Qual foi o primeiro movimento feminista no Brasil?

O ano inicial do feminismo e o movimento sufragista 

A primeira onda do feminismo teve início no século XIX, mais especificamente no ano de 1848, quando Elizabeth Stanton e Lucretia Mott começaram reuniões com pautas feministas. As 2 principais pautas foram: 

  1. luta pelo voto feminino; 
  2. ingresso da mulher no mercado de trabalho.  

As reuniões eram feitas nos espaços da igreja wesleyana, na cidade de Seneca Falls, nos Estados Unidos. 

O movimento teve início após Elizabeth Stanton e Lucretia Mott terem sido barradas em um evento contra a escravidão, em 1840. 

Durante a reunião abolicionista, as duas tentaram convencer os demais da necessidade de mais direitos para as mulheres, recebendo uma contundente negativa dos demais abolicionistas. 

Após o evento, ambas as feministas saíram com uma convicção ainda maior da necessidade da luta por mais direitos para as mulheres. Elas abandonaram o movimento abolicionista e dedicaram todas suas energias para lutar pelo feminismo.

Foi nesse momento que nasceu a 1ª onda feminista. 

O pastor da igreja wesleyana abriu as portas para ambas após elas terem explicado suas motivações com base na Bíblia. 

A passagem da criação da mulher, no livro do Gênesis, diz que Deus utilizou a costela do homem, nem os membros superiores nem os inferiores, mas sim da parte central, demonstrando a igualdade de valor, segundo Santo Agostinho. 

As duas passaram a panfletar pela região e reunir-se periodicamente na igreja. 

Pela manhã, cuidavam dos seus lares e dos filhos, à noite militavam ardentemente, segundo palavras da própria Elizabeth Stanton. 

Qual foi o primeiro movimento feminista no Brasil?

Retrato de Elizabeth Staton.

O movimento inicial era fraco, contava com o apoio de poucas mulheres e poucos homens. 

Porém, após anos de luta, as duas conseguiram organizar um movimento com 300 pessoas, homens e mulheres, nomeado como Convenção de Seneca Falls. 

Na convenção, as fundadoras fizeram uma pesquisa com os membros do grupo, perguntando se desejavam o voto feminino.

O resultado surpreendeu as chefes: a maioria das mulheres reprovou as pautas, pois seus interesses eram apenas possuir direitos civis básicos, e não adquirir mais deveres extenuantes.

Mesmo com o resultado negativo da pesquisa, as duas continuaram lutando pela inserção no mercado de trabalho e pelo voto feminino.

Mulheres da época manifestaram os motivos de não querer todos os direitos preconizados pelas chefes do movimento feminista. 

Ana Campagnolo, baseando-se no tratado anti-sufrágio de Grace Goodwin, publicado em 1912, diz:

“Em 1912, nesta publicação antissufrágio, nós vemos que as mulheres estavam isentas da responsabilidade política e legal, como servir ao Exército ou se sentar em júris. 

Muitas responsabilidades pesadas como prover para a família, pagar dívidas e ir para a cadeia por crimes menores são poupadas do sexo feminino. Se uma esposa se envolve em negócios ilegais, a lei responsabiliza o marido, e não ela.

Essas são apenas algumas das razões, citadas por Grace em seu livro, pelas quais as mulheres da época se negavam a aderir ao movimento sufragista. Inclusive, na Inglaterra, existia um partido político antissufrágio”. 

Nessa época, o voto era um direito derivado de um dever. Em todos os países que tinham o voto, apenas os homens que servissem no exército podiam votar.

Votar significava escolher alguém que teria poder de convocar uma guerra ou não. Por isso, apenas os homens podiam votar. 

  • Entenda de uma vez por todas o motivo da diferença salarial entre homens e mulheres. 

O trabalho intelectual nessa época era restrito a um pequeno grupo, e não havia desejo por grande parte da classe média de participar dessa classe.

Havia certa possibilidade de estudos escolares e universitários para homens e mulheres de classes baixas.

Machado de Assis, Francisco de Paula Brito e o Papa São Pio X são exemplos de intelectuais do século XIX e XX oriundos de classes sociais baixas.

