Qual foi a medida tomada por Dom Pedro primeiro a saber das intenções?

Os antecedentes da hist�ria da Independ�ncia do Brasil t�m v�rios aspectos, mas cabe destacar os fatos que ocorreram em S�o Paulo e foram determinantes para a vinda do pr�ncipe D. Pedro, culminando com o grito do Ipiranga.

A diverg�ncia entre os membros da junta do governo provis�rio, conservadores e liberais, que desde o ano anterior dirigiam os destinos da Prov�ncia de S�o Paulo, resultou na eclos�o, no dia 23 de maio de 1822, de uma revolta que depois ficou denominada a Bernarda de Francisco Ign�cio.

A situa��o vinha se agravando h� muito, o pr�ncipe regente, em 10 de maio, requisitou a presen�a do presidente da junta do governo provis�rio de S�o Paulo, Jo�o Carlos Oeynhausen Grevembourg, para que fosse ao seu encontro na Corte e, nesse mesmo dia, foi nomeado governador das Armas o marechal de campo Jos� Arouche de Toledo Rendon. Na aus�ncia do presidente da junta ligado aos conservadores, assumiria Martim Francisco Ribeiro de Andrada, secret�rio do Interior e Fazenda da corrente pol�tica divergente, este liberal.

A popula��o foi instigada por Francisco Ign�cio de Souza Queiroz, tamb�m membro do governo provis�rio, a n�o permitir a partida de Oeynhausen, e o impasse foi criado. A C�mara instada a destituir Martim Francisco e o brigadeiro Manoel Rodrigues Jord�o, vogal pelo Com�rcio na junta, recusou-se a faz�-lo e a popula��o, inconformada, invadiu o pr�dio obrigando os vereadores a demitir os dois. Martim Francisco retirou-se preso para o Rio de Janeiro e o brigadeiro Jord�o foi para Santos. O presidente Jo�o Carlos Oeynhausen permaneceu no cargo, n�o cumprindo a ordem de D. Pedro de ir para a Corte.

Rendon, impossibilitado de assumir o seu cargo, como governador das armas, recebeu determina��o do ministro da Guerra para destituir o presidente da junta e assumir com a ajuda do corpo de artilharia de Santos e de dois corpos de milicianos do Rio de Janeiro, sendo, ainda, determinado que lhe entregassem dez mil cartuchos de espingarda e dois mil de pistola.

No dia 25 de maio, D. Pedro expediu decreto "para dar pronto rem�dio a tais desordens e atentados que diariamente v�o crescendo" e destituiu o governo da Prov�ncia. Ele determinou as elei��es para deputados � Assembl�ia Geral e Constituinte e a "nomea��o de um governo provis�rio leg�timo". Uma carta da mesma data ordenou aos membros da junta governativa de S�o Paulo que dessem pronta e fiel execu��o �s ordens do pr�ncipe Regente.

As tropas, vindas de Santos, foram hostilizadas pela popula��o paulistana, e o seu comandante marechal C�ndido Xavier de Almeida e Sousa resolveu recuar e aguardar os acontecimentos. Em 24 de julho de 1822, com a desist�ncia do marechal Rendon de tomar posse, a nomea��o do pr�prio Xavier de Almeida para esse cargo e com o retorno das tropas para Santos a situa��o na capital se normalizou.

Com destino a S�o Paulo

Outro fato grave ocorreu, por ocasi�o do enforcamento de 12 soldados que se haviam colocado � frente de seu batalh�o na cidade de Santos, para pleitear a equipara��o de soldos com os pra�as portugueses, a condena��o dos envolvidos causou como��o na popula��o paulista.

Em raz�o desses fatos, D. Pedro, pr�ncipe Regente, revolveu vir � cidade de S�o Paulo e a Santos, a fim de apaziguar os �nimos. Em decreto de 13 de agosto de 1822, determinou que, em sua aus�ncia, a princesa Leopoldina presidiria ao despacho de expediente e �s sess�es do Conselho de Estado; no dia seguinte partiu da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, com destino a S�o Paulo.

