Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?

Scripta Nova
REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES
Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98
Vol. XI, núm. 239, 15 de mayo de 2007
[Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]


UMA CARACTERIZA��O GERAL DO PROCESSO DE URBANIZA��O DO SUDOESTE DO PARAN� - BRASIL

Marcos Leandro Mondardo
Universidade Estadual do Oeste do Paran� � UNIOESTE � Francisco Beltr�o, Brasil

Recibido: 25 de noviembre de 2006. Aceptado: 29 de enero de 2007.


Uma Caracteriza��o Geral do Processo de Urbaniza��o do Sudoeste do Paran� - Brasil (Resumo)

A urbaniza��o brasileira se tornou um fator determinante na organiza��o do espa�o a partir, sobretudo, da d�cada de 1940, quando a industrializa��o cresceu muito com a instala��o, principalmente, de muitas empresas estrangeiras no territ�rio. Neste contexto, o presente artigo visa apresentar uma caracteriza��o geral do processo de urbaniza��o do Sudoeste do Paran� � Brasil. Buscamos, nesta reflex�o, demonstrar a g�nese dos principais centros urbanos regionais, como tamb�m, caracterizar, de modo geral, as principais nuan�as que ocorreram no desenvolvimento hist�rico da regi�o. Metodologicamente utilizamos os dados dos Censos Demogr�ficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), dos anos de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, e a Contagem populacional de 1996, como par�metro para a an�lise.

Palavras chave: g�nese, centros urbanos, industrializa��o, caracteriza��o.

A Generality Characterization of the Trial of Development of the Southwest of the Paran� - Brazil (Abstract)

�The Brazilian development became a determinant factor in the organization of the space it leave, especially, of the decade of 1940, when the industrialization grew very with the installation, mainly, of many foreign companies in the territory. In this context, the present article is going to present a general characterization of the trial of development of the Southwest of the Paran� - Brazil.� We seek, in this reflection, it show the genesis of the main regional urban centers, as also, characterize, in general, the main nuances that occurred in the historical development of the region. Metodologicamente we utilize the facts of the Demographic Censuses of the Brazilian Institute of Geography and Statistical (IBGE), of the years of 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, and to population Tally of 1996, as parameter for the analysis.�

Key words: genesis, urban centers, industrialization, characterization.

A urbaniza��o no Brasil, � um fen�meno determinante na sua organiza��o e (trans)forma��o espacial. Verifica-se que, entre 1940 e 1980, ocorre uma verdadeira invers�o quanto ao lugar de resid�ncia da popula��o brasileira. Na d�cada de 1940, a taxa de urbaniza��o no Brasil era de 26,35%; em 1980, essa taxa cresce para 68,86%. Nesses quarenta anos, a popula��o total do Brasil triplica, enquanto que a popula��o urbana se multiplica por sete vezes e meia. Na d�cada de 1990, a popula��o urbana brasileira ultrapassa os 77%, apresentando um �ndice quase igual ao da popula��o total de 1980 (Santos, 1996, p. 29).

Para Santos (1996), � entre o per�odo de 1970 a 1980 que o crescimento num�rico da popula��o urbana supera o da popula��o total. Isso significa que o processo de urbaniza��o no Brasil conhece uma acelera��o e ganha novo patamar, consolidando-se na d�cada de 1980. Desse modo, o forte movimento de urbaniza��o que se verifica a partir do fim da Segunda Guerra Mundial e mostrou-se associado a um intenso crescimento demogr�fico, resultado de uma natalidade elevada e de uma mortalidade em descenso, elementos estes mantidos pelos progressos sanit�rios e, pela melhoria relativa nos padr�es de vida. Outro elemento da ascendente urbaniza��o brasileira, vincula-se aos processos hegem�nicos de expans�o e concentra��o do capitalismo mundial, desencadeados nos pa�ses subdesenvolvidos atrav�s da industrializa��o.

Assim, � dentro deste contexto que a urbaniza��o brasileira se alastra espacialmente. Estas caracter�sticas gerais do processo de urbaniza��o se fazem presentes nos diversos espa�os e subespa�os que comp�e o territ�rio brasileiro. Portanto, a mesorregi�o do Sudoeste paranaense n�o foge � �regra�.

De acordo com o IPARDES (2004), a regi�o Sudoeste do Paran� [1] (figura 1), est� localizada no Terceiro Planalto Paranaense e abrange uma �rea de 1.163.842,64 hectares, que corresponde a cerca de 6% do territ�rio estadual. Ela faz fronteira, a oeste com a Rep�blica da Argentina, atrav�s da foz do rio Igua�u e, ao sul, com o Estado de Santa Catarina. Possui como principal limite geogr�fico, ao norte, o rio Igua�u. � constitu�da por 37 munic�pios, dos quais se destacam Pato Branco, Francisco Beltr�o e Dois Vizinhos, em fun��o de suas dimens�es populacionais e de seus n�veis de urbaniza��o e polariza��o.

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 1. Localização do sudoeste do Paraná.

Neste sentido, a seguir buscaremos-se analisar o processo de urbaniza��o na mesorregi�o Sudoeste do Paran�, evidenciando a origem do centros urbanos, seu desenvolvimento hist�rico e atribuindo destaque para o processo de crescimento dos espa�os e subespa�os urbanos regionais, que posteriormente tornaram-se cidades. Na seq��ncia, far-se-� uma an�lise do processo de espacializa��o urbana no Sudoeste paranaense. Utilizamos a no��o espa�o-tempo como referencial anal�tico, ou seja, as periodiza��es, em que, estes �peda�os� do tempo foram definidos pelas d�cadas em que os dados populacionais do IBGE foram coletados, sendo estes os Censos Demogr�ficos do IBGE de 1960, 1970, 1980, 1991 e a Contagem Populacional de 1996. Por fim, objetivamos aprofundar a an�lise da urbaniza��o no Sudoeste paranaense, agrupando e demonstrando algumas caracter�sticas e poss�veis tend�ncias deste processo na regi�o.

A G�nese dos Centros Urbanos no Sudoeste Paranaense, Brasil

De acordo com Corr�a (1970), a g�nese dos n�cleos urbanos no Sudoeste paranaense resultou, basicamente, da necessidade de coleta dos produtos rurais e distribui��o de bens e servi�os.

Dessa maneira, para o referido autor, a rede de centros urbanos originou-se relacionada �s necessidades de venda e compra de produtos pelos colonos [2].

Outro elemento, para o surgimento destes n�cleos urbanos, deve-se � presen�a de algumas serrarias distribu�das pelo territ�rio do Sudoeste paranaense, que constitu�ram um fator de atra��o de popula��o. Tais serrarias surgiram em decorr�ncia de um n�cleo cuja fun��o inicial foi a industrial.

Portanto, na argumenta��o de Corr�a (1970), �esta rede de centros caracteriza-se por ser muito recente, traduzindo a ocupa��o recente da regi�o pelos colonos produtores e consumidores�.

Assim sendo, esse car�ter da rede de centros aparece claramente ao se verificar o n�mero de centros administrativos existentes em 1950 e 1960. Para Corr�a (1970), em 1950, em toda a regi�o Sudoeste paranaense existiam apenas duas vilas: Pato Branco e Chopinzinho, que faziam parte, respectivamente, dos munic�pios de Clevel�ndia e Palmas, cujas sedes municipais situam-se fora da regi�o.

Em 1960, quando a popula��o regional tinha ascendido de cerca de 65.000 habitantes (em 1950) para 225.347, j� existiam 7 sedes municipais e 18 vilas. Das 24 cidades existentes em 1969, em 1960, 9 eram vilas e 8 constitu�am povoados. Das 57 vilas existentes em 1970, s� existiam 9 em 1960; as demais foram constituindo-se em povoados. Assim, a forma��o da rede de centros iniciou-se entre 1945 e 1960 (Corr�a, 1970, p. 127).

Deste modo, para Corr�a (1970), o aparecimento de centros urbanos no Sudoeste paranaense decorreu das necessidades dos colonos produtores-consumidores, e este processo aconteceu de dois modos.

No primeiro, os centros surgiram espontaneamente, ou, em fun��o da a��o de um agente colonizador. Aqueles surgidos espontaneamente, foram, inicialmente, lugares isolados na mata, que se transformaram em focos de atra��o da popula��o de colonos, que come�ava a ocupar a �rea pr�xima. Em outros casos, tais focos j� preexistiam � chegada dos colonos, constituindo-se em embri�es de centros para uma dispersa e rarefeita popula��o de origem luso-brasileira, que vivia nos arredores da regi�o Sudoeste do Paran�, principalmente, da regi�o Oeste do Estado de Santa Catarina. Esses focos de atra��o eram, basicamente, constitu�dos por uma ou duas bodegas [3], pertencentes a algum colono, ou a um luso-brasileiro.

