Qual o país é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo sendo responsável por cerca de 52% das emissões de dióxido de carbono?

Veja a nossa infografia com a quantidade de emissões de gases com efeito estufa por país e setor na UE. E descubra os principais emissores a nível mundial.

As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) contribuem para acelerar as alterações climáticas. Quem são os maiores emissores? E quais os setores que poluem mais?


Quantidade de emissões de gases com efeito de estufa por ano na UE


O dióxido de carbono (CO2) é o gás com efeito de estufa mais emitido, sendo normalmente libertado por atividades humanas. No entanto, outros gases com efeito de estufa emitidos em menores quantidades conservam, contudo, o calor de forma mais eficaz que o CO2. O metano, por exemplo, é mais de 80 vezes mais potente do que o CO2 durante um período de 20 anos.

Saiba mais sobre os objetivos e as medidas da UE para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

De acordo com o sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês), as emissões de gases com efeito de estufa provenientes de atividades humanas são responsáveis por aproximadamente 1,1°C de aquecimento desde o início do século XX. Estas atividades incluem, por exemplo, a combustão de carvão, petróleo e gás, a deflorestação e a agricultura.

A infografia acima mostra as emissões de gases com efeito de estufa na UE em 2019, classificadas em função das principais fontes. O setor da energia foi responsável por 77,01% das emissões de gases com efeito de estufa em 2019, das quais os transportes representam perto de um terço. As emissões de gases com efeito de estufa na agricultura contribuem com 10,55%, os processos industriais e a utilização de produtos emitem 9,10% e a gestão de resíduos é responsável por 3,32%.

Emissões de gases com efeito de estufa na UE e no mundo

Os gráficos abaixo classificam os países da UE pelas emissões totais de gases com efeito de estufa (GEE) em 2019 e enumeram os principais emissores de gases com efeito de estufa do mundo em 2015. A UE é o terceiro maior emissor depois da China e dos Estados Unidos, seguida pela India e pela Rússia.

Os gases com efeito de estufa permanecem na atmosfera por períodos que podem chegar aos milhares de anos. Estes gases têm portanto um impacto mundial, independentemente de onde tenham sido libertados.

O que são os gases com efeito de estufa? 

  • O gás com efeito de estufa é um gás na atmosfera que atua de forma parecido ao vidro numa estufa: absorve a energia e o calor do Sol que são irradiados pela superfície da Terra, conserva-os na atmosfera e evitando que escapem para o espaço.  

  • Este processo é o principal motivo por detrás do efeito estufa que mantém a temperatura do planeta mais quente, permitindo assim a vida na Terra. 

  • Muitos gases de efeito estufa são libertados de forma natural na atmosfera, mas a atividade humana acrescenta enormes quantidades, aumentando assim o efeito estufa que contribui para o aquecimento global.  


01.11.2022 

Emissões do Brasil têm maior alta em 19 anos 

Dados da 10a edição do SEEG mostram que crescimento em 2021 atingiu 12,2%, ocorreu em quase todos os setores da economia e foi puxado por desmatamento, energia e agropecuária. 

PRESS RELEASE 

As emissões de gases de efeito estufa do Brasil tiveram em 2021 sua maior alta em quase duas décadas. Dados do SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, mostram que, no ano passado, o país emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 equivalente, um aumento de 12,2% em relação a 2020 (2,16 bilhões de toneladas). 

Alta maior só foi verificada em 2003, ano em que o país atingiu seu recorde histórico de emissões. Naquele ano, a alta foi de 20%, puxada pela explosão do desmatamento na Amazônia. 

No ano passado, as emissões por desmatamento também foram as principais responsáveis pela elevação. Impulsionadas pelo terceiro ano seguido de crescimento da área desmatada na Amazônia e demais biomas no governo de Jair Bolsonaro, as emissões por mudança de uso da terra (MUT) e florestas tiveram alta de 18,5%. A destruição dos biomas brasileiros emitiu 1,19 bilhão de toneladas brutas no ano passado — mais do que o Japão —, contra 1 bilhão de toneladas em 2020. 

Mas quase todos os setores da economia tiveram forte alta: ela foi de 3,8% na agropecuária, setor que costuma ter flutuações pequenas nos gases de efeito estufa; 8,2% no setor de processos industriais e uso de produtos; e 12,2% no setor de energia, a maior alta desde o “milagre econômico” da ditadura militar, em 1973. O setor de resíduos foi o único com emissões estáveis de 2020 para 2021. 

Energia: maior alta em 50 anos 

A elevação em energia e indústria se deve a uma série de fatores. Um deles é a retomada da economia após a fase mais grave da pandemia de Covid-19. Neste caso, o Brasil acompanhou a tendência mundial: um relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) lançado na última quinta-feira (27/10) mostrou que, após uma queda de 4,7% em 2020, ano de pico da pandemia, as emissões do mundo voltaram a subir rapidamente em 2021 e podem ter batido o recorde histórico de 2019. 

No Brasil, o setor de energia emitiu 435 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2021 contra 387 milhões em 2020. “Proporcionalmente, as emissões explodiram pelo fato de o consumo ter caído em 2020 por causa da Covid. No ano passado, o consumo energético voltou a patamares de 2014”, afirma Felipe Barcellos, analista 

de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente, organização responsável pelos cálculos de energia e processos industriais do SEEG. 

No entanto, dois outros fatores explicam a maior alta de emissões em quase 50 anos no setor. Um deles foi a crise hídrica de 2021, decorrente da pior estiagem em nove décadas no Centro-Sul do país. Ela secou as hidrelétricas e forçou o acionamento de termelétricas, que o governo tornou permanente. Isso diminuiu a parcela de energias renováveis na matriz elétrica nacional. Enquanto o consumo de eletricidade aumentou 4%, as emissões por geração de eletricidade cresceram 46%. Um terceiro fator, também decorrente da seca, foi a queda na safra de cana no Sudeste, que levou a uma alta do preço do etanol — reduzindo, consequentemente, a participação do biocombustível nos transportes. 

A agropecuária teve as maiores emissões da série histórica: 601 milhões de toneladas, contra 579 milhões em 2020. Se fosse um país, o agro brasileiro seria o 16o maior emissor do planeta, à frente da África do Sul. A pecuária — em especial o metano emitido pelos arrotos do rebanho bovino — é a principal fonte, com 79,4% das emissões do setor. O aumento expressivo do rebanho bovino em 2021, de 3,1% (seis vezes mais que a média dos últimos 18 anos), foi o principal fator a influenciar o aumento das emissões. A última vez que o país viu um crescimento tão grande no número de cabeças de gado foi em 2004. 

Na agricultura, pesaram a alta no consumo de fertilizantes nitrogenados (13,8%) e o volume de calcário nas lavouras, que subiu 20%. 

“O mais preocupante é que, mesmo com os compromissos assumidos pelo país em sua NDC (a meta no Acordo de Paris), no Compromisso Global do Metano e no Plano ABC, que tem mais de dez anos, em 2021, tivemos o recorde de emissões para a pecuária e a agricultura do Brasil”, salienta Renata Potenza, coordenadora de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora. “Considerando as metas de redução de emissões assumidas na NDC do país para 2025 e 2030, o patamar atual torna o alcance dessas metas cada vez mais distante.” 