Foram percorridas por D. Pedro e sua comitiva, a cavalo, no primeiro dia de viagem, onze l�guas (l�gua de 6.600 m), tendo pousado na fazenda de Santa Cruz (resid�ncia de ver�o da fam�lia real, a oeste do Rio). No dia 15, a segunda parada foi na fazenda da Olaria (lugar hoje submerso pela represa de Lajes - munic�pio de Rio Claro - RJ). Em 16, o pr�ncipe regente entra em territ�rio paulista, em mulas e cavalos, vai para a fazenda das Tr�s Barras, em Bananal. Depois de passar por Bom de Jesus do Bananal e S�o Jo�o do Barreiro, dorme em S�o Miguel das Areias, tendo partido com novos animais e com a guarda de honra formada por moradores do vale do Para�ba. Passou por Silveiras e jantou no Porto de Santo Antonio da Cachoeira e, no dia 18, chegou a Lorena, onde por decreto dissolveu o governo provis�rio, assumindo efetivamente o governo da Prov�ncia de S�o Paulo. Dia 19, pousou em Guaratinguet�, onde recebe "�timas cavalgaduras para toda a comitiva, sempre mais numerosa", e vai rezar na Igreja de Aparecida. Em 20 de agosto, descansou em Pindamonhangaba. No dia 21, em S�o Francisco das Chagas de Taubat�, foi recebido com grande efus�o e, no dia seguinte, chegou � vila de Nossa Senhora da Concei��o do Rio Para�ba de Jacare�. Depois de passar pela vila de S�o Jos� do Para�ba (hoje S�o Jos� dos Campos), chegou, em 23, na vila de Santana de Mogi das Cruzes, tendo nessa localidade recusado a receber emiss�rios do governo paulista dissolvido e da C�mara, nomeando governador das Armas de S�o Paulo o marechal C�ndido Xavier de Almeida e Sousa.

Finalmente, ap�s 634 km, em 12 dias, chega em 24 de agosto, a Penha de Fran�a, onde fez o seu �ltimo pouso antes de entrar em S�o Paulo. Na manh� de 25, participa de missa na capela de Nossa Senhora da Penha, logo ap�s segue para a Capital. Na S�, assiste, com sua comitiva, � solene Te Deum e depois recebe o beija-m�o de autoridades e do povo. Permanece alguns dias na Capital, nesse per�odo conhece D. Domitila de Castro e Mello, a futura marquesa de Santos.

Em 5 de setembro, foi a Santos a fim de inspecionar as fortalezas e visitar pessoas da fam�lia de Jos� Bonif�cio, seu ministro de Estado. De regresso a S�o Paulo, no s�bado, por volta das 16 horas, dia 7 de setembro de 1822, quando D. Pedro e comitiva se encontravam no alto de colina pr�xima do riacho do Ipiranga, dois cavaleiros em r�pida carreira v�o a seu encontro, eram o major Ant�nio Ramos Cordeiro e Paulo Bregaro - hoje Patrono dos Carteiros -, este, como correio-real da Corte, trazia diversas correspond�ncias: cartas de sua esposa Leopoldina, de Jos� Bonif�cio; duas de Lisboa - uma de seu pai D. Jo�o VI e a outra com instru��o das Cortes, exigindo o regresso imediato do pr�ncipe e a pris�o e processo de Jos� Bonif�cio, e a �ltima de Chamberlain (amigo de confian�a do pr�ncipe D. Pedro).

CARTA DA PRINCESA LEOPOLDINA

"29 de agosto de 1822

Meu querido e muito amado esposo, mando-lhe o Paulo; � preciso que volte com a maior brevidade, esteja persuadido que n�o s� amor, amizade que me faz desejar mais que nunca sua pronta presen�a, mas sim �s cr�tica circunst�ncias em que se acha o amado Brasil, s� a sua presen�a, muita energia e rigor podem salv�-lo da ru�na.

..As not�cias de Lisboa s�o p�ssimas: 14 batalh�es v�o embarcar nas tr�s naus, mandou-se imprimir suas cartas e o povo lisboense tem-se permitido toda a qualidade de express�es indignas contra sua pessoa, na Bahia entraram 600 homens e duas ou tr�s embarca��es de guerra.