Com a expans�o do povoamento nas �reas vizinhas, um colono ou caboclo [4], dono de uma bodega e de uma �posse� (ou seja, uma propriedade), loteava e vendia diversas parcelas aos rec�m-chegados (comerciantes, alfaiates e ferreiros, entre outros), dando origem a um povoado que, em breve, receberia uma igreja e outros servi�os que iam se fazendo necess�rios. Posteriormente, fazia-se a medi��o e a demarca��o da �rea da futura sede municipal.

Segundo Corr�a (1970), a cidade de Dois Vizinhos, por exemplo, se enquadra nesse modo de origem: por volta de 1949, havia ali apenas duas bodegas pertencentes a um caboclo e a um colono, que viviam da troca de alguns bens de consumo por produtos oriundos das atividades da popula��o luso-brasileira: peles e couros, sobretudo. Por volta de 1953, com a crescente penetra��o de colonos nas redondezas, o bodegueiro de origem europ�ia loteou a �posse� que possu�a e construiu uma capela; em breve, come�aram a surgir outros comerciantes e os primeiros servi�os para atender �s necessidades dos colonos cada vez mais numerosos. As atuais cidades de Amp�re, P�rola do Oeste e En�as Marques, originaram-se, basicamente, desse modo, tendo como primeiro foco de vida urbana a �bodega�. A origem da cidade de Barrac�o foi ligada � atividade comercial da erva-mate, numa fase pr�-colonial.

No segundo caso, o pequeno n�cleo, originado espont�nea e desordenadamente, � ampliado gra�as a a��o de um �rg�o de coloniza��o do governo, que ali instala a sede de um n�cleo colonial e/ou realiza a demarca��o e o loteamento. S�o exemplos as cidades de Pato Branco, Coronel Vivida e, em menor propor��o, Capanema (Corr�a, 1970, p. 129).

De acordo com o citado autor, as companhias e �rg�os de coloniza��o foram tamb�m respons�veis pela cria��o de n�cleos que se transformariam em cidades. O exemplo mais antigo no Sudoeste paranaense � constitu�do pelo atual munic�pio de Chopinzinho, que foi a sede da Col�nia Militar do Chopim, instalada, em 1882, pelo governo imperial.

Os melhores exemplos de n�cleos originados pela a��o de companhias de coloniza��o encontram-se nos munic�pios de Planalto, S�o Jorge do Oeste e Mari�polis. Nesses casos, as companhias de coloniza��o tra�aram o arruamento e planejaram o local, onde deveriam se localizar escolas, hospitais, igreja, com�rcio e pr�dios p�blicos (algumas delas chegaram mesmo a instalar alguns desses servi�os), tendo, em breve, origem um pequeno centro para atender �s necessidades dos colonos que ali estavam instalados (Corr�a, 1970, p. 130).

A instala��o de serrarias, tamb�m, um fator de surgimento de n�cleos urbanos nesta regi�o. Numa fase que antecedia � coloniza��o, uma companhia madeireira instalava uma serraria no meio da mata, surgindo em torno dela um aglomerado de fun��o industrial, onde alguns comerciantes se estabeleciam para atender �s necessidades dos oper�rios. Desse modo, com a penetra��o espont�nea de colonos nas �reas pertencentes ou n�o �s madeireiras, formava um n�cleo populacional, que passava a ser o ponto focal importante daquele lugar, que at� ent�o era predominantemente rural.

Como diz Corr�a (1970), a cidade de Realeza tem sua g�nese enquadrada neste processo, pois esta surge em decorr�ncia da instala��o, por volta de 1960, de uma serraria das ind�strias CAZACA Ltda., que loteou as terras em torno do seu estabelecimento industrial. O resultado disso foi o surgimento de um n�cleo urbano, que, mais tarde, veio a se tornar o atual munic�pio de Realeza. A cidade de Santa Isabel do Oeste tamb�m teve as suas origens assemelhadas a este processo.

Assim, entendemos que todos os centros urbanos do Sudoeste paranaense passaram, numa primeira fase, a se vincularem com as �reas rurais pr�ximas, de cujos colonos compravam produtos agr�colas e para quem vendiam alguns bens de consumo. O crescimento desses centros esteve sempre ligado �s necessidades do mundo colonial, ou seja, da zona rural, mas a diferencia��o entre eles processou-se de acordo com as facilidades que tiveram de se tornarem focos de �reas maiores e mais povoadas.

Esses centros, que se diferenciaram dos demais, foram: Pato Branco, Francisco Beltr�o, Chopinzinho, Coronel Vivida, Capanema, Santo Antonio do Sudoeste, Barrac�o e Dois vizinhos, enquanto as demais sedes municipais permaneceram com atua��o, quer de compra de produtos rurais, quer de venda de bens de consumo, limitada, basicamente, as suas a��es aos respectivos munic�pios, ou seja, limitada �s �reas rurais pr�ximas. Entre os fatores de diferencia��o destes centros urbanos destaca-se principalmente a sua antiguidade hist�rica relativa a outros centros urbanos da regi�o Sudoeste paranaense, ou seja, o tempo de exist�ncia destes centros era maior que os restantes.

De acordo com Corr�a (1970), outro elemento importante neste processo, � que os numerosos centros urbanos do Sudoeste paranaense n�o se originaram concomitantemente. Com o povoamento, verificou-se, primeiramente, a ocupa��o na periferia oriental, centro-meridional e ocidental da regi�o, em fun��o disso, apareceriam �s sete primeiras sedes municipais, sendo elas respectivamente: Pato Branco, Coronel Vivida, Chopinzinho, Francisco Beltr�o, Capanema, Santo Antonio do Sudoeste e Barrac�o.

Dentre estes munic�pios a diferencia��o mais not�vel ocorre ao centro urbano de Pato Branco, que se destaca dos demais como principal n�cleo de distribui��o de bens e servi�os em fase inicial. Seu dom�nio regional se origina da sua forma��o originaria a maior tempo, que se fez acompanhar, at� 1950, de uma posi��o vantajosa face � circula��o e face � �rea mais densamente ocupada da regi�o Sudoeste do Paran� (Corr�a, 1970, p. 130).

Em 1924, j� aparecia, com o nome de Vila Nova, o embri�o da atual cidade de Pato Branco. Para Corr�a (1970), esta, surge em torno de algumas bodegas que realizavam a troca do produto valorizado da �poca (o mate) por bens de consumo, como o a��car, sal, tecidos, ferragens, bebidas e querosene. Como toda a popula��o regional, da ordem de 6.000 habitantes, em 1920, os seus bodegueiros eram de origem luso-brasileira, caboclos, como foram genericamente conhecidos, provenientes dos campos de Palmas, Guarapuava, Vale do Rio do Peixe, e das �reas de campo e mata do planalto ga�cho.

Al�m de Pato Branco, na d�cada de 1920, existiam outros pequenos n�cleos urbanos, que viviam tamb�m da troca de produtos caracter�sticos da regi�o: Chopim (atualmente Chopinzinho), sede da antiga e pouco expressiva col�nia militar; Barrac�o, fronteiri�o aos n�cleos de Dion�sio Cerqueira pertencendo ao estado de Santa Catarina; Bernardo de Irigoyen, pertencendo � Argentina; e Santo Antonio, atual Santo Ant�nio do Sudoeste, ao lado do n�cleo argentino de San Ant�nio (Corr�a, 1970, p. 131).

Em 1930, j� se percebia uma diferencia��o entre esses n�cleos urbanos da regi�o, pois a erva-mate deixa de ser o produto mais valorizado. Essa diferen�a encontra uma de suas raz�es no fato de que o aumento de popula��o que se verificou at� este per�odo, se fez, sobretudo, em torno e nas proximidades de Pato Branco.

Segundo Boneti (1998), essa popula��o era, em parte, constitu�da de luso-brasileiros, que viviam do novo produto valorizado da regi�o, os su�nos, que se criavam soltos no mato (sistema do �porco-al�ado�) e eram semi-engordados na ro�a de milho (sistema de �safra�).

