Quais seminários que marcaram a perspectiva modernizadora do Serviço Social?

RESUMO:
O assunto do presente texto � o instrumental t�cnico, entendido por n�s como um manancial de meios, t�cnicas, instrumentos, recursos e procedimentos, em princ�pio ilimitados, acionados obrigatoriamente para o desenvolvimento eficaz da a��o. Enfoca tal assunto na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social brasileiro a partir da d�cada de 1970, tomando como refer�ncia principal uma pesquisa bibliogr�fica realizada pela autora em documentos correspondentes a treze eventos nacionais realizados a partir de fins da d�cada de 1960. Trata-se, portanto, de uma sistematiza��o dos resultados obtidos com essa pesquisa, localizando o instrumental t�cnico na referida trajet�ria, contemplando, para isso, dois elementos articulados: o entendimento e o tratamento dispensado a ele pela categoria profissional.

PALAVRAS CHAVE :Instrumental t�cnico, t�cnica, hist�ria do Servi�o Social, pr�tica profissional, processo de renova��o do Servi�o Social brasileiro.

ABSTRACT:
The subject of this text is the technical instrument understood as a source of means, techniques, instruments, resources and procedures, at first unlimited, set compulsorily for the efficient development of the action. It focuses this subject in the Social Work historical trajectory starting from the 1970s, taking as a main reference a bibliographical research carried out by the author in documents corresponding to thirteen national events that occurred from the end of the 1960s on. It is a systematization of the results obtained with this research, placing the technical instrument in this trajectory, considering two articulated elements: the understanding and the treatment given to it by the professional category.

KEY WORDS: Technical instrument, technique, Social Work history, professional practice, modernization process of the Brazilian Social Work.


INTRODU��O:

Em uma outra oportunidade[1], ao efetuarmos uma abordagem hist�rico-conceitual acerca do termo t�cnica, indicamos que na literatura pertinente ao assunto ela tende a ser abordada sob uma dimens�o de produ��o e sob uma dimens�o de T�cnica Social. Na primeira, � inserida no campo da produ��o material em sentido restrito, denotando o fazer/fabricar e tendo seu significado associado � tecnologia. Na segunda, expressa a totalidade das "pr�ticas e instrumentos que t�m por objetivo final a modela��o do comportamento humano e das rela��es sociais" (MANNHEIM, 1962, p. 257), campo no qual, por sua funcionalidade no controle social e na reprodu��o ideol�gica, podem ser inclusas diversas disciplinas profissionais, dentre elas o Servi�o Social.

Por�m, por sua proposta e decorrentes limites impostos, naquela oportunidade foi apenas apontada uma outra dimens�o sob a qual a t�cnica tamb�m pode ser visualizada: a de instrumental t�cnico empregado no �mbito da pr�tica de diferentes agentes profissionais, dentre eles o assistente social, e entendido aqui como um manancial de meios, t�cnicas, instrumentos, recursos e procedimentos, em princ�pio ilimitados, acionados obrigatoriamente para o desenvolvimento eficaz da a��o.

Essa dimens�o de instrumental t�cnico foi objeto de uma investiga��o por n�s empreendida que objetivava, mediante pesquisa documental, examinar como o instrumental t�cnico comparece na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social brasileiro a partir da d�cada de 1970, ou seja, no contexto posterior ao Movimento de Reconceitua��o ou no interior do processo mais amplo que se inaugura a partir dele e que � denominado por Netto (1991) de Processo de Renova��o do Servi�o Social brasileiro.

Buscando materiais que expressassem um tratamento coletivo � quest�o e que, assim, retratassem discuss�es e posi��es hegem�nicas na categoria profissional, naquela investiga��o tomou-se como fonte de pesquisa os anais, relat�rios e/ou publica��es decorrentes de todos os eventos de abrang�ncia nacional realizados a partir do ano de 1970. Aos onze eventos[2] que preenchiam este crit�rio somou-se, por sua import�ncia inquestion�vel, o I Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social realizado em 1967 na cidade de Arax� e os Sete Encontros Regionais sobre o Documento de Arax� que ocorreram em 1968.

O texto que agora se apresenta se constitui em uma sistematiza��o dos resultados obtidos com essa pesquisa. Portanto, se prop�e, a partir da an�lise das fontes mencionadas, a localizar o instrumental t�cnico na referida trajet�ria hist�rica do Servi�o Social, abordando nisso dois elementos articulados: o entendimento e o tratamento dispensado a ele pela categoria profissional.

Embora o marco cronol�gico final da pesquisa e deste texto seja o ano de 1992, entendemos que a apresenta��o dos resultados obtidos ainda se faz v�lida para uma reflex�o atual sobre o instrumental t�cnico no Servi�o Social. A isso concorre, a nosso ver, tanto a inexist�ncia de estudos posteriores perseguindo o mesmo objetivo como, e principalmente, o fato de que no VII CBAS, �ltimo congresso analisado, j� se delineava a tend�ncia interpretativa que se visualiza hoje no interior da profiss�o.

2. O INSTRUMENTAL T�CNICO ANTES DO MOVIMENTO DE RECONCEITUA��O

Avaliando o per�odo hist�rico que cronologicamente vai do in�cio da profiss�o no Brasil, em fins da d�cada de 1930, at� meados dos anos de 1960, � poss�vel afirmar que ele � grandemente valorizado pela categoria profissional, tendo sido, inclusive, elemento motivador para a aproxima��o ao Servi�o Social norte-americano nos anos de 1940. Sob o ponto de vista dos assistentes sociais brasileiros, assim como dos europeus, essa aproxima��o se justificava pela necessidade de corrigir a fragilidade, em termos operativos, do projeto profissional hegem�nico de orienta��o neotomista-crist�. O recolhimento do arsenal t�cnico-operativo que se encontrava bastante desenvolvido no Servi�o Social norte-americano permitiria a concretiza��o, com um maior n�vel de racionalidade t�cnica, do ide�rio crist�o.

Tamb�m � poss�vel afirmar que em nenhum momento o Servi�o Social criou ou possuiu instrumental t�cnico pr�prio. Ao contr�rio, por sua condi��o de recept�culo das Ci�ncias Sociais[3], o elenco utilizado foi recolhido de outras disciplinas profissionais, o que nos permite falar em um processo de ado��o do Instrumental t�cnico. � poss�vel asseverar ainda que o Servi�o Social brasileiro, bem como o latino-americano, n�o apresenta neste per�odo nenhum estudo que, de forma suficiente, aborde esse processo de ado��o. Com essa preocupa��o, nossa pesquisa detectou apenas uma exce��o: o livro "Cuestiones Operativas Del Servicio Social", de Herman Kruse. Suas coloca��es, embora sint�ticas, corroboram o que nos foi poss�vel perceber a partir de nosso estudo.

Kruse coloca que quando o Servi�o Social se institui como profiss�o na Am�rica Latina se valeu, para sua operacionaliza��o, de dois grupos de t�cnicas:

Um era o grupo de t�cnicas assimiladas ao longo dos s�culos pela benefic�ncia e assistncia social: a entrevista, a visita domiciliar, a ajuda material direta e indireta, o aconselhamento, etc. O outro se constitu�a das t�cnicas pr�prias das tr�s ou quatro disciplinas que mais influenciaram o Servi�o Social nesses momentos (a sociologia, a medicina e o direito): a pesquisa, a presta��o de informa��es, os tramites e, ainda que hoje nos pare�a inaudito, vacinar, banhar beb�s [...] (tradu��o nossa) (KRUSE, 1976, p. 52-53).