Os ministros de Estado lhe escrevem esta carta, aqui inclusa, e assentou-se n�o mandar os navios para o sul porque o Lecor se desmacarou com Moratto e era capaz de embarcar a tropa para Santa Catarina; a sua vinda decidir� depois se sempre quer mand�-las.

Todos aqui est�o bons e Maria j� sai e o Manuel Bernardes a curou muito bem.

Receba mil abra�os e saudades muito ternas desta sua amante esposa

Leopoldina"

CARTA DE JOS� BONIFACIO

"Senhor, as Cortes ordenaram minha pris�o, por minha obedi�ncia a Vossa Alteza.

E, no seu �dio imenso de persegui��o, atingiram tamb�m aquele que se preza em o servir com a lealdade a dedica��o do mais fiel amigo e s�dito. O momento n�o comporta mais delongas ou condescend�ncias.

A revolu��o j� est� preparada para o dia de sua partida. Se parte, temos a revolu��o do Brasil contra Portugal, e Portugal, atualmente, n�o tem recursos para subjugar um levante, que � preparado ocultamente, para n�o dizer quase visivelmente. Se fica, tem, Vossa Alteza, contra si, o povo de Portugal, a vingan�a das Cortes, que direi?! at� a deserda��o, que dizem j� estar combinada. Ministro fiel que arrisquei tudo por minha P�tria e pelo meu Pr�ncipe, servo obedient�ssimo do Senhor D. Jo�o VI, que as Cortes t�m na mais detest�vel coa��o, eu, como Ministro, aconselho a Vossa Alteza que fique e fa�a do Brasil um reino feliz, separado de Portugal, que � hoje escravo das Cortes desp�ticas.

Senhor, ningu�m mais do que sua esposa deseja sua felicidade e ela lhe diz em carta, que com esta ser� entregue, que Vossa Alteza deve ficar e fazer a felicidade do povo brasileiro, que o deseja como seu soberano, sem liga��es e obedi�ncias �s desp�ticas Cortes portuguesas, que querem a escravid�o do Brasil e a humilha��o do seu adorado Pr�ncipe Regente.

Fique, � o que todos pedem ao Magn�nimo Pr�ncipe, que � Vossa Alteza, para orgulho e felicidade do Brasil.

E, se n�o ficar, correr�o rios de sangue, nesta grande e nobre terra, t�o querida do seu Real Pai, que j� n�o governa em Portugal, pela opress�o das Cortes; nesta terra que tanto estima Vossa Alteza e a quem tanto Vossa Alteza estima.

Jos� Bonif�cio de Andrada e Silva".

Integrantes da comitiva, o padre Belchior Pinheiro e o Bar�o de Pindamonhangaba deixaram para a hist�ria seus depoimentos sobre o 7 de setembro:

PADRE BELCHIOR PINHEIRO

"Foi nessa altura, no lugar denominado Moinhos, que dois correios da Corte se aproximaram a�odadamente. Entregaram importantes pap�is ao pr�ncipe. O pr�ncipe mandou ler alto as cartas trazidas por Paulo Bregaro e Ant�nio Cordeiro. Eram elas: uma instru��o das Cortes, uma carta de D. Jo�o [chegadas de Portugal], outra da princesa, outra de Jos� Bonif�cio e ainda outra de Chamberlain.

...D. Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas m�os os pap�is e, amarrotando-os, pisou-os, deixou-os na relva [ent�o n�o estava sobre o cavalo]. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse: - "E agora, padre Belchior?" E eu respondi prontamente: - "Se V. Alteza n�o se faz rei do Brasil ser� prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. N�o h� outro caminho sen�o a independ�ncia e a separa��o.

..."D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro, Carlota e outros, em dire��o aos animais que se achavam � beira do caminho. De repente, estacou j� no meio da estrada, dizendo-me: - "Padre Belchior, eles o querem, eles ter�o a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois ver�o agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante est�o quebradas as nossas rela��es; nada mais quero com o governo portugu�s e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal."

