RESUMO: Show
ABSTRACT: KEY WORDS: Technical instrument, technique, Social Work history, professional practice, modernization process of the Brazilian Social Work. INTRODU��O:Em uma outra oportunidade[1], ao efetuarmos uma abordagem hist�rico-conceitual acerca do termo t�cnica, indicamos que na literatura pertinente ao assunto ela tende a ser abordada sob uma dimens�o de produ��o e sob uma dimens�o de T�cnica Social. Na primeira, � inserida no campo da produ��o material em sentido restrito, denotando o fazer/fabricar e tendo seu significado associado � tecnologia. Na segunda, expressa a totalidade das "pr�ticas e instrumentos que t�m por objetivo final a modela��o do comportamento humano e das rela��es sociais" (MANNHEIM, 1962, p. 257), campo no qual, por sua funcionalidade no controle social e na reprodu��o ideol�gica, podem ser inclusas diversas disciplinas profissionais, dentre elas o Servi�o Social. Por�m, por sua proposta e decorrentes limites impostos, naquela oportunidade foi apenas apontada uma outra dimens�o sob a qual a t�cnica tamb�m pode ser visualizada: a de instrumental t�cnico empregado no �mbito da pr�tica de diferentes agentes profissionais, dentre eles o assistente social, e entendido aqui como um manancial de meios, t�cnicas, instrumentos, recursos e procedimentos, em princ�pio ilimitados, acionados obrigatoriamente para o desenvolvimento eficaz da a��o. Essa dimens�o de instrumental t�cnico foi objeto de uma investiga��o por n�s empreendida que objetivava, mediante pesquisa documental, examinar como o instrumental t�cnico comparece na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social brasileiro a partir da d�cada de 1970, ou seja, no contexto posterior ao Movimento de Reconceitua��o ou no interior do processo mais amplo que se inaugura a partir dele e que � denominado por Netto (1991) de Processo de Renova��o do Servi�o Social brasileiro. Buscando materiais que expressassem um tratamento coletivo � quest�o e que, assim, retratassem discuss�es e posi��es hegem�nicas na categoria profissional, naquela investiga��o tomou-se como fonte de pesquisa os anais, relat�rios e/ou publica��es decorrentes de todos os eventos de abrang�ncia nacional realizados a partir do ano de 1970. Aos onze eventos[2] que preenchiam este crit�rio somou-se, por sua import�ncia inquestion�vel, o I Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social realizado em 1967 na cidade de Arax� e os Sete Encontros Regionais sobre o Documento de Arax� que ocorreram em 1968. O texto que agora se apresenta se constitui em uma sistematiza��o dos resultados obtidos com essa pesquisa. Portanto, se prop�e, a partir da an�lise das fontes mencionadas, a localizar o instrumental t�cnico na referida trajet�ria hist�rica do Servi�o Social, abordando nisso dois elementos articulados: o entendimento e o tratamento dispensado a ele pela categoria profissional. Embora o marco cronol�gico final da pesquisa e deste texto seja o ano de 1992, entendemos que a apresenta��o dos resultados obtidos ainda se faz v�lida para uma reflex�o atual sobre o instrumental t�cnico no Servi�o Social. A isso concorre, a nosso ver, tanto a inexist�ncia de estudos posteriores perseguindo o mesmo objetivo como, e principalmente, o fato de que no VII CBAS, �ltimo congresso analisado, j� se delineava a tend�ncia interpretativa que se visualiza hoje no interior da profiss�o. 2. O INSTRUMENTAL T�CNICO ANTES DO MOVIMENTO DE RECONCEITUA��OAvaliando o per�odo hist�rico que cronologicamente vai do in�cio da profiss�o no Brasil, em fins da d�cada de 1930, at� meados dos anos de 1960, � poss�vel afirmar que ele � grandemente valorizado pela categoria profissional, tendo sido, inclusive, elemento motivador para a aproxima��o ao Servi�o Social norte-americano nos anos de 1940. Sob o ponto de vista dos assistentes sociais brasileiros, assim como dos europeus, essa aproxima��o se justificava pela necessidade de corrigir a fragilidade, em termos operativos, do projeto profissional hegem�nico de orienta��o neotomista-crist�. O recolhimento do arsenal t�cnico-operativo que se encontrava bastante desenvolvido no Servi�o Social norte-americano permitiria a concretiza��o, com um maior n�vel de racionalidade t�cnica, do ide�rio crist�o. Tamb�m � poss�vel afirmar que em nenhum momento o Servi�o Social criou ou possuiu instrumental t�cnico pr�prio. Ao contr�rio, por sua condi��o de recept�culo das Ci�ncias Sociais[3], o elenco utilizado foi recolhido de outras disciplinas profissionais, o que nos permite falar em um processo de ado��o do Instrumental t�cnico. � poss�vel asseverar ainda que o Servi�o Social brasileiro, bem como o latino-americano, n�o apresenta neste per�odo nenhum estudo que, de forma suficiente, aborde esse processo de ado��o. Com essa preocupa��o, nossa pesquisa detectou apenas uma exce��o: o livro "Cuestiones Operativas Del Servicio Social", de Herman Kruse. Suas coloca��es, embora sint�ticas, corroboram o que nos foi poss�vel perceber a partir de nosso estudo. Kruse coloca que quando o Servi�o Social se institui como profiss�o na Am�rica Latina se valeu, para sua operacionaliza��o, de dois grupos de t�cnicas: Um era o grupo de t�cnicas assimiladas ao longo dos s�culos pela benefic�ncia e assist�ncia social: a entrevista, a visita domiciliar, a ajuda material direta e indireta, o aconselhamento, etc. O outro se constitu�a das t�cnicas pr�prias das tr�s ou quatro disciplinas que mais influenciaram o Servi�o Social nesses momentos (a sociologia, a medicina e o direito): a pesquisa, a presta��o de informa��es, os tramites e, ainda que hoje nos pare�a inaudito, vacinar, banhar beb�s [...] (tradu��o nossa) (KRUSE, 1976, p. 52-53). Quanto ao primeiro grupo, n�o h� d�vidas quanto � pertin�ncia da afirmativa do autor. De fato, o Servi�o Social, n�o s� latino-americano, se beneficia de procedimentos utilizados nas pr�ticas assistenciais desenvolvidas pelos "agentes da assist�ncia� e "visitadores sociais". Refor�ando o colocado pelo autor, estes procedimentos seriam o estudo das necessidades individuais e familiares; a triagem/sele��o dos atendidos; os encaminhamentos; a ajuda material e o aconselhamento, operacionalizados mediante realiza��o de inqu�ritos sociais e de visitas domiciliares. Ao elaborar a primeira obra sistematizada sobre o Servi�o Social, � a esses procedimentos e instrumentos que Mary Richmond d� um tratamento t�cnico. Em contrapartida, s�o os instrumentos e procedimentos propostos por ela que, com as devidas re-elabora��es posteriores, foram empregados pelos assistentes sociais por um longo per�odo de sua hist�ria. Quanto ao segundo grupo de t�cnicas, as coloca��es do autor tamb�m s�o, a nosso ver, procedentes. Entretanto, s�o muito mais percept�veis nos pa�ses latino-americanos de tradi��o hisp�nica do que no Servi�o Social brasileiro, j� que os mesmos n�o guardam caracter�sticas homog�neas no que se refere a sua origem e trajet�ria hist�rica. Independente dessas diferen�as, a ado��o de t�cnicas de outras disciplinas foi uma constante, principalmente no que tange �quelas empregadas, de forma particular, no Servi�o Social de Casos, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade. Com