Quanto ao primeiro grupo, n�o h� d�vidas quanto � pertin�ncia da afirmativa do autor. De fato, o Servi�o Social, n�o s� latino-americano, se beneficia de procedimentos utilizados nas pr�ticas assistenciais desenvolvidas pelos "agentes da assist�ncia� e "visitadores sociais". Refor�ando o colocado pelo autor, estes procedimentos seriam o estudo das necessidades individuais e familiares; a triagem/sele��o dos atendidos; os encaminhamentos; a ajuda material e o aconselhamento, operacionalizados mediante realiza��o de inqu�ritos sociais e de visitas domiciliares.

Ao elaborar a primeira obra sistematizada sobre o Servi�o Social, � a esses procedimentos e instrumentos que Mary Richmond d� um tratamento t�cnico. Em contrapartida, s�o os instrumentos e procedimentos propostos por ela que, com as devidas re-elabora��es posteriores, foram empregados pelos assistentes sociais por um longo per�odo de sua hist�ria.

Quanto ao segundo grupo de t�cnicas, as coloca��es do autor tamb�m s�o, a nosso ver, procedentes. Entretanto, s�o muito mais percept�veis nos pa�ses latino-americanos de tradi��o hisp�nica do que no Servi�o Social brasileiro, j� que os mesmos n�o guardam caracter�sticas homog�neas no que se refere a sua origem e trajet�ria hist�rica. Independente dessas diferen�as, a ado��o de t�cnicas de outras disciplinas foi uma constante, principalmente no que tange �quelas empregadas, de forma particular, no Servi�o Social de Casos, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade.

Com rela��o ao Servi�o Social de Casos, � n�tida a ado��o de t�cnicas da Psicologia. J� presentes em Mary Richmond, mas incorporadas com maior for�a por Gordon Hamilton, Florence Hollis e Helen Perlman, algumas delas seriam: t�cnicas de apoio, de influ�ncia direta, de catarse e de discuss�o reflexiva sobre a configura��o pessoa-situa��o.

No tocante ao Servi�o Social de Grupo, era igualmente da Psicologia o maior influxo, registrando-se tamb�m a recorr�ncia � Pedagogia/Educa��o. Da primeira importou-se, dentre outros, o psicodrama, as t�cnicas de apoio, de motiva��o e incentivo, de condu��o do grupo e de din�mica de grupo e, da segunda, as dramatiza��es, as t�cnicas dirigidas � transmiss�o de informa��es e os debates.

Para o Servi�o Social de Comunidade ou Desenvolvimento de Comunidade as t�cnicas mais utilizadas eram as advindas da Sociologia, embora tamb�m se fizessem presentes outras recolhidas da Pedagogia/Educa��o e da Psicologia Social. A t�tulo de exemplo, dentre as buscadas na Sociologia podem ser citadas as relativas � pesquisa social como observa��o e enquetes; da Psicologia Social as t�cnicas de desenvolvimento de lideran�a e t�cnicas de motiva��o; e da Pedagogia/Educa��o aquelas j� utilizadas em Servi�o Social de Grupo e dirigidas para a informa��o, conscientiza��o, participa��o e mobiliza��o.

A literatura produzida durante o Movimento de Reconceitua��o n�o permite, de modo geral, a percep��o da continuidade ou n�o desse processo de ado��o de t�cnicas. Concomitante a isso, nossa pesquisa constatou que ele,  ou de forma mais ampla o Processo de Renova��o que o Servi�o Social vivenciou a partir de fins da d�cada de 1960, n�o seguiu um mesmo padr�o na abordagem e tratamento do instrumental t�cnico.

Isto se deve justamente por esse processo ter comportado momentos e dire��es distintas, as quais foram captadas por Jos� Paulo Neto sob tr�s grandes perspectivas tendenciais: Perspectiva Modernizadora, Perspectiva de Inten��o de Ruptura e Perspectiva de Reatualiza��o do Conservadorismo.

De certa maneira coincidindo com os per�odos de influxo/refluxo dessas tr�s perspectivas, nossa pesquisa identificou na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social ap�s o Movimento de Reconceitua��o tr�s momentos distintos em rela��o ao instrumental t�cnico[4]. Esses momentos e o que eles significaram no �mbito da rela��o da profiss�o com o seu instrumental t�cnico � o assunto dos itens que se seguem.

2.1. O Primeiro Momento: A Valoriza��o do Instrumental t�cnico

Cronologicamente, este momento � visualizado no per�odo que vai do final da d�cada de 1960 a meados da d�cada de 1970. � marcado por uma continuidade ao tipo de abordagem verificada nos anos anteriores, o que nos permitiu detectar n�o s� a manuten��o do processo de ado��o de t�cnicas de outras disciplinas profissionais, mas tamb�m do entendimento e do tipo de rela��o estabelecida com o Instrumental t�cnico.

No concernente aos Encontros Nacionais da categoria, estamos considerando como expressivos desse primeiro momento o Documento de Arax� (decorrente do I Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social � 1967), o Documento de Teres�polis (fruto do II Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social � 1970) e o Documento sobre Fun��es do Servi�o Social, produto de 06 encontros regionais realizados em 1970 com o objetivo de dar continuidade ao Semin�rio de Teres�polis.

Por outro lado, n�o estamos levando em conta os Anais do I e do II Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (datados, respectivamente, de 1974 e 1976) e o Documento resultante do Semin�rio de Bom Clima ocorrido em 1974, na medida em que n�o chegam a mencionar o instrumental t�cnico. No caso desses tr�s eventos, acreditamos que a aus�ncia de men��es relaciona-se muito mais � motiva��o e aos objetivos dos mesmos do que a uma eventual desconsidera��o � quest�o, j� que eles est�o inseridos na mesma orienta��o dos tr�s eventos anteriores, qual seja: � perspectiva modernizadora.

Informados por essa perspectiva e, portanto, expressando a preocupa��o com a adequa��o da profiss�o �s demandas modernizadoras postas pela autocracia burguesa, os documentos de Arax�, de Teres�polis e de Fun��es revelam uma aten��o especial aos aspectos metodol�gicos do Servi�o Social.

Neste contexto, em especial os semin�rios de Arax� e de Teres�polis, representam um solo f�rtil para a discuss�o do instrumental t�cnico. Incluindo-o no esfor�o de teoriza��o da profiss�o, deixam patente a necessidade de instrumentalizar o assistente social para que assuma a posi��o de part�cipe do processo de Desenvolvimento Nacional � n�cleo central da perspectiva modernizadora.

Desses documentos � que emerge a orienta��o sobre o instrumental t�cnico para a massa da categoria profissional e � neles que ela se pauta em suas a��es cotidianas. Tamb�m � num deles, no Documento de Teres�polis, que se encontra o texto exemplar da Perspectiva Modernizadora: o de Jos� Lucena Dantas que se constitui em um dos poucos trabalhos existentes na literatura do Servi�o Social que discorre sobre o instrumental t�cnico. 

Embora os Documentos de Arax�, de Teres�polis e de Fun��es n�o coloquem o instrumental t�cnico como tema central de debate e n�o abarquem trabalhos espec�ficos sobre a quest�o, � ineg�vel o tratamento significativo que lhe dispensaram e, em decorr�ncia, a import�ncia que lhe atribuem para o exerc�cio profissional. O conjunto formado pelos tr�s documentos revela alguns aspectos importantes no trato da quest�o, os quais passamos a pontuar.

O termo utilizado � �t�cnica�, entendida como elemento que �, e deve ser, encarado como constituinte da profiss�o. S�o as t�cnicas que permitem a operacionaliza��o dos "m�todos�[5], dando, assim, o car�ter de instrumentalidade aos princ�pios e objetivos profissionais. Sem um arsenal de t�cnicas, a profiss�o, como tal, perde sua caracter�stica primordial: a de interven��o no social.

