Quando a agricultura começou a ser praticada no continente americano?

A agricultura é uma prática econômica que consiste no uso dos solos para cultivo de vegetais a fim de garantir a subsistência alimentar do ser humano, bem como produzir matérias-primas que são transformadas em produtos secundários em outros campos da atividade econômica. Trata-se de uma das formas principais de transformação do espaço geográfico, sendo uma das mais antigas práticas realizadas na história.

A história da agricultura sugere que essa prática existe há mais de 12 mil anos, tendo sido desenvolvida durante o período Neolítico, sendo um dos processos constitutivos das primeiras civilizações, uma vez que todos os agrupamentos humanos já encontrados praticavam algum tipo de manejo e cultivo dos solos.

Em tempos pretéritos, a humanidade era essencialmente nômade. Com o passar do tempo, foram sendo desenvolvidas as primeiras técnicas de cultivo, elaboradas a partir do momento em que o homem percebeu que algumas sementes, quando plantadas, germinavam e que animais poderiam ser domesticados. Com isso, observou-se um lento processo de sedentarização das práticas humanas, fruto das novas técnicas sobre o uso e apropriação do meio natural. Nascia a agricultura e, com ela, desenvolviam-se as primeiras civilizações.

Portanto, podemos perceber que o meio rural sempre foi a atividade econômica mais importante para a constituição e manutenção das sociedades. Quando as técnicas agrícolas permitiam a existência de um excedente na produção, iniciavam-se as primeiras trocas comerciais. Assim, é possível concluir que, inicialmente, todas as práticas rurais e urbanas subordinavam-se ao campo.

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No entanto, com o advento da industrialização e da modernidade, essa concepção foi gradativamente se alterando. Cada vez menos as cidades dependiam do campo e cada vez mais o campo dependia das cidades. As práticas agrícolas, mais modernas, mecanizaram-se e passaram a depender das indústrias para o desenvolvimento do meio técnico.

Com o passar das três revoluções industriais, a prática da agricultura atual fundamenta-se em procedimentos avançados, que denotam uma nova característica para o espaço geográfico, classificado como meio técnico-científico informacional. Hoje, existem técnicas avançadas em manejo dos solos, máquinas e colheitadeiras que realizam o trabalho de dezenas ou até centenas de trabalhadores em uma velocidade maior, além de avanços propiciados pelo desenvolvimento da biotecnologia. Isso significa que as práticas agrícolas cada vez mais se subordinam à ciência e à produção de conhecimento.

Mas é importante salientar que não há somente técnicas modernas sobre o meio rural. Podemos dizer que os diferentes tipos de avanços coexistem no espaço rural, embora as grandes e mais desenvolvidas propriedades ocupem a maior parte do espaço. Existem sistemas agrícolas modernos ao mesmo tempo em que existem formas de cultivos tradicionais, como a agricultura orgânica, a itinerante e a de jardinagem.

A importância da agricultura é, assim, indiscutível, pois é a partir dela que se produzem os alimentos e os produtos primários utilizados pelas indústrias, pelo comércio e pelo setor de serviços, tornando-se a base para a manutenção da economia mundial.

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O caçador se abaixou e aproximou suas narinas do solo. Queria descobrir ali o que há dias não encontrava no ar. O cheiro forte da manada de bisontes, que se acostumara a rastrear com facilidade, tinha desaparecido. Isso o preocupava. Não só pela fome que já o atormentava, mas por que sabia da importância da carne para a sobrevivência de seu grupo. Sem a caça, a tribo que liderava estaria condenada à extinção. Ele estava acostumado a vaguear por extensos territórios em busca de alimentação. Porém, nunca tinha ido tão longe. A paisagem que o cercava era inteiramente nova.

Um relato fictício como esse serve para ilustrar o que deve ter ocorrido na última Era Glacial (entre 70 mil e 12 mil anos atrás), numa época em que, devido ao congelamento, o nível do mar teria baixado em torno de cem metros. Com isso, criou-se uma imensa faixa de terra unindo o que são hoje os territórios da Ásia e do Alasca, na América do Norte. Esse território, chamado de Beríngia, localiza-se onde hoje se situa o estreito de Bering e teria se tornado uma verdadeira ponte pela qual grupos de caçadores asiáticos teriam chegado ao continente americano no rastro dos animais que se deslocavam pelo mesmo caminho.

Entretanto, essa não é a única teoria levantada para explicar o aparecimento do homem na América. Outra linha da pesquisa científica defende que povos da Malásia ou da Polinésia teriam se deslocado pelo oceano Pacífico e chegado à América em torno de 14 mil anos atrás. A questão mais debatida é quais teriam sido as datas de tais migrações? Muitos defendem que teriam ocorrido a partir de 12 mil anos atrás, outros falam em torno de 40 mil anos. De qualquer forma, essas duas teorias, em conjunto, contribuem para o estudo da origem do homem americano, auxiliando na compreensão das diferenças físicas e culturais dos primeiros habitantes do continente.

A cada nova pesquisa, a cada novo sítio arqueológico encontrado, mais dúvidas e discussões emergem. Na década de 70 do século passado, por exemplo, descobriu-se o sítio arqueológico da Serra da Capivara no estado brasileiro do Piauí. Os vestígios humanos pré-históricos datam ali de 50 mil anos, mais antigos, portanto, que os sítios arqueológicos europeus com seus meros17 mil anos.

