São cuidados de enfermagem aos pacientes com alteração do estado mental?

18 de agosto de 2022 por filipesoares

Analisa os desafios e sugestões no cuidado ao paciente clínico com sintomas psiquiátricos na percepção dos enfermeiros em unidades de internação clínica de um hospital geral.

Nas últimas décadas, as questões relacionadas com a saúde mental da população têm sido priorizadas na atenção à saúde em todo o mundo. A prevalência global dos transtornos mentais e problemas psicossociais, como depressão, esquizofrenia e também os causados pelo uso do álcool e outras drogas, configuram uma grave questão de saúde pública e, consequentemente, foco de discussões e pesquisas da comunidade científica.

Cuidado ao Paciente Clínico Com Sintomas Psiquiátricos: Percepções dos Enfermeiros. Foto: Divulgação.

Estima-se que 25% da população mundial apresentem, pelo menos, um transtorno mental em determinada fase de sua vida. Este número refletido em serviços de saúde, principalmente em hospitais gerais, estima que em torno de 30% dos pacientes internados para tratamento clínico ou cirúrgico possuem histórico ou desenvolvem sintomas psiquiátricos como ansiedade e depressão, durante processo de hospitalização.

Nesse sentido, em comparação com a população em geral, as pessoas com doenças crônicas apresentam taxas mais altas de transtornos mentais, enquanto as pessoas com transtornos mentais são mais propensas a desenvolver doenças crônicas. É nesse contexto, de cuidado clínico às pessoas com sintomas psiquiátricos que se insere o trabalho da equipe de enfermagem.

A atuação do enfermeiro junto a esses pacientes no serviço de enfermagem clínica é de extrema importância, não só pelo fato de ser a hospitalização um evento que modifica o cotidiano do usuário, mas também pelo enfermeiro ser o profissional que mantém na maior parte do tempo contato com essas pessoas, pois além de reger as atividades habituais do hospital, faz a mediação entre paciente/familiar e equipe médica.

Cuidado ao paciente clínico com sintomas psiquiátricos

Dessa maneira, a atuação da enfermagem em saúde mental se baseia na formação de vínculo para o êxito no tratamento. Além disso, o foco do cuidado ao paciente com transtorno mental deve ser dirigido a partir das suas necessidades e do reconhecimento do sofrimento psíquico no seu contexto social, político e cultural, não se restringindo apenas a sintomatologia psicopatológica e ao diagnóstico psiquiátrico, mas sim, em sua totalidade.

Contudo, os profissionais no atendimento assistencial em unidades não psiquiátricas demonstram sentir receio e despreparo para lidar com estes pacientes, tendo em vista que ele é percebido como imprevisível, que costuma interromper a rotina das unidades e dos serviços.

Ademais, usualmente, os pacientes internados em hospitais gerais têm o seu tratamento focado nas alterações físico-biológicas e, em grande parte, as dimensões psicossociais não são contempladas nos tratamentos pelos profissionais de saúde. Dessa forma, os trabalhadores de enfermagem devem prestar assistência indo além de um olhar fragmentado, evitando tratar o corpo e a mente como partes separadas, o que dificulta a realização de um cuidado integral em saúde.

Assim, um dos desafios para a equipe de enfermagem é a qualificação técnica e teórica para que deixem de priorizar somente o atendimento das necessidades físicas e passem a incluir os aspectos psíquicos-emocionais, proporcionando maior qualidade da assistência ofertada.

Para além dos cuidados com a administração da medicação, manejo das crises, e identificação das alterações psíquicas, é importante que a equipe, sobretudo, procure oferecer escuta qualificada, demonstrando interesse diante dos sentimentos, visando a promoção de vínculo e incentivo ao autocuidado.

Partindo do entendimento que as ações de enfermagem nas unidades de internações clínicas são voltadas ao atendimento das necessidades físicas e aos que se encontram em estado crítico ou semicrítico, torna-se oportuno conhecer os desafios e sugestões desses profissionais sobre o cuidado prestado ao paciente clínico com sintomas psiquiátricos.

Portanto, questiona-se: Quais as percepções dos enfermeiros em relação ao cuidado prestado ao paciente clínico com sintomas psiquiátricos?

Espera-se que esta pesquisa sirva como ferramenta para a prática de enfermagem na área de saúde mental, oportunizando a melhoria do cuidado prestado a estes pacientes internados de uma forma mais qualificada e atendendo suas necessidades de saúde.

O estudo teve por objetivo analisar os desafios e sugestões no cuidado ao paciente clínico com sintomas psiquiátricos na percepção dos enfermeiros em unidades de internação clínica de um hospital geral.

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