Por outro lado, n�o se cogita a essencialidade da t�cnica no sentido de que ela, por si s�, daria o tom e a dire��o necess�rios � a��o profissional. S�o entendidas como instrumentos ou meios dos quais o assistente social se vale para atingir os fins pr�-determinados. Esse � um grande contributo dos referidos documentos, isto �, a vincula��o total das t�cnicas ao tipo de objetivo que o profissional se prop�e a atingir, uma vez que elas devem ser eleitas em fun��o da maior ou menor capacidade de possibilitar a consecu��o dos mesmos.

Sob esse prisma, cai por terra o car�ter de independ�ncia da t�cnica com rela��o � intencionalidade da a��o profissional, bem como qualquer poss�vel pretens�o de enquadr�-la em um modelo pr�-estabelecido. Ali�s, se essa pretens�o existiu em momentos anteriores aos dos Semin�rios em foco, nossa pesquisa n�o conseguiu detect�-la. Ao contr�rio, como fica percept�vel no texto de Dantas quando resgata a contribui��o de v�rios autores sobre as t�cnicas espec�ficas para "casework, groupwork e community organization", n�o h� consenso quanto ao entendimento de t�cnica e nem mesmo com rela��o � listagem de instrumentos/t�cnicas passiveis de utiliza��o.

 Esse aspecto � refor�ado nos pr�prios documentos pela afirmativa expl�cita de que a quest�o da t�cnica n�o era, at� aquele momento, algo definido e suficientemente estudado ou elaborado no interior do Servi�o Social. Isso impulsiona coloca��es no sentido das possibilidades existentes ou defendidas quanto � elabora��o e/ou ado��o de t�cnicas.

Quanto a isso, os documentos s�o flex�veis: as t�cnicas tanto poderiam ser aprimoradas/adaptadas de outras disciplinas profissionais, como poderiam ser criadas no �mbito do Servi�o Social (com base experi�ncia pr�tica ou via "investiga��es tecnol�gicas� de �cunho cient�fico�). Assim, parece-nos consensual nesse primeiro momento o entendimento de que n�o existem t�cnicas do Servi�o Social. Embora argumentassem em favor da possibilidade de elabora��o ao n�vel interno da profiss�o, n�o havia defesa no tocante ao car�ter de especificidade.

Al�m da vincula��o direta da t�cnica aos objetivos propostos, os Documentos de Arax�, de Teres�polis e de Fun��es vinculam-na aos m�todos espec�ficos de Servi�o Social de Casos, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade embora, � �poca da realiza��o dos Semin�rios, j� houvesse, no �mbito da categoria profissional, propostas do tipo "integra��o dos m�todos", "m�todo �nico" e �m�todo b�sico".

Igual postura � identific�vel em uma obra que, por apresentar uma tend�ncia de subordina��o � perspectiva modernizadora e, sobretudo, por ter servido de refer�ncia importante para a categoria profissional no que tange ao "como fazer", pode ser qualificada como exemplar do per�odo com rela��o ao Instrumental t�cnico. Estamos nos referindo ao livro "Servi�o Social: Processos e t�cnicas� de Balbina Otoni Vieira, publicado em primeira edi��o no ano de 1969.

Nele, al�m dos processos de Caso, Grupo e Comunidade, a autora inclui a Organiza��o, a Administra��o e a Supervis�o em Servi�o Social e, para cada um deles, exp�e o instrumental espec�fico. Compartilhando da posi��o de Dantas expressa no Documento de Teres�polis, Vieira (1969) exp�e esse instrumental em separado, de acordo com o tipo de opera��o a ser realizada.

Nesta medida, no que se refere ao Servi�o Social de Caso, o instrumental pass�vel de utiliza��o pelo assistente social seria, para a opera��o de  Estudo, entrevista na obra, visitas domiciliares, observa��o e informa��es de colaterais via entrevista e exames ou testes, dependendo da natureza e exig�ncia da obra. Os dados coletados atrav�s desses instrumentos seriam aqueles utilizados para a elabora��o do Diagn�stico (segunda opera��o), ap�s o que adviria a terceira opera��o: o Tratamento Social que poderia ser Direto ou Indireto. Para o Tratamento Direto lista a entrevista e maior apelo a t�cnicas psicol�gicas (como apoio e esclarecimento, por exemplo) e, para o Indireto, a presta��o de servi�os concretos (utilizando-se principalmente de entrevistas e encaminhamentos) e modifica��o de ambiente, onde se inserem, al�m das entrevistas e visitas domiciliares, as ligadas � presta��o de informa��es. * parado aqui. Rever reda��o anterior

No Servi�o Social de Grupo, as opera��es seriam duas: Estudo e Diagn�stico e Tratamento. Para o Estudo e Diagn�stico menciona entrevistas, contatos individuais, visitas domiciliares, observa��o, estudo de documenta��o existente na obra sobre o grupo ou seus membros e os relat�rios de reuni�o. Na opera��o de Tratamento inclui reuni�es e atividades realizadas no grupo (discuss�es, programa��o e execu��o de eventos, comemora��es e outras).

No tocante ao Servi�o Social de Comunidade, Vieira (1969) afirma que o Estudo envolve t�cnicas que permitam ao assistente social formar opini�o e tra�ar plano de trabalho (opera��o de planejamento) e envolver a comunidade no conhecimento de seus problemas. Neste rol insere o estudo de documenta��o (estat�sticas, hist�rico da comunidade, fontes documentais e outros); t�cnicas individuais (entrevistas, question�rios); t�cnicas de observa��o (direta, participante) e ainda debates em grupo consignados em relat�rios. A opera��o de Execu��o deve ser efetivada atrav�s de pequenos grupos ou comiss�es designadas para as diferentes tarefas. Assim, o instrumental mencionado �, principalmente, reuni�es com pequenos grupos  e entrevistas.

Para Organiza��o e Administra��o do Servi�o Social ou, mais propriamente, de Entidades Sociais, a autora cita as reuni�es como o principal meio utilizado pelo assistente social no desempenho da fun��o de controle-coordena��o, podendo as mesmas serem de Estudo ou de Servi�o.

Para a Avalia��o realizada diretamente com as pessoas, tamb�m cita as reuni�es (de coleta e/ou avalia��o dos dados) e, para a realizada de forma indireta, o estudo da documenta��o (question�rios, mapas, registro das observa��es e atividades e outras).

 Quanto � Supervis�o (seja de alunos ou de profissionais de Servi�o Social), exp�e como instrumentos: 1. relat�rios do supervisado; 2. entrevista individual; 3. reuni�o ou supervis�o em grupo; 4. observa��o; 5. avalia��o do supervisado; 6. relat�rios das entrevistas e reuni�es do supervisor com os supervisados.

� exemplo de Vieira (1969), a abordagem independente dos processos ou m�todos � a t�nica da literatura produzida pela categoria profissional no per�odo. Com efeito, excetuando aquelas propostas de �m�todo �nico� e "m�todo b�sico", as publica��es como um todo ou, ao menos em seu interior, trazem considera��es te�ricas e/ou metodol�gicas em separado para cada m�todo particular.

 No concernente ao Servi�o Social de Casos, a literatura do per�odo � escassa tendo em vista as cr�ticas a ele dirigidas no bojo do Movimento de Reconceitua��o acerca de sua inoper�ncia e inadequa��o frente � realidade brasileira e latino-americana, e frente �s demandas s�cio-hist�ricas colocadas. Deste modo, a refer�ncia, principalmente instrumental, ainda �, em maior ou menor grau, aquela advinda de autores norte-americanos como, por exemplo, Gordon Hamilton e Florence Hollis.

Por outro lado, proliferam publica��es acerca do Servi�o Social de Grupo e Desenvolvimento de Comunidade nas quais, especialmente naquelas origin�rias em pa�ses latino-americanos de tradi��o hisp�nica, j� � percept�vel o in�cio de uma caracter�stica que se acentua mais para o final da d�cada: a �nfase das contribui��es recaindo mais sobre aspectos te�rico-filos�ficos (objetivos, princ�pios e intencionalidade pol�tico-ideol�gica) do que na dimens�o operacional.

