Que fatores provocaram uma crise nas finanças portuguesas na segunda metade do século XVII?

Resumo

A segunda metade do século XVIII é conhecida como um período de crise econômica e financeira em Portugal, ao menos até a última década da centúria. Teriam sido essas dificuldades, iniciadas a partir do reinado de D. José I (1750- 1777), as grandes responsáveis pelo surto manufatureiro e pelo fomento ao estabelecimento e ao desenvolvimento das fábricas lusitanas no Setecentos. O presente artigo, a partir de novas evidências, relativiza essa suposta crise, que, principalmente, do ponto de vista fiscal não se verifica. Com base nesses indícios, as políticas manufatureiras da época devem ser encaradas muito mais como respostas a questões mentais, que desde então passaram a ter um caráter bem definido. Aqui, para além do desejo de adequar Portugal às nações mais iluminadas, como os ministros lusos costumavam afirmar, foi determinante o papel cada vez mais claro da função a ser desempenhada pela metrópole e por suas conquistas: o centro, fabricante e exportador de manufaturas; as periferias, consumidoras dessas mercadorias e produtoras de gêneros a serem transformados no reino. Na prática, como se verá, não foram proibidas todas as fábricas nas conquistas lusitanas; interditaram-se somente aquelas que se supunha concorrerem com o comércio metropolitano. Ao passo que essa relação ideal evidenciava-se e fortalecia-se, a sujeição econômica de Portugal ao comércio praticado com suas conquistas explicitava-se mais e mais; junto dessa certeza, o temor da independência, de fato, das partes do império, com especial destaque ao Brasil, a mais importante colônia lusitana no ultramar.

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Que fatores provocaram uma crise nas finanças portuguesas na segunda metade do século XVII?

Como Citar

MONT SERRATH, P. O. CRISE GERAL E POLÍTICA MANUFATUREIRA EM PORTUGAL NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVIII: NOVOS INDÍCIOS E QUESTIONAMENTOS. Sæculum – Revista de História, [S. l.], n. 29, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/srh/article/view/19810. Acesso em: 14 dez. 2022.

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Dossiê História e História Econômica

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No século XVIII, a descoberta de ouro em terras brasileiras apareceu como uma alternativa econômica que poderia salvar os combalidos cofres da Coroa Portuguesa. Os gastos realizados com o processo de restauração da monarquia nacional (que marcou o fim da União Ibérica), a perda de posses coloniais espalhadas pela Ásia e as oscilações do preço do açúcar no mercado europeu compunham uma série de problemas enfrentados pelo Estado lusitano naquela época.

Contudo, a extração de toneladas e mais toneladas de ouro do território brasileiro não conseguiu viabilizar uma acumulação de capitais que pudesse novamente organizar a economia metropolitana. Na verdade, boa parte dos metais e pedras preciosas extraídas do Brasil serviu para saldar uma exorbitante quantidade de dívidas que o governo português contraiu com as grandes potências econômicas europeias, principalmente a Inglaterra.

De fato, a dependência econômica de Portugal em relação aos ingleses marca um período histórico da economia europeia. Enquanto os lusitanos perdiam o antigo posto de nação rica e desenvolvida, galgado entre os séculos XVI e XVII, a Inglaterra alcançava as condições que a transformaria na maior potência econômica do mundo entre os século XVIII e XIX. Para entendermos estas situações distintas, podemos tomar a assinatura do Tratado de Methuen como um interessante exemplo histórico.

Em 1703, esse acordo firmado entre ingleses e lusitanos estabelecia a compra dos tecidos ingleses por parte de Portugal, enquanto a Inglaterra se comprometia a adquirir a produção vinícola dos lusitanos. Com isso, a especulação sobre a garantia de compra dos ingleses sobre o vinho de Portugal ampliou enormemente o número de terras cultiváveis destinadas ao plantio de uva. Por conseguinte, a demanda da economia lusitana por produtos importados aumentou bastante.

Conforme apontado por vários pesquisadores interessados no assunto, a Coroa portuguesa conseguiu montar um enorme império mercantil, mas não buscou meios eficientes e sistemáticos para dinamizar sua economia interna. As expressivas quantias obtidas com a atividade colonial eram revertidas na forma de gastos que somente mantinham o elevado padrão de vida dos nobres e membros da família real portuguesa.

A assinatura do Tratado de Methuen não pode ser considerada como a origem única de todos os males que atingiram a economia de Portugal. No entanto, ele ressalta bem as condições políticas e econômicas distintas de cada uma das nações envolvidas na situação. Com o passar do tempo, a dependência econômica portuguesa se agravou e o ouro encontrado em terras brasileiras serviu para tapar o grande déficit que dominava as