rela��o ao Servi�o Social de Casos, � n�tida a ado��o de t�cnicas da Psicologia. J� presentes em Mary Richmond, mas incorporadas com maior for�a por Gordon Hamilton, Florence Hollis e Helen Perlman, algumas delas seriam: t�cnicas de apoio, de influ�ncia direta, de catarse e de discuss�o reflexiva sobre a configura��o pessoa-situa��o. No tocante ao Servi�o Social de Grupo, era igualmente da Psicologia o maior influxo, registrando-se tamb�m a recorr�ncia � Pedagogia/Educa��o. Da primeira importou-se, dentre outros, o psicodrama, as t�cnicas de apoio, de motiva��o e incentivo, de condu��o do grupo e de din�mica de grupo e, da segunda, as dramatiza��es, as t�cnicas dirigidas � transmiss�o de informa��es e os debates. Para o Servi�o Social de Comunidade ou Desenvolvimento de Comunidade as t�cnicas mais utilizadas eram as advindas da Sociologia, embora tamb�m se fizessem presentes outras recolhidas da Pedagogia/Educa��o e da Psicologia Social. A t�tulo de exemplo, dentre as buscadas na Sociologia podem ser citadas as relativas � pesquisa social como observa��o e enquetes; da Psicologia Social as t�cnicas de desenvolvimento de lideran�a e t�cnicas de motiva��o; e da Pedagogia/Educa��o aquelas j� utilizadas em Servi�o Social de Grupo e dirigidas para a informa��o, conscientiza��o, participa��o e mobiliza��o. A literatura produzida durante o Movimento de Reconceitua��o n�o permite, de modo geral, a percep��o da continuidade ou n�o desse processo de ado��o de t�cnicas. Concomitante a isso, nossa pesquisa constatou que ele, ou de forma mais ampla o Processo de Renova��o que o Servi�o Social vivenciou a partir de fins da d�cada de 1960, n�o seguiu um mesmo padr�o na abordagem e tratamento do instrumental t�cnico. Isto se deve justamente por esse processo ter comportado momentos e dire��es distintas, as quais foram captadas por Jos� Paulo Neto sob tr�s grandes perspectivas tendenciais: Perspectiva Modernizadora, Perspectiva de Inten��o de Ruptura e Perspectiva de Reatualiza��o do Conservadorismo. De certa maneira coincidindo com os per�odos de influxo/refluxo dessas tr�s perspectivas, nossa pesquisa identificou na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social ap�s o Movimento de Reconceitua��o tr�s momentos distintos em rela��o ao instrumental t�cnico[4]. Esses momentos e o que eles significaram no �mbito da rela��o da profiss�o com o seu instrumental t�cnico � o assunto dos itens que se seguem. 2.1. O Primeiro Momento: A Valoriza��o do Instrumental t�cnico Cronologicamente, este momento � visualizado no per�odo que vai do final da d�cada de 1960 a meados da d�cada de 1970. � marcado por uma continuidade ao tipo de abordagem verificada nos anos anteriores, o que nos permitiu detectar n�o s� a manuten��o do processo de ado��o de t�cnicas de outras disciplinas profissionais, mas tamb�m do entendimento e do tipo de rela��o estabelecida com o Instrumental t�cnico. No concernente aos Encontros Nacionais da categoria, estamos considerando como expressivos desse primeiro momento o Documento de Arax� (decorrente do I Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social � 1967), o Documento de Teres�polis (fruto do II Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social � 1970) e o Documento sobre Fun��es do Servi�o Social, produto de 06 encontros regionais realizados em 1970 com o objetivo de dar continuidade ao Semin�rio de Teres�polis. Por outro lado, n�o estamos levando em conta os Anais do I e do II Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (datados, respectivamente, de 1974 e 1976) e o Documento resultante do Semin�rio de Bom Clima ocorrido em 1974, na medida em que n�o chegam a mencionar o instrumental t�cnico. No caso desses tr�s eventos, acreditamos que a aus�ncia de men��es relaciona-se muito mais � motiva��o e aos objetivos dos mesmos do que a uma eventual desconsidera��o � quest�o, j� que eles est�o inseridos na mesma orienta��o dos tr�s eventos anteriores, qual seja: � perspectiva modernizadora. Informados por essa perspectiva e, portanto, expressando a preocupa��o com a adequa��o da profiss�o �s demandas modernizadoras postas pela autocracia burguesa, os documentos de Arax�, de Teres�polis e de Fun��es revelam uma aten��o especial aos aspectos metodol�gicos do Servi�o Social. Neste contexto, em especial os semin�rios de Arax� e de Teres�polis, representam um solo f�rtil para a discuss�o do instrumental t�cnico. Incluindo-o no esfor�o de teoriza��o da profiss�o, deixam patente a necessidade de instrumentalizar o assistente social para que assuma a posi��o de part�cipe do processo de Desenvolvimento Nacional � n�cleo central da perspectiva modernizadora. Desses documentos � que emerge a orienta��o sobre o instrumental t�cnico para a massa da categoria profissional e � neles que ela se pauta em suas a��es cotidianas. Tamb�m � num deles, no Documento de Teres�polis, que se encontra o texto exemplar da Perspectiva Modernizadora: o de Jos� Lucena Dantas que se constitui em um dos poucos trabalhos existentes na literatura do Servi�o Social que discorre sobre o instrumental t�cnico. Embora os Documentos de Arax�, de Teres�polis e de Fun��es n�o coloquem o instrumental t�cnico como tema central de debate e n�o abarquem trabalhos espec�ficos sobre a quest�o, � ineg�vel o tratamento significativo que lhe dispensaram e, em decorr�ncia, a import�ncia que lhe atribuem para o exerc�cio profissional. O conjunto formado pelos tr�s documentos revela alguns aspectos importantes no trato da quest�o, os quais passamos a pontuar. O termo utilizado � �t�cnica�, entendida como elemento que �, e deve ser, encarado como constituinte da profiss�o. S�o as t�cnicas que permitem a operacionaliza��o dos "m�todos�[5], dando, assim, o car�ter de instrumentalidade aos princ�pios e objetivos profissionais. Sem um arsenal de t�cnicas, a profiss�o, como tal, perde sua caracter�stica primordial: a de interven��o no social. Por outro lado, n�o se cogita a essencialidade da t�cnica no sentido de que ela, por si s�, daria o tom e a dire��o necess�rios � a��o profissional. S�o entendidas como instrumentos ou meios dos quais o assistente social se vale para atingir os fins pr�-determinados. Esse � um grande contributo dos referidos documentos, isto �, a vincula��o total das t�cnicas ao tipo de objetivo que o profissional se prop�e a atingir, uma vez que elas devem ser eleitas em fun��o da maior ou menor capacidade de possibilitar a consecu��o dos mesmos. Sob esse prisma, cai por terra o car�ter de independ�ncia da t�cnica com rela��o � intencionalidade da a��o profissional, bem como qualquer poss�vel pretens�o de enquadr�-la em um modelo pr�-estabelecido. Ali�s, se essa pretens�o existiu em momentos anteriores aos dos Semin�rios em foco, nossa pesquisa n�o conseguiu detect�-la. Ao contr�rio, como fica percept�vel no texto de Dantas quando resgata a contribui��o de v�rios autores sobre as t�cnicas espec�ficas para "casework, groupwork e community organization", n�o h� consenso quanto ao entendimento de t�cnica e nem mesmo com rela��o � listagem de instrumentos/t�cnicas passiveis de utiliza��o. Esse aspecto � refor�ado nos pr�prios documentos pela afirmativa expl�cita de