No setor de resíduos, que engloba principalmente a disposição de lixo (64% das emissões) e o tratamento de esgoto (28%), as emissões permaneceram essencialmente inalteradas (91,1 milhão de toneladas em 2021 contra 91,2 milhões em 2020). 

“Na verdade, houve uma pequena — bem pequena — redução, da ordem de 0,12%. Isso é inédito na série histórica”, observa Iris Coluna, assessora técnica do ICLEI, responsável pelas estimativas desse setor. “E foi por um ótimo motivo.” Houve uma redução nas emissões relacionadas com a disposição final de resíduos sólidos, alavancada por um aumento na quantidade de metano recuperado em aterros sanitários. 

O metano advém da decomposição dos resíduos orgânicos nos aterros. Um jeito de minimizar o impacto dessas emissões (e ainda obter receita) é capturar o metano e queimá-lo para gerar energia. A queima do metano (CH4) produz CO2, que comparativamente tem um potencial muito menor de aquecer o planeta. Além disso, o CO2 é compensado pela fotossíntese que produziu a biomassa, por fim decomposta no aterro (e que gera metano). 

“A gente saiu de uma recuperação de 452 mil em 2020 para 531 mil toneladas de metano em 2021, por conta do aumento da captura dos aterros de Caieiras e CTR Leste, em São Paulo”, explica Coluna. “Mas temos muito espaço para ampliar a adoção dessas metas, diversificando as rotas de tratamento, aumentando as taxas de compostagem e reciclagem e diminuindo a geração.” 

O campeão continua o mesmo 

O grande vilão, responsável por 49% de todas as emissões do país, foram as mudanças de uso da terra. O desmatamento na Amazônia, respondeu por 77% das emissões por MUT em 2021. O aumento nas emissões brutas do setor, de 18,5%, só é superado na série histórica pelo ano de 2003, no qual o crescimento foi de 30%. Também foi detectado aumento expressivo, de 65%, no carbono emitido pelo desmatamento da Mata Atlântica. No Cerrado, as emissões foram de 117 milhões de toneladas, com aumento de 4%. “A taxa de desmatamento em 2021 na Amazônia Legal foi de 13.038 km2, a maior desde 2006, quando o desmatamento estava em franco decréscimo desde os 27.772 km2 vistos em 2004. Isso demonstra que o aumento das emissões atualmente está refletindo esse retrocesso nos padrões de desmatamento”, comenta Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam. 

O SEEG também fez uma estimativa do impacto das queimadas não associadas ao desmatamento, como as produzidas por incêndios florestais na Amazônia. Elas produzidas pelo homem, mas não são contabilizadas no inventário oficial brasileiro. Puderam ter sua extensão verificada pela primeira vez por meio do MapBiomas Fogo. Caso fossem computadas, representariam um acréscimo de 8% nas emissões por MUT no Brasil. 

Segundo Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, o balanço de dez anos do Sistema, mostra que o Brasil teve uma década perdida para controlar sua poluição climática. “Desde a regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em 2010, nós estamos patinando. Não apenas não conseguimos reduzir nossas emissões de maneira consistente, como as aumentamos nos últimos anos, e de forma expressiva”, destaca. “O Brasil tem as ferramentas de política pública, a tecnologia e os recursos para mudar sua trajetória, mas é preciso que o governo e a sociedade entendam que isso é fundamental para dar segurança à população em tempos de eventos extremos acelerados e também para alavancar a economia.” 

Sobre o SEEG — Foi criado em 2012 para atender a uma determinação da PNMC (Política Nacional de Mudanças Climáticas). O decreto que regulamenta a PNMC estabeleceu que o país deveria produzir estimativas anuais de emissão, de forma a acompanhar a execução da política. O governo, porém, não as produziu. Os inventários nacionais, instrumentos fundamentais para conhecer em detalhe o perfil de emissões do país, são publicados apenas de cinco em cinco anos. 

O SEEG (seeg.eco.br) foi a primeira iniciativa nacional de produção de estimativas anuais para toda a economia. Ele foi incorporado ao Observatório do Clima em 2013. Hoje, em sua 10a edição, é uma das maiores bases de dados nacionais sobre 

emissões de gases estufa do mundo, compreendendo as emissões brasileiras de cinco setores (Agropecuária, Energia, Mudança de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos). 

As estimativas são geradas segundo as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), com base nos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). 

Sobre o Observatório do Clima — Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 77 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil (oc.eco.br). 

Informações para imprensa 

Solange A. Barreira – Observatório do Clima 

 

+ 55 11 9 8108-7272 

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17.10.2022 

Brasil pode reduzir emissão de metano em 36% até 2030

Cálculo inédito foi apresentado nesta segunda-feira pelo Observatório do Clima e mostra que país pode superar ambição da meta global com tecnologia existente.

O Brasil pode reduzir suas emissões de metano em 36% até 2030 em relação aos níveis de 2020 apenas ampliando políticas e medidas já existentes na agropecuária, no setor de energia, no saneamento e no controle do desmatamento. A conclusão é de um cálculo inédito apresentado nesta segunda-feira (17/10) pelo Observatório do Clima.

Num novo relatório do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), a rede aponta que o Brasil tem condições de adotar para si uma meta de corte de metano maior do que os 30% propostos para 2030 pelo Compromisso Global do Metano, um acordo voluntário assinado em 2021 em Glasgow por cerca de 120 países.

Mas o potencial brasileiro é ainda maior: no longo prazo, com políticas mais profundas e maior investimento, o potencial do país é de reduzir as emissões desse potente gás de efeito estufa em até 75%.

O metano (CH4) é o segundo maior responsável pelo aquecimento global. Cada tonelada desse gás esquenta o planeta 28 vezes mais do que uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) num prazo de cem anos. Em 20 anos, esse potencial de aquecimento é ainda maior: 80 vezes. Quase metade do aumento de temperatura global observado hoje se deve às emissões desse gás.

Apesar de mais perigoso, o metano é produzido em quantidades muito menores do que o gás carbônico: a humanidade emitiu 52 bilhões de toneladas de CO2 em 2020, contra 364 milhões de toneladas de metano. O CH4também dura bem menos na atmosfera — menos de 20 anos, contra mais de 100 anos do CO2. Essa meia-vida mais curta torna o metano um bom alvo para estratégias de combate a emissões que ajudem a humanidade a ganhar tempo para frear o aquecimento global agora e se livrar gradualmente dos combustíveis fósseis. Isso ajudaria a manter viva a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5oC neste século.

O Brasil é o quinto maior emissor mundial de metano, com 5,5% das emissões globais desse gás, ou 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo estimativa do SEEG (valor que vai a 21,7 milhões de toneladas se contabilizadas emissões que hoje não são incluídas no inventário oficial brasileiro). Desse total, 72% vêm da agropecuária, em particular as emissões da fermentação entérica do rebanho bovino — o proverbial “arroto do boi”. Apenas as eructações do gado de corte respondem por mais de metade (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo Brasil 

Num distante segundo lugar está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total nacional. A maior parte dessas emissões deriva da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em seguida vem a queima de biomassa associada ao desmatamento, principalmente na Amazônia. A fumaça da queima das árvores que tombam para dar lugar a pastos e lavouras responde por 9% das emissões brasileiras, ou 2,7 milhões de toneladas de metano anualmente. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% das emissões brasileiras (616 mil toneladas por ano).