...Respondemos imediatamente, com entusiasmo: - "Viva a Liberdade! Viva o Brasil separado! Viva D. Pedro!" O pr�ncipe virou-se para seu ajudante de ordens e falou: - "Diga � minha guarda, que eu acabo de fazer a independ�ncia do Brasil. Estamos separados de Portugal."O tenente Canto e Melo cavalgou em dire��o a uma venda, onde se achavam quase todos os drag�es da guarda."

CAPIT�O-MOR MANUEL MARCONDES DE OLIVEIRA E MELLO, (depois BAR�O DE PINDAMONHANGABA).

"Chegando ao Ipiranga, sem que ningu�m aparecesse, fiz parar a guarda junto a uma casinhola [hoje conhecida como "Casa do Grito"] que ficava � beira da estrada, � margem daquele riacho. Para prevenir qualquer surpresa, mandei o guarda Manuel de Godoi, que era dos mais mo�os, colocar-se de atalaia em lugar onde pudesse descobrir a aproxima��o do pr�ncipe. Tomando esta provid�ncia, apeamos e nos pusemos a descansar, conforme era natural.

...Poucos minutos poderiam ter-se passado depois da retirada dos referidos viajantes (Bregaro e Cordeiro), eis que percebemos que o guarda, que estava de vigia, vinha apressadamente em dire��o ao ponto em que nos ach�vamos. Compreendi o que aquilo queria dizer e, imediatamente, mandei formar a guarda para receber D. Pedro, que devia entrar na cidade entre duas alas. Mas t�o apressado vinha o pr�ncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcan�ar as selas. Havia de ser quatro horas da tarde, mais ou menos. Vinha o pr�ncipe na frente. Vendo-o voltar-se para o nosso lado, sa�mos ao seu encontro. Diante da guarda, que descrevia um semic�rculo, estacou o seu animal e, de espada desembainhada, bradou: 'Amigos! Est�o, para sempre, quebrados os la�os que nos ligavam ao governo portugu�s! E quanto aos topes daquela na��o, convido-os a fazer assim.' E arrancando do chap�u que ali trazia, a fita azul e branca, a arrojou no ch�o, sendo nisto acompanhado por toda a guarda que, tirando dos bra�os o mesmo distintivo, lhe deu igual destino.

... "E viva o Brasil livre e independente!" gritou D. Pedro. Ao que, desembainhando tamb�m nossas espadas, respondemos: - "Viva o Brasil livre e independente! Viva D.Pedro, seu defensor perp�tuo!" ...E bradou ainda o pr�ncipe:"Ser� nossa divisa de ora em diante: Independ�ncia ou Morte!".

...Por nossa parte, e com o mais vivo entusiasmo, repetimos: "Independ�ncia ou Morte!"

Acompanhavam o Pr�ncipe Regente, fazendo parte da comitiva, e foram testemunhas da proclama��o da Independ�ncia do Brasil, os nomes relacionados abaixo:

Luiz de Saldanha da Gama, veador (fidalgo) da princesa Real, nomeado interinamente ministro e secret�rio de Estado especial, para acompanhar o pr�ncipe Regente, assistir ao despacho e expedir as respectivas ordens.

Guarda de Honra

1� comandante, coronel Ant�nio Leite Pereira da Gama Lobo (de S�o Paulo);

2� comandante interino, capit�o-mor Manuel Marcondes de Oliveira e Mello, depois bar�o de Pindamonhangaba (da mesma cidade);

Sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade (de Pindamonhangaba);

Tenente Francisco Bueno Garcia Leme (da mesma cidade);

Miguel de God�i e Moreira e Costa (da mesma cidade);

Adriano Gomes Vieira de Almeida (da mesma cidade);

Manuel Ribeira do Amaral (da mesma cidade);

Benedito Corr�a Salgado (da mesma cidade);

Francisco Xavier de Almeida (de Taubat�);

Vicente da Costa Braga (da mesma cidade);

Fernando Gomes Nogueira (da mesma cidade);

Jo�o Jos� Lopes (da mesma cidade);

Rodrigo Gomes Vieira (da mesma cidade);

Bento Vieira de Moura (da mesma cidade);

Fl�vio Ant�nio de Melo (de Paraibuna);

Salvador Leite Ferraz (de Mogi das Cruzes);

Jos� Monteiro dos Santos (Guaratinguet�);