que a quest�o da t�cnica n�o era, at� aquele momento, algo definido e suficientemente estudado ou elaborado no interior do Servi�o Social. Isso impulsiona coloca��es no sentido das possibilidades existentes ou defendidas quanto � elabora��o e/ou ado��o de t�cnicas. Quanto a isso, os documentos s�o flex�veis: as t�cnicas tanto poderiam ser aprimoradas/adaptadas de outras disciplinas profissionais, como poderiam ser criadas no �mbito do Servi�o Social (com base experi�ncia pr�tica ou via "investiga��es tecnol�gicas� de �cunho cient�fico�). Assim, parece-nos consensual nesse primeiro momento o entendimento de que n�o existem t�cnicas do Servi�o Social. Embora argumentassem em favor da possibilidade de elabora��o ao n�vel interno da profiss�o, n�o havia defesa no tocante ao car�ter de especificidade. Al�m da vincula��o direta da t�cnica aos objetivos propostos, os Documentos de Arax�, de Teres�polis e de Fun��es vinculam-na aos m�todos espec�ficos de Servi�o Social de Casos, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade embora, � �poca da realiza��o dos Semin�rios, j� houvesse, no �mbito da categoria profissional, propostas do tipo "integra��o dos m�todos", "m�todo �nico" e �m�todo b�sico". Igual postura � identific�vel em uma obra que, por apresentar uma tend�ncia de subordina��o � perspectiva modernizadora e, sobretudo, por ter servido de refer�ncia importante para a categoria profissional no que tange ao "como fazer", pode ser qualificada como exemplar do per�odo com rela��o ao Instrumental t�cnico. Estamos nos referindo ao livro "Servi�o Social: Processos e t�cnicas� de Balbina Otoni Vieira, publicado em primeira edi��o no ano de 1969. Nele, al�m dos processos de Caso, Grupo e Comunidade, a autora inclui a Organiza��o, a Administra��o e a Supervis�o em Servi�o Social e, para cada um deles, exp�e o instrumental espec�fico. Compartilhando da posi��o de Dantas expressa no Documento de Teres�polis, Vieira (1969) exp�e esse instrumental em separado, de acordo com o tipo de opera��o a ser realizada. Nesta medida, no que se refere ao Servi�o Social de Caso, o instrumental pass�vel de utiliza��o pelo assistente social seria, para a opera��o de Estudo, entrevista na obra, visitas domiciliares, observa��o e informa��es de colaterais via entrevista e exames ou testes, dependendo da natureza e exig�ncia da obra. Os dados coletados atrav�s desses instrumentos seriam aqueles utilizados para a elabora��o do Diagn�stico (segunda opera��o), ap�s o que adviria a terceira opera��o: o Tratamento Social que poderia ser Direto ou Indireto. Para o Tratamento Direto lista a entrevista e maior apelo a t�cnicas psicol�gicas (como apoio e esclarecimento, por exemplo) e, para o Indireto, a presta��o de servi�os concretos (utilizando-se principalmente de entrevistas e encaminhamentos) e modifica��o de ambiente, onde se inserem, al�m das entrevistas e visitas domiciliares, as ligadas � presta��o de informa��es. * parado aqui. Rever reda��o anterior No Servi�o Social de Grupo, as opera��es seriam duas: Estudo e Diagn�stico e Tratamento. Para o Estudo e Diagn�stico menciona entrevistas, contatos individuais, visitas domiciliares, observa��o, estudo de documenta��o existente na obra sobre o grupo ou seus membros e os relat�rios de reuni�o. Na opera��o de Tratamento inclui reuni�es e atividades realizadas no grupo (discuss�es, programa��o e execu��o de eventos, comemora��es e outras). No tocante ao Servi�o Social de Comunidade, Vieira (1969) afirma que o Estudo envolve t�cnicas que permitam ao assistente social formar opini�o e tra�ar plano de trabalho (opera��o de planejamento) e envolver a comunidade no conhecimento de seus problemas. Neste rol insere o estudo de documenta��o (estat�sticas, hist�rico da comunidade, fontes documentais e outros); t�cnicas individuais (entrevistas, question�rios); t�cnicas de observa��o (direta, participante) e ainda debates em grupo consignados em relat�rios. A opera��o de Execu��o deve ser efetivada atrav�s de pequenos grupos ou comiss�es designadas para as diferentes tarefas. Assim, o instrumental mencionado �, principalmente, reuni�es com pequenos grupos e entrevistas. Para Organiza��o e Administra��o do Servi�o Social ou, mais propriamente, de Entidades Sociais, a autora cita as reuni�es como o principal meio utilizado pelo assistente social no desempenho da fun��o de controle-coordena��o, podendo as mesmas serem de Estudo ou de Servi�o. Para a Avalia��o realizada diretamente com as pessoas, tamb�m cita as reuni�es (de coleta e/ou avalia��o dos dados) e, para a realizada de forma indireta, o estudo da documenta��o (question�rios, mapas, registro das observa��es e atividades e outras). Quanto � Supervis�o (seja de alunos ou de profissionais de Servi�o Social), exp�e como instrumentos: 1. relat�rios do supervisado; 2. entrevista individual; 3. reuni�o ou supervis�o em grupo; 4. observa��o; 5. avalia��o do supervisado; 6. relat�rios das entrevistas e reuni�es do supervisor com os supervisados. � exemplo de Vieira (1969), a abordagem independente dos processos ou m�todos � a t�nica da literatura produzida pela categoria profissional no per�odo. Com efeito, excetuando aquelas propostas de �m�todo �nico� e "m�todo b�sico", as publica��es como um todo ou, ao menos em seu interior, trazem considera��es te�ricas e/ou metodol�gicas em separado para cada m�todo particular. No concernente ao Servi�o Social de Casos, a literatura do per�odo � escassa tendo em vista as cr�ticas a ele dirigidas no bojo do Movimento de Reconceitua��o acerca de sua inoper�ncia e inadequa��o frente � realidade brasileira e latino-americana, e frente �s demandas s�cio-hist�ricas colocadas. Deste modo, a refer�ncia, principalmente instrumental, ainda �, em maior ou menor grau, aquela advinda de autores norte-americanos como, por exemplo, Gordon Hamilton e Florence Hollis. Por outro lado, proliferam publica��es acerca do Servi�o Social de Grupo e Desenvolvimento de Comunidade nas quais, especialmente naquelas origin�rias em pa�ses latino-americanos de tradi��o hisp�nica, j� � percept�vel o in�cio de uma caracter�stica que se acentua mais para o final da d�cada: a �nfase das contribui��es recaindo mais sobre aspectos te�rico-filos�ficos (objetivos, princ�pios e intencionalidade pol�tico-ideol�gica) do que na dimens�o operacional. Desta forma, em se tratando de Servi�o Social de Grupo, a orienta��o � heterog�nea: transita da reprodu��o do modelo norte-americano � vincula��o ao desenvolvimentismo e a ensaios de inseri-lo em uma perspectiva transformadora. Quanto ao Instrumental t�cnico, persiste aquele elaborado sob o marco do Servi�o Social norte-americano, ao qual se soma o apelo crescente a t�cnicas de din�mica de grupo e psicodram�ticas. Neste campo o influxo maior tamb�m � externo, notadamente da Psicologia norte-americana, seja por interm�dio de fontes originais, seja mediante re-elabora��es de autores sul-americanos. � ilustrativo disso o livro de George Beal et alli "Lideran�a e Din�mica de Grupo" de 1972; o de Cirigliano Villaverde "Din�mica de Grupo y Educacion" de 1966; e a cole��o de "Exerc�cios Pr�ticos de Din�mica de Grupo e Rela��es Humanas", elaborada por Silvino