O relatório do SEEG estima que, se fossem mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o país chegaria a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020. A aplicação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, porém, permitiria reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte — meta proposta pelo OC ao Brasil.

Entre as medidas para alcançar esse objetivo estão zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade, algo com que o governo brasileiro já havia se comprometido, a erradicação dos lixões, a eliminação gradual da deposição em aterros sanitários e o aproveitamento de 50% do biogás nos aterros.

No setor de agropecuária, as práticas mapeadas são o manejo dos dejetos animais, a eliminação da queima da palha da cana — já uma realidade no Estado de São Paulo, maior produtor nacional —, o melhoramento genético do rebanho bovino e a chamada terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais.

“O que chama atenção nas políticas e medidas mapeadas nesse estudo é que todas elas trazem ganho econômico. São iniciativas que o poder público ou os produtores rurais, no caso da agropecuária, já deveriam estar fazendo em grande escala, porque se trata de práticas já conhecidas e utilizadas”, afirma Tasso Azevedo, coordenador técnico do SEEG. “Agora temos, pela primeira vez, um mapa do caminho para a aplicação dessas práticas e mostramos que o Brasil pode ser ainda mais ambicioso do que o compromisso global e ganhar dinheiro com isso.”

“Sabemos que a agropecuária detém a maior parte das emissões de metano do Brasil, mas também sabemos que o país já possui várias tecnologias que podem colaborar com a alteração desse cenário. Com este relatório, evidenciamos o quanto cada uma delas, se aplicadas de forma eficiente e sustentável, podem impactar positivamente e reduzir as emissões vistas hoje e futuramente no meio ambiente de maneira geral”, explica Renata Potenza, coordenadora de projetos em Clima e Emissões do Imaflora.

“O acesso e a universalização do saneamento básico são primordiais para o setor de resíduos, devendo ser pensados juntamente com as estratégias de mitigação das emissões de metano. A maior parte dessas tecnologias já esta disponível para utilização e possuem baixo ou médio custo de implementação. O CH4 tem um alto potencial energético, que pode ser aproveitado para geração de energia, por exemplo. É uma situação de ganha-ganha”, disse Kaccny Carvalho, analista de Baixo Carbono e Resiliência do ICLEI.

“Muitos brasileiros ainda sofrem com a falta de acesso a energia limpa para cozinhar, dependendo de coletar lenha e gerando poluição do ar dentro de suas casas. A substituição do uso de lenha por fogões a gás, ou melhor ainda, elétricos, pode reduzir a maior parte das emissões de metano relacionadas ao uso de energia, enquanto promove um grande salto de qualidade de vida dessas pessoas em condições de vulnerabilidade”, afirmou David Tsai, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente.

"A maior parte das emissões de uso da terra vêm de queimadas associadas ao desmatamento, em especial na Amazônia. Elas fazem mal ao clima e à saúde, e o país só perde com elas. Este estudo fornece ainda mais um motivo para zerarmos o desmatamento o quanto antes: além de ajudar o clima no longo prazo, reduzindo emissões de CO2, isso ainda ajuda a estabilizar a temperatura no curto prazo, com o corte nas emissões de metano", disse Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam.

Sobre o Observatório do Clima — Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 77 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

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Informações para imprensa

Solange A. Barreira – Observatório do Clima

+ 55 11 9 8108-7272

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13.06.2022 - Atualizado 23.06.2022 às 15:15 

Oito dos dez municípios que mais emitem gases de efeito estufa estão na Amazônia

Segunda edição do SEEG Municípios revela quanto cada cidade emitiu e em quais setores; os dez maiores emissores no setor agropecuário não estão entre aqueles com maior PIB.

Oito dos dez municípios que mais emitem gases de efeito estufa no país estão na Amazônia, onde o desmatamento é a principal fonte de emissões. Altamira e São Félix do Xingu, no Pará, lideram a lista, seguidos por Porto Velho (RO) e Lábrea (AM). São Paulo e Rio de Janeiro são os únicos de fora da Amazônia entre os campeões de emissões, na quinta e oitava posições, respectivamente. Em 2019, os dez municípios emitiram juntos 198 milhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e), mais do que todas as emissões de países como Peru e Holanda. É o que revela a segunda edição do SEEG Municípios, uma iniciativa do Observatório do Clima.

O SEEG calculou as emissões de gases de efeito estufa de todos os 5.570 municípios brasileiros. O levantamento cobre duas décadas (2000-2019) e inclui mais de uma centena de fontes de emissão nos setores de energia, indústria, agropecuária, tratamento de resíduos e mudança de uso da terra e florestas.

As emissões em Altamira (PA), líder do ranking, atingiram 35,2 MtCO2e em 2019. Se fosse um país, o município do Pará seria o 108º do mundo em emissões, à frente de Suécia e Noruega, segundo dados do CAIT, o ranking global de emissões do World Resources Institute.

O estudo mostra que, na última década, as emissões na Amazônia se concentraram no sudoeste do Pará, em Porto Velho (RO) e Lábrea (AM). A maior parte dessas emissões é resultado do desmatamento — segundo o MapBiomas Alerta, 98% do desmatamento na região tem indícios de ilegalidade.

A Amazônia encabeça o ranking de emissões per capita. Dos dez municípios com mais emissões por habitante, 6 são de Mato Grosso, 3 do Pará e 1 do Amazonas. Em Novo Progresso (PA), por exemplo, epicentro do desmatamento no eixo da BR-163, foi registrada a décima maior emissão por habitante do país: 580 toneladas de CO2e por ano, ou seja, 14 vezes a emissão de um cidadão do Qatar, o país com maior quantidade de carbono per capita do planeta. É como se cada morador de Novo Progresso tivesse mais de 500 carros rodando 20 km por dia com gasolina. A média global é de 7 toneladas de CO2e ao ano por habitante.

Por outro lado, municípios amazônicos extensos com muitas áreas protegidas também têm grandes remoções de carbono — quando subtraídas as remoções das emissões totais, chega-se às chamadas emissões líquidas. O campeão de remoções é Altamira, o maior município do país em área, que teve remoções de 25,7 MtCO2e em 2019. O levantamento destaca a importância de criar e manter Unidades de Conservação (UC) e Terras Indígenas (TI).

Emissões x PIB Agropecuário

Em 2019, o setor agropecuário foi o maior emissor em 67% dos municípios brasileiros, com destaque para a fonte gado de corte.

Nesta edição, o SEEG cruzou dados de emissão com o valor do PIB Agropecuário nos municípios, levantado pelo IBGE. O levantamento mostra que os dez municípios mais emissores em 2019 não estão entre aqueles com maior PIB Agropecuário. Ou seja: as emissões não resultam em ganhos econômicos para os municípios.

Os dez com maior PIB Agropecuário possuem o perfil de emissões e de uso do solo mais relacionados com atividades de produção agrícola, diferentemente dos dez que mais emitem, que têm atividades relacionadas com a pecuária. Isso demonstra como as escolhas de uso da terra influenciam as emissões nos municípios.