Santa Edith Stein era mulher e se tornou doutora em Filosofia no início do século XX. 

Qual foi o primeiro movimento feminista no Brasil?

Retrato de Santa Edith Stein, filósofa católica que escreveu sobre teologia e sobre a essência da natureza feminina.

A quantidade do trabalho feminino passou a aumentar a partir da I Guerra Mundial, quando os homens estavam no campo de batalha, obrigando-as a trabalhar nas fábricas para que bens básicos fossem produzidos.

O mesmo aconteceu durante a II Guerra Mundial.

Contudo, logo após o fim das Grandes Guerras, as mulheres que tinham maridos com boa renda escolheram voltar para suas casas. 

Ana Campagnolo aponta que 3 milhões de mulheres optaram por sair de seus trabalhos pesados e voltar para o trabalho no lar. 

As sufragistas 

O pensamento de possibilitar mais direitos às mulheres já existia desde o início das democracias, como o tópico sobre o protofeminismo irá mostrar. Porém, o primeiro movimento sufragista organizado e triunfante foi o da Nova Zelândia. 

Em 1893 (após os movimentos de primeira onda dos EUA), o governo da Nova Zelândia concedeu às mulheres o direito de votar. 

O movimento passou a se fortalecer na Inglaterra até que elas também recebessem a permissão de votar. 

A partir desse momento, o movimento sufragista espalhou-se pelo mundo inteiro. 

Nos EUA, o direito de voto para as mulheres foi concedido em 1920.

Acerca de todo o movimento sufragista dos EUA, Phyllis Schlafly, uma das principais ativistas pelo sufrágio feminino, escreveu: 

“As sufragistas lutaram e venceram em 1920 pelo direito de voto das mulheres em todos os cinquenta estados americanos, mas elas eram mulheres que se baseavam na família e não tinham vontade de erradicar a natureza feminina. Definitivamente, elas também eram contra o aborto”.

  • Você sabe quais são as consequências do aborto? O câncer de mama é apenas um dos exemplos. 

Lista das principais características da primeira onda do feminismo

As principais características da primeira fase do feminismo são: 

  • luta pelo direito de voto;
  • apoio de autoridades cristãs às mulheres sufragistas;
  • defesa de valores femininos por parte da maioria das mulheres do movimento; 
  • lideranças dos movimentos defendendo pautas contrárias às da maioria das mulheres.

Protofeminismo e a primeira onda 

O movimento feminista não surgiu a partir do nada. O principal movimento que forneceu as bases da primeira onda foi o protofeminismo. 

O feminismo, com os fundamentos conhecidos atualmente, surgiu no século XVIII, através das teses de William Godwin. Curiosamente, não foi algo iniciado por uma mulher.

  • Entenda a origem de tudo lendo o artigo sobre a revolução sexual

Pode-se afirmar que do início até os dias de hoje, houve 3 ondas e 4 fases deste mesmo movimento:

  • Protofeminismo — século XVIII;
  • 1ª onda — século XIX;
  • 2ª onda — século XX;
  • 3ª onda — século XX e XXI.

Um resumo de cada onda e cada fase pode ser conferido no artigo O que é Feminismo. 

Willian, o primeiro feminista, militava contra o casamento, contra a monogamia e contra as estruturas tradicionais em geral.

Ele defendia o divórcio e a liberdade sexual, tanto para homens como para mulheres. 

William foi o primeiro autor a defender sistematicamente a igualdade sexual, o cerne do feminismo. 

Um dos protofeministas foi o Marquês de Sade, cujo nome foi usado para originar o termo sadismo e sadomasoquismo.

Após William, a primeira mulher a defender o feminismo foi Mary Wollstonecraft, através da publicação do livro Uma Reivindicação pelos direitos da mulher.

Protofeminismo

Qual foi o primeiro movimento feminista no Brasil?

William Godwin e Mary Wollstonecraft.

O período inicial do movimento é chamado de protofeminismo. 

Foi o início das reivindicações feministas no âmbito social.