Jos� Fritzen. No que tange ao Desenvolvimento de Comunidade, o n�mero de produ��es no per�odo � bastante volumoso e, em sua maioria, trazidas ao p�blico pelo CBCISS. � nelas que se torna mais vis�vel a orienta��o desenvolvimentista e, portanto, modernizadora. Como bem coloca Ammann (1980), a partir de 1964 os intelectuais de Desenvolvimento de Comunidade v�o paulatinamente incorporando a ideologia da integra��o e � essa ideologia que transparece na quase totalidade das publica��es[6] sobre Desenvolvimento de Comunidade do per�odo que estamos enfocando. Quanto ao Instrumental para esse processo, al�m daqueles pertinentes � Pesquisa Social (utilizadas na "fase" do Estudo-Diagn�stico-Planejamento), os assistentes sociais se valem de t�cnicas j� consagradas para Servi�o Social de Grupo. Pelo exposto percebe-se a explicita��o de t�cnicas, instrumentos e procedimentos comuns aos tr�s processos. � o caso das entrevistas, das reuni�es, das observa��es e dos contatos individuais (grupais e institucionais). A diferencia��o � preconizada n�o na t�cnica ou no instrumento em si, mas nos objetivos espec�ficos almejados em cada processo ou em cada situa��o particular. Esse aspecto, comum tanto nos documentos relativos aos Encontros Nacionais como nas produ��es do per�odo que nos foi poss�vel examinar, revelam um entendimento consensual quanto � irrefut�vel vincula��o e depend�ncia do instrumental t�cnico aos objetivos estabelecidos. Compartilhando desse entendimento, depara-se no per�odo com uma publica��o que, por sua import�ncia hist�rica, n�o podemos deixar de mencionar. Trata-se de �La Pr�xis Del Trabajo Social em uma Direccion Cient�fica� de Maria Ang�lica Clark. Sua inclus�o neste per�odo justificar-se-ia mais por essa vis�o de v�nculo entre o instrumental t�cnico e os objetivos e pelo ano de sua publica��o � 1974, do que por sua vincula��o te�rico-metodol�gica. Com efeito, a obra de Clark destoa completamente daquelas informadas pela Perspectiva Modernizadora. No conjunto, pode ser considerada com um esfor�o de refletir sobre a profiss�o e, dentro dela sobre seu instrumental, em uma dire��o que se op�e ideol�gica, te�rica e metodologicamente ao Servi�o Social Tradicional. Esse esfor�o n�o se completa sem problemas, apresentando alguns dos equ�vocos e imprecis�es que tamb�m marcam o Servi�o Social brasileiro nos primeiros anos de aproxima��o � Tradi��o Marxista. Neste sentido, � hoje uma obra question�vel principalmente por deixar n�tida a influ�ncia althusseriana, assim como por expressar uma tentativa de concilia��o ecl�tica entre as id�ias desse autor e as de Paulo Freire[7]. Apesar disso, alcan�ou uma penetra��o significativa na categoria profissional e se constituiu numa das poucas refer�ncias existentes acerca do instrumental t�cnico no Servi�o Social. Al�m disso, traz duas contribui��es importantes: a mencionada reafirma��o do v�nculo existente entre instrumental e objetivos, e a tentativa de oferecer ao assistente social um rol de instrumentos pass�veis de aplica��o por aqueles que almejam uma pr�tica de cunho oposto � desenvolvida sob a �gide do Servi�o Social Tradicional e da Perspectiva Modernizadora. Deixando claro o car�ter n�o espec�fico das t�cnicas a uma determinada disciplina profissional, Clark (1974) inicia sua exposi��o discutindo a neutralidade das t�cnicas. Sobre isso conclui que, se olhada sob o ponto de vista de seu conte�do, ela pode ser considerada neutra na medida em que se aplicaria a qualquer situa��o, desde que essa se assemelhasse aos prop�sitos para os quais foi criada. Em termos de aplica��o, por�m, acredita que nenhuma t�cnica, assim como nenhuma a��o humana, pode ser considerada neutra: � visceralmente ideol�gica, j� que est� orientada pela vis�o de mundo de quem a aplica. Vendo-a desta forma, defende a necessidade de alterar a orienta��o impressa ao instrumental t�cnico, qual seja, da positivista para a materialista-hist�rico-dial�tica. Quanto � elabora��o, chama a aten��o para a possibilidade de resgat�-las, mesmo as utilizadas no passado de forma ideologicamente oposta, repondo-as sob nova orienta��o e, aliado a isso, para a necessidade do assistente social "propiciar e participar da elabora��o e/ou cria��o de novas t�cnicas" (CLARK, 1974, p. 42). Independente de terem sido elaboradas/criadas ou terem sido recuperadas da pr�pria profiss�o ou de outras, as t�cnicas n�o seriam aplicadas indiscriminadamente, exigindo sele��o. Para tal, sugere aquelas que: a) guardem maior rela��o com a circunst�ncia da atua��o; b) obede�am � realidade na qual est�o sendo utilizadas; c) guardem concord�ncia com o momento hist�rico vivido; d) sejam mais �teis e eficazes para a consecu��o de objetivos determinados; e) sejam consideradas boas e correspondentes pelo profissional, com base em sua pr�pria experi�ncia profissional frente � realidade, de forma comprometida. [tradu��o nossa] (CLARK, 1974, p. 41). 2.2. O Segundo Momento: A Desaten��o ao Instrumental t�cnico No lapso de tempo compreendido neste segundo momento � entre meados da d�cada de 1970 e inicio da segunda metade da d�cada de 1980 � Netto (1991) situa a emerg�ncia e adensamento da Perspectiva de Inten��o de Ruptura, cujo principal tra�o inovador � a recorr�ncia � tradi��o marxista. Em nossa avalia��o, � exatamente essa recorr�ncia que permite uma aproxima��o � forma pela qual o Instrumental t�cnico foi trabalhado nesse e no terceiro momento por n�s visualizado, uma vez que, conforme o autor j� tratou de evidenciar, muitos dos equ�vocos cometidos por esta dire��o do Processo de Renova��o do Servi�o Social brasileiro podem ser creditados ao vi�s da tradi��o marxista do qual a categoria se aproxima e ao modo como procedeu sua apropria��o. Para Netto (1991), nos primeiros anos da Perspectiva de Inten��o de Ruptura o tipo de interlocu��o estabelecida com a Tradi��o Marxista traz como elementos problem�ticos, dentre outros, uma contamina��o do debate e produ��es do Servi�o Social por "confra��es emp�ricas, formalistas e (neo) positivistas"; um ecletismo te�rico e ideol�gico; um simplismo e reducionismo daquela tradi��o e ainda uma certa falta de clareza ou de profundidade no dom�nio do pensamento marxiano, imprimindo uma fr�gil sustenta��o ao discurso reproduzido pela massa da categoria profissional. Para a constitui��o de tal quadro concorrem fatores ex�genos e end�genos, como as condi��es s�cio-hist�ricas existentes no momento espec�fico em que se d� a aproxima��o do Servi�o Social com a tradi��o marxista; as conseq��ncias do ciclo autocr�tico burgu�s sobre a Universidade e o fato de que a recorr�ncia ao pensamento marxiano se d� atrav�s de fontes secund�rias quase sempre de qualidade ou de confiabilidade question�veis. O conjunto desses e de outros condicionamentos acaba por impulsionar parte significativa dos profissionais que se auto-proclamam marxistas, a uma postura voluntarista que considera o assistente social como "agente da transforma��o", atribuindo equivocadamente � profiss�o a incumb�ncia de transformar a sociedade e o homem. Isso denota a reposi��o, em outros termos, de uma caracter�stica flagrante nos per�odos anteriores ao Movimento de Reconceitua��o, ou seja, a id�ia de voca��o e de "servir". Se antes essa voca��o e �mpeto de servir eram decorrentes de valores crist�os, (diga-se de passagem abertamente explicitados e assumidos pelas pioneiras e por gera��es posteriores de assistentes sociais), agora, principalmente no in�cio da aproxima��o com a tradi��o marxista (mas persistindo a ela), a voca��o � reposta atrav�s do "militantismo messi�nico ou her�ico� sem, contudo, romper com a incid�ncia de valores crist�os[8]. Nas palavras de Iamamoto (In: ANAS, 1991, p. 63) essa tend�ncia voluntarista e anti-hist�rica � marcada "por uma vis�o m�gica da transforma��o social�, circunscrita �a uma quest�o de princ�pios. Muitas vezes esse discurso se reduz ao compromisso individual do Assistente Social, como se a nossa vontade e prop�sitos individuais fossem unilateralmente suficientes para alterar a din�mica da vida social [...]