Contudo, desde os fins da d�cada de 1920, a essa popula��o �cabocla� veio se juntar/acrescentar outro contingente demogr�fico, �tnica e socialmente diferente. Este fluxo de migrantes era formado por colonos descendentes de italianos, provenientes do estado do Rio Grande do Sul e, se localizaram na rec�m-estabelecida Col�nia Bom Retiro, cuja sede localiza-se no munic�pio de Pato Branco. Esses colonos viviam de uma economia de autoconsumo, com venda a de excedentes, na qual o principal produto era o porco (Wachowicz, 1988, Magalh�es 1996).

Conseq�entemente a este contingente migrat�rio, houve o aumento da popula��o. Este aumento se deve, principalmente, de acordo com Corr�a (1970), �s implementa��es de outras culturas agr�colas introduzidas pelos migrantes, que constituir�o o principal fator para o crescimento e a diferencia��o de Pato Branco face aos demais n�cleos urbanos. �Em 1940, j� possu�a 1.024 habitantes, dispondo j� da fun��o de vila e ultrapassando em popula��o a sede municipal, que na �poca era o munic�pio de Clevel�ndia, que possu�a, em 1940, 837 habitantes� (Corr�a, 1970, p. 131). Quanto aos demais n�cleos, que n�o foram beneficiados com a chegada de uma popula��o de colonos, estes permaneceram estagnados: apenas Chopinzinho se constitu�a em vila, com uma popula��o de 96 habitantes.

A essa relativa maior densidade de popula��o em torno de Pato Branco, acrescenta-se o fato de que, desde a d�cada de 1930, o aglomerado se constitu�a em �ponto final� de uma estrada carro��vel. Para Corr�a (1970), Pato Branco era o ponto final da circula��o rodovi�ria, ligando-se a Uni�o da Vit�ria e a Porto Uni�o, por uma prec�ria linha de �nibus. Vinculada, assim, a estas cidades, a vila de Pato Branco era, em 1940, o principal centro da regi�o, comprando e distribuindo produtos em todo o territ�rio do Sudoeste paranaense.

A partir de 1945, o povoamento da regi�o sofreu not�vel expans�o com a chegada de um fluxo migrat�rio de colonos de origem riograndense e catarinense. Desse modo, ocorreu, at� 1950, o povoamento das �reas compreendidas pelos atuais munic�pios de Mari�polis, Vitorino, Francisco Beltr�o, En�as Marques e Coronel Vivida. Assim, apoiando-se em Corr�a (1970), Pato Branco era o ponto final de linhas de �nibus provenientes das �reas de emigra��o, tais como Nova Prata, Sarandi, Erechim, cidades localizadas no Rio Grande do Sul; e Joa�aba e Chapec�, em Santa Catarina. Al�m da linha proveniente de Porto Uni�o. Do centro urbano de Pato Branco, partiam �nibus para as �reas onde o povoamento ascendia-se, principalmente para a Vila Marrecas (atual Francisco Beltr�o) e Barro Preto (atual Coronel Vivida).

Em 1948, quando come�avam a surgir os povoados de Mari�polis, Vitorino, En�as Marques e Coronel Vivida, Pato Branco destacava-se nitidamente dos demais n�cleos, possuindo firmas varejistas que distribu�am, entre outros artigos, m�quinas de costura, cofres, pneum�ticos, aparelhos de r�dio, ferragens, etc. Possu�a, ainda, entre outros estabelecimentos, uma torrefa��o de caf�, selaria, oficina mec�nica, escrit�rio de contabilidade, um rec�m-inaugurado hospital dotado de aparelho de raio X, e uma de suas firmas possu�a uma filial na Vila Marrecas, o atual munic�pio de Francisco Beltr�o (Corr�a, 1970, p. 132).

Entre os anos de 1950 e 1955, quando o povoamento come�ou a se estender por toda a regi�o do Sudoeste paranaense, tendo surgido em decorr�ncia de sete sedes municipais, a cidade de Pato Branco contava com 3.434 habitantes em 1950, e deste modo, como bem afirmou Corr�a (1970), refor�ou a sua posi��o de localidade central mais importante, adquirindo novas fun��es exclusivas, tais como: curso ginasial, esta��o de r�dio e ag�ncia banc�ria.

Por�m, a partir de 1950, a Vila Marrecas, que se torna posteriormente o munic�pio de Francisco Beltr�o, progressivamente se transforma no mais importante centro coletor da produ��o rural e forte rival de Pato Branco na distribui��o de bens de consumo. Entretanto, a fun��o regional de distribui��o de Pato Branco ali permaneceria e se ampliaria.

Alguns comerciantes, ligados ao com�rcio colonial de compra e venda de produtos, ao perceberem que Pato Branco perdia aquela hegemonia para Francisco Beltr�o, se especializaram. Contavam, para isso, com a exist�ncia de um mercado em amplia��o, tanto quantitativa como qualitativamente, gra�as � melhoria do n�vel de vida dos colonos das �reas j� ocupadas e � expans�o do povoamento. De acordo com Corr�a (1970, p. 132), �� o caso, por exemplo, da firma O. N. Amadori & Cia Ltda., cuja origem remonta a fins da d�cada de 1940, como firma de com�rcio colonial, em 1957, constitu�a-se em concession�ria da Ford�.

Tamb�m alguns comerciantes distribuidores, habituados a manterem contato com o mercado consumidor e vendo esse mercado se ampliar e ser conquistado por Francisco Beltr�o, especializaram os contatos j� estabelecidos com firmas de fora da regi�o e a exist�ncia de certo capital acumulado, que lhes garantiriam uma base para a especializa��o, j� parcialmente garantida pela expans�o do mercado. Corr�a (1970), cita o exemplo da empresa DIVECAR, cujas origens remontam a 1947, quando foi fundada uma oficina mec�nica e com�rcio de autope�as e, em 1959, transformou-se em concession�ria da Chevrolet.

Desse modo, segundo Corr�a (1970), tanto a concession�ria da Ford como a da Chevrolet constitu�ram, em 1968, atributos funcionais exclusivos de Pato Branco. Sendo o principal centro de distribui��o do Sudoeste, l� se estabeleceram com exclusividade na regi�o, com novas firmas de distribui��o de bens e servi�os (material dent�rio, em 1960, m�dicos de olhos, ouvido, nariz e garganta, em 1963, �rg�os administrativos regionais, de 1962 a 1967). �Essa progressiva especializa��o de Pato Branco iria, pouco a pouco, desligar o Sudoeste paranaense da �rbita de influ�ncia de Uni�o da Vit�ria e de Porto Uni�o, colocando-se sob a influ�ncia direta da metr�pole regional, Curitiba� (Corr�a, 1970, p. 133).

Neste contexto, a posi��o hier�rquica de Pato Branco deve-se � capacidade de seus comerciantes em tirar proveito da situa��o que possu�am num passado pr�ximo, quando perceberem mudan�as nas rela��es, se especializaram para sobreviverem e, consequentemente para obterem mais lucros, sendo que, desse modo, mantiveram para Pato Branco a posi��o de principal centro urbano do Sudoeste paranaense. Mas, isso, deve-se tamb�m, com bem nos lembra Corr�a (1970), ao relativo prest�gio que a cidade passou a desfrutar como centro de distribui��o de bens e servi�os, atraindo novos servi�os consequentemente.

Portanto, a diferencia��o de Pato Branco dos demais n�cleos encontra as suas bases, em �ltima analise, na maior especializa��o de seus servi�os ofertados, que at� ent�o, puderam propiciar uma posi��o de �dom�nio� regional. Esta especializa��o foi indubitavelmente car�ter determinando para gerir um centro polarizador na regi�o Sudoeste paranaense.

Assim, o que se deve ressaltar � o fato de que, al�m do Sudoeste paranaense ser uma regi�o de ocupa��o recente, j� na d�cada de 1960, se verifica o aparecimento de uma rede de localidades centrais urbanas, como categorias hier�rquicas bem definidas, e o que as definiu foi o car�ter da rela��o produ��o e consumo desenvolvido na regi�o, como bem afirmou Corr�a (1970).

Urbaniza��o x �xodo Rural: o crescimento urbano e a diminui��o da popula��o rural do Sudoeste do Paran�

A d�cada de 1960

Na d�cada de 1960, a maior parte da popula��o do Sudoeste paranaense vivia na zona rural. Para se ter no��o da intensidade desta realidade, de acordo com os dados do Censo Demogr�fico do IBGE de 1960, a popula��o total da regi�o era constitu�da de 225.347 habitantes. O grau de urbaniza��o da regi�o ficava em torno de 12%, conseq�entemente, 88% da popula��o vivia no campo.