Agricultura: uma revolução

Desde que chegou as Américas, o homem se espalhou muito lentamente por todo o território continental, ocupando-o por completo. Por muitos milhares de anos os grupos humanos eram nômades e viviam exclusivamente da caça e da coleta de frutas, raízes e sementes. Somente após o derretimento das geleiras (fim da Era Glacial) e a extinção dos grandes mamíferos (mamutes, bisões, mastodontes, etc.), os grupos humanos passaram a buscar na vegetação sua principal fonte de alimento.

A agricultura começou a ser praticada nas Américas entre 7 mil e 5 mil anos atrás, o que garantiu para os povos da época maior quantidade de alimento, maior expectativa de vida, aumento populacional, sedentarização e maior disponibilidade de tempo. Provavelmente, isso levou a uma observação mais cuidadosa da natureza, possibilitando uma melhor compreensão do meio ambiente, o que foi essencial para o desenvolvimento da pecuária, da cerâmica, da tecelagem, da sistematização de uma religiosidade.

Por volta do terceiro milênio antes de Cristo surgiram as primeiras aldeias agrícolas da América. Os principais vegetais cultivados eram o milho, a batata, o feijão e a abóbora. Em pouco mais de mil anos a técnica agrícola se expandiu por várias regiões do continente, embora não se saiba ainda como isso ocorreu. De qualquer forma, a partir daí teriam se originado os centros cerimoniais, que os arqueólogos consideram o inicio das civilizações americanas.

Religião, comércio e administração

Várias aldeias agrícolas passaram a se reunir em torno de centros religiosos, comerciais e administrativos, chamados de centros cerimoniais. Cada um deles contava com uma elite de sacerdotes que o administrava e necessitava do trabalho de milhares de homens para produzir alimento, defender e trabalhar nas construções monumentais. Apesar de as aldeias manterem sua autonomia, os centros cerimoniais eram lugares que reuniam os povos de diversas regiões, para ali tratarem de assuntos comuns.

Por isso, fala-se da formação de uma cultura mais ampla a partir desses centros, dos quais os mais famosos foram:

Centro Cerimonial Povo Período Região
San Lorenzo, La Venta, Tres Zapotes Olmecas 1500 a.C. - 100 a. C. Golfo do Maranhâo
Caral povos andinos, não se sabe exatamente quais 2600 a. C. - 1800 a. C. Norte de Lima (Peru)
Chavin de Huantar povos andinos, não se sabem exatamente quais 900 a.C. - 200 a.C. Margens do rio Maranhâo (Peru)

Apesar de se localizarem em regiões muito distantes, tais centros tinham características comuns como a existência de uma elite de sacerdotes que controlava a administração; uma religião ligada à natureza, na qual o sacerdote (xamã) era associado ao jaguar (ou onça pintada - cultuada em toda a América); um planejamento arquitetônico impressionante, que contava com amplas avenidas e praças públicas organizadas a partir dos pontos cardeais; construção de obras monumentais como pirâmides (a pirâmide de Caral, no Peru, é uma das maiores do mundo), templos, estelas, esculturas com mais de dois metros de altura.

Todas essas características apontam para existência de uma sociedade rigidamente organizada, que podia dispor de mão-de-obra para o funcionamento desses centros cerimoniais: agricultores, ceramistas, tecelões, escultores, militares e os "cientistas" da época, por que não seria possível construir cidades tão complexas sem conhecimento matemático, geográfico, geológico, arquitetônico.

Com o passar do tempo, esses centros cerimoniais se tornaram cidades que, devido a uma grande importância, mesmo depois de sua decadência, continuaram a influenciar os povos da Mesoamérica e dos Andes. Muitas das características dessas cidades foram encontradas em centros urbanos posteriores: Teotihuacan (México), cidades Zapotecas (México), Chan-Chan (Peru), Tiwanaco (Bolívia), e também nas grandes civilizações da América: os Maias (Mesoamérica), os Astecas (Mesoamérica) e os Incas (Peru).

Quando começou a prática da agricultura?

A princípio, a prática da agricultura surgiu cerca de 12 mil anos atrás durante o período neolítico, sendo um dos processos constitutivos das primeiras civilizações.

Como é a agricultura no continente americano?

A agricultura representa uma atividade econômica importante nos países latinos, pois grande parte das suas terras é utilizada para o cultivo. Uma característica interessante da região é que cerca de 70% da produção agrícola vêm de pequenas e médias propriedades, produtoras de feijão, batata, inhame, milho e mandioca.

O que foi cultivado na agricultura do continente americano?

Além do milho, as culturas tropicais mais cultivadas são de café, banana, amendoim, frutas tropicais, cana-de-açúcar, algodão e cacau. Nessa porção da América há, como na maioria dos países latinos, concentração fundiária, isto é, uma minoria da população detém grande parte das terras em suas mãos. Não pare agora...

Como foi a descoberta da agricultura?

Há cerca de doze mil anos, durante a Pré-história, alguns indivíduos de povos caçadores-coletores notaram que alguns grãos que eram coletados da natureza para a sua alimentação poderiam ser enterrados, isto é, "semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os originaram.