�, deixando sob uma capa nebulosa e confusa a percep��o da real dimens�o pol�tica da profiss�o. N�o h� d�vidas quanto ao fato de que a profiss�o det�m um car�ter ou dimens�o pol�tica. Entretanto, sua err�nea percep��o, estabelecendo uma equaliza��o "entre profiss�o e partido pol�tico, entre exerc�cio profissional e milit�ncia� (IAMAMOTO In ANAS, 1991, p. 67) e sua supervaloriza��o equivocada, interfere consideravelmente no tratamento dos aspectos interventivos-operacionais. Dito de outro modo, o messianismo, aliado � supervaloriza��o da dimens�o pol�tica (entendida como dissociada da dimens�o t�cnica-operacional), contribuem para a quase aus�ncia do Instrumental t�cnico no debate profissional do per�odo, justificando a denomina��o dada por n�s a este segundo momento. Isso se comprova nos documentos decorrentes do III e V Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (ocorridos em 1979 e 1984) e do III e IV Semin�rio de Teoriza��o (datados de 1978 e 1984) que estamos incluindo como expressivos deste momento de desaten��o ao instrumental t�cnico. Nestes documentos, a aus�ncia de refer�ncias � mais significativa do que as men��es a ele verificadas. Al�m disso, a tend�ncia em promover cr�tica e recusa te�rico-metodol�gica radical ao Servi�o Social tradicional e contra tudo o que a ele se associasse (evidenciada claramente no III CBAS), atinge frontalmente o tratamento dado ao instrumental. Embora os documentos em foco s� se refiram a essa quest�o de forma indireta e impl�cita, � inquestion�vel seu envolvimento nessa cr�tica e recusa. Sobre o arsenal utilizado pelos assistentes sociais (que, ali�s, ainda n�o havia sido alvo de uma sistematiza��o aprofundada) passam a ser dirigidas den�ncias quanto a sua origem (notadamente norte-americana) e sua funcionalidade na manuten��o do controle social. Coloca-se em relevo o fato de que, sob uma falsa capa de neutralidade axiol�gica, ele representaria meios atrav�s dos quais a profiss�o contribui para a continuidade das rela��es sociais impostas pelo capital, assumindo, pois, a dimens�o de T�cnica Social. Por essa linha de racioc�nio � que podem ser vislumbrados, mesmo que minimamente, os motivos pelos quais se observa nos Encontros Nacionais do per�odo uma quase inexist�ncia de abordagens ou de elementos significativos para a discuss�o sobre o instrumental t�cnico. Por outro lado, no mesmo per�odo, este n�vel de den�ncia e/ou recusa n�o � superado: n�o se formulam propostas alternativas ou de adequa��o do instrumental t�cnico aos novos rumos que a categoria deseja imprimir � profiss�o. Tal fato vem refor�ar a argumenta��o de Netto (1991) no tocante � incapacidade da Perspectiva de Inten��o de Ruptura em oferecer aos assistentes sociais "indicativos pr�tico-profissionais de operacionaliza��o imediata". Essa debilidade, assim como outros aspectos concernentes � apropria��o "problem�tica� da tradi��o marxista pelo Servi�o Social, come�am a ser percebidos e expostos no final desse per�odo. Dentro dessa tend�ncia apontam-se as coloca��es presentes no V CBAS e, com maior �nfase, no IV Semin�rio de Teoriza��o. No documento resultante deste �ltimo est�o presentes dois textos que tratam da rela��o do Servi�o Social com a tradi��o marxista. Um deles � �Consci�ncia Cr�tica no Servi�o Social: Alguns Elementos para Revis�o� � � produto de um grupo de assistentes sociais que, encarregado de refletir sobre a "Dial�tica Marxista no Servi�o Social", lista 16 elementos (com v�rias deriva��es) que, no entender dos participantes, deveriam ser levados em considera��o para a necess�ria revis�o cr�tica do "m�todo dial�tico� e sua apropria��o pelo Servi�o Social. Dentre esses elementos, destacamos abaixo aqueles mais significativos para os fins deste texto: 1. Presen�a de uma hist�rica dicotomia entre teoria e pr�tica social no acesso ao conhecimento te�rico, igualmente observada no que tange ao pensamento marxista; 2. Forma��o profissional fr�gil, sem v�nculo com a pesquisa para produ��o de conhecimento, com produ��o de "simplifica��es te�ricas" e, no processo de aprendizagem, a falta de h�bito e de est�mulo para leituras, de exame cr�tico da mesma e ainda a falta de recorr�ncia a fontes originais. 3. Ades�o irrefletida a determinadas correntes de pensamento, a "modismos" e a "jarg�es"� (destaca-se a� a quest�o do "compromisso com as camadas populares" e o sentido vago e impreciso da "transforma��o social"). 4. Apreens�o mec�nica e irrefletida do "m�todo dial�tico" e de "conceitos marxistas". 5. Car�ter simplista e ecl�tico dos conhecimentos apropriados da tradi��o marxista. Cita-se a concilia��o entre a Teologia da Liberta��o e a Teoria Marxista e a assimila��o indistinta de Althusser e Gramsci no tocante � no��o de Estado. 6. Cr�tica ao processo de nega��o da Assist�ncia e � posi��o voluntarista de "movimentos sociais de fim-de-semana". Esta �ltima, resultado da postula��o de que somente fora das Institui��es seria poss�vel a realiza��o satisfat�ria de um trabalho informado pelo referencial marxista, trouxe como conseq��ncia a perda ou a falta de conquista de um espa�o pol�tico no interior das Institui��es. Confirmando concretamente a advert�ncia quanto ao cariz tendencial da divis�o cronol�gica que efetuamos em rela��o ao Instrumental t�cnico na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social, no lapso de tempo abrangido nesse segundo momento n�o � raro encontrar publica��es que se orientam pela Perspectiva Modernizadora[9] e outras que tratam de forma espec�fica os processos consagrados no Servi�o Social (Servi�o Social de Casos, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade). Dentro desse segundo grupo � necess�rio frisar que a grande maioria tem por preocupa��o priorit�ria a den�ncia de como esses processos foram operacionalizados por segmentos da categoria profissional, principalmente no que tange ao aspecto pol�tico-ideol�gico. Desse modo, tentam inseri-los em uma nova perspectiva e, em raz�o disso, s�o raras as alus�es ao instrumental t�cnico[10]. 