O levantamento também aponta que, de 2000 a 2019, entre os dez municípios mais emissores, houve aumento de 2,13 milhões de hectares de pastagem (em vez do aproveitamento de áreas já abertas). Mais da metade (56%) encontra-se em algum estágio de degradação. Isso indica o potencial de recuperação dessas áreas, que podem se tornar mais produtivas e contribuir para a remoção de carbono, quando bem manejadas e sem a abertura de novos pastos.

Dos dez municípios que mais emitiram no setor em 2019, a maior parte das emissões foi gerada no bioma Amazônia (64%), seguido por Pantanal (18%), Cerrado (11%) e Pampa (7%). No Pantanal, apenas dois municípios, Corumbá (MS) e Cáceres (MT), são responsáveis, juntos, por 49% das emissões no bioma.

Os municípios que mais emitiram no setor são os que apresentam os maiores rebanhos bovinos (corte e leite): o processo de digestão dos animais — a chamada fermentação entérica — maior responsável pelas emissões de metano (CH₄), principal gás de efeito estufa do setor.

São Félix do Xingu, no Pará, que tem o maior rebanho do país, foi o que mais emitiu em 2019, totalizando 4,5 MtCO2e, seguido por Corumbá (MS) e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), com 3,6 MtCO2e e 2,4 MtCO2e, respectivamente.

Energia

O setor de energia, em especial por causa dos transportes, se destaca como maior fonte de emissão nas grandes cidades, principalmente as capitais.

São Paulo lidera as emissões, com 11,9 MtCO2e, seguido por Manaus (7,5 MtCO2e) e Rio de Janeiro (5,6 MtCO2e).

Florianópolis é a capital do carro: apresenta a maior taxa por habitante de emissões derivadas do transporte rodoviário individual (774 kg de CO2e), seguida por Campo Grande (665 kg de CO2e) e Brasília (636 kg de CO2e). São Paulo tem mais carros circulando, mas apresenta também grande malha de transporte coletivo (dois terços da população paulistana usam transporte coletivo ou se deslocam a pé), o que reduz as emissões per capita.

Município com o maior número de termelétricas no país, Manaus é o que mais emite no recorte por energia elétrica, com 5,02 MtCO2e.

Levantamento do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente) mostra que em Macaé (RJ), uma das cidades onde está prevista a expansão de termelétricas, a qualidade do ar já é inadequada, com concentração de poluentes como o ozônio acima do nível recomendado pela OMS.

O estudo também mostra que Cuiabá é a cidade com maior capacidade instalada para geração de energia solar no país, seguida por Brasília. No caso de processos industriais, o município capixaba de Serra, que abriga uma siderúrgica, lidera as emissões que puderam ser alocadas nos municípios, com 9 MtCO2e, seguido por Ipatinga (MG), com 4,5 MtCO2e.

Resíduos

O setor de resíduos, embora represente apenas 5% das emissões brutas do Brasil, é uma fonte de emissões importante para as cidades — especialmente as mais populosas. O Rio lidera esse setor, com 5,5 MtCO2e, seguido por São Paulo, que, apesar de ter quase o dobro da população, emite 4,6 MtCO2e, devido ao aproveitamento energético do biogás que é gerado em aterros sanitários.

“Esta segunda edição dos dados de emissões dos municípios brasileiros consolida o entendimento da dinâmica das emissões de gases de efeito estufa no nível local no Brasil e o enorme desafio que será reverter as emissões de forma que sejam negativas nas próximas décadas. Sem os municípios e políticas locais de redução de emissões não há esperança para a meta de limitar o aquecimento global em 1,5oC até o final do século”, afirma Tasso Azevedo, coordenador geral do SEEG.

Os dados completos estão disponíveis na plataforma seeg.eco.br. A seguir, destaques do SEEG Municípios.

SETOR DE MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTAS

  • Os dez maiores emissores (todos da Amazônia) representam 21% das emissões nacionais do setor.
  • A região Norte é responsável por 60% das emissões brutas nacionais do setor, mas é a que apresenta maior queda por conta das remoções em áreas protegidas.
  • A região Centro-Oeste é responsável por 21% das emissões brutas nacionais do setor, mas lidera o ranking em emissão líquida com 27 MtCO2e a mais que a região Norte e é responsável por 49% das emissões líquidas no setor.
  • A queima de resíduos florestais representa 8% das emissões brutas nacionais do setor. A maior parte das emissões é proveniente do desmatamento de vegetação nativa primária em todas as regiões do país.
  • A Amazônia do Maranhão e a região do Matopiba se destacam no Nordeste: os 10+ representam 18% das emissões brutas da região. Matopiba é a região de expansão da agropecuária no Cerrado (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
  • A perda de campos sulinos no bioma Pampa é responsável pela maior parte das emissões brutas na região Sul.

SETOR DE AGROPECUÁRIA

  • Em 2019, o setor foi a maior fonte emissora de gases de efeito estufa em 67% dos municípios brasileiros.
  • Dos dez municípios que mais emitiram em 2019, sete estão na Amazônia.
  • A fonte mais emissora no setor foi o gado de corte: isso ocorreu em 89% dos municípios.
  • Dos dez municípios que mais emitiram em 2019, a maior parte das emissões foi gerada no bioma Amazônia (64%), seguido por Pantanal (18%), Cerrado (11%) e Pampa (7%).
  • Apenas dois municípios, Corumbá (MS) e Cáceres (MT), representam sozinhos 49% das emissões no bioma do Pantanal.
  • São Félix do Xingu (PA) foi o que mais emitiu em 2019, totalizando 4,51 MtCO2e.
  • Os municípios que mais emitem no setor agropecuário são os que apresentam os maiores rebanhos bovinos (corte e leite). Houve aumento da área de pastagem entre os mais emissores.
  • No quesito emissões acumuladas no período 2000-2019, o município de Corumbá (MS) é o primeiro do ranking, com total acumulado de 74,5 MtCO2e, seguido por São Félix do Xingu (PA) e Ribas do Rio Pardo (MS), com 73,7 e 49,9 MtCO2e, respectivamente.
  • Os dez municípios que mais emitiram no setor em 2019 não estão entre aqueles com maior valor de PIB Agropecuário. Os dez municípios com maior PIB Agropecuário apresentam emissões mais relacionadas com a agricultura, diferentemente dos dez que mais emitem, com atividades de pecuária. Sinal do potencial para produzir com baixas emissões nesses locais.

SETORES DE ENERGIA E DE PROCESSOS INDUSTRIAIS

  • São Paulo lidera as emissões no setor de energia com 11,9 MtCO2e, seguido por Manaus (7,5 MtCO2e) e Rio de Janeiro (5,6 MtCO2e).
  • Municípios mais populosos, como as capitais, têm no setor de energia sua principal fonte de emissão, sobretudo devido ao consumo de combustíveis fósseis nos transportes.
  • Florianópolis apresenta a maior taxa de emissões por habitante derivadas do transporte rodoviário individual (774 kg de CO2e), seguida por Campo Grande (665 kg de CO2e) e Brasília (636 kg de CO2e).
  • Município com o maior número de termelétricas no país (a gás e a diesel), Manaus é o que mais emite no subsetor de geração de energia elétrica.
  • Cuiabá é a cidade com maior capacidade instalada para geração de energia solar no país, seguida por Brasília.
  • Em Macaé (RJ), uma das cidades onde está prevista a expansão de termelétricas, a qualidade do ar é inadequada, com concentração de poluentes como ozônio acima do nível recomendado pela OMS.
  • O setor de processos industriais é marcado pela escassez de dados de atividades que permitam estimativas mais precisas de suas emissões associadas. Serra (ES), que abriga uma siderúrgica, lidera as emissões que puderam ser alocadas nos municípios neste setor, com 9 MtCO2e, seguido por Ipatinga (MG), com 4,5 MtCO2e.