Porém, não havia militância quanto ao mercado de trabalho ou no campo político, donde o nome protofeminismo.

A pauta do movimento era lutar contra a monogamia, o casamento, e defender a liberdade sexual das mulheres.

Elas falavam explicitamente sobre incesto, sexo grupal e outras práticas afins.

Mary foi amante de um dos principais defensores de ideias feministas de seu tempo, o diplomata estadunidense Gilbert Imlay.

  • O principal alvo do feminismo era o patriarcado. Entenda o que realmente é o patriarcado com o psicólogo Jordan Peterson.

Mary engravidou de Gilbert. Mas quando foi contar a notícia ao pai de sua criança, ele já havia fugido.

Posteriormente, ela o encontrou vivendo com outra mulher e ofereceu-se para ser sua segunda companheira, já que estava sem dinheiro para cuidar da filha. Ele negou e Mary tentou suicidar-se no rio Tâmisa.

Mary não morreu após a tentativa. Ao continuar sua vida, conheceu William Godwin, o primeiro feminista. Após apaixonarem-se, eles se casaram.

Ana Campagnolo comenta sobre o casamento e suas repercussões:

“Mary contraiu matrimônio com William Godwin, que, aliás, também é considerado um dos precursores do pensamento anarquista. Criticados e questionados por suas reputações libertinas não condizerem com a oficialização do casamento, os noivos se justificaram: o casamento foi o meio legal que encontraram para proteger financeiramente tanto Mary quanto o bebê que nasceria”. 

Outra feminista importante do período foi Olympe de Gouges. Após publicar suas teses feministas (lembrando que na época o movimento ainda não tinha nome) foi guilhotinada por Robespierre.

  • Conheça uma das principais Revoluções do mundo, cujos efeitos ainda reverberam com força nas instituições políticas: a Revolução Francesa. 

Muitas lideranças feministas da primeira onda seguiram a linha do protofeminismo. Elizabeth Stanton e suas companheiras passaram a contestar posições cristãs desde o início do movimento, mesmo tendo sido abrigadas apenas em um recinto cristão. 

Elizabeth publicou o livro Bíblia Feminista, que possuía as seguintes teses:

  • rechaço ao cristianismo por não permitir mulheres como sacerdotes;
  • defesa do divórcio;
  • rechaço à família e à maternidade; 
  • defesa do ingresso das mulheres em todos os tipos de trabalho; 

Muitas das mulheres que participaram do movimento sufragista não eram feministas. 

O movimento continuou se desenvolvendo com as premissas da Bíblia Feminista, surgindo a 2ª onda, a partir do início século XX. 

Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre a primeira onda do feminismo?

A Brasil Paralelo é uma empresa independente. Conheça nossas produções gratuitas. Todas foram feitas para resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros.

Qual foi o primeiro movimento feminista?

A primeira onda do feminismo teve início no século XIX, mais especificamente no ano de 1848, quando Elizabeth Stanton e Lucretia Mott começaram reuniões com pautas feministas. As 2 principais pautas foram: luta pelo voto feminino; ingresso da mulher no mercado de trabalho.

Qual foi o primeiro movimento feminista do Brasil?

Suas obras Conselhos a minha filha, de 1842; Opúsculo humanitário, de 1853 são apontadas como as primeiras sobre feminismo no Brasil. Também começam as reivindicações pelo direito de voto, tal como acontecia nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Onde começou o movimento feminista no Brasil?

No Brasil, o feminismo surgiu ainda na fase imperial durante a luta pelo direito à educação feminina. Nesse segmento, a escritora Nísia Floresta Augusta é considerada precursora do feminismo brasileiro, pois ela fundou a primeira escola para meninas no Rio Grande do Sul e, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro.

Em que ano o movimento feminista chegou no Brasil?

As ondas do feminismo no Brasil Mas não acontecem necessariamente de forma simultânea. As manifestações pelo direito ao voto (o movimento das sufragistas), por exemplo, acontecia nos Estados Unidos desde 1848 e na Inglaterra desde 1865, mas só ganhou corpo no Brasil por volta dos anos 1920.