Desta forma, em se tratando de Servi�o Social de Grupo, a orienta��o � heterog�nea: transita da reprodu��o do modelo norte-americano � vincula��o ao desenvolvimentismo e a ensaios de inseri-lo em uma perspectiva transformadora. Quanto ao Instrumental t�cnico, persiste aquele elaborado sob o marco do Servi�o Social norte-americano, ao qual se soma o apelo crescente a t�cnicas de din�mica de grupo e psicodram�ticas.

Neste campo o influxo maior tamb�m � externo, notadamente da Psicologia norte-americana, seja por interm�dio de fontes originais, seja mediante re-elabora��es de autores sul-americanos. � ilustrativo disso o livro de George Beal et alli "Lideran�a e Din�mica de Grupo" de 1972; o de Cirigliano Villaverde "Din�mica de Grupo y Educacion" de 1966; e a cole��o de "Exerc�cios Pr�ticos de Din�mica de Grupo e Rela��es Humanas", elaborada por Silvino Jos� Fritzen.

No que tange ao Desenvolvimento de Comunidade, o n�mero de produ��es no per�odo � bastante volumoso e, em sua maioria, trazidas ao p�blico pelo CBCISS. � nelas que se torna mais vis�vel a orienta��o desenvolvimentista e, portanto, modernizadora. Como bem coloca Ammann (1980), a partir de 1964 os intelectuais de Desenvolvimento de Comunidade v�o paulatinamente incorporando a ideologia da integra��o e � essa ideologia que transparece na quase totalidade das publica��es[6] sobre Desenvolvimento de Comunidade do per�odo que estamos enfocando. Quanto ao Instrumental para esse processo, al�m daqueles pertinentes � Pesquisa Social (utilizadas na "fase" do Estudo-Diagn�stico-Planejamento), os assistentes sociais se valem de t�cnicas j� consagradas para Servi�o Social de Grupo.

Pelo exposto percebe-se a explicita��o de t�cnicas, instrumentos e procedimentos comuns aos tr�s processos. � o caso das entrevistas, das reuni�es, das observa��es e dos contatos individuais (grupais e institucionais). A diferencia��o � preconizada n�o na t�cnica ou no instrumento em si, mas nos objetivos espec�ficos almejados em cada processo ou em cada situa��o particular. Esse aspecto, comum tanto nos documentos relativos aos Encontros Nacionais como nas produ��es do per�odo que nos foi poss�vel examinar, revelam um entendimento consensual quanto � irrefut�vel vincula��o e depend�ncia do instrumental t�cnico aos objetivos estabelecidos.

Compartilhando desse entendimento, depara-se no per�odo com uma publica��o que, por sua import�ncia hist�rica, n�o podemos deixar de mencionar. Trata-se de �La Pr�xis Del Trabajo Social em uma Direccion Cient�fica� de Maria Ang�lica Clark.

Sua inclus�o neste per�odo justificar-se-ia mais por essa vis�o de v�nculo entre o instrumental t�cnico e os objetivos e pelo ano de sua publica��o � 1974, do que por sua vincula��o te�rico-metodol�gica. Com efeito, a obra de Clark destoa completamente daquelas informadas pela Perspectiva Modernizadora. No conjunto, pode ser considerada com um esfor�o de refletir sobre a profiss�o e, dentro dela sobre seu instrumental, em uma dire��o que se op�e ideol�gica, te�rica e metodologicamente ao Servi�o Social Tradicional.

Esse esfor�o n�o se completa sem problemas, apresentando alguns dos equ�vocos e imprecis�es que tamb�m marcam o Servi�o Social brasileiro nos primeiros anos de aproxima��o � Tradi��o Marxista. Neste sentido, � hoje uma obra question�vel principalmente por deixar n�tida a influ�ncia althusseriana, assim como por expressar uma tentativa de concilia��o ecl�tica entre as id�ias desse autor e as de Paulo Freire[7].

 Apesar disso, alcan�ou uma penetra��o significativa na categoria profissional e se constituiu numa das poucas refer�ncias existentes acerca do instrumental t�cnico no Servi�o Social. Al�m disso, traz duas contribui��es importantes: a mencionada reafirma��o do v�nculo existente entre instrumental e objetivos, e a tentativa de oferecer ao assistente social um rol de instrumentos pass�veis de aplica��o por aqueles que almejam uma pr�tica de cunho oposto � desenvolvida sob a �gide do Servi�o Social Tradicional e da Perspectiva Modernizadora.

Deixando claro o car�ter n�o espec�fico das t�cnicas a uma determinada disciplina profissional, Clark (1974) inicia sua exposi��o discutindo a neutralidade das t�cnicas. Sobre isso conclui que, se olhada sob o ponto de vista de seu conte�do, ela pode ser considerada neutra na medida em que se aplicaria a qualquer situa��o, desde que essa se assemelhasse aos prop�sitos para os quais foi criada. Em termos de aplica��o, por�m, acredita que nenhuma t�cnica, assim como nenhuma a��o humana, pode ser considerada neutra: � visceralmente ideol�gica, j� que est� orientada pela vis�o de mundo de quem a aplica. Vendo-a desta forma, defende a necessidade de alterar a orienta��o impressa ao instrumental t�cnico, qual seja, da positivista para a materialista-hist�rico-dial�tica.

Quanto � elabora��o, chama a aten��o para a possibilidade de resgat�-las, mesmo as utilizadas no passado de forma ideologicamente oposta, repondo-as sob nova orienta��o e, aliado a isso, para a necessidade do assistente social "propiciar e participar da elabora��o e/ou cria��o de novas t�cnicas" (CLARK, 1974, p. 42). Independente de terem sido elaboradas/criadas ou terem sido recuperadas da pr�pria profiss�o ou de outras, as t�cnicas n�o seriam aplicadas indiscriminadamente, exigindo sele��o. Para tal, sugere aquelas que:

a) guardem maior rela��o com a circunst�ncia da atua��o; b) obede�am � realidade na qual est�o sendo utilizadas; c) guardem concord�ncia com o momento hist�rico vivido; d) sejam mais �teis e eficazes para a consecu��o de objetivos determinados; e) sejam consideradas boas e correspondentes pelo profissional, com base em sua pr�pria experi�ncia profissional frente � realidade, de forma comprometida. [tradu��o nossa] (CLARK, 1974, p. 41).

2.2. O Segundo Momento: A Desaten��o ao Instrumental t�cnico

No lapso de tempo compreendido neste segundo momento � entre meados da d�cada de 1970 e inicio da segunda metade da d�cada de 1980 � Netto (1991) situa a emerg�ncia e adensamento da Perspectiva de Inten��o de Ruptura, cujo principal tra�o inovador � a recorr�ncia � tradi��o marxista.

Em nossa avalia��o, � exatamente essa recorr�ncia que permite uma aproxima��o � forma pela qual o Instrumental t�cnico foi trabalhado nesse e no terceiro momento por n�s visualizado, uma vez que, conforme o autor j� tratou de evidenciar, muitos dos equ�vocos cometidos por esta dire��o do Processo de Renova��o do Servi�o Social brasileiro podem ser creditados ao vi�s da tradi��o marxista do qual a categoria se aproxima e ao modo como procedeu sua apropria��o.

Para Netto (1991), nos primeiros anos da Perspectiva de Inten��o de Ruptura o tipo de interlocu��o estabelecida com a Tradi��o Marxista traz como elementos problem�ticos, dentre outros, uma contamina��o do debate e produ��es do Servi�o Social por "confra��es emp�ricas, formalistas e (neo) positivistas"; um ecletismo te�rico e ideol�gico; um simplismo e reducionismo daquela tradi��o e ainda uma certa falta de clareza ou de profundidade no dom�nio do pensamento marxiano, imprimindo uma fr�gil sustenta��o ao discurso reproduzido pela massa da categoria profissional.