Desse modo, a maioria dos munic�pios nesta d�cada apresentava uma popula��o rural superior � urbana. Em m�dia, a popula��o rural do munic�pio de Pato Branco era formada por 41.248 habitantes, e a popula��o urbana ficava em torno de 10.333 habitantes (figura 2). Ou seja, a popula��o rural era, praticamente cinco vezes superior � popula��o urbana. O grau de urbaniza��o de Pato Branco, em 1960, era de 20% (figura 3), sendo que este munic�pio era neste per�odo, o principal n�cleo urbano da regi�o.

O munic�pio de Francisco Beltr�o, que disputava nesta d�cada o �posto� de principal centro urbano da regi�o sudoestina, detinha, em m�dia, uma popula��o rural de 50.507 habitantes, e sua popula��o urbana era constitu�da por apenas 4.989 habitantes (figura 2), sendo que, o grau de urbaniza��o nesta d�cada situava-se em 9% (figura 3).

Os outros munic�pios que existiam nesta d�cada s�o: Capanema, que possu�a, em m�dia, cerca de 23.864 habitantes localizados na zona rural e 2.339 habitantes localizados na zona urbana; Santo Ant�nio do Sudoeste, que possu�a, em m�dia, 23.864 habitantes na zona rural e 1.280 habitantes na zona urbana; Chopinzinho, com 20.494 na zona rural e 1280 habitantes, em m�dia, no per�metro urbano; Coronel Vivida, com 13.272 localizados na zona rural e 1.280 habitantes, em m�dia, no per�metro urbano (figura 2). De uma maneira geral, os graus de urbaniza��o destes munic�pios situavam-se entre 13 e 6% (figura 3).

Desse modo, com a apresenta��o dos dados populacionais da regi�o neste per�odo hist�rico (d�cada de 1960), podemos analisar que o munic�pio de Pato Branco, al�m de exercer um destaque atrav�s da especializa��o de seus servi�os prestados, detinha uma maior popula��o urbana e, assim, um maior grau de urbaniza��o em rela��o a todos os outros munic�pios que formavam o ent�o territ�rio do Sudoeste paranaense. Percebe-se, assim, uma hegemonia, tanto em popula��o como na din�mica urbana, deste munic�pio nesta d�cada.

Para Corr�a (1970), estes centros urbanos se caracterizavam por serem muito recentemente instalados, traduzindo uma ocupa��o ainda muito breve da regi�o pelos colonos produtores e consumidores. Esse car�ter da rede de centros aparece claramente ao se verificar o n�mero de cidades existentes em 1950 e 1960 (figura 2).

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 2. População rural e urbana no sudoeste do Paraná - 1960.
Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 3. Sudoeste do Paraná. Grau de urbanização (1960).

A d�cada de 1970

A d�cada de 1970, � marcada por uma maior din�mica populacional na regi�o e, conseq�entemente, no per�metro urbano dos munic�pios que comp�e o Sudoeste do Paran�. Este processo ocorreu, principalmente, em virtude do �xodo rural que se fazia acontecer nesta d�cada. A rede urbana, neste per�odo, se torna mais complexa e bem mais distribu�da no territ�rio em rela��o � d�cada de 1960. Isto ocorre, principalmente, em fun��o da demanda, pois a popula��o total havia acrescido, de acordo com o Censo do IBGE de 1970, para 434.324 habitantes. Conseq�entemente, o grau de urbaniza��o da regi�o tamb�m se eleva, situando-se em torno de 17%. No entanto, ainda a maior parte da popula��o, ou seja, 83%, vivia na zona rural do Sudoeste paranaense.

Neste contexto, o munic�pio de Pato Branco continuava nesta d�cada, com o maior contingente de popula��o urbana da regi�o, com cerca de 15.420 habitantes, e sua popula��o rural era constitu�da de 17.984 indiv�duos (figura 4). Verifica-se que seu grau de urbaniza��o eleva-se expressivamente para 45%. Neste ponto, a popula��o urbana de Pato Branco cresceu, de 1960 a 1970, cerca de 33%! Logo, Pato Branco, apresentava tend�ncias de superar a popula��o rural j� na d�cada de 1970.

J� o munic�pio de Francisco Beltr�o, contava, nessa d�cada, com uma popula��o urbana de 13.413 habitantes, tendo 23.394 habitantes localizados na zona rural (figura 4). Seu grau de urbaniza��o era de 36%, sendo que o crescimento da popula��o urbana, entre 1960-1970, eleva-se consideravelmente para 63%!

Os outros munic�pios que formavam territorialmente a regi�o do Sudoeste paranaense em 1970, j� demonstravam uma popula��o urbana bem maior. Em conseq��ncia, o grau de urbaniza��o destes munic�pios se mostrava mais consider�vel. Pode-se verificar que Itapejara do Oeste e Chopinzinho apresentavam um grau de urbaniza��o entre 21 e 26%. Capanema, Realeza, Santa Izabel do Oeste e Amp�re tinham seus graus de urbaniza��o situados na faixa de 15 a 19%. Chopinzinho, S�o Jo�o, Dois Vizinhos, Ver� En�as Marques, Salto do Lontra, Salgado Filho, Barrac�o e P�rola do Oeste, apresentavam seus graus de urbaniza��o entre 7 e 12% (figura 5).

Desse modo, a urbaniza��o regional apresenta um crescimento consider�vel em 1970, como foi mostrado nos dados apresentados acima. Esta urbaniza��o ascendente acontece, principalmente, acompanhando a tend�ncia geral do Brasil nesta d�cada.

De acordo com Santos (1996, p. 31), entre 1960 e 1970 no Brasil, se intensifica e se afirma � voca��o a aglomera��o, a urbaniza��o ascende sobre as for�as da concentra��o fundi�ria, o �xodo rural, as oportunidades de trabalho, que surgem neste aglomerado urbano que se forma rapidamente atraia enormes contingentes de migrantes, que sonham com uma vida melhor, e com mais oportunidades para sobreviver.

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 4. População rural e urbana no sudoeste do Paraná - 1970.
Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 5. Sudoeste do Paraná. Grau de urbanização (1970).

A d�cada de 1980

Na d�cada de 1980, a urbaniza��o do Sudoeste paranaense continua crescendo e a rede de centros continuava a se desenvolver, aumentando seus servi�os, seus empregos e, conseq�entemente, sua popula��o. A regi�o, nesta d�cada, possu�a, de acordo com os dados do Censo demogr�fico de 1980, cerca de 521.249 habitantes, contudo, sua popula��o rural � muito superior � popula��o urbana. A popula��o rural situava-se em cerca de 354.343 habitantes, e sua popula��o urbana era de 166.906 habitantes. Logo, seu grau de urbaniza��o regional eleva-se para 32%, dando um salto consider�vel em rela��o � d�cada de 1970, praticamente duplicando a popula��o que residia na zona urbana e, como verificado pelo IPARDES (2004, p. 23), experimentando uma taxa de crescimento urbano bastante elevada, cerca de 7,6% a.a.

O munic�pio de Pato Branco, nesta d�cada apresentava-se, com uma popula��o rural de 14.467, e sua popula��o urbana situava-se em 31.470 habitantes (figura 6), superando, dessa forma, pela primeira vez, sua popula��o rural. O grau de urbaniza��o situa-se, surpreendentemente, em 68% (figura 7). Seu crescimento urbano, de 1970 a 1980, � de 51%!

Logo, Pato Branco, no contexto regional, foi um dos primeiros munic�pios a ter maior popula��o rural do que urbana, resultado, principalmente, de um forte �xodo rural que desloca pessoas para a cidade de Pato Branco e de outras cidades localizadas na pr�pria regi�o do Sudoeste. Outro fator importante, � que moradores da zona rural de Pato Branco, neste �xodo, se dirigem para outros centros, principalmente a regi�o metropolitana do Paran�, e para os Estados de S�o Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rond�nia e Amaz�nia (Magalh�es, 1996, p. 39).

Outro munic�pio que, na d�cada de 1980, alcan�a uma maior popula��o urbana que rural � Francisco Beltr�o. Sua popula��o rural, nessa d�cada, era de 20.473 habitantes, e a urbana de 28.289 habitantes (figura 6). Portanto, seu grau de urbaniza��o atinge a marca de 58% (figura 7). O crescimento da popula��o urbana, de 1970 a 1980, � de 53%!