SETOR DE RESÍDUOS

  • As emissões do setor se concentram em capitais e cidades mais populosas: 50 municípios contribuem com 38% das emissões (são aqueles com emissão maior do que 200 mil toneladas de CO2e). RJ e SP lideram o ranking.
  • A principal fonte de emissão no setor é a disposição final de resíduos sólidos em aterros sanitários, “controlados” ou lixões: foram 56 MtCO2e em 2019. Rio de Janeiro lidera disparado o ranking, com 701 kg de CO2e por habitante, seguido por Fortaleza (530 kg de CO2e), Manaus (464 kg de CO2e) e Recife (453 kg de CO2e). No país, a emissão média per capita foi de 271 kg de CO2e em 2019.
  • Uma importante medida para a redução de emissões no setor é a captura do biogás gerado em aterros sanitários, No Brasil, de acordo com projetos reportados na plataforma de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), apenas 49 aterros sanitários apresentam recuperação de metano — responsável pela captura de 418 mil toneladas de CH4 (11,7 MtCO2e), que representa cerca de 12% das emissões totais do setor.
  • Vinte dois municípios apresentam emissões negativas no setor: isso ocorre porque a estimativa de emissão é realizada com base na quantidade de resíduos gerados em cada cidade, enquanto a recuperação de metano (seja por meio de queima ou aproveitamento energético em aterros sanitários) é baseada na localização do aterro. No geral, são municípios que integram regiões metropolitanas e recuperam o metano proveniente da disposição final de municípios vizinhos.
  • Outro subsetor de destaque no setor de resíduos é o de tratamento de efluentes líquidos domésticos, com a emissão de 25 MtCO2e. Assim como apresentado para a disposição final, as cidades mais populosas também são as que mais contribuem para as emissões neste subsetor. Destaca-se que, apesar de Fortaleza, Manaus, Recife e Belém apresentarem uma contribuição significativa nas emissões pelo tratamento de efluentes domésticos (4ª, 6ª, 9ª e 11ª posição no ranking, respectivamente), essas cidades apresentam baixa taxa de acesso aos serviços de saneamento.
  • Outro aspecto importante em termos de redução é a recuperação de metano em estações de tratamento de esgoto: houve destruição ou aproveitamento de cerca de 94 mil toneladas de CH4, com destaque para Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Campinas, Uberlândia, Recife e Londrina, que investem em rotas de tratamento por meio de reatores anaeróbios.

Sobre o SEEG: O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa foi criado em 2012 para atender a uma determinação da PNMC (Política Nacional de Mudanças Climáticas). O decreto que regulamenta a PNMC estabeleceu que o país deveria produzir estimativas anuais de emissão, de forma a acompanhar a execução da política. O governo, porém, não as produziu. Os inventários nacionais, instrumentos fundamentais para conhecer em detalhe o perfil de emissões do país, são publicados apenas de cinco em cinco anos. O SEEG (seeg.eco.br) foi a primeira iniciativa nacional de produção de estimativas anuais para toda a economia. Ele foi incorporado ao Observatório do Clima em 2013. Hoje, é uma das maiores bases de dados nacionais sobre emissões de gases estufa do mundo, compreendendo as emissões brasileiras de cinco setores (Agropecuária, Energia, Mudança de Uso da Terra e Florestas, Processos Industriais e Resíduos). As estimativas são geradas segundo as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), com base nos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

 Sobre o Observatório do Clima – Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com mais de 70 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Informações para imprensa

Solange A. Barreira – Observatório do Clima

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28.10.2021

Na contramão do mundo, Brasil aumentou emissões em plena pandemia

Desmatamento na Amazônia foi principal responsável pela elevação de 9,5% nos gases de efeito estufa verificada em 2020, indicam dados do Observatório do Clima

PRESS RELEASE

As emissões brasileiras de gases de efeito estufa em 2020 cresceram 9,5%, enquanto no mundo inteiro elas despencaram em quase 7% devido à pandemia de Covid-19. A alta no desmatamento no ano passado, em especial na Amazônia, pôs o Brasil na contramão do planeta e o deixa em desvantagem no Acordo de Paris. É o maior montante de emissões desde 2006. Com o aumento da emissão e a queda de 4,1% no PIB, o Brasil ficou mais pobre e poluiu mais. 

O dado vem da nova estimativa do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, que todo ano calcula quanto o Brasil gerou de poluição climática. Em sua nona edição, lançada nesta quinta-feira (28), o SEEG calculou em 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (Gt CO2e) as emissões nacionais brutas no ano passado, contra 1,97 bilhão em 2019. É o maior nível de emissão do país desde 2006.

Descontando as remoções de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas, as emissões líquidas do país no ano passado foram de 1,52 GtCO2e, o que representou um aumento de 14% em relação a 2019, quando elas foram de 1,34 GtCO2e (veja box). 

Dos cinco setores da economia que respondem pela virtual totalidade das emissões do Brasil, três tiveram alta, um teve queda e um permaneceu estável. 

O setor de energia, que respondeu por 18% das emissões do país no ano passado, teve uma queda forte, de 4,6%. Isso ocorreu em resposta direta à pandemia, que nos primeiros meses do ano passado reduziu o transporte de passageiros, a produção da indústria e a geração de eletricidade. Com 394 milhões de toneladas de CO2e, o setor energético retornou aos patamares de emissão de 2011.  

“O setor de energia foi o único que apresentou queda de emissões em 2020. Esse resultado é um claro reflexo da diminuição de atividades emissoras devido à pandemia de Covid-19, quando foi necessário que as pessoas evitassem se deslocar. Destaca-se a diminuição de emissões nos transportes de passageiros. O consumo de combustível na aviação caiu pela metade. A demanda por gasolina e etanol também diminuiu de maneira relevante”, comenta Felipe Barcellos, pesquisador do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), que estima as emissões para os setores de energia e processos industriais.

As emissões da agropecuária, que abarcaram 577 milhões de toneladas de CO2e (27% do total nacional) em 2020, também sofreram uma alta, de 2,5%. É a maior elevação desde 2010 num setor cujas emissões nos últimos anos vêm oscilando pouco. Isso ocorreu em parte por uma razão contraintuitiva: a crise econômica diminuiu o consumo de carne, com uma redução de quase 8% no abate de bovinos. O rebanho nacional cresceu 3,2 milhões de cabeças, o que, por sua vez, aumentou também as emissões de metano por fermentação entérica (o popular “arroto do boi”). 