Para a constitui��o de tal quadro concorrem fatores ex�genos e end�genos, como as condi��es s�cio-hist�ricas existentes no momento espec�fico em que se d� a aproxima��o do Servi�o Social com a tradi��o marxista; as conseq��ncias do ciclo autocr�tico burgu�s sobre a Universidade e o fato de que a recorr�ncia ao pensamento marxiano se d� atrav�s de fontes secund�rias quase sempre de qualidade ou de confiabilidade question�veis.

O conjunto desses e de outros condicionamentos acaba por impulsionar parte significativa dos profissionais que se auto-proclamam marxistas, a uma postura voluntarista que considera o assistente social como "agente da transforma��o", atribuindo equivocadamente � profiss�o a incumb�ncia de transformar a sociedade e o homem.

Isso denota a reposi��o, em outros termos, de uma caracter�stica flagrante nos per�odos anteriores ao Movimento de Reconceitua��o, ou seja, a id�ia de voca��o e de "servir". Se antes essa voca��o e �mpeto de servir eram decorrentes de valores crist�os, (diga-se de passagem abertamente explicitados e assumidos pelas pioneiras e por gera��es posteriores de assistentes sociais), agora, principalmente no in�cio da aproxima��o com a tradi��o marxista (mas persistindo a ela), a voca��o � reposta atrav�s do "militantismo messi�nico ou her�ico� sem, contudo, romper com a incid�ncia de valores crist�os[8]

Nas palavras de Iamamoto (In: ANAS, 1991, p. 63) essa tend�ncia voluntarista e anti-hist�rica � marcada "por uma vis�o m�gica da transforma��o social�, circunscrita �a uma quest�o de princ�pios. Muitas vezes esse discurso se reduz ao compromisso individual do Assistente Social, como se a nossa vontade e prop�sitos individuais fossem unilateralmente suficientes para alterar a din�mica da vida social [...]�, deixando sob uma capa nebulosa e confusa a percep��o da real dimens�o pol�tica da profiss�o.

N�o h� d�vidas quanto ao fato de que a profiss�o det�m um car�ter ou dimens�o pol�tica. Entretanto, sua err�nea percep��o, estabelecendo uma equaliza��o "entre profiss�o e partido pol�tico, entre exerc�cio profissional e milit�ncia� (IAMAMOTO In ANAS, 1991, p. 67) e sua supervaloriza��o equivocada, interfere consideravelmente no tratamento dos aspectos interventivos-operacionais. Dito de outro modo, o messianismo, aliado � supervaloriza��o da dimens�o pol�tica (entendida como dissociada da dimens�o t�cnica-operacional), contribuem para a quase aus�ncia do Instrumental t�cnico no debate profissional do per�odo, justificando a denomina��o dada por n�s a este segundo momento.

Isso se comprova nos documentos decorrentes do III e V Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (ocorridos em 1979 e 1984) e do III e IV Semin�rio de Teoriza��o (datados de 1978 e 1984) que estamos incluindo como expressivos deste momento de desaten��o ao instrumental t�cnico. Nestes documentos, a aus�ncia de refer�ncias  � mais significativa do que as men��es a ele verificadas.

Al�m disso, a tend�ncia em promover cr�tica e recusa te�rico-metodol�gica radical ao Servi�o Social tradicional e contra tudo o que a ele se associasse (evidenciada claramente no III CBAS), atinge frontalmente o tratamento dado ao instrumental.

Embora os documentos em foco s� se refiram a essa quest�o de forma indireta e impl�cita, � inquestion�vel seu envolvimento nessa cr�tica e recusa. Sobre o arsenal utilizado pelos assistentes sociais (que, ali�s, ainda n�o havia sido alvo de uma sistematiza��o aprofundada) passam a ser dirigidas den�ncias quanto a sua origem (notadamente norte-americana) e sua funcionalidade na manuten��o do controle social. Coloca-se em relevo o fato de que, sob uma falsa capa de neutralidade axiol�gica, ele representaria meios atrav�s dos quais a profiss�o contribui para a continuidade das rela��es sociais impostas pelo capital, assumindo, pois, a dimens�o de T�cnica Social.

Por essa linha de racioc�nio � que podem ser vislumbrados, mesmo que minimamente, os motivos pelos quais se observa nos Encontros Nacionais do per�odo uma quase inexist�ncia de abordagens ou de elementos significativos para a discuss�o sobre o instrumental t�cnico. Por outro lado, no mesmo per�odo, este n�vel de den�ncia e/ou recusa n�o � superado: n�o se formulam propostas alternativas ou de adequa��o do instrumental t�cnico aos novos rumos que a categoria deseja imprimir � profiss�o.

Tal fato vem refor�ar a argumenta��o de Netto (1991) no tocante � incapacidade da Perspectiva de Inten��o de Ruptura em oferecer aos assistentes sociais "indicativos pr�tico-profissionais de operacionaliza��o imediata". Essa debilidade, assim como outros aspectos concernentes � apropria��o "problem�tica� da tradi��o marxista pelo Servi�o Social, come�am a ser percebidos e expostos no final desse per�odo. Dentro dessa tend�ncia apontam-se as coloca��es presentes no V CBAS e, com maior �nfase, no IV Semin�rio de Teoriza��o.

No documento resultante deste �ltimo est�o presentes dois textos que tratam da rela��o do Servi�o Social com a tradi��o marxista. Um deles � �Consci�ncia Cr�tica no Servi�o Social: Alguns Elementos para Revis�o� � � produto de um grupo de assistentes sociais que, encarregado de refletir sobre a "Dial�tica Marxista no Servi�o Social", lista 16 elementos (com v�rias deriva��es) que, no entender dos participantes, deveriam ser levados em considera��o para a necess�ria revis�o cr�tica do "m�todo dial�tico� e sua apropria��o pelo Servi�o Social. Dentre esses elementos, destacamos abaixo aqueles mais significativos para os fins deste texto:

1. Presen�a de uma hist�rica dicotomia entre teoria e pr�tica social no acesso ao conhecimento te�rico, igualmente observada no que tange ao pensamento marxista;

2. Forma��o profissional fr�gil, sem v�nculo com a pesquisa para produ��o de conhecimento, com produ��o de "simplifica��es te�ricas" e, no processo de aprendizagem, a falta de h�bito e de est�mulo para leituras, de exame cr�tico da mesma e ainda a falta de recorr�ncia a fontes originais.

3. Ades�o irrefletida a determinadas correntes de pensamento, a "modismos" e a "jarg�es"� (destaca-se a� a quest�o do "compromisso com as camadas populares" e o sentido vago e impreciso da "transforma��o social").

4. Apreens�o mec�nica e irrefletida do "m�todo dial�tico" e de "conceitos marxistas".

5. Car�ter simplista e ecl�tico dos conhecimentos apropriados da tradi��o marxista. Cita-se a concilia��o entre a Teologia da Liberta��o e a Teoria Marxista e a assimila��o indistinta de Althusser e Gramsci no tocante � no��o de Estado.

6. Cr�tica ao processo de nega��o da Assist�ncia e � posi��o voluntarista de "movimentos sociais de fim-de-semana". Esta �ltima, resultado da postula��o de que somente fora das Institui��es seria poss�vel a realiza��o satisfat�ria de um trabalho informado pelo referencial marxista, trouxe como conseq��ncia a perda ou a falta de conquista de um espa�o pol�tico no interior das Institui��es.