Cust�dio Leme Barbosa (da mesma cidade);

Sargento-mor Jo�o Ferreira de Sousa (de Areias);

Cassiano Gomes Nogueira (S�o Jo�o Marcos cidade do Rio de Janeiro);

Floriano de S� Rios (da mesma cidade);

Joaquim Jos� de Sousa Breves (da mesma cidade);

Antonio Pereira Leite (de Resende)

Sargento-mor Antonio Ramos Cordeiro, veio acompanhando o correio-real;

Jos� da Rocha Corr�a (da mesma cidade);

David Gomes Cardim (da mesma cidade);

Eleut�rio Velho Bezerra (do Rio de Janeiro);

Ant�nio Lu�s da Cunha (da mesma cidade);

Oficiais e criados da Casa Real

Guarda-roupa Joaquim Maria da Gama Freitas Berqu�, depois Marques de Cantagalo;

Criado particular Jo�o Carlota;

Criado particular Jo�o Carvalho;

Criado particular Francisco Gomes da Silva, o Chala�a;

Pessoas particulares

Brigadeiro Manuel Rodrigues Jord�o (de S�o Paulo);

Padre Belchior Pinheiro de Oliveira (de Minas Gerais);

Empregado P�blico

Paulo Bregaro, oficial do Supremo Tribunal Militar, na condi��o de correio-real.

Dom Pedro, acompanhado de toda a comitiva, encaminhou-se, a seguir, para a cidade. � noite, compareceu ao teatro da �pera, ostentando, no bra�o, o d�stico de ouro "Independ�ncia ou Morte", que, �s pressas, mandara fazer no ourives Lessa, preso por um la�o de fita verde e amarelo. Delirantemente aclamado, executou ao piano o "Hino da Independ�ncia", m�sica por ela composta. E, logo ap�s, ergueu-se o jovem poeta Tom�s de Aquino e Castro e recitou um soneto de sua autoria, assim terminando:

"Ser� logo o Brasil mais que foi Roma

Sendo Pedro seu primeiro Imperador"

Em dado momento, o padre Ildefonso Xavier Ferreira, subindo a um dos assentos da plat�ia, em frente ao camarote de D. Pedro, por tr�s vezes gritou: "Viva o primeiro rei brasileiro!" Ap�s essas manifesta��es, teve lugar a representa��o da pe�a "O Convidado de Pedra".

No dia seguinte ao brado de Independ�ncia, D. Pedro fez a seguinte declara��o:

PROCLAMA��O

"Honrados Paulistanos: O amor que eu consagro ao Brasil em geral, e a vossa Prov�ncia em particular, por ser aquela que perante mim e o mundo inteiro fez conhecer primeiro que todos o sistema maquiav�lico, desorganizador, e faccioso das Cortes de Lisboa, me obrigou a ir entre v�s fazer consolidar a fraternal uni�o, e tranq�ilidade, que vacilava, e era amea�ada por desorganizadores, que em breve conhecereis, fechada que seja a devassa, a que mandei proceder. Quando eu mais que contente estava junto de v�s, chegam noticias que de Lisboa os traidores da Na��o, os infames Deputados pretendem fazer atacar ao Brasil, e tirar-lhe do seu seio seu Defensor; Cumpre-me como tal tomar todas as medidas que minha imagina��o me sugerir; e para que estas sejam tomadas com aquela madureza, que em tais crises se requer, sou obrigado para servir ao meu �dolo, o Brasil, a separar-me de v�s, (o que muito sinto), indo para o Rio ouvir meus Conselheiros, e providenciar sobre neg�cios de t�o alta monta. Eu vos asseguro que cousa nenhuma me poder� ser mais sens�vel, do que o golpe que minha alma sofre, separando-me de meu amigos Paulistanos, a quem o Brasil, e eu devemos os bens, que gozamos, e esperamos gozar de uma Constitui��o liberal e judiciosa. Agora, Paulistanos, s� vos resta conservardes uni�o entre v�s, n�o s� por ser esse o dever de todos os bons Brasileiros, mas tamb�m por que a nossa P�tria esta amea�ada de sofrer uma guerra, que n�o s� nos h� de ser feita pela Tropas, que de Portugal forem mandadas, mas igualmente pelos seus servis partidistas, e vis emiss�rios, que entre n�s existem atrai�oando-nos. Quando as autoridades, vos n�o administrarem aquela Justi�a imparcial, que delas deve ser insepar�vel, representai-me que eu providenciarei. A divisa do Brasil deve ser - INDEPEND�NCIA OU MORTE - Sabei que, quando trato da Causa Publica, n�o tenho amigos e validos em ocasi�o alguma.

