional.

Também é fato que, com o envelhecimento, a cartilagem que reveste os ossos internamente à membrana sinovial se deteriora e os ossos entram em contato e se atritam, causando dor, num processo denominado degeneração artrítica ou, mais popularmente, artrose. Isso ocorre com todas as pessoas, sendo elas atletas, esportistas ou sedentárias. Possui forte influencia genética, mas nem todo mundo desenvolve sintomas que incluem dor, inchaço, perda de mobilidade e deformidade. Em outras palavras: todos passarão por isso em algum momento da vida; poucos apresentarão sintomas.

Hoje, trabalha-se com o conceito da “supercompensação”: durante a prática esportiva, existe a destruição tecidual, que é compensada com uma reconstrução de matriz extracelular de volume cada vez maior. Este processo já é bem estabelecido no tecido vascular, respiratório, cardíaco, muscular e de tendões. Mas e no tecido cartilaginoso?

Segundo alguns estudos, durante as atividades diárias normais (caminhadas), a cartilagem patelar sofre uma compressão média de 2 a 8%, quando comparada a situações de repouso sem carga. Exercício intenso pode acrescentar 2 a 8% na média de compressão aos valores encontrados durante as atividades físicas normais. Mas este padrão de destruição tecidual poderia estar ligado a uma supercompensação cartilaginosa?

Um estudo recente realizado na Baylor College of Medicine do Texas e apresentado este ano na reunião anual do American College of Rheumatology constatou, entretanto, menor incidência de artrite nos corredores, independentemente da idade, sexo e tempo no esporte.

Os pesquisadores analisaram dados de 2.683 participantes em um estudo de oito anos de duração. Os voluntários foram dispostos em quatro blocos de faixas etárias: 12 a 18 anos, 19 a 34, 35 a 49 e acima dos 50 anos. Também foram coletadas informações sobre radiografias dos joelho e os relatos de dor. Estas radiografias foram tiradas novamente dois anos mais tarde.

Usando esses critérios diagnósticos, os pesquisadores classificaram 22,8% dos participantes que tinham praticado corrida em algum momento de suas vidas(incluindo atualmente) como portadores de artrose do joelho, em comparação com 29,8 % daqueles que nunca tinham corrido. A constatação é ainda mais significativa quando se considera que a idade média dos participantes do estudo foi de 64,7 anos. Apesar de controverso, os pesquisadores afirmam que a atividade física dentro dos limites fisiológicos aumentaria a concentração interleucinas nas articulações, fatores que inibem a degradação da cartilagem e, desta forma, o esporte teria o efeito protetor sobre a cartilagem.

Recentemente, entraram em discussão científica os chamados biomarcadores cartilaginosos, produtos encontrados tanto no sangue quanto na urina e que mostram a quantidade de cartilagem que esta sendo degradada. O que se sabe até agora é que pessoas diagnosticadas com artrose que sentem mais dor têm realmente uma quantidade maior desses produtos em seu corpo.

Recentemente, um estudo realizado pelo grupo de traumatologia do esporte da Santa Casa de São Paulo mostrou que atletas de alto rendimento realmente degradam mais cartilagem. Mas será que isso levaria a uma artrose precoce? Se positivo, o que poderia ser feito para que esse processo de degradação fosse freado?

O temor em se desenvolver esta condição de caráter incapacitante progressivo e que, muitas vezes exige tratamento cirúrgico tem levado muitos praticantes de atividade física, em especial corredores, ao uso de suplementos que “prometem” poupar as articulações durante o treino, incluindo a condroitina, glucosamina, colágenos, diacereína, entre outros. Muitos destes produtos ainda sem nenhum estudo relevante que comprove sua eficácia.

Em 2012, um estudo envolvendo 11 universidades francesas denominado “Biovisco" envolveu esportistas voluntários submetidos à infiltração do joelho com ácido hialurônico. O resultado trouxe redução significativa de biomarcadores quando comparados aos usuários que não receberam o produto. Isso influenciou a comunidade científica positivamente, levando a modificações no produto, com a criação de formas mais concentradas, associando alto e baixo peso molecular e a sais como o manitol, na tentativa de se manter o produto o maior tempo possível dentro da articulação.

Mas, o uso desse produto seria realmente uma prevenção para que as pessoas não tiveram a artrose instalada?

Enquanto a ciência não responde essas perguntas, mantêm-se as dicas para um bom cuidado das articulações:

  1. Controle do peso: articulações como o joelho podem receber de três a cinco vezes o peso do indivíduo em uma aterrissagem, por exemplo;
  2. Mantenha o fortalecimento e o alongamento direcionados para o esporte que você pratica. Na corrida de rua, por exemplo, um bom trabalho de fortalecimento excêntrico do músculo anterior da coxa (quadríceps) aliado ao fortalecimento de grupos musculares do quadril é fundamental;
  3. Evite sobrecarga articular através de picos de treino; ou seja, exageros repentinos que podem fazer com que você exceda os limites fisiológicos da articulação.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Ge / EuAtleta.com.

Como o exercício físico com cargas pode promover benefícios para a cartilagem articular?

Segundo, estes resultados confirmam que com cargas compressivas cíclicas, como as que ocorrem durante a corrida, uma redução em T2 ocorre preferencialmente perto da superfície articular. Isto é consistente com estudos in vitro prévios que demonstraram menor rigidez compressiva na zona superficial da cartilagem.

O que faz a cartilagem articular?

A cartilagem é um tecido amortecedor que reveste a superfície do osso ao nível das articulações, protegendo-as. Tem uma enorme capacidade de resistência à carga e permite o amortecimento e o fácil deslizamento, sem contacto das superfícies ósseas.

Quais os benefícios dos exercícios para as articulações e ligamentos?

Com a prática de exercícios como a musculação, por exemplo, ocorre o fortalecimento da musculatura e consequentemente a maior sustentação dos ossos. Além disso, aumenta a lubrificação das cartilagens, melhora o desempenho das articulações e reduz dores em geral.

Qual a importância da atividade física para os ossos e articulações?

Então, a prática regular de atividades físicas, além de deixar os ossos mais fortes e resistentes, ajuda a manter a musculatura forte e flexível, mantendo músculos e articulações saudáveis, melhorando a flexibilidade, o equilíbrio, a postura e o tônus muscular.