Confirmando concretamente a advert�ncia quanto ao cariz tendencial da divis�o cronol�gica que efetuamos em rela��o ao Instrumental t�cnico na trajet�ria hist�rica do Servi�o Social, no lapso de tempo abrangido nesse segundo momento n�o � raro encontrar publica��es que se orientam pela Perspectiva Modernizadora[9] e outras que tratam de forma espec�fica os processos consagrados no Servi�o Social (Servi�o Social de Casos, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade).

Dentro desse segundo grupo � necess�rio frisar que a grande maioria tem por preocupa��o priorit�ria a den�ncia de como esses processos foram operacionalizados por segmentos da categoria profissional, principalmente no que tange ao aspecto pol�tico-ideol�gico. Desse modo, tentam inseri-los em uma nova perspectiva e, em raz�o disso, s�o raras as alus�es ao instrumental t�cnico[10].

2.3. O Terceiro momento: a re-aproxima��o ao instrumental t�cnico

A re-aproxima��o ao instrumental t�cnico � uma tend�ncia visualizada por n�s nesse terceiro momento que se inicia em fins da d�cada de 1980. Essa tend�ncia, � necess�rio antecipar, n�o se qualifica como um resgate irrefletido da hist�rica funcionalidade do instrumental t�cnico � ordem burguesa. Denota uma tend�ncia de v�-lo e ressalt�-lo naquilo que, nos parece, lhe � peculiar: sua essenciabilidade para a operacionaliza��o de uma postura profissional que, fugindo � orienta��o positivista-conservadora, realmente se caracterize por uma Inten��o de Ruptura no sentido proposto por Netto (1991).

Nesses anos, n�o � poss�vel encontrar na literatura produzida pela categoria profissional nenhuma publica��o acerca do instrumental t�cnico, seja ela espec�fica ou concernente aos processos de Servi�o Social de Caso, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade.

No tocante aos Encontros Nacionais, dentre os quais estamos incluindo como representativos o VI e VII CBAS, realizados respectivamente em 1989 e 1992, ele n�o est� incluso como tema central ou sub-tema e n�o figura em trabalhos, teses ou qualquer modalidade de exposi��o como alvo espec�fico de discuss�o. Do mesmo modo, os documentos deles decorrentes n�o explicitam defini��es de instrumental t�cnico ou T�cnica, n�o chegam a listar aqueles pass�veis de utiliza��o pelo assistente social e as alus�es existentes s�o, quantitativamente falando, um tanto quanto reduzidas.

Mediante isso se poderia indagar: com base em que estamos visualizando essa tend�ncia de re-aproxima��o ao instrumental t�cnico?

Em primeiro lugar, pela qualidade das men��es presentes nos referidos documentos. Neles n�o h� cr�ticas ao instrumental t�cnico, apenas advert�ncias quanto ao risco da retomada do tecnicismo que imperou em determinados momentos da hist�ria da profiss�o. Por outro lado, h� o expl�cito entendimento de que, considerando o car�ter interventivo do Servi�o Social, ele � um elemento essencial e, como tal, est� igualmente vinculado � sua dimens�o pol�tica.

Neste sentido, sua nega��o e recha�o por sua funcionalidade de controle em prol dos interesses do capital � superada dialeticamente pela vis�o de que, revisto, o instrumental t�cnico pode e deve ser parametrado por uma perspectiva que ultrapasse a positivista-conservadora. Em decorr�ncia, a "compet�ncia t�cnica" � finalmente visualizada como algo que deve fazer parte do cotidiano profissional, inclusive e principalmente daquele assistente social que se prop�e a colocar o seu saber profissional a servi�o dos interesses e lutas das classes trabalhadoras. Esta compet�ncia, que � intelectual e t�cnica, � entendida como articulada e referida � dimens�o pol�tica da profiss�o.

Esses aspectos apontam, portanto, para uma inten��o de repensar o instrumental t�cnico e sua posi��o no �mbito da a��o cotidiana e da forma��o profissional do assistente social e, no conjunto, a nosso ver, para aquela tend�ncia de re-aproxima��o no sentido antes exposto.

Em segundo lugar, fora da esfera dos Encontros Nacionais, observa-se que a demanda posta pela categoria desde o do IV Semin�rio de Teoriza��o (1984) e do V CBAS (1985), sobretudo no que toca � supera��o dos equ�vocos cometidos pelo Movimento de Reconceitua��o e aos indicativos te�rico-operativos sob uma nova matriz te�rico-metodol�gica, vem merecendo discuss�es e sendo alvo de esfor�os no sentido de respond�-las.

Contudo, o ind�cio que nos parece mais forte e ao qual essa tend�ncia se vincula �, sob nosso ponto de vista, o patamar diferenciado que a categoria atingiu em sua interlocu��o com a tradi��o marxista. Com efeito, o debate profissional e a literatura produzida pelos assistentes sociais a partir de meados da d�cada de 1980 revelam um aprofundamento e amadurecimento no trato dos contributos marxistas. Concomitante a isso, percebe-se uma preocupa��o cada vez com maior e mais freq�ente em se recorrer � fonte inicial desses contributos: as obras de Marx.

Tanto um como outro procedimento possibilitam, no interior da profiss�o, uma apropria��o mais consistente das quest�es trabalhadas por Marx. Dessa tend�ncia adv�m um tratamento mais procedente de temas essenciais para o exerc�cio profissional, os quais, ap�s algum tempo sendo alvo de den�ncias e de recusa, passaram a ser re-trabalhados � luz desse novo patamar. � o caso, por exemplo, da quest�o da assist�ncia.

A postura voluntarista e mecanicista, embora n�o totalmente extirpada, foi sendo revista, de forma que, exatamente pelo amadurecimento que pontu�vamos, tem sido poss�vel visualizar as institui��es � espa�o ocupacional do assistente social por excel�ncia � como campos de possibilidades; como campos pol�ticos de atua��o.

Certamente que ainda h� muito a ser empreendido e a� se inclui o instrumental t�cnico que, ainda nos dias de hoje, carece de estudos mais aprofundados. Por�m, tamb�m � certo que, como n�o poderia deixar de ser, toda essa movimenta��o tem rebatido positivamente na forma de conceb�-lo, de trat�-lo e de utiliz�-lo. Ele n�o � mais negado ou recha�ado, n�o � mais relegado a uma posi��o secund�ria ou marginal dentro da profiss�o, n�o � mais identificado como mero instrumento a servi�o exclusivo dos interesses dominantes, enfim, como dito, o esfor�o tem sido no sentido de resgat�-lo e de inseri-lo adequadamente no conjunto de um projeto �tico-pol�tico profissional que busca consolidar-se como alternativa oposta ao tradicionalismo profissional e a outras posturas igualmente conservadoras.

Considera��es Finais

Ao findar este texto, alguns aspectos merecem ser salientados. Um deles � justamente a associa��o do instrumental t�cnico ao controle e � domina��o social, t�o enfaticamente expressa no segundo momento por n�s apontado.

Como j� aludido, essa imagem perpassa expl�cita ou implicitamente o tratamento da quest�o e se constitui na conota��o historicamente a ele atribu�da. Qual seja, o instrumental t�cnico comportaria um car�ter irremediavelmente controlador e, portanto, funcional ao projeto pol�tico burgu�s. N�o h� como negar que isso tenha ocorrido. Tendo o Servi�o Social se colocado como T�cnica Social e, de forma consciente ou n�o, se situado historicamente ao lado dos interesses do capital, � natural que tenha acontecido o mesmo com o conjunto de procedimentos e instrumentos por ele utilizado.

 Sem estar, como tudo, deslocado do conjunto das rela��es sociais, o significado da t�cnica foi se transmutando em raz�o da evolu��o e das altera��es nos modos de produzir, de organizar, de pensar e de intervir na sociedade, o que nos leva a compreend�-la como envolvida por um car�ter de transitoriedade  e como produto de contextos hist�rico e socialmente determinados.