Existi tranq�ilos: acautelai-vos dos facciosos sect�rios das Cortes de Lisboa; e contai em toda a ocasi�o com o vosso Defensor Perpetuo. Pa�o em oito de setembro de mil oitocentos e vinte dois."

PRINCIPE REGENTE

D. Pedro nomeou, em 9 de setembro, a nova junta governativa da Prov�ncia de S�o Paulo, composta pelo bispo diocesano D. Mateus de Abreu Pereira, ouvidor da Comarca Dr. Jos� Corr�a Pacheco e Silva e o marechal C�ndido Xavier de Almeida e Sousa. E, �s 5 horas do dia 10 de setembro de 1822, deixou a Capital, partindo para o Rio de Janeiro, aonde chegaria em tempo recorde de cinco dias, apesar das chuvas e temporais.

* Ant�nio Sergio Ribeiro, advogado e pesquisador, funcion�rio da Secretaria Geral Parlamentar da ALESP.

O autor agradece a valiosa colabora��o de:

Sandra Sciulli Vital, da Divis�o de Biblioteca e Documenta��o da ALESP

Patr�cia Guerra Guimar�es Miranda, do DDI da ALESP

Bibliografia:

LEIS DO BRAZIL

Vol. II - 1822

Imprensa Nacional - Rio de Janeiro

Cole��o pertencente � Divis�o de Biblioteca e Informa��o da ALESP

ANDRADAS, OS

Alberto Sousa

Typographia Piratininga - 1922 - 3 vols. - S�o Paulo

APONTAMENTOS DA PROV�NCIA DE S�O PAULO

Manuel Eufr�sio de Azevedo Marques

Tomo I e II - Livraria Martins e Editora - 1954 - S�o Paulo

DICION�RIO DE HIST�RIA DE S�O PAULO

Antonio Barreto do Amaral

Edi��o do Governo do Estado de S�o Paulo - IMESP - 1980

HIST�RIA DO BRAZIL

Rocha Pombo

Editora Weiszflog Irm�os - 1919 - S�o PauloHist�ria do de Rocha Pombo,

TEXTOS POL�TICOS DA HIST�RIA DO BRASIL

Paulo Bonavides e Roberto Amaral

Ed. Senado Federal - 3� Edi��o - 2002 - Bras�lia

VIDA DE D. PEDRO I, A

Octavio Tarqu�nio de Sousa

Edi��o Comemorativa do Sesquicenten�rio da Independ�ncia Brasil

Jos� Ol�mpio Editora - 1972 - 2 Vols. - Rio de Janeiro

Qual foi a medida tomada por Dom Pedro Primeiro para resolver o conflito?

05.01.1824 - O imperador D. Pedro I expede decreto que "manda contrair na Europa um empréstimo de três milhões de libras esterlinas".

Quais foram as medidas que Dom Pedro tomou para fortalecer a frente do Brasil?

Pedro I tomou ações pretendendo cortar as despesas do governo, diminuir os impostos e equiparar os oficiais brasileiros aos portugueses. Tais medidas vieram a mostrar a aliança política entre os membros do “partido brasileiro” e o regente.

Que medida Dom Pedro Primeiro tomou para ajudar os combatentes no conflito pela Independência?

Resposta: Para contornar a situação, criou-se um ministério somente formado por brasileiros.

Qual a solução política adotada com a abdicação de Dom Pedro 1?

Resposta. Instituir um governo formado por regentes, já que Dom Pedro ll não tinha idade suficiente para assumir. Assim, deu-se início ao período regencial brasileiro, que se encerrou em 1840 com o golpe da maioridade e ascensão de Pedro ll no poder (mesmo não tendo idade suficiente).