“O setor agropecuário atingiu a maior emissão de gases de efeito estufa de todos os tempos, mesmo em ano de pandemia. Embora seja visível o crescimento da implementação de técnicas de agricultura de baixo carbono no Brasil, inclusive com o cumprimento de grande parte das metas do Plano ABC, esse crescimento ainda está aquém dos patamares necessários para que possamos ver a trajetória de emissões do setor ser modificada e demonstrar o real potencial que o Brasil possui em se ter uma agropecuária sustentável e de baixo carbono”, disse Renata Potenza, coordenadora de projetos do Imaflora, organização responsável pelo cálculo das emissões da agropecuária.

No setor de resíduos, as medidas de quarentena possivelmente (ainda há incertezas sobre o efeito) aumentaram as emissões, principalmente pela disposição de lixo em aterros sanitários e lixões (já que estimativas não oficiais indicam que a geração de resíduos sólidos municipais aumentou cerca de 10% no ano de 2020) e de esgoto doméstico, que por sua vez tem forte correlação com a população. O crescimento no setor foi de 1,8%, saindo de 90,4 milhões para 92 milhões de toneladas de CO2e.   

"Esse setor foi historicamente o que cresceu de forma mais acelerada no Brasil desde 1970, acompanhando a população e a urbanização. No entanto, responde pela menor fatia do total, contribuindo com apenas 4% das emissões nacionais", afirma Iris Coluna, analista de projetos do ICLEI América do Sul, que calcula as emissões do setor. 

Os processos industriais, representados sobretudo pela fabricação de aço e cimento, atividades altamente emissoras, permaneceram estáveis em suas emissões mesmo na pandemia. O setor oscilou de 99,5 milhões para 99,7 milhões de toneladas de 2019 para 2020, representando 5% das emissões totais do Brasil. 

Para surpresa de ninguém, quem puxou a curva para cima e tornou o Brasil possivelmente o único grande poluidor do planeta a aumentar suas emissões no ano em que o planeta parou foi o setor de mudança de uso da terra. Representadas em sua maior parte pelo desmatamento na Amazônia e no Cerrado (que, somados, perfazem quase 90% das emissões do setor), as mudanças de uso da terra emitiram 998 milhões de toneladas de CO2e em 2020, um aumento de 24% em relação a 2019 (807 milhões).

Num cenário de desmonte da fiscalização ambiental e de descontrole sobre crimes como grilagem, garimpo e extração ilegal de madeira no governo Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia em 2020 sofreu uma alta expressiva, atingindo 10.851 quilômetros quadrados segundo os dados do sistema Prodes/Inpe. O SEEG utiliza nas suas estimativas os dados do consórcio MapBiomas, que mede também o corte de florestas secundárias e usa uma série temporal diferente da do Inpe (o MapBiomas considera janeiro a dezembro e não de agosto a julho, como faz o Prodes). No entanto, a tendência apontada é similar em ambos os sistemas. 

Apenas na Amazônia a emissão por alterações no uso do solo alcançou no ano passado 782 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Se a floresta brasileira fosse um país, seria o nono maior emissor do mundo, à frente da Alemanha. Somando o Cerrado (113 milhões de toneladas de CO2 e) à conta, os dois biomas emitem mais que o Irã e seriam o oitavo emissor mundial.

“Mudança de uso da terra mais uma vez desponta como a principal fonte de emissão do Brasil. Dois mil e vinte  foi o ano que tivemos as maiores emissões do setor em 11 anos, um reflexo claro do desmonte em curso da política ambiental, que tem favorecido a retomada das altas taxas de desmatamento”, disse Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), organização responsável pelo cálculo das emissões do setor no SEEG.

O descontrole sobre o desmatamento faz com que a curva de emissões do Brasil ainda seja dominada por uma atividade que é majoritariamente ilegal e que não contribui com o PIB nem com a geração de empregos. Também coloca um peso desproporcional na atividade rural sobre as emissões brasileiras: somando-se os 27% das emissões diretas da agropecuária com as emissões por desmatamento, transporte e tratamento de resíduos associadas ao setor rural, o agronegócio  responde por quase três quartos (74%) das emissões de gases de efeito estufa do Brasil.

Emissões de GEE no Brasil 2019 e 2020 (tCO2e - GWP-AR5)

   
       

Setores

2019

%

2020

%

Variação 2019-2020

Agropecuária

        562,987,702 

29%

        577,022,998 

27%

2.5%

Energia

        412,466,747 

21%

        393,705,260 

18%

-4.5%

Processos Industriais

          99,472,616 

5%

          99,964,389 

5%

0.5%

Resíduos 

          90,399,714 

5%

          92,047,812 

4%

1.8%

Mudança de Uso da Terra e Floresta

        806,996,124 

41%

        997,923,296 

46%

23.7%

Total Emissões Brutas

        1,972,322,903 

        2,160,663,755 

9.5%

Total Emissões Líquidas

        1,336,613,309 

        1,524,954,161 

14.1%

Fonte: SEEG 9

META CUMPRIDA, COM UMA GRANDE RESSALVA

O SEEG também avaliou o cumprimento da PNMC, a lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima. Promulgada em 2009, a lei previa que o país cortasse suas emissões em 36,1% a 38,9% até 2020 em relação a um cenário projetado com premissas bastante generosas (como crescimento do PIB de 5% ao ano). De acordo com esses critérios, as emissões brutas do país em 2020, calculadas de acordo com as diretrizes do AR2, o Segundo Relatório de Avaliação do IPCC (o painel do clima da ONU), deveriam ser de no mínimo 1,977 GtCO2e e, no máximo, 2,068 GtCO2e. Convertendo as emissões brutas para os fatores do AR2, o SEEG calculou o número de 2020 em 2,047 GtCO2e. Portanto, o Brasil cumpriu a meta em seu limite menos ambicioso, com 1% de “folga”.

É uma notícia agridoce. “Embora o país tenha cumprido a meta no agregado, e tenha também cumprido a maioria das metas do Plano de Agricultura de Baixo Carbono, o comportamento das nossas emissões não mudou desde a regulamentação da PNMC em 2010”, diz Tasso Azevedo, coordenador do SEEG. Ele lembra que a principal meta da PNMC, a redução de 80% na taxa de devastação da Amazônia, ficou muito longe de ser cumprida: a meta para 2020 era de 3.925 km2 e o desmate ficou em 10.851 km2, 176% maior. “Em relação a 2010, quando foi definida a meta da PNMC, as emissões brasileiras aumentaram 23%. Continuamos com o desmatamento dominando nossas emissões brutas e, o pior, com tendência de alta nas emissões no ano em que deveríamos começar a cumprir as metas do Acordo de Paris.” 

“Quem planta desmonte ambiental colhe gás carbônico”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do OC. “O Brasil conseguiu a proeza de ser talvez o único grande emissor que poluiu mais durante o primeiro ano da pandemia. Os dados do SEEG confirmam que os destruidores da floresta, embalados pela antipolítica ambiental de Jair Bolsonaro, não fizeram home office. É mais um golpe na imagem internacional do país, que chegará completamente desacreditado a Glasgow na semana que vem para a COP26.”

BOX – EMISSÃO BRUTA X EMISSÃO LÍQUIDA

Embora dê preferência por reportar emissões brutas, o SEEG também estima as chamadas emissões líquidas do Brasil, que consideram as remoções de CO2 da atmosfera por alterações do uso da terra (por exemplo, o crescimento de florestas secundárias no lugar de pastagens) e por manutenção de florestas em áreas indígenas e unidades de conservação. O governo federal prefere reportar às Nações Unidas as emissões líquidas. Num contexto de uma economia que ruma para a “emissão líquida zero” em 2050, que é o que se deseja para o Brasil, o papel das remoções de carbono, em especial por florestas em recuperação ou regeneração, deve ser cada vez mais considerado.

