Bebê bate com as mãos na cabeça

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Quem tem filho sabe que a saúde da criança é uma verdadeira caixinha de surpresas. O maior desafio para os pais é saber lidar com algumas situações que surgem ao longo do crescimento dos pequenos. O autismo em bebê é uma delas. A doença, caso não seja diagnosticada e tratada como precisa, pode incapacitar a criança. A dúvida é como fazer isso ainda quando o filho é um recém-nascido.

O apresentador brasileiro Marcos Mion tornou-se uma grande referência para pais de crianças autistas. Pai de Romeo, ele falou em uma entrevista que demorou um pouco para notar a doença do filho. Como a esposa de Mion teve algumas complicações no parto, ele disse que o atraso na fala e no andar da criança não parecia algo preocupante.

Assim como Mion, diversos pais não conseguem fazer o diagnóstico precoce da doença. Com isso, as intervenções necessárias também vão ficando de lado. Contudo, com um pouco de atenção, os pais conseguem identificar sinais que podem iniciar as suspeitas de autismo. É o que o post vai contar.

Se a sua criança não reage emocionalmente em determinadas situações, se ela não tenta falar, se a interação social é algo incomum, há riscos para o problema e você deve saber reconhecê-lo. Vamos descobrir então?

O que é o Autismo: entendendo a doença

O Autismo é uma espécie de pane que acontece no sistema neurológico da criança. Isso compromete completamente a capacidade sensitiva, de comunicação e socialização do paciente.

A doença é considerada um transtorno, por fazer parte de um grupo de síndromes chamado Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). O TGD engloba também a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

Bebê bate com as mãos na cabeça
O autismo compromete a capacidade sensitiva, de comunicação e socialização da criança

Apesar de o conceito geral de autismo apontar incapacidades de comunicação e socialização, algumas crianças apresentam a fala e a inteligência praticamente intactas. Isso acontece porque o espectro autista tem diversos modos de manifestação.

Essa variação de manifestação é o que retarda, muitas vezes, o diagnóstico da doença. De acordo com médicos especialistas, a melhor fase da criança para notar o autismo é entre 1 e 2 anos, mas a partir dos 8 meses já é possível perceber alguns comportamentos comuns do transtorno.

No Brasil, estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas, entre crianças e adultos. No mundo, esse número sobe para 70 milhões, de acordo com pesquisa feita pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, ligado à ONU.

5 sinais que podem indicar autismo em bebê

Um dos mitos muito comum quando se fala em autismo em bebê e crianças até 7 anos, é que esses pacientes vivem em um mundo próprio, interagindo apenas com esse universo que criam e com pessoas que conseguem adentrá-lo. Não é bem uma verdade.

Como vimos anteriormente, há diferentes maneiras de manifestação do autismo em crianças. Enquanto alguns pequenos sentirão dificuldade em desenvolver a linguagem, outros conseguirão falar normalmente, mas terão bloqueios para reações emocionais.

Abaixo descrevemos os 5 sintomas mais comuns e que pode indicar o autismo na criança. Contudo, eles não precisam surgir todos ao mesmo tempo. A nossa dica é: observe cada um dos pontos isoladamente e, percebendo alterações, procure um médico.

1 – Têm poucas reações emocionais

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Bebês com autismo geralmente têm pouca reações emocionais

Bebês geralmente reagem emocionalmente aos sorrisos e carinhos dos pais ou familiares mais próximos. Isso acontece já nas primeiras semanas de nascido e perdura até o final da primeira infância. A voz dessas pessoas é referência para as suas emoções.

O autismo em bebê compromete essas reações emocionais. A criança parece ter sempre a mesma expressão e o sorriso não é presente. Podemos dizer que impressão é que o bebê nunca esteja entendendo completamente os sinais e brincadeiras que os adultos fazem com eles.

2 – Não reage quando é chamado pelo seu nome

Com cerca de 1 ano de idade, ao ser chamado, o bebê já consegue reagir. Ele reconhece o seu nome e entende que as pessoas estão se comunicando diretamente, portanto, respondem à esses estímulos.

No caso de bebês autistas, isso é completamente diferente. A criança raramente entende que os pais ou familiares estão chamando pelo seu nome e não esboçam nenhuma reação. É como se não estivesse ouvindo os pais e, por isso, não reagem.

3 – Não interagem socialmente

Bebê bate com as mãos na cabeça
A interação social de uma criança com autismo é praticamente nula.

Esse é um sintoma percebido de forma diferente à medida que a criança cresce. No bebê recém-nascido, a falta de interesse social acontece quando adultos interagem. Não há retorno visual e a sensação é que o pequeno está olhando para o nada.