2.3. O Terceiro momento: a re-aproxima��o ao instrumental t�cnicoA re-aproxima��o ao instrumental t�cnico � uma tend�ncia visualizada por n�s nesse terceiro momento que se inicia em fins da d�cada de 1980. Essa tend�ncia, � necess�rio antecipar, n�o se qualifica como um resgate irrefletido da hist�rica funcionalidade do instrumental t�cnico � ordem burguesa. Denota uma tend�ncia de v�-lo e ressalt�-lo naquilo que, nos parece, lhe � peculiar: sua essenciabilidade para a operacionaliza��o de uma postura profissional que, fugindo � orienta��o positivista-conservadora, realmente se caracterize por uma Inten��o de Ruptura no sentido proposto por Netto (1991). Nesses anos, n�o � poss�vel encontrar na literatura produzida pela categoria profissional nenhuma publica��o acerca do instrumental t�cnico, seja ela espec�fica ou concernente aos processos de Servi�o Social de Caso, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade. No tocante aos Encontros Nacionais, dentre os quais estamos incluindo como representativos o VI e VII CBAS, realizados respectivamente em 1989 e 1992, ele n�o est� incluso como tema central ou sub-tema e n�o figura em trabalhos, teses ou qualquer modalidade de exposi��o como alvo espec�fico de discuss�o. Do mesmo modo, os documentos deles decorrentes n�o explicitam defini��es de instrumental t�cnico ou T�cnica, n�o chegam a listar aqueles pass�veis de utiliza��o pelo assistente social e as alus�es existentes s�o, quantitativamente falando, um tanto quanto reduzidas. Mediante isso se poderia indagar: com base em que estamos visualizando essa tend�ncia de re-aproxima��o ao instrumental t�cnico? Em primeiro lugar, pela qualidade das men��es presentes nos referidos documentos. Neles n�o h� cr�ticas ao instrumental t�cnico, apenas advert�ncias quanto ao risco da retomada do tecnicismo que imperou em determinados momentos da hist�ria da profiss�o. Por outro lado, h� o expl�cito entendimento de que, considerando o car�ter interventivo do Servi�o Social, ele � um elemento essencial e, como tal, est� igualmente vinculado � sua dimens�o pol�tica. Neste sentido, sua nega��o e recha�o por sua funcionalidade de controle em prol dos interesses do capital � superada dialeticamente pela vis�o de que, revisto, o instrumental t�cnico pode e deve ser parametrado por uma perspectiva que ultrapasse a positivista-conservadora. Em decorr�ncia, a "compet�ncia t�cnica" � finalmente visualizada como algo que deve fazer parte do cotidiano profissional, inclusive e principalmente daquele assistente social que se prop�e a colocar o seu saber profissional a servi�o dos interesses e lutas das classes trabalhadoras. Esta compet�ncia, que � intelectual e t�cnica, � entendida como articulada e referida � dimens�o pol�tica da profiss�o. Esses aspectos apontam, portanto, para uma inten��o de repensar o instrumental t�cnico e sua posi��o no �mbito da a��o cotidiana e da forma��o profissional do assistente social e, no conjunto, a nosso ver, para aquela tend�ncia de re-aproxima��o no sentido antes exposto. Em segundo lugar, fora da esfera dos Encontros Nacionais, observa-se que a demanda posta pela categoria desde o do IV Semin�rio de Teoriza��o (1984) e do V CBAS (1985), sobretudo no que toca � supera��o dos equ�vocos cometidos pelo Movimento de Reconceitua��o e aos indicativos te�rico-operativos sob uma nova matriz te�rico-metodol�gica, vem merecendo discuss�es e sendo alvo de esfor�os no sentido de respond�-las. Contudo, o ind�cio que nos parece mais forte e ao qual essa tend�ncia se vincula �, sob nosso ponto de vista, o patamar diferenciado que a categoria atingiu em sua interlocu��o com a tradi��o marxista. Com efeito, o debate profissional e a literatura produzida pelos assistentes sociais a partir de meados da d�cada de 1980 revelam um aprofundamento e amadurecimento no trato dos contributos marxistas. Concomitante a isso, percebe-se uma preocupa��o cada vez com maior e mais freq�ente em se recorrer � fonte inicial desses contributos: as obras de Marx. Tanto um como outro procedimento possibilitam, no interior da profiss�o, uma apropria��o mais consistente das quest�es trabalhadas por Marx. Dessa tend�ncia adv�m um tratamento mais procedente de temas essenciais para o exerc�cio profissional, os quais, ap�s algum tempo sendo alvo de den�ncias e de recusa, passaram a ser re-trabalhados � luz desse novo patamar. � o caso, por exemplo, da quest�o da assist�ncia. A postura voluntarista e mecanicista, embora n�o totalmente extirpada, foi sendo revista, de forma que, exatamente pelo amadurecimento que pontu�vamos, tem sido poss�vel visualizar as institui��es � espa�o ocupacional do assistente social por excel�ncia � como campos de possibilidades; como campos pol�ticos de atua��o. Certamente que ainda h� muito a ser empreendido e a� se inclui o instrumental t�cnico que, ainda nos dias de hoje, carece de estudos mais aprofundados. Por�m, tamb�m � certo que, como n�o poderia deixar de ser, toda essa movimenta��o tem rebatido positivamente na forma de conceb�-lo, de trat�-lo e de utiliz�-lo. Ele n�o � mais negado ou recha�ado, n�o � mais relegado a uma posi��o secund�ria ou marginal dentro da profiss�o, n�o � mais identificado como mero instrumento a servi�o exclusivo dos interesses dominantes, enfim, como dito, o esfor�o tem sido no sentido de resgat�-lo e de inseri-lo adequadamente no conjunto de um projeto �tico-pol�tico profissional que busca consolidar-se como alternativa oposta ao tradicionalismo profissional e a outras posturas igualmente conservadoras. Considera��es Finais Ao findar este texto, alguns aspectos merecem ser salientados. Um deles � justamente a associa��o do instrumental t�cnico ao controle e � domina��o social, t�o enfaticamente expressa no segundo momento por n�s apontado. Como j� aludido, essa imagem perpassa expl�cita ou implicitamente o tratamento da quest�o e se constitui na conota��o historicamente a ele atribu�da. Qual seja, o instrumental t�cnico comportaria um car�ter irremediavelmente controlador e, portanto, funcional ao projeto pol�tico burgu�s. N�o h� como negar que isso tenha ocorrido. Tendo o Servi�o Social se colocado como T�cnica Social e, de forma consciente ou n�o, se situado historicamente ao lado dos interesses do capital, � natural que tenha acontecido o mesmo com o conjunto de procedimentos e instrumentos por ele utilizado. Sem estar, como tudo, deslocado do conjunto das rela��es sociais, o significado da t�cnica foi se transmutando em raz�o da evolu��o e das altera��es nos modos de produzir, de organizar, de pensar e de intervir na sociedade, o que nos leva a compreend�-la como envolvida por um car�ter de transitoriedade e como produto de contextos hist�rico e socialmente determinados. Depreende-se de Castoriadis (1987) que, principalmente atrav�s de Plat�o e Arist�teles, � poss�vel perceber a vincula��o inicial da t�cnica a tr�s elementos: causalidade, cria��o e raz�o. A t�cnica era considerada muito mais que uma ferramenta ou instrumento do homem, tendo em vista que imprime ao produzir/fabricar uma dimens�o criativa (inerente ao ser social); um sentido e uma no��o de causalidade; e um saber rigoroso e fundamentado na raz�o. Desta forma, a t�cnica estaria associada ao trabalho como cria��o e, em decorr�ncia, ao homem como Ser criador: revela-se o trabalho como ato criador, acompanhado da raz�o, e a t�cnica como vinculada ao que � e para que � produzido. Essa rela��o estreita entre o t�cnico e o pol�tico, como duas dimens�es do mesmo ato, tende a