O Observatório do Clima entende, porém, que, embora esse “deságio” da contabilidade das áreas protegidas seja autorizado pela UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), reportar antes as emissões brutas é mais adequado devido às peculiaridades da metodologia de cálculo de remoções no inventário brasileiro, que acaba por não representar a realidade da tendência das remoções no país, que vêm se reduzindo à medida que terras indígenas e unidades de conservação são invadidas e desmatadas. 

Considerando as remoções, as emissões líquidas do Brasil foram de 1,52 GtCO2e, o que representou um aumento de 14% em relação a 2019, quando elas foram de 1,34 GtCO2e. O pico de emissões líquidas aconteceu em 2003, quando elas atingiram 2,65 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente. Desde 2010, quando a PNMC foi regulamentada, o Brasil aumentou suas emissões líquidas em 28% – um aumento proporcionalmente maior que o das emissões brutas. Esse fenômeno ocorre porque as emissões aumentaram mais rápido que as remoções.

Sobre o Observatório do Clima: rede formada em 2002, composta por 71 organizações não governamentais e movimentos sociais. Atua para o progresso do diálogo, das políticas públicas e processos de tomada de decisão sobre mudanças climáticas no país e globalmente. Site: http://oc.eco.br.

Sobre o SEEG: O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa foi criado em 2012 para atender a uma determinação da PNMC (Política Nacional de Mudanças Climáticas). O decreto que regulamenta a PNMC estabeleceu que o país deveria produzir estimativas anuais de emissão, de forma a acompanhar a execução da política. O governo, porém, não as produziu. Os inventários nacionais, instrumentos fundamentais para conhecer em detalhe o perfil de emissões do país, são publicados apenas de cinco em cinco anos.

O SEEG (http://seeg.eco.br) foi a primeira iniciativa nacional de produção de estimativas anuais para toda a economia. Lançado em 2012 e incorporado ao Observatório do Clima no ano seguinte, é uma das maiores bases de dados nacionais sobre emissões de gases estufa do mundo, compreendendo as emissões brasileiras de cinco setores (Agropecuária, Energia, Processos Industriais, Resíduos e Mudança de Uso da Terra).

As estimativas são geradas segundo as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), com base nos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

Atuaram no SEEG Municípios pesquisadores das ONGs: Ipam e Imazon (Mudança de Uso da Terra), Imaflora (Agropecuária), Iema (Energia e Processos Industriais) e ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade (Resíduos).

Informações para imprensa

Solange A. Barreira                           Claudio Angelo

             

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04.03.2021

Municípios da Amazônia dominam emissões de carbono

Sete dos dez maiores emissores do país estão na região Norte, mostra primeiro mapeamento municipal de gases de efeito estufa do país.

Os dez municípios campeões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil emitem juntos 172 milhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e). É mais do que países inteiros como o Peru, a Bélgica ou as Filipinas. E sete desses grandes emissores ficam na Amazônia, onde o desmatamento é a principal fonte de emissões. É o que revela a primeira edição do SEEG Municípios, uma iniciativa inédita do Observatório do Clima.

O SEEG calculou as emissões de gases de efeito estufa de todos os 5.570 municípios brasileiros. O levantamento cobre todos os anos de 2000 a 2018 e é detalhado para mais de uma centena de fontes de emissões nos setores de energia, transporte, indústria, agropecuária, tratamento de resíduos e mudanças de uso da terra e florestas.

Esta é a primeira vez que se enxerga as emissões na esfera municipal, e a primeira vez que um levantamento desse tipo é feito para um país grande. O objetivo é aumentar o conhecimento de prefeitos, câmaras de vereadores e da sociedade local de todo o país sobre a dinâmica das emissões e prover uma ferramenta para o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento municipal com redução de carbono. 

O município que mais emite no Brasil é São Félix do Xingu (PA), com 29,7 milhões de toneladas brutas de CO2e em 2018. Desse total, as mudanças de uso da terra, em sua maior parte provenientes do desmatamento, respondem por 25,44 milhões de toneladas, seguidas pela agropecuária, com 4,22 milhões de toneladas de CO2e, emitidas principalmente pela digestão do rebanho bovino. O município paraense tem o maior número de cabeças do país.

Se fosse um país, São Félix do Xingu seria o 111o do mundo em emissões, à frente de Uruguai, Noruega, Chile, Croácia, Costa Rica e Panamá, segundo dados do Cait, o ranking global de emissões do World Resources Institute.

O desmatamento também faz dispararem as emissões per capita dos municípios amazônicos. Cada morador de São Félix do Xingu, por exemplo, emite 225 toneladas de CO2e por ano, quase 22 vezes mais que a média de emissões brutas per capita do Brasil, 12 vezes mais que a dos Estados Unidos e seis vezes mais que a do Qatar, o país com maior emissão per capita no mundo. Situação ainda pior é a de Colniza, no noroeste de Mato Grosso: sexto maior emissor do país, com 14,3 milhões de toneladas de CO2e emitidas em 2018, Colniza tem a maior emissão per capita bruta do Brasil: 358 toneladas. É como se cada habitante do município tivesse mais de 300 carros rodando 20 quilômetros por dia.

Por outro lado, e esta é uma boa notícia do levantamento, municípios amazônicos extensos com muitas áreas protegidas também têm grandes remoções de gases de efeito estufa. Isso reduz as chamadas emissões líquidas. O campeão de remoções é Altamira, o maior município do Brasil em área, que tem remoções de mais de 22 milhões de toneladas de CO2e. São Félix do Xingu tem remoções de 10 milhões de toneladas.

Dos dez municípios campeões de emissão bruta no país, apenas três ficam fora da Amazônia: São Paulo, Rio de Janeiro e Serra, no Espírito Santo. O setor de energia, em especial os transportes, se destaca como principal fator de emissão nas grandes cidades, principalmente as capitais. Serra, que abriga uma siderúrgica, tem suas emissões sobretudo por processos industriais. 

Refino e processamento de petróleo elevam essas emissões em cidades como Manaus e Rio de Janeiro. E termelétricas fósseis aumentam muito as emissões nas cidades que as abrigam. O exemplo mais gritante é Capivari de Baixo, em Santa Catarina. O município é sede de um conjunto de termelétricas a carvão, o complexo Jorge Lacerda, construído nos anos 1960 e que tem três usinas, com capacidade instalada de 857 megawatts. Capivari de Baixo é o maior emissor do Brasil por área: emite 85.633 toneladas de CO2 por km2. 

O tratamento de resíduos, embora responda por apenas 4% das emissões brutas do Brasil, é uma fonte de emissões importante para as cidades — especialmente as mais populosas. O Rio lidera esse setor, com 5,6 milhões de toneladas, seguido por São Paulo, que, apesar de ter o dobro da população, emite 5,45 milhões de toneladas, devido à maior eficiência no tratamento de lixo e à captura de metano para gerar energia em aterros sanitários.