Depreende-se de Castoriadis (1987) que, principalmente atrav�s de Plat�o e Arist�teles, � poss�vel perceber a vincula��o inicial da t�cnica a tr�s elementos: causalidade, cria��o e raz�o. A t�cnica era considerada muito mais que uma ferramenta ou instrumento do homem, tendo em vista que imprime ao produzir/fabricar uma dimens�o criativa (inerente ao ser social); um sentido e uma no��o de causalidade; e um saber rigoroso e fundamentado na raz�o.

Desta forma, a t�cnica estaria associada ao trabalho como cria��o e, em decorr�ncia, ao homem como Ser criador: revela-se o trabalho como ato criador, acompanhado da raz�o, e a t�cnica como vinculada ao que � e para que � produzido.

Essa rela��o estreita entre o t�cnico e o pol�tico, como duas dimens�es do mesmo ato, tende a se dissipar com o processo de ocidentaliza��o. Separando-se o homem dos meios do trabalho e dos produtos dele e tornando-o trabalho alienado que tamb�m o afasta de suas capacidades e potencialidades humano/criadoras, a t�cnica, cada vez mais, passa ser identificada com algo adquirido, padronizado e aplic�vel a situa��es diversas, sem considera��o aos fins �ltimos do ato em si: como algo neutro, aut�nomo e apol�tico.

Tendo a dimens�o pol�tica sido alijada da t�cnica e sendo atribu�da a esta uma falsa imagem de neutralidade, paradoxalmente a t�cnica passa a ser utilizada pelos detentores do poder e seus representantes como mecanismo ideol�gico ou, em outras palavras, em sua fun��o pol�tica de instrumento de manuten��o da hegemonia burguesa.

Entretanto, concebendo o instrumental t�cnico como meio ou instrumento de trabalho, n�o h� como ver nele um car�ter de neutralidade. Mais que isso, n�o h� como ver na dimens�o t�cnico/pol�tica que lhe � pr�pria um cariz monol�tico de controle e de domina��o. O instrumental �, ao mesmo tempo, t�cnico e pol�tico. T�cnico porque demanda uma compet�ncia quanto ao criar, ao selecionar, ao aplicar e ao estabelecimento de media��es adequadas. Pol�tico, porque pressup�e e se vincula a um projeto societ�rio que pode ou n�o ser de supera��o das rela��es sociais institu�das.

Deixar de v�-lo sob esta �tica implica em neg�-lo enquanto condicionado pelas rela��es sociais e como express�o delas. Implica em v�-lo como algo isolado e deslocado do conjunto s�cio-pol�tico e econ�mico correspondente a cada momento hist�rico espec�fico. Enfim, implica em negar sua dimens�o de cria��o e, por conseguinte, a do trabalho e a do homem enquanto Ser Social.

Nesta medida, como podemos, ent�o, visualizar o instrumental t�cnico dentro de uma orienta��o que busca se inserir em uma Perspectiva de Inten��o de Ruptura?

Inicialmente, pensamos que � necess�rio se ter clareza da l�gica de domina��o presente na sociedade burguesa, da qual faz parte historicamente o instrumental t�cnico e, recusando sua coloca��o a esse fim, n�o neg�-lo como elemento fundamental para a operacionaliza��o da a��o profissional sob outra orienta��o.

Como j� pontuamos, ele, em si, n�o � essencialmente controle e, se tem essa conota��o na sociedade contempor�nea, n�o � em fun��o de sua pr�pria natureza: � por ser, como tudo, express�o do car�ter dominador e opressor que permeia as rela��es sociais capitalistas. Mesmo se apresentando concretamente desta forma, � necess�rio que n�o se atribua a ele um car�ter monol�tico que, por sua vez, conduza � sua recusa. O controle e a domina��o n�o se fizeram ou se fazem sem a devida contrapartida, ou seja, sem a resist�ncia e sem a luta de classe em prol da organiza��o e do fortalecimento de um projeto pol�tico que se op�e ao burgu�s.

Colocar-se a favor desse projeto pol�tico imp�e ao assistente social tomar dois caminhos simult�neos, por�m, distintos. Um onde o assistente social, enquanto cidad�o e trabalhador que �, busca na sociedade civil formas de se articular e de contribuir com lutas que n�o s�o de responsabilidade individual ou de uma profiss�o e sim coletivas. O outro, enquanto profissional que �, lhe cabe repensar sua atua��o e, dentro dela o instrumental t�cnico, evitando desloca-lo da dimens�o pol�tica que � inerente � profiss�o e concebendo-o como elemento imprescind�vel para esta atua��o.

Esse segundo caminho imp�e, portanto, a articula��o do instrumental t�cnico aos objetivos finais propostos, ou seja, a sua coloca��o a servi�o de um projeto pol�tico coletivo daqueles que, resistindo � domina��o do capital, buscam a instaura��o de um novo tipo de sociedade.

A aceita��o disto nos leva � discuss�o sobre o processo de ado��o ou elabora��o/cria��o do instrumental t�cnico que, nos parece, j� se aproximou de um n�vel aceit�vel de consenso: n�o h� t�cnicas espec�ficas ou restritivamente pertencentes a uma determinada profiss�o. Principalmente nas Ci�ncias Sociais, elas s�o universais e, desde que re-trabalhadas adequadamente, s�o pass�veis de utiliza��o por qualquer disciplina profissional. Assim � que n�o temos preconceito quanto ao uso de t�cnicas originariamente utilizadas na Psicologia Social, na Educa��o, na Sociologia, na Comunica��o Social e outras.

No contraponto, h� muito tempo o assistente social j� tomou consci�ncia de que a popula��o com a qual trabalha det�m um saber do qual podem emergir alternativas operacionais. Essa potencialidade � outro elemento que tamb�m nos parece pr�ximo de um consenso em meio � categoria, permitindo, desta forma, a vis�o de possibilidades de elabora��o/cria��o de t�cnicas no �mbito da a��o cotidiana propriamente dita.

Por�m, levadas ao extremo, essas afirmativas jogam com o risco de alimentar o tecnicismo e o basismo. � necess�rio ressaltar que as t�cnicas em si possuem um conte�do e uma finalidade que lhes s�o pr�prias, n�o podendo ser vistas como um "esquemas/modelos" fechados, inflex�veis e aplic�veis indiscriminadamente a qualquer situa��o.

Por outro lado, a rela��o entre o profissional e aqueles com os quais atua, � uma rela��o de troca. Uma real consci�ncia dessa rela��o de saberes � fundamental para o assistente social. N�o se trata de buscar a assimila��o, pela popula��o, de um arsenal t�cnico incoerente com o seu cotidiano ou, no outro extremo, de tentar colocar-se ingenuamente como um igual no sentido estrito do termo. Trata-se de, reconhecendo-se como diferente (pela pr�pria forma��o profissional recebida), mas em identidade pol�tico-ideol�gica com o projeto e com as lutas propostas, contribuir para o processo organizativo que tem, no iInstrumental t�cnico profissional e nas estrat�gias engendradas pela popula��o, um fator inegavelmente fundamental.

A quest�o das estrat�gias da popula��o n�o pode ser, portanto, tratada de forma generalizada. Depende de uma an�lise espec�fica empreendida no momento da a��o. O mesmo aplica-se ao instrumental t�cnico, na medida em que deve ser entendido como meios facilitadores que v�o sendo criados e recriados de modo a atender melhor a realidade, o desenvolvimento das tarefas e a consecu��o dos objetivos.