se dissipar com o processo de ocidentaliza��o. Separando-se o homem dos meios do trabalho e dos produtos dele e tornando-o trabalho alienado que tamb�m o afasta de suas capacidades e potencialidades humano/criadoras, a t�cnica, cada vez mais, passa ser identificada com algo adquirido, padronizado e aplic�vel a situa��es diversas, sem considera��o aos fins �ltimos do ato em si: como algo neutro, aut�nomo e apol�tico. Tendo a dimens�o pol�tica sido alijada da t�cnica e sendo atribu�da a esta uma falsa imagem de neutralidade, paradoxalmente a t�cnica passa a ser utilizada pelos detentores do poder e seus representantes como mecanismo ideol�gico ou, em outras palavras, em sua fun��o pol�tica de instrumento de manuten��o da hegemonia burguesa. Entretanto, concebendo o instrumental t�cnico como meio ou instrumento de trabalho, n�o h� como ver nele um car�ter de neutralidade. Mais que isso, n�o h� como ver na dimens�o t�cnico/pol�tica que lhe � pr�pria um cariz monol�tico de controle e de domina��o. O instrumental �, ao mesmo tempo, t�cnico e pol�tico. T�cnico porque demanda uma compet�ncia quanto ao criar, ao selecionar, ao aplicar e ao estabelecimento de media��es adequadas. Pol�tico, porque pressup�e e se vincula a um projeto societ�rio que pode ou n�o ser de supera��o das rela��es sociais institu�das. Deixar de v�-lo sob esta �tica implica em neg�-lo enquanto condicionado pelas rela��es sociais e como express�o delas. Implica em v�-lo como algo isolado e deslocado do conjunto s�cio-pol�tico e econ�mico correspondente a cada momento hist�rico espec�fico. Enfim, implica em negar sua dimens�o de cria��o e, por conseguinte, a do trabalho e a do homem enquanto Ser Social. Nesta medida, como podemos, ent�o, visualizar o instrumental t�cnico dentro de uma orienta��o que busca se inserir em uma Perspectiva de Inten��o de Ruptura? Inicialmente, pensamos que � necess�rio se ter clareza da l�gica de domina��o presente na sociedade burguesa, da qual faz parte historicamente o instrumental t�cnico e, recusando sua coloca��o a esse fim, n�o neg�-lo como elemento fundamental para a operacionaliza��o da a��o profissional sob outra orienta��o. Como j� pontuamos, ele, em si, n�o � essencialmente controle e, se tem essa conota��o na sociedade contempor�nea, n�o � em fun��o de sua pr�pria natureza: � por ser, como tudo, express�o do car�ter dominador e opressor que permeia as rela��es sociais capitalistas. Mesmo se apresentando concretamente desta forma, � necess�rio que n�o se atribua a ele um car�ter monol�tico que, por sua vez, conduza � sua recusa. O controle e a domina��o n�o se fizeram ou se fazem sem a devida contrapartida, ou seja, sem a resist�ncia e sem a luta de classe em prol da organiza��o e do fortalecimento de um projeto pol�tico que se op�e ao burgu�s. Colocar-se a favor desse projeto pol�tico imp�e ao assistente social tomar dois caminhos simult�neos, por�m, distintos. Um onde o assistente social, enquanto cidad�o e trabalhador que �, busca na sociedade civil formas de se articular e de contribuir com lutas que n�o s�o de responsabilidade individual ou de uma profiss�o e sim coletivas. O outro, enquanto profissional que �, lhe cabe repensar sua atua��o e, dentro dela o instrumental t�cnico, evitando desloca-lo da dimens�o pol�tica que � inerente � profiss�o e concebendo-o como elemento imprescind�vel para esta atua��o. Esse segundo caminho imp�e, portanto, a articula��o do instrumental t�cnico aos objetivos finais propostos, ou seja, a sua coloca��o a servi�o de um projeto pol�tico coletivo daqueles que, resistindo � domina��o do capital, buscam a instaura��o de um novo tipo de sociedade. A aceita��o disto nos leva � discuss�o sobre o processo de ado��o ou elabora��o/cria��o do instrumental t�cnico que, nos parece, j� se aproximou de um n�vel aceit�vel de consenso: n�o h� t�cnicas espec�ficas ou restritivamente pertencentes a uma determinada profiss�o. Principalmente nas Ci�ncias Sociais, elas s�o universais e, desde que re-trabalhadas adequadamente, s�o pass�veis de utiliza��o por qualquer disciplina profissional. Assim � que n�o temos preconceito quanto ao uso de t�cnicas originariamente utilizadas na Psicologia Social, na Educa��o, na Sociologia, na Comunica��o Social e outras. No contraponto, h� muito tempo o assistente social j� tomou consci�ncia de que a popula��o com a qual trabalha det�m um saber do qual podem emergir alternativas operacionais. Essa potencialidade � outro elemento que tamb�m nos parece pr�ximo de um consenso em meio � categoria, permitindo, desta forma, a vis�o de possibilidades de elabora��o/cria��o de t�cnicas no �mbito da a��o cotidiana propriamente dita. Por�m, levadas ao extremo, essas afirmativas jogam com o risco de alimentar o tecnicismo e o basismo. � necess�rio ressaltar que as t�cnicas em si possuem um conte�do e uma finalidade que lhes s�o pr�prias, n�o podendo ser vistas como um "esquemas/modelos" fechados, inflex�veis e aplic�veis indiscriminadamente a qualquer situa��o. Por outro lado, a rela��o entre o profissional e aqueles com os quais atua, � uma rela��o de troca. Uma real consci�ncia dessa rela��o de saberes � fundamental para o assistente social. N�o se trata de buscar a assimila��o, pela popula��o, de um arsenal t�cnico incoerente com o seu cotidiano ou, no outro extremo, de tentar colocar-se ingenuamente como um igual no sentido estrito do termo. Trata-se de, reconhecendo-se como diferente (pela pr�pria forma��o profissional recebida), mas em identidade pol�tico-ideol�gica com o projeto e com as lutas propostas, contribuir para o processo organizativo que tem, no iInstrumental t�cnico profissional e nas estrat�gias engendradas pela popula��o, um fator inegavelmente fundamental. A quest�o das estrat�gias da popula��o n�o pode ser, portanto, tratada de forma generalizada. Depende de uma an�lise espec�fica empreendida no momento da a��o. O mesmo aplica-se ao instrumental t�cnico, na medida em que deve ser entendido como meios facilitadores que v�o sendo criados e recriados de modo a atender melhor a realidade, o desenvolvimento das tarefas e a consecu��o dos objetivos. Em s�ntese, significa que, al�m da busca constante de novos instrumentos e t�cnicas (seja em outras profiss�es, no pr�prio Servi�o Social ou ainda junto � popula��o) � necess�ria uma sele��o dos mesmos. Evidentemente que a sele��o deve levar em conta os objetivos propostos e a finalidade imanente ao conte�do da t�cnica. Todavia, por si s�, isso n�o basta. Adotando o racioc�nio exposto no VI CBAS, acreditamos que na sele��o das t�cnicas (mas n�o s� nela) se exige do profissional uma compet�ncia intelectual e t�cnica que permita o estabelecimento de nexos e media��es adequados entre a concretude da a��o frente a situa��es particulares e o aporte te�rico-metodol�gico. Exige-se ainda, inclusa nesta compet�ncia, uma habilidade no manejo das t�cnicas que s� pode ser adquirida, enquanto habilidade, atrav�s de uma forma��o profissional rigorosa e de uma experi�ncia profissional consistente. A falta de uma ou de outra certamente levar� o profissional a visualizar e aplicar o instrumental t�cnico como "um fim em si mesmo", retornando ao tecnicismo, enquanto reproduz irrefletidamente um "discurso vazio" que, em si, n�o tem sustenta��o. Neste sentido, para finalizarmos, nada mais procedente do que a seguinte afirmativa de M�rio Barbosa (apud SARMIENTO, s/d:8-9): Assim, pensando criticamente sobre o que sabemos; sobre as for�as que interferem em nosso pensamento cr�tico; sobre o que estamos fazendo; sobre o contexto em que estamos inseridos; sobre como nossa reflex�o-a��o relaciona-se com o poder e a domina��o, � que estamos criando e recriando t�cnicas. Refer�ncias bibliogr�ficas AMANN, Safira Bezerra. �Ideologia de Desenvolvimento de Comunidade no Brasil". S�o Paulo. Cortez, 1980. ANAS/ASSOCIA��O NACIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS. "Servi�o Social: As Respostas da Categoria aos Desafios Conjunturais�. Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais � Congresso Chico Mendes. S�o Paulo. Cortez. 1991. CBCISS/CENTRO BRASILEIRO DE COOPERA��O E INTERCAMBIO DE SERVI�OS SOCIAIS (Org). "Teoriza��o do Servi�o Social: Documento do Alto da Boa Vista�. Rio de Janeiro, Agir. 1988. CLARK, Maria Ang�lica. 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"Metodologia do Servi�o Social: Contribui��es para sua Elabora��o". 2� ed. Rio de Janeiro. Agir, 1979. [1] Em artigo intitulado �T�cnica: Uma Abordagem Hist�rico-Conceitual� e publicado em Servi�o Social em Revista, volume 7, n�mero 2, janeiro/junho/2005 e dispon�vel www.ssrevista.uel.br [2] A saber: II Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social (Teres�polis - 1970); Encontros sobre Fun��es (1970); I Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (1974); Semin�rio de Bom Clima (1974); II Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (II CBAS - 1976); III Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social (Sumar� - 1978); III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (III CBAS - 1979); IV Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social (Alto da Boa Vista - 1984); V Congresso Brasileiro de Servi�o Social (V CBAS � 1985); VI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (VI CBAS - 1989); e VII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (VII CBAS - 1992). Esclarece-se que o IV Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (IV CBAS) realizado em 1982 foi exclu�do do rol da pesquisa em raz�o da impossibilidade de localiza��o dos documentos dele decorrentes. [3] � nas produ��es efetivadas no �mbito das Ci�ncias Sociais que os assistentes sociais v�o buscar o corpus te�rico-metodol�gico informador de sua interven��o. Mais do que isso, essa busca, pelo menos at� a d�cada de 1960, se processa modulada por uma rela��o que, em �ltima inst�ncia e no que tange ao campo da elabora��o te�rica, colocava a profiss�o como uma esp�cie de recept�culo dos resultados l� obtidos. Significa dizer que o Servi�o Social se apropriava de categorias, conceitos, representa��es, enfim, de produtos resultantes de elabora��es externas a ele, sem que isso viesse acompanhado da apropria��o dos processos de constru��o dos mesmos. Em decorr�ncia, figurava n�o como um campo de elabora��o de conhecimentos e sim como uma disciplina profissional confinada, na divis�o de saberes, � interven��o concebida como mera aplica��o de tais produtos. [4] Embora evidente, faz-se necess�rio refor�ar o car�ter de aproxima��o dos per�odos hist�ricos fixados, bem como a conota��o de mera tend�ncia que essa periodiza��o comporta. � necess�rio esclarecer ainda que nos momentos que estamos demarcando n�o comparece a influ�ncia da Perspectiva de Reatualiza��o do Conservadorismo. Nos documentos pesquisados fica n�tida a orienta��o da Perspectiva Modernizadora e da de Inten��o de Ruptura (em seus momentos diferenciados) na forma de conceber e tratar o Instrumental t�cnico, mas o mesmo n�o se verifica em rela��o � Perspectiva de Reatualiza��o do Conservadorismo que, ademais, n�o trouxe inova��es no que se refere ao entendimento e tratamento do instrumental t�cnico. [5] Denomina��o dada no per�odo � modalidades interventivas como Servi�o Social de Caso, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade ou Desenvolvimento de Comunidade. A partir deste momento, dispensaremos as aspas. [6] Uma listagem, bem como a discuss�o de algumas publica��es, pode ser encontrada em Ammann (1980, p. 122-140) [7] Netto (1991, p. 149) chama a aten��o para a influ�ncia das id�ias de Paulo Freire sobre Clark e completa: "[...] salvo erro nosso, boa parcela da produ��o latino-americana nesses anos [meados da d�cada de 70], no que tem de proposta interventiva, depende inteiramente das formula��es contidas em Freire". [8] Retrabalhado pela �ala esquerda" da Igreja Cat�lica, onde a Teologia da Liberta��o teve papel fundamental. [9] No qual se insere o livro "Metodologia do Servi�o Social: Contribui��es para sua Elabora��o", de Balbina Ottoni Vieira. Nele, a autora retrabalha o exposto em �Servi�o Social: Processos e T�cnicas�, mantendo-se, por�m, pautada em pressupostos integrativos e dentro do arcabou�o te�rico-metodol�gico pertinente � matriz positivista-conservadora. Em compara��o com o �Servi�o Social: Processos e T�cnicas�, traz como novidade uma diferencia��o entre Instrumental ("o conjunto de meios empregados para alcan�ar um objetivo"), Instrumentos ("o que se utiliza para obter um bom resultado") e t�cnicas ("maneira de proceder, de atuar, de aplicar os v�rios instrumentos") [10] Exce��o a isso � o livro �O Trabalho com Grupos e Servi�o Social", de Maria L�cia Rodrigues. Nesta publica��o, a autora trata da quest�o das t�cnicas para trabalho com grupos, abordando, dentre elas, as de din�mica de grupo, as psicodram�ticas e os projetos e atividades grupais. >> volta para índice Quais seminários que marcaram a perspectiva modernizadora no Serviço Social?A perspectiva modernizadora do Serviço Social foi consolidada em dois Seminários de Teorização do Serviço Social: o Seminário de Araxá (em 1967) e o Seminário de Teresópolis (em 1970). Estes seminários foram organizados pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social (CBCISS).
Quais seminários marcaram a revisão teórico profissional diante da perspectiva modernizadora?A Perspectiva Modernizadora tem seu ápice por meio de documentos fundamentais: os seminários de Araxá (1967) e Teresópolis (1970) organizados pelo CBCISS (Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social).
Quais os principais seminários que discutem a teoria e metodologia do Serviço Social no Brasil?Trazendo mudanças importantes, podemos destacar os quatro seminários de teorização do Serviço Social: Seminário de Araxá em Minas Gerais realizado entre 19 e 26 de março de 1967, o segundo foi o seminário de Teresópolis no Rio de Janeiro realizado entre 10 e 10 de janeiro de 1970, o terceiro é o Seminário de Sumaré ...
Quais foram os seminários de teorização do Serviço Social que contribuíram para o processo de renovação?Os seminários de teorização do Serviço Social que contribuíram para o processo de renovação foram: Teresópolis, Congresso da Virada e Alto da Boa Vista. Araxá, Teresópolis, Congresso da Virada, Petrópolis. São Paulo, Araxá, Sumaré e Teresópolis.
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