"Até hoje menos de 5% dos municípios brasileiros tinham algum inventário de emissões de gases de efeito estufa. Agora todos terão os dados para uma série de 20 anos e esperamos que isso sirva de estímulo para promover o desenvolvimento local com redução das emissões e enfrentamento das mudanças climáticas", explica Tasso Azevedo, coordenador-geral do SEEG. "Como os dados são disponibilizados de forma aberta e gratuita, significam também uma enorme economia de recursos públicos, que podem ser focados nas ações para reduzir emissões" completa. 

Veja aqui gráficos interativos com os dados do SEEG Municípios. Os dados completos estarão disponíveis a partir de quinta-feira na plataforma http://seeg.eco.br. A seguir, outros destaques do SEEG Municípios.

Setor de Agropecuária

  • Em 2018, o setor foi a maior fonte emissora de GEE em 65,8% dos municípios brasileiros, um total 3.666 municípios.
  • Municípios localizados nos Estados de Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul estão entre os 20 municípios que mais emitiram pelo setor agropecuário em 2018, por terem os maiores rebanhos bovinos.
  • Os municípios da região Sul são os que lideram as emissões de agropecuária por área, devido à pequena extensão territorial.
  • Os municípios da região Centro-Oeste lideram as emissões por habitante no setor de agropecuária, pelo apelo do setor na região e serem menos populosos.

Setores de Energia e Processos Industriais

  • São Paulo lidera o setor de energia, com 12,4 milhões de toneladas, seguida por Manaus (6,2 milhões de toneladas) e Rio de Janeiro (6 milhões de toneladas).
  • Municípios mais populosos, como as capitais, têm no setor de Energia sua principal fonte de emissões, sobretudo devido ao consumo de combustíveis fósseis (diesel e gasolina) nos transportes.
  • Em processos industriais, Serra (ES) lidera folgadamente, com 10,4 milhões de toneladas, seguida de longe por Vespasiano (MG), 2 milhões de toneladas, e Sete Lagoas (MG), 1 milhão de toneladas.
  • Excluindo as mudanças de uso da terra, os setores de energia e processos industriais são responsáveis pela maior parte das emissões de 9 dos 10 principais emissores.
  • O refino de combustíveis aumenta as emissões em municípios como Duque de Caxias, Paulínia e São José dos Campos, respectivamente 6o, 13o e 14o maiores emissores do país quando se exclui a mudança de uso da terra.
  • Usinas termelétricas fósseis são os principais fatores de emissão em Manaus (49%), Duque de Caxias, RJ (45%), Capivari de Baixo, SC (98%), São Gonçalo do Amarante, CE (95%), Santo Antônio dos Lopes, MA (95%), Macaé, RJ (82%) e Candiota, RS (95%).
  • O setor de processos industriais é marcado pela escassez de dados de atividades que permitam estimativas mais precisas de suas emissões associadas.
  • Florianópolis é a capital do motor: 62% das emissões do município vêm dos transportes. Logo abaixo na lista, empatadas, estão Brasília e Curitiba, com 59%.

Setor de Resíduo

  • As capitais e os municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes são responsáveis por cerca de 30% de todas as emissões do setor.
  • Rio de Janeiro lidera, com 5,6 milhões de toneladas, seguido por São Paulo (5,45 milhões de toneladas) e Fortaleza (1,8 milhões de toneladas).
  • A principal fonte de emissão no setor é pela disposição final de resíduos sólidos em aterros sanitários, controlados ou lixões (64% das emissões do setor) e isso é replicado em 60% dos municípios brasileiros.
  • Nos municípios em que a disposição final não é a principal fonte de emissão, destacam-se as emissões associadas ao tratamento de efluentes líquidos, tanto domésticos quanto industriais.

Setor de Mudança de Uso da Terra (MUT) e Florestas

  • Os maiores emissores (emissões brutas) nacionais estão na Amazônia, principalmente no Estado do Pará.
  • Grandes municípios em área (9 dos 10 maiores) na Amazônia, no Pará e Amazonas, e com grande proporção de áreas protegidas e área de floresta apresentam as maiores remoções brutas.
  • Alguns dos menores municípios na Amazônia (< 140 mil hectares) são os maiores emissores por área nesse setor.
  • No Cerrado, entre os maiores emissores estão os municípios na região de expansão da agropecuária no Matopiba (fronteira agrícola entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Sobre o Observatório do Clima: rede formada em 2002, composta por 63 organizações não governamentais e movimentos sociais. Atua para o progresso do diálogo, das políticas públicas e processos de tomada de decisão sobre mudanças climáticas no país e globalmente. Site: http://oc.eco.br.

Sobre o SEEG: O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa foi criado em 2012 para atender a uma determinação da PNMC (Política Nacional de Mudanças Climáticas). O decreto que regulamenta a PNMC estabeleceu que o país deveria produzir estimativas anuais de emissão, de forma a acompanhar a execução da política. O governo, porém, não as produziu. Os inventários nacionais, instrumentos fundamentais para conhecer em detalhe o perfil de emissões do país, são publicados apenas de cinco em cinco anos.

O SEEG (http://seeg.eco.br) foi a primeira iniciativa nacional de produção de estimativas anuais para toda a economia. Lançado em 2012 e incorporado ao Observatório do Clima no ano seguinte, é uma das maiores bases de dados nacionais sobre emissões de gases estufa do mundo, compreendendo as emissões brasileiras de cinco setores (Agropecuária, Energia, Processos Industriais, Resíduos e Mudança de Uso da Terra).

As estimativas são geradas segundo as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), com base nos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

Atuaram no SEEG Municípios pesquisadores das ONGs: Ipam e Imazon (Mudança de Uso da Terra), Imaflora (Agropecuária), Iema (Energia e Processos Industriais) e ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade (Resíduos).

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Solange A. Barreira                           Claudio Angelo

                      

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Qual país é O maior emissor de gases de efeito estufa do mundo?

China, Estados Unidos e Índia: esses são os 3 países que mais emitiram dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em 2020 –e, por isso, são os que mais contribuem com as mudanças climáticas no mundo–, segundo levantamento do Global Carbon Project.

Quais são os países que mais emitem gases poluentes no planeta?

Gases de efeito estufa, ano após ano Desde o meio do século 19, os Estados Unidos se mantiveram como o país que mais emite gases de efeito estufa por ano. Essa realidade só mudou em 2005, quando a China, movida por uma forte industrialização baseada na queima do carvão, ultrapassa os americanos.

Qual é O país que atualmente é O maior emissor de gases nocivos ao efeito estufa e se recusa a ratificar O Protocolo de Kyoto por qual motivo existe essa recusa?

Os Estados Unidos, um dos países que mais emitem gases poluentes no mundo, abandonaram o Protocolo em 2001 com a justificativa de que cumprir as metas estabelecidas comprometeria seu desenvolvimento econômico.

Qual é O país mais poluído do mundo?

O país com pior qualidade de ar em 2021, Bangladesh, ultrapassou essa marca em mais de 15 vezes, com uma concentração de 76.9 µg/m3. Em segundo lugar veio o Chade (75,9 µg/m3) e atrás Paquistão (59,4 µg/m3) e Tajiquistão (59,4 µg/m3). Já o Brasil ocupa a posição de 75º do ranking, com a marca de 13,6 µg/m3.