Em s�ntese, significa que, al�m da busca constante de novos instrumentos e t�cnicas (seja em outras profiss�es, no pr�prio Servi�o Social ou ainda junto � popula��o) � necess�ria uma sele��o dos mesmos. Evidentemente que a sele��o deve levar em conta os objetivos propostos e a finalidade imanente ao conte�do da t�cnica. Todavia, por si s�, isso n�o basta.

Adotando o racioc�nio exposto no VI CBAS, acreditamos que na sele��o das t�cnicas (mas n�o s� nela) se exige do profissional uma compet�ncia intelectual e t�cnica que permita o estabelecimento de nexos e media��es adequados entre a concretude da a��o frente a situa��es particulares e o aporte te�rico-metodol�gico. Exige-se ainda, inclusa nesta compet�ncia, uma habilidade no manejo das t�cnicas que s� pode ser adquirida, enquanto habilidade, atrav�s de uma forma��o profissional rigorosa e de uma experi�ncia profissional consistente.

A falta de uma ou de outra certamente levar� o profissional a visualizar e aplicar o instrumental t�cnico como "um fim em si mesmo", retornando ao tecnicismo, enquanto reproduz irrefletidamente um "discurso vazio" que, em si, n�o tem sustenta��o. Neste sentido, para finalizarmos, nada mais procedente do que a seguinte afirmativa de M�rio Barbosa (apud SARMIENTO, s/d:8-9):

Assim, pensando criticamente sobre o que sabemos; sobre as for�as que interferem em nosso pensamento cr�tico; sobre o que estamos fazendo; sobre o contexto em que estamos inseridos; sobre como nossa reflex�o-a��o relaciona-se com o poder e a domina��o, � que estamos criando e recriando t�cnicas.

 Refer�ncias bibliogr�ficas

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VIEIRA, Balbina Ottoni. "Metodologia do Servi�o Social: Contribui��es para sua Elabora��o". 2� ed. Rio de Janeiro. Agir, 1979.


[1] Em artigo intitulado �T�cnica: Uma Abordagem Hist�rico-Conceitual� e publicado em Servi�o Social em Revista, volume 7, n�mero 2, janeiro/junho/2005 e dispon�vel www.ssrevista.uel.br

[2] A saber: II Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social (Teres�polis - 1970); Encontros sobre Fun��es (1970); I Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (1974); Semin�rio de Bom Clima (1974); II Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (II CBAS - 1976); III Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social (Sumar� - 1978); III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (III CBAS - 1979); IV Semin�rio de Teoriza��o do Servi�o Social (Alto da Boa Vista - 1984); V Congresso Brasileiro de Servi�o Social (V CBAS � 1985); VI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (VI CBAS - 1989); e VII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (VII CBAS - 1992). Esclarece-se que o IV Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (IV CBAS) realizado em 1982 foi exclu�do do rol da pesquisa em raz�o da impossibilidade de localiza��o dos documentos dele decorrentes.

[3] � nas produ��es efetivadas no �mbito das Ci�ncias Sociais que os assistentes sociais v�o buscar o corpus te�rico-metodol�gico informador de sua interven��o. Mais do que isso, essa busca, pelo menos at� a d�cada de 1960, se processa modulada por uma rela��o que, em �ltima inst�ncia e no que tange ao campo da elabora��o te�rica, colocava a profiss�o como uma esp�cie de recept�culo dos resultados l� obtidos. Significa dizer que o Servi�o Social se apropriava de categorias, conceitos, representa��es, enfim, de produtos resultantes de elabora��es externas a ele, sem que isso viesse acompanhado da apropria��o dos processos de constru��o dos mesmos. Em decorr�ncia, figurava n�o como um campo de elabora��o de conhecimentos e sim como uma disciplina profissional confinada, na divis�o de saberes, � interven��o concebida como mera aplica��o de tais produtos.

[4] Embora evidente, faz-se necess�rio refor�ar o car�ter de aproxima��o dos per�odos hist�ricos fixados, bem como a conota��o de mera tend�ncia que essa periodiza��o comporta. � necess�rio esclarecer ainda que nos momentos que estamos demarcando n�o comparece a influ�ncia da Perspectiva de Reatualiza��o do Conservadorismo. Nos documentos pesquisados fica n�tida a orienta��o da Perspectiva Modernizadora e da de Inten��o de Ruptura (em seus momentos diferenciados) na forma de conceber e tratar o Instrumental t�cnico, mas o mesmo n�o se verifica em rela��o � Perspectiva de Reatualiza��o do Conservadorismo que, ademais, n�o trouxe inova��es no que se refere ao entendimento e tratamento do instrumental t�cnico.

[5] Denomina��o dada no per�odo � modalidades interventivas como Servi�o Social de Caso, Servi�o Social de Grupo e Servi�o Social de Comunidade ou Desenvolvimento de Comunidade. A partir deste momento, dispensaremos as aspas.

[6] Uma listagem, bem como a discuss�o de algumas publica��es, pode ser encontrada em Ammann (1980, p. 122-140)

[7] Netto (1991, p. 149) chama a aten��o para a influ�ncia das id�ias de Paulo Freire sobre Clark e completa: "[...] salvo erro nosso, boa parcela da produ��o latino-americana nesses anos [meados da d�cada de 70], no que tem de proposta interventiva, depende inteiramente das formula��es contidas em Freire".

[8] Retrabalhado pela �ala esquerda" da Igreja Cat�lica, onde a Teologia da Liberta��o teve papel fundamental.

[9] No qual se insere o livro "Metodologia do Servi�o Social: Contribui��es para sua Elabora��o", de Balbina Ottoni Vieira. Nele, a autora retrabalha o exposto em �Servi�o Social: Processos e T�cnicas�, mantendo-se, por�m, pautada em pressupostos integrativos e dentro do arcabou�o te�rico-metodol�gico pertinente � matriz positivista-conservadora. Em compara��o com o �Servi�o Social: Processos e T�cnicas�, traz como novidade uma diferencia��o entre Instrumental ("o conjunto de meios empregados para alcan�ar um objetivo"), Instrumentos ("o que se utiliza para obter um bom resultado") e t�cnicas ("maneira de proceder, de atuar, de aplicar os v�rios instrumentos")

[10] Exce��o a isso � o livro �O Trabalho com Grupos e Servi�o Social", de Maria L�cia Rodrigues. Nesta publica��o, a autora trata da quest�o das t�cnicas para trabalho com grupos, abordando, dentre elas, as de din�mica de grupo, as psicodram�ticas e os projetos e atividades grupais.

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Quais seminários que marcaram a perspectiva modernizadora no Serviço Social?

A perspectiva modernizadora do Serviço Social foi consolidada em dois Seminários de Teorização do Serviço Social: o Seminário de Araxá (em 1967) e o Seminário de Teresópolis (em 1970). Estes seminários foram organizados pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social (CBCISS).

Quais seminários marcaram a revisão teórico profissional diante da perspectiva modernizadora?

A Perspectiva Modernizadora tem seu ápice por meio de documentos fundamentais: os seminários de Araxá (1967) e Teresópolis (1970) organizados pelo CBCISS (Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social).

Quais os principais seminários que discutem a teoria e metodologia do Serviço Social no Brasil?

Trazendo mudanças importantes, podemos destacar os quatro seminários de teorização do Serviço Social: Seminário de Araxá em Minas Gerais realizado entre 19 e 26 de março de 1967, o segundo foi o seminário de Teresópolis no Rio de Janeiro realizado entre 10 e 10 de janeiro de 1970, o terceiro é o Seminário de Sumaré ...

Quais foram os seminários de teorização do Serviço Social que contribuíram para o processo de renovação?

Os seminários de teorização do Serviço Social que contribuíram para o processo de renovação foram: Teresópolis, Congresso da Virada e Alto da Boa Vista. Araxá, Teresópolis, Congresso da Virada, Petrópolis. São Paulo, Araxá, Sumaré e Teresópolis.