Qual a participação dos Estados Unidos nas ditaduras militares da América do Sul?

A Operação Condor foi uma articulação político-militar internacional firmada entre países da América do Sul a partir da segunda metade da década de 1970. Entre esses países, estavam Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Brasil,à época em que neles prevaleciam regimes políticos comandados por militares. O objetivo da operação era debelar estruturas de organizações político-revolucionárias de orientação comunista a partir do compartilhamento de informações dos sistemas de inteligência e da ação conjunta das forças de repressão desses países. A Operação Condor tornou-se tema de grandes discussões após o fim dos regimes militares e o consequente processo de redemocratização dos países citados.

Contexto

A Operação Condor foi fruto de um contexto conturbado da história da América Latina. A sucessão de golpes militares que houve a partir da década de 1960, como aquele ocorrido no Brasil, na passagem de março para abril de 1964, estava ligada à atmosfera de tensão ideológica típica da época da Guerra Fria. Essa tensão tornou-se ainda maior após a Revolução Cubana, ocorrida em 1959, e, principalmente, após a autodeclaração de associação ao comunismo por parte dos comandantes dessa revolução, em 1961, e a formação da Organização de Solidariedade Latino-Americana (OLAS), em 1962, encabeçada por Fidel Castro, que tinha por objetivo a difusão das práticas revolucionárias na América Latina.

Muitos grupos revolucionários – alguns deles dissidências dos velhos partidos comunistas, como a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B) – nasceram na América Latina, no início dos anos 1960, com o objetivo de tomar o poder pela via guerrilheira, a exemplo de Cuba e da China. Com a instalação dos regimes militares, vários aparelhos contrarrevolucionários de repressão foram montados com vistas à perseguição e ao desmantelamento desses grupos. A Operação Condor foi o resultado da junção desses aparelhos repressores contrarrevolucionários.

Desenvolvimento da operação

A sequência de golpes de Estado operados por militares na América Latina, na segunda metade do século XX, ocorreu na seguinte ordem: em 1954, no Paraguai; em 1964, no Brasil; em 1966, Argentina; em 1970, na Bolívia e, em 1973, no Chile e no Uruguai. Em alguns desses casos, a central de inteligência dos EUA (CIA) forneceu apoio direto e indireto – o que foi recorrente também em algumas missões da Operação Condor. Como alguns países, como o Brasil, anteciparam-se na criação de aparelhos de repressão, os outros que vieram na sequência da cadeia de instauração do militarismo acabaram por partilhar da experiência do vizinho. Foi nessa ambiência que a Operação Condor foi montada.

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Entre as ações da Operação Condor que se destacaram, podemos citar o assassinato do diplomata chileno Orlando Letelier, que aconteceu em 21 de setembro de 1976, em Washington. Essa ação foi orquestrada pela DINA, política secreta do Chile à época de Pinochet. Letelier estava ligado ao presidente Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 1973 durante o golpe das Forças Armadas chilenas. O atentado contra o diplomata teve a anuência do então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, que, em 16 de setembro de 1976, emitiu ordem à CIA para que não interferisse no plano dos agentes da DINA. Kissinger teria se envolvido em outras colaborações com a Operação Condor, valendo-se de sua posição estratégica.

Outra ação bem conhecida da Operação Condor foi o sequestro do major Joaquim Pires Cerveira, membro da Frente de Libertação Nacional (FLN) – organização que havia planejado e sequestrado o embaixador da Alemanha Ocidental em 1970, no Rio de Janeiro – e de João Batista Rita Pereda, também revolucionário partícipe da luta armada. O sequestro de ambos ocorreu em Buenos Aires, em ação conjunta entre a polícia brasileira e a argentina. Ambos foram dados como desaparecidos, e seus corpos nunca foram descobertos.

A Operação Condor, naturalmente, foi e continua sendo alvo de intensas discussões em virtude dos meios empregados na repressão, o que incluía tortura, sequestro e morte. No entanto, o que é ressaltado por quem reflete mais acuradamente sobre ela é o fato de a maioria dos alvos da operação ter sido composta de agentes revolucionárias, que igualmente sequestraram, torturaram e mataram para que seus projetos fossem levados a cabo. A Operação Condor, portanto, foi um dos capítulos da guerra travada “nas sombras” entre grupos comunistas e os aparelhos de repressão militar durante a Guerra Fria.

Qual a participação dos Estados Unidos nas ditaduras da América Latina?

A partir do final da década de 1950, o governo norte-americano percebeu a necessidade de aumentar sua influência sobre o próprio continente, e isso deu início às ações em países latino-americanos. O objetivo era enfraquecer os movimentos de esquerda por meio da instauração de ditaduras militares de viés conservador.

Porque os Estados Unidos foram favoráveis ao estabelecimento de ditaduras militares na América Latina?

Porque, com o crescimento do comunismo na América Latina, principalmente após a Revolução Cubana, os Estados Unidos passaram a financiar e apoiar grupos anticomunistas. Desse modo, os Estados Unidos apoiaram a implantação de ditaduras militares, que tiveram como objetivo pôr fim ao avanço da esquerda na região.

Quais países da América do Sul passaram por uma ditadura militar?

Foi o caso do Brasil, Bolívia, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, que sofreram golpes de Estado e a instauração de ditaduras militares logo em sequência (em 1954, no Paraguai; em 1964, na Bolívia e no Brasil; em 1973, no Chile e no Uruguai; e em 1976 na Argentina).

Qual o interesse dos Estados Unidos em apoiar o regime militar?

O principal interesse dos Estados Unidos ao apoiar golpes e governos militares na América Latina estava ligado sobretudo a manter afastada a influência soviética desses países e também mantê-los sob a dependência norte americana.