De um modo geral, esta d�cada reflete um aumento significativo em um grande n�mero de munic�pios da regi�o para com sua popula��o urbana (figura 6).

Em verdade, Coronel Vivida, Realeza e Mari�polis, t�m seus graus de urbaniza��o entre 40 e 37%. J�, Dois Vizinhos, S�o Jorge do Oeste, Renascen�a, Vitorino, Itapejara do Oeste, Santo Ant�nio do Sudoeste, Santa Izabel do Oeste e Capanema apresentam seus graus de urbaniza��o entre 32 e 25%. Os munic�pios que apresentavam menor grau de urbaniza��o, nessa d�cada, se situavam entre 22 e 10%, sendo estes; Chopinzinho, S�o Jo�o, Salto do Lontra, En�as Marques, V�re, Barrac�o, Salgado Filho, Marmeleiro, P�rola do Oeste e Planalto (figura 7).

Desse modo, a d�cada de 1980 marca, principalmente, o aumento considerado da popula��o urbana, refletindo em um aumento no grau de urbaniza��o de todos os munic�pios que formavam o territ�rio do Sudoeste na presente d�cada e tamb�m, como reflexo disso, dois munic�pios (Pato Branco e Francisco Beltr�o) superaram a casa dos 50% de popula��o urbana no contexto regional.

Portanto, esta eleva��o populacional urbana que se observa, � reflexo de uma maior din�mica nos centros e de uma demanda cont�nua de popula��o do campo para as cidades. Pato Branco e Francisco Beltr�o, ao se tornarem munic�pios mais populosos, atraem conseq�entemente migrantes de munic�pios da pr�pria regi�o, e de outros munic�pios situados, sobretudo, nos estado de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e at� de alguns pa�ses vizinhos, como Paraguai e Argentina (Magalh�es, 2003).

Enfim, a ascendente popula��o rural � reflexo de um processo de migra��o rural-urbana muito intenso na regi�o. No que se refere ao crescimento dos centros, verifica-se uma eleva��o da complexidade da malha urbana, refletindo em um surgimento de uma infra-estrutura urbana maior, com maior n�mero de empregos, servi�os especializados e maior distribui��o dos produtos rurais que, mesmo com a diminui��o da popula��o rural, aumenta sua produtividade atrav�s da moderniza��o agr�cola.

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 6. População rural e urbana no sudoeste do Paraná - 1980.
Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 7. Sudoeste do Paraná. Grau de urbanização (1980).

Os anos de 1991

Os anos de 1991, demonstram que a tend�ncia � urbaniza��o no Sudoeste do Paran� continua forte e crescente.

De acordo com o Censo Demogr�fico de 1991, a popula��o total da regi�o apresentava-se em cerca de 523.958 habitantes; a popula��o rural, em 1991, era de 277.238 habitantes, j� a popula��o urbana chega a 246.720 habitantes. Logo, o grau de urbaniza��o do Sudoeste paranaense atinge os expressivos 47%!

O munic�pio de Pato Branco, como verificado em outras d�cadas, apresenta, em 1991, uma popula��o urbana superior a rural. Sua popula��o rural era de 12.269 habitantes, j� sua popula��o urbana eleva-se para 43.406. Seu grau de urbaniza��o situa-se em 77%. Seu crescimento urbano de 1980 a 1991 � de 27%.� Deste modo, percebe-se que, mesmo sendo um munic�pio com caracter�sticas de produ��es agr�colas bem fortes e presentes, este j� demonstrava uma popula��o muito presente, habitando na zona urbana de maneira bem expressiva, considerando o contexto regional em an�lise.

Outro munic�pio com crescimento consider�vel de sua popula��o urbana � Francisco Beltr�o, que ascende sua popula��o urbana em 1991 para 45.622 habitantes, j� sua popula��o rural, continua a diminuir, se situando em 15.650 habitantes (figura 8). Logo, seu grau de urbaniza��o eleva-se para 64% (figura 9), e seu crescimento urbano de 1980 a 1991, � de 38%. Este crescimento urbano, � reflexo de uma maior atra��o de pessoas para esta cidade, em virtude de mais industrias ali se instalarem. Nesse sentido, que merece destaque a Sadia S/A, que instala um frigor�fico, nessa d�cada, no munic�pio, gerando muitos empregos na cidade e criando, assim, uma din�mica maior ao centro.

Contudo, o munic�pio que merece um destaque em termos de crescimento populacional urbano � Dois Vizinhos, pois sua popula��o urbana chega em 43.406 habitantes (figura 8), tendo um crescimento urbano, de 1980 a 1991, de 45%. J� sua popula��o rural situa-se em 18.065 habitantes. Logo, seu grau de urbaniza��o eleva-se para 55% (figura 9). Isso acontece em virtude da instala��o de um Frigor�fico da Sadia S/A, que gera uma atra��o de pessoas para a cidade, e, portanto, uma maior din�mica urbana para o munic�pio.

Nesta d�cada, a maioria dos munic�pios do Sudoeste paranaense tem um acr�scimo elevado em sua popula��o urbana (figura 8), conseq�entemente seus graus de urbaniza��o se tornam mais expressivos no contexto regional (figura 9).

Coronel Vivida, Mari�polis, Itapejara do Oeste, Cruzeiro do Igua�u, Realeza, Amp�re e Santo Antonio do Sudoeste, apresentam seu graus de urbaniza��o entre 55% e 43%.

Os munic�pios de Chopinzinho, S�o Jo�o, S�o Jorge do Oeste, Nova Esperan�a do Sudoeste, Bela Esperan�a do Igua�u, Santa Izabel, P�rola do Oeste, Saudade do Igua�u, Marmeleiro, Vitorino, Capanema e Nova Prata do Igua�u, apresentam seus graus de urbaniza��o entre 40 e 33%.

J� os munic�pios de Sulina, V�re, Renascen�a, Flor da Serra do Sul, Barrac�o, Pranchita, Planalto e Salto do Lontra, apresentavam seus graus de urbaniza��o entre 32 e 22%. Outros munic�pios, com menor express�o em sua popula��o urbana, s�o: En�as Marques, Manfrin�polis, Salgado Filho, Bom Jesus do Sul e Bela Vista da Caroba, que apresentam de 17 a 9% em seus graus de urbaniza��o.

Portanto, este aumento da popula��o urbana reflete em processos migrat�rios principalmente rurais-urbanos, e, secundariamente, em deslocamentos de origem e destinos rurais (Kleinke et al 1999, p. 193). Em suma, este processo de urbaniza��o no Sudoeste paranaense reflete, diretamente, em uma diminui��o da popula��o rural regional. Esta, migra para outros centros urbanos e rurais de outras localidades do pr�prio estado do Paran�, bem como para outros estados, dentre os quais merecem destaque: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rond�nia e Santa Catarina.

Desse modo, a popula��o urbana cresce principalmente em fun��o deste deslocamento de popula��o rural-urbana para as cidades que, dessa maneira, se tornam maior em n�meros gerais. Por�m, isso n�o reflete, em termos de transforma��es espaciais maiores, na paisagem dos centros urbanos sudoestinos, (exceto os mais complexos, como Pato Branco, Francisco Beltr�o e Dois Vizinhos). A regi�o ainda continua como centro de produ��o agr�cola, apenas contando com servi�os urbanos mais especializados e uma malha urbana de fluxos e fixos mais complexa e mais valiosa economicamente. Em fun��o disso, estes centros urbanos criam um maior dinamismo, tanto para o escoamento da produ��o agr�cola, como para o com�rcio, com a presta��o de servi�os e servi�os p�blicos.

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 8. População rural e urbana no sudoeste do Paraná - 1991.
Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 9. Sudoeste do Paraná. Grau de urbanização (1991).

Os anos de 1996

Os dados da Contagem Populacional do IBGE de 1996, ilustram que a tend�ncia � urbaniza��o que ascendia em anos anteriores no Sudoeste paranaense continua a manter seu tra�o est�vel e constante. Pode-se verificar este aumento em propor��es consider�veis para a transforma��o do espa�o urbano, alavancado, principalmente, pelo aumento da popula��o urbana.

A popula��o rural do Sudoeste do Paran�, em 1996, era de 217.973 habitantes, e sua popula��o urbana situava-se em 254.452 habitantes. O grau de urbaniza��o neste ano situava-se em 54%. Contudo, este aumento da popula��o urbana n�o reflete em crescimento da popula��o regional, que no ano de 1996, diminui para 472.425 habitantes. Cerca de 9% a menos de popula��o total no Sudoeste em rela��o ao ano de 1991.