Já em crianças um pouco maiores, de 1 até 7 anos, a interação social com outros pequenos da mesma idade é praticamente nula. Eles não gostam de brincar em grupos e geralmente se isolam. Crianças autistas também têm um certo bloqueio para abraços e beijos, se sentindo bastante desconfortável com essas demonstrações de carinhos, mesmo que dos próprios pais.

4 – Não tenta falar

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O autismo pode retardar um pouco o desenvolvimento da fala em crianças.

Desde de muito pequeninos, os bebês já esboçam alguns sons, na tentativa de falar com seus pais ou familiares mais próximos. Os autistas não. Eles não emitem nenhum som, pois preferem se manter isolados e calados sempre. Quando crianças um pouco maiores, mesmo sem comprometimento com a fala, o bebê autista forma pequenas frases apenas na intenção de apontar o que deseja.

Contudo, o autismo em bebê não livra o pequeno de ter alterações no desenvolvimento da fala. Se o seu filho já tem 2 anos e não gosta de falar ou apresenta problemas na formação de frases e palavras, é preciso iniciar um tratamento fonoaudiólogo

5 – Tem movimentos repetitivos

Esse é um sinal mais aparente em crianças entre 1 e 2 anos. Os movimentos repetitivos são uma das características mais fortes no autismo em bebê. Eles podem ser caracterizados como bater as mãos, ficar se balançando, bater a cabeça em algo – como na parede, por exemplo -, entre outros movimentos.

Caso você perceba que os movimentos estereotipados aumentaram bastante e comprometem completamente a comunicação social da criança, é importante buscar ajuda médica o mais cedo possível.

Como diagnosticar?

Se você notou alguns dos sintomas acima e percebeu o quão constante eles são na vida do seu bebê, chegou o momento de conversar com o pediatra sobre o assunto. O diagnóstico definitivo raramente vem antes dos 18 meses, pois cada bebê tem um tempo próprio de desenvolvimento.

Não há um exame específico para identificar o transtorno. Contudo, é possível utilizar técnicas de rastreios e realizar um acompanhamento em longo prazo que pode, de fato, diagnosticar o autismo em bebê.

Bebê bate com as mãos na cabeça
Não há um exame específico para identificar o autismo em bebê.

O médico, por exemplo, inicia o processo de diagnóstico com uma entrevista com os pais. Ele geralmente vai questionar alguns comportamentos do bebê para entender melhor a criança. Posteriormente, reunirá registros pessoais em fotos e vídeos para observar e analisar o pequeno.

O exame clínico, que é feito na criança, ajuda a demarcar melhor os sintomas mais severos. Ele é feito a partir de uma escala de triagem, a ATA (Escala de Traços Autísticos) ou o M-CHAT (Modified-Checklist Autism in Toddlers).

Tratamento indicado

A principal forma de tratar o autismo é com terapias. Não há curas, mas há diversas maneiras de amenizar o transtorno e fazer com que o paciente viva da forma mais comum possível. Dependendo do caso, o médico pode solicitar o uso de medicamentos. Isso acontece quando há comportamentos agressivos, compulsividade, hiperatividade, etc.

A alimentação também precisa ser observada. Existem vilões da alimentação infantil que podem agravar os sintomas do autismo em bebê. Por exemplo, leite e alguns dos seus derivados. Apesar de serem bons alimentos, eles possuem caseína, que contribui negativamente para o transtorno. Geralmente os médicos indicam a Dieta SGSC – Sem Glúten e Sem Caseína.

Bebê bate com as mãos na cabeça
O tratamento de bebês autistas é feito com um combinado de terapias.

O tratamento segue com o acompanhamento fonoaudiólogo, de psicomotricidade, além de outros tipos de terapias que podem controlar os sintomas e normalizar as reações do autismo na criança.

Plano de saúde cobre tratamento de autismo em bebê?

Nem sempre. Muitas das terapias recomendadas para o tratamento de bebês com autismo não estão no Rol da ANS e, portanto, não são de cobertura obrigatória para os planos de saúde. Por outro lado, a Lei dos Planos de Saúde, (9.656/98) considera o autismo como um subtipo do “Transtorno Global do Desenvolvimento”, que faz parte do Rol.

É importante consultar a abrangência do plano de saúde da criança para esse tipo de transtorno.

Bebê bate com as mãos na cabeça
O transtorno está no Rol da ANS e, portanto, pode ser coberto pelos planos de saúde.

O autismo pode ou não ser um transtorno silencioso. Reforçamos que observar os comportamentos incomuns da criança ajuda em um diagnóstico precoce e, consequentemente, em uma melhor reposta para os tratamentos.

Caso você tenha identificado o autismo em bebê, procure o pediatra do seu filho para iniciar um diagnóstico. Não deixe esse cuidado para depois!

E se ficou ainda alguma dúvida sobre o tema, deixe seu comentário! Vamos conversar mais um pouco a respeito dessas questões!