Assim, levando em considera��o que se passaram apenas 5 anos desde 1991, pode-se afirmar que a popula��o total diminui consideravelmente, reafirmando a caracter�stica atribu�da ao Sudoeste de �rea de esvaziamento, e tamb�m suas tend�ncias ao crescimento da urbaniza��o, (IPEA, 2000, p. 115).

O munic�pio de Pato Branco atinge, em 1996, os expressivos 48.921 habitantes na zona urbana, cerca de 84% de grau de urbaniza��o, tendo seu crescimento populacional urbano, de 1991 a 1996, de 11%. J� sua popula��o rural, diminui para 8.829 habitantes. Isso se deve, como verificado por Kleinke et al (1999, p. 209), �s caracter�sticas gerais apresentadas pelo Sudoeste do Paran�, de regi�o de esvaziamento, atrav�s das migra��es rurais-urbanas, para outros centros maiores. E, tamb�m, pelo seu car�ter, como apresentado no referido processo hist�rico de forma��o territorial, como cidade que apresenta-se como um centro tecnol�gico regional e, atrav�s desta caracter�stica, atrai muitos estudantes, pesquisadores, professores, entre outros.

O munic�pio de Francisco Beltr�o apresenta, em 1996, uma popula��o urbana muito consider�vel, com cerca de 52.031 habitantes, e 13.699 habitantes na zona rural. Logo, seu grau de urbaniza��o ascende aos expressivos 79%, e seu crescimento populacional urbano de 1991 a 1996, � de 12%. O mesmo processo migrat�rio que esvazia a zona rural, ascende a urbaniza��o e desloca migrantes para outros centros. Este processo tem influ�ncia decisiva para com o desenvolvimento urbano de Francisco Beltr�o. Neste contexto, um fator que merece destaque, para o crescimento urbano desta cidade, se deve � produ��o do Frigor�fico da Sadia S/A, que atua na cidade e cria um maior dinamismo para o centro. Esta empresa, que atua na produ��o de alimentos, atrai um contingente expressivo de habitantes em �reas pr�ximas � sua localiza��o geogr�fica, bem como influencia na din�mica populacional da cidade e do campo. Contudo, o que merece destaque, � seu papel enquanto capital industrial que necessita de maior m�o-de-obra para produ��o/expans�o, que reflete diretamente no aumento da popula��o urbana, e dessa forma, da espacializa��o urbana do munic�pio.

Outro munic�pio importante, enquanto centro din�mico urbano para a regi�o, � Dois Vizinhos que, no ano de 1996, apresenta sua popula��o urbana com 21.669 habitantes, j� sua popula��o rural neste mesmo ano, � de 10.415 pessoas. Seu grau de urbaniza��o fica em torno de 67%. Este munic�pio tem uma din�mica urbana muito parecida com o munic�pio de Francisco Beltr�o, principalmente, por estar em seu territ�rio outro frigor�fico da Sadia S/A, que atrai uma maior popula��o para as proximidades da empresa, criando um maior dinamismo � cidade e, portanto, destacando-se por ter uma consider�vel margem de popula��o urbana, dentro do cen�rio regional do Sudoeste paranaense.

De modo geral, a maior parte dos munic�pios em 1996 apresenta um grau de urbaniza��o superior em rela��o aos anos anteriores. Contudo, isto n�o reflete em termos quantitativos de popula��o total regional, mas restritamente qualitativos, quando se atem a �olhar� o seu grau de urbaniza��o. Neste cen�rio, o munic�pio de Coronel Vivida apresenta uma popula��o urbana de 13.481, e uma popula��o rural de 10.557 pessoas. Logo, seu grau de urbaniza��o ficava em torno de 56%.

Outros munic�pios do Sudoeste tiveram seu grau de urbaniza��o elevados, o que, como alertado, n�o reflete em aumento de n�meros totais da popula��o dos munic�pios (figura 10). Verificam-se, neste plano, os casos de Mari�polis, Saudade do Igua�u, Realeza, Amp�re, Santo Ant�nio do Sudoeste e Barrac�o, que apresentavam seus graus de urbaniza��o entre 67 e 49% (figura 11). Em outros munic�pios, como Chopinzinho, Itapejara do Oeste, Bom Sucesso do Sul, Vitorino, Renascen�a, Marmeleiro, Salgado Filho, S�o Jo�o, S�o Jorge do Oeste, Cruzeiro do Igua�u, Nova Prata do Igua�u, Santa Izabel, Santo do Lontra, Pranchita, Per�la do Oeste, Capanema e Planalto verificavam-se graus de urbaniza��o entre 46 e 32%. J� os munic�pios de Sulina, Ver�, En�as Marques, Nova Esperan�a do Sudoeste, Pinhal de S�o Bento e Boa Esperan�a do Igua�u apresentavam de 30 a 16% em seus graus de urbaniza��o (figura 11).

Alguns munic�pios, com menor express�o em seus graus de urbaniza��o, s�o: Flor da Serra do Sul, Manfrin�polis, Bom Jesus do Sul e Bela Vista da Caroba, com 9 e 3% em seus graus de urbaniza��o (figura 11).�

Assim, sob o �ngulo da urbaniza��o, o ano de 1996 ascende � tend�ncia do Sudoeste paranaense com o aumento de sua popula��o urbana na maioria dos munic�pios que comp�e a regi�o. Isto acarreta, em n�meros gerais de popula��o regional, em uma diminui��o da popula��o, onde migrantes de origem rural se deslocam para centros mais din�micos do pr�prio Sudoeste (Pato Branco, Francisco Beltr�o e Dois Vizinhos) e, principalmente, para outros centros, onde merece destaque a regi�o metropolitana de Curitiba. Tamb�m, ocorre deslocamento para alguns munic�pios do estado de Santa Catarina (principalmente Joinvile e Florian�polis) e para os estados de S�o Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rond�nia, Amaz�nia e o Acre (Magalh�es, 1996, Magalh�es, 2003).

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 10. População rural e urbana no sudoeste do Paraná - 1996.
Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 11. Sudoeste do Paraná. Grau de urbanização (1996).

O ano 2000

� no ano de 2000 que a popula��o urbana reflete n�meros significativos em termos regionais e, conseq�entemente, na produ��o do espa�o urbano. A popula��o total permanece est�vel em rela��o ao ano de 1996. S�o cerca de 472.626 habitantes no Sudoeste no ano de 2000. Contudo, seu crescimento se deve ao aumento da popula��o urbana regional, s�o cerca de, 286.434 pessoas. Logo, sua popula��o rural � de 186.192 habitantes. Seu grau de urbaniza��o, no ano de 2000, chega � marca consider�vel de 61%. Dentre os 37 munic�pios que comp�e a regi�o, 18 destes t�m seu grau de urbaniza��o acima de 50%, e, 19 deles, t�m seus graus de urbaniza��o abaixo de 50%. Portanto, pode-se perceber que, praticamente, metade dos munic�pios do Sudoeste t�m seus graus de urbaniza��o acima de 50%.

Portanto a maioria dos munic�pios do Sudoeste do Paran�, no ano 2000, tem uma diminui��o da sua popula��o rural e, conseq�entemente, ocorre um aumento da popula��o urbana.

Neste cen�rio urbano, o munic�pio de Pato Branco � o que apresenta o maior grau de urbaniza��o, reafirmando sua tend�ncia que se fazia presente em anos anteriores. No ano de 2000, o munic�pio atinge os surpreendentes 91% de grau de urbaniza��o (figura 13). Sua popula��o urbana � de 56.805, enquanto a rural � de apenas 5.429 habitantes (figura 12). Logo, seu crescimento populacional urbano, no per�odo de 1996 a 2000, � de 16%! Isso se deve a uma maior moderniza��o/mecaniza��o da agricultura do munic�pio e, conseq�entemente, a uma maior demanda de pessoas para a cidade (�xodo rural), onde a cidade, ao se tornar um centro maior, atrai mais habitantes, que se deslocam de outros munic�pios do pr�prio Sudoeste paranaense, bem como de outras regi�es do Paran� e at� de outros estados brasileiros, principalmente do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Logo, percebe-se que este munic�pio atinge, no ano de 2000, um maior dinamismo; sua divis�o territorial do trabalho aparece cada vez maior, resultado diretamente ligado � instala��o, cada vez maior, de diversas empresas que atuam em seu territ�rio, destacando-o, como verificado pelo IPARDES (2004, p. 23), como um centro tecnol�gico regional.

J� Francisco Beltr�o, � outro munic�pio que ganha destaque enquanto centro urbano. Este, no ano de 2000, � o maior munic�pio em termos populacionais da regi�o. Sua popula��o urbana atinge 54.831 habitantes, sendo que a rural situa-se em 12.301 pessoas (figura 12). Seu grau de urbaniza��o � o segundo maior da regi�o, com cerca de 81% (figura 13). Seu crescimento populacional urbano, de 1996 a 2000, � de 5%. Desse modo, esta realidade se deve tamb�m, a moderniza��o agr�cola, que expulsa habitantes do campo para cidade e, com a atua��o de diversas empresas no munic�pio, tendo como sua principal, a Sadia S/A, que cria um maior dinamismo � economia da cidade, atrav�s da gera��o de aproximadamente 2000 empregos diretos, no ano de 2000. A import�ncia da empresa na constru��o do espa�o urbano � tanta que nos arredores da mesma, constitui-se um centro urbano, que serve diretamente de m�o-de-obra para seu complexo industrial, denominada de �cidade norte�.

Outro munic�pio de destaque no cen�rio regional urbano � Dois Vizinhos, que no ano de 2000, tem sua popula��o urbana de 22.382 pessoas, e sua popula��o rural em 9.604 habitantes (figura 12). Logo, seu grau de urbaniza��o � de 69% (figura 13). Seu crescimento da popula��o urbana foi de 3%. Sendo assim, a cidade cria um maior dinamismo urbano o que tamb�m se verifica pela atua��o de uma empresa da Sadia S/A, que gera muitos empregos, agregando muita m�o-de-obra, fazendo crescer o espa�o urbano deste munic�pio.

Neste ano de 2000, os munic�pios de Coronel Vivida, Mari�polis, Realeza, Amp�re, Santo Ant�nio do Sudoeste e Barrac�o t�m seus grau de urbaniza��o entre 69 e 60%. J� os munic�pios de Chopinzinho, Saudade do Igua�u, S�o Jo�o, S�o Jorge do Oeste, Cruzeiro do Igua�u, Nova Prata do Igua�u, Santa Izabel, Salto do Lontra, Capanema, Pranchita, Marmeleiro, Renascen�a, Vitorino e Itapejara do Oeste, situam seus graus de urbaniza��o de 54 e 42% (figura 13).

Dentre os munic�pios com menor express�o urbana no ano de 2000, verifica-se os casos de Bom Sucesso do Sul, Ver�, Sulina, Pinhal de S�o Bento, Salgado Filho, Planalto e P�rola do Oeste, que t�m seus graus de urbaniza��o entre 40 a 28%. Outros munic�pios, como: Flor da Serra do Sul, Manfrin�polis, Bom Jesus do Sul, Nova Esperan�a do Sudoeste, En�as Marques, Boa Esperan�a do Igua�u, Bela Vista da Caroba, situam seus graus de urbaniza��o entre 23 e 9% (figura 13).

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 12. População rural e urbana no sudoeste do Paraná - 2000.
Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 13. Sudoeste do Paraná. Grau de urbanização (2000).

Considera��es Finais

De acordo com o IPEA (2000, p. 73), na mesorregi�o Sudoeste paranaense, os munic�pios de Pato Branco e Francisco Beltr�o e, secundariamente, Dois Vizinhos, s�o os principais centros de uma regi�o que tem sua base produtiva caracterizada, predominantemente, por uma agropecu�ria voltada � agroind�stria de aves e su�nos, em conjunto com uma agricultura familiar capitalista. Juntos, estes munic�pios apresentam taxas de crescimento baixas e em queda: de 1,25% a.a., entre 1980 e 1991, para 0,83% a.a. entre 1991 a 2000. Esses centros urbanos est�o pr�ximos entre si e nenhum deles est� entre os mais fortes [5] da rede urbana do estado do Paran�.

Seus centros urbanos principais s�o: Pato Branco e Francisco Beltr�o, com n�veis de centralidade de forte para m�dio [6] (figura 14), concorrentes no que se refere � abrang�ncia da polariza��o, mas guardando especificidades (IPEA, 2000, p. 113).

O munic�pio de Pato Branco aparece com destaque regional, por oferecer uma gama de fun��es mais especializadas na �rea da educa��o, ci�ncia e tecnologia. Contem uma unidade regional de ensino m�dio e de Ensino Superior do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica (Cefet), refor�ando-se com a instala��o do Laborat�rio Central de Pesquisa e Desenvolvimento (Lactec), em uma parceria entre a Copel e a Universidade Federal do Paran�, no intuito de criar um centro tecnol�gico voltado ao setor eletr�nico.

J� o munic�pio de Francisco Beltr�o, com fun��es de com�rcio e servi�os mais voltadas a dar apoio �s atividades da ind�stria e agropecu�ria, consegue dinamizar sua economia e assim ter um crescimento urbano consider�vel.

Al�m desses, Dois Vizinhos, com centralidade de n�vel m�dio (figura 14), refor�a sua centralidade, principalmente em fun��o das atividades de uma unidade do Grupo Sadia S/A que opera no munic�pio (IPEA, 2000, p. 114).

Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?
Figura 14. Sudoeste do Paraná. Principais centros urbanos.

De acordo com o IPARDES (2004, p. 23), no contexto regional sudoestino, apesar das �reas urbanas terem evidenciado ritmos expressivos de crescimento populacional provocando aumentos gradativos no grau de urbaniza��o, o conjunto da mesorregi�o experimentou taxas declinantes, diferentemente da maior parte das mesorregi�es paranaenses, passando a evidenciar, inclusive, decr�scimos absolutos de popula��o. Como conseq��ncia dessa din�mica, o peso populacional da regi�o no total do estado permaneceu baixo e com tend�ncia � redu��o nas duas �ltimas d�cadas do s�culo XX, ainda que seja necess�rio destacar que, em 2000, o Sudoeste permanecia abrigando quase 11% da popula��o rural do Paran�.

Na verdade, o componente migrat�rio, nesse cen�rio demogr�fico, vem tendo um peso substantivo. No seio das transforma��es modernizantes das atividades agr�colas; o meio rural da regi�o vem experimentando saldos migrat�rios negativos bastante elevados desde a d�cada de 1970. A respeito dos ganhos populacionais das �reas urbanas, no �mbito geral da mesorregi�o o saldo migrat�rio se mantem negativo, expressando o predom�nio das perdas populacionais para fora da regi�o.

Entre as d�cadas de 1970 e 1980, os principais munic�pios da regi�o (Pato Branco e Francisco Beltr�o) evidenciaram consider�veis taxas de crescimento da popula��o total, 3,1% e 2,9% ao ano, respectivamente, bem superiores � m�dia do Estado (IPARDES, 2004, p. 24). Nas d�cadas seguintes, esses munic�pios permaneceram crescendo a ritmos expressivos, destacando-se no pequeno grupo de municipalidades da mesorregi�o a apresentar taxas positivas de crescimento populacional, principalmente pelo consider�vel crescimento urbano.

Ao mesmo tempo, evidencia-se um fen�meno generalizado de forte esvaziamento rural, not�vel at� mesmo no comportamento da popula��o total dos munic�pios: quase 80% destes apresentaram taxas negativas de crescimento entre 1991 e 2000, sendo que em alguns munic�pios isso ocorre desde 1970-1980. Apesar dessa din�mica, a maioria dos munic�pios da mesorregi�o, em 2000, permanecia espacialmente rural e com reduzidas popula��es (IPARDES, 2004, p. 29).

At� 1970, o Sudoeste n�o possu�a nenhum munic�pio com grau de urbaniza��o superior a 50% (figura 5). Pato Branco e Francisco Beltr�o, seus principais centros, possu�am o grau de urbaniza��o de 45,6% e 36,4%, respectivamente. No decorrer do per�odo 1970-2000, mantiveram-se como os munic�pios mais urbanizados da mesorregi�o, por�m, apenas Pato Branco superou o grau de 90% de urbaniza��o em 2000.

Atualmente, mais de 70% dos munic�pios do Sudoeste permanecem de tipo rural de pequena dimens�o (IPARDES, 2004, p. 29). Com isso, a regi�o, de modo geral, distingue-se do padr�o m�dio do estado; enquanto em 2000, no Paran�, 29,1% dos munic�pios possu�am menos de 50% da popula��o residindo nas �reas urbanas, o Sudoeste mantinha a propor��o elevada de 51,4%. Por outro lado, o estado do Paran� detinha 9,3% dos munic�pios com o grau de urbaniza��o superior a 90%, em 2000. J� no Sudoeste, esta condi��o somente foi alcan�ada pelo munic�pio de Pato Branco.

No contexto regional, para o IPARDES (2004, p. 32), a restrita possibilidade de reten��o populacional do Sudoeste se deve a uma atividade econ�mica em desenvolvimento, que n�o se traduz como grande geradora de postos de trabalho nem como multiplicadora de muitas oportunidades, e isso faz com que a regi�o integre apenas espacialidades de fraca concentra��o, confirmando-se como um espa�o e/ou, regi�o de esvaziamento. Mesmo assim, Pato Branco e Francisco Beltr�o, juntamente com Dois Vizinhos, constituem um eixo articulado, voltado �s atividades da agroind�stria do complexo aves, su�nos e soja. No seu entorno, verifica-se a forma��o de �an�is� de elevado crescimento da popula��o urbana em munic�pios de pequeno porte, seja sob influ�ncia dessa economia, seja sob influ�ncia da situa��o fronteiri�a Paran�/Santa Catarina e Paran�/Argentina, que abre oportunidades decorrentes de uma maior concentra��o regional.

Al�m dessas din�micas, a expressiva presen�a de assentamentos de trabalhadores rurais em munic�pios da regi�o tamb�m vem impulsionando relativo crescimento populacional. Percebe-se este crescimento em Salgado Filho (3,52% a.a), Renascen�a (3,15% a.a) e Marmeleiro (2,55% a.a) (IPEA, 2000, p. 115).

Os principais centros urbanos do Sudoeste, Pato Branco e Francisco Beltr�o, est�o localizados com grande proximidade geogr�fica. O eixo econ�mico no qual se inserem n�o s� articula-se a munic�pios dos pr�prios contornos mesorregionais, como integra um fluxo de rela��es com munic�pios de Santa Catarina (IPARDES, 2004, p. 33). Estes munic�pios, fazem parte de um subsistema urbano interestadual que abrange o Oeste catarinense e o Sudoeste paranaense, vinculado ao sistema de Curitiba. Esse subsistema se comp�e de v�rios n�cleos em torno de Pato Branco e Francisco Beltr�o e, em Santa Catarina, a cidade de Chapec�, que se destaca pelo n�vel de centralidade forte, e S�o Miguel do Oeste, com centralidade m�dia (Moura e Werneck, 2001, p. 25).

Organizada a partir desses centros (Francisco Beltr�o e Pato Branco), a rede de cidades da mesorregi�o Sudoeste articula um conjunto de 37 munic�pios, dos quais apenas Pato Branco e Francisco Beltr�o possu�am, em 2000, popula��o total e urbana superior a 50 mil habitantes. Com relativo desn�vel, eram seguidos por outros tr�s munic�pios (Dois Vizinhos, Coronel Vivida e Chopinzinho), situados na classe entre 20 mil e 50 mil habitantes, dos quais somente Dois Vizinhos possu�a popula��o urbana tamb�m superior a 20 mil habitantes, em 2000 (figura 12). Esses 5 munic�pios concentravam 47,3% da popula��o urbana mesorregional no ano de 2000. Do restante da popula��o, 49,3% localizava-se nos 23 munic�pios com popula��o total entre 5 mil e 20 mil habitantes, sendo que, deles, 12 tinham mais de 5 mil habitantes na �rea urbana, concentrando 35,7% da popula��o urbana da mesorregi�o (figura 12). Outros 9 munic�pios, com popula��o total inferior a 5 mil habitantes, possu�am 7,3% da popula��o mesorregional. Ressalta-se que, entre eles, 7 munic�pios tinham menos de mil moradores nas �reas urbanas, sendo que Manfrin�polis e Bom Jesus do Sul sequer alcan�avam 500 moradores (figura 12).

Contudo, o processo de urbaniza��o no Sudoeste paranaense vem desencadeando mudan�as significativas, tanto na produ��o do espa�o urbano das cidades, quanto para as espacialidades rurais da regi�o. Nesse contexto, a paisagem urbana do Sudoeste paranaense e, sobretudo, de seus principais centros urbanos, vai sendo transformada e, assim, demonstrando novos processos, novas formas, novos significados.

Notas

[1] Fazem parte do Sudoeste do Paraná, segundo a classificação do IBGE (2000), os municípios de Francisco Beltrão, Pato Branco, Dois Vizinhos, Coronel Vivida, Chopinzinho, Santo Antonio do Sudoeste , Capanema, Ampére, Realeza, Planalto, Marmeleiro, Salto do Lontra, Santa Izabel do Oeste, São João, Nova Prata do Iguaçu, Itapejara do Oeste, Barracão, São Jorge do Oeste, Verê, Pérola do Oeste, Renascença, Vitorino, Mariópolis, Enéas Marques, Nova Esperança do Sudoeste , Flor da Serra do Sul, Salgado Filho, Saudades do Iguaçu, Bela Vista da Caroba, Cruzeiro do Iguaçu, Bom Jesus do Sul, Manfrinópolis, Sulina, Bom Sucesso do Sul, Boa Esperança do Iguaçu e Pinhal de São Bento.

[2] De acordo com Corrêa (1970), e Padis (1981), colonos na região Sudoeste do Paraná seriam aqueles trabalhadores agrícolas que dispunham da posse uma pequena propriedade rural.

[3] Local onde se dá à comercialização de produtos de primeira necessidade para alimentação (sal, açúcar, farinha, entre outros) e, também, a venda de bebidas. A bodega ainda pode ser considerada como um ponto de encontro de pessoas e local de diversão, proporcionado através de jogos (cartas, bocha, entre outros). Outro elemento importante é que a bodega assumia, com a capacidade de unir um contingente de pessoas, a função de centralização de informações que aconteciam na região Sudoeste paranaense, e, dessa maneira, concentrava algumas das decisões tomadas pelos indivíduos (PADIS, 1981).

[4] O caboclo do Sudoeste paranaense não precisava ser necessariamente descendente do índio. Para o individuo ser classificado como caboclo, precisava ter sido apenas criado no sertão, portanto, na floresta. Este, deveria ter hábitos e comportamentos de sertanejo, ou seja, caça, pesca e coleta (produção para subsistência). Porém, o caboclo não podia ter pele clara, a ele se atribuía uma cor mais ou menos escura (Wachowicz, 1987, p. 85).

[5] Centros urbanos fortes são aqueles constituídos por 100 mil habitantes ou mais (IPEA, 2000).

[6] Centros urbanos forte para médio são aqueles constituídos por 50 mil habitantes. (IPEA, 2000).

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© CopyrightMarcos Leandro Mondardo, 2007.
© Copyright Scripta Nova, 2007.

Ficha bibliográfica:
MONDARDO, M. L. Uma Caracterização Geral do Processo de Urbanização do Sudoeste do Paraná - Brasil. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 15 de mayo de 2007, vol. XI, núm. 239 <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-239.htm>. [ISSN: 1138-9788].


Qual é o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana?

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Qual o nome do processo ou fenômeno urbano que resultou na área urbana C?

O processo de urbanização corresponde ao crescimento das cidades conforme a sua expansão territorial e o seu aumento populacional. Portanto, o termo urbanização está ligado ao desenvolvimento dos centros urbanos, em especial, por meio da concentração populacional.

Quais são os principais fenômenos urbanos?

Entre os fenômenos destacam-se os vazios urbanos - espaços vacantes, normalmente nos centros das cidades, edificados ou não. Estas áreas ocasionam, entre outros problemas, a desvalorização do entorno e a insegurança da população.

Qual é o fenômeno urbano?

Os fenômenos urbanos são representados pelos aspectos físicos que são formados nas cidades, principalmente por conta do alto número populacional. Como exemplo de fenômeno urbano, podemos destacar: a conurbação - que representa a junção física entre duas áreas urbanas (bairros ou cidades).

Qual o nome dado ao fenômeno urbano que ocorre quando duas ou mais cidades ao se desenvolverem acabam unindo suas malhas urbanas?

Entende-se por conurbação quando duas ou mais cidades se “encontram” e formam um mesmo espaço geográfico. Isso ocorre quando o crescimento dessas cidades é elevado e as suas respectivas malhas urbanas integram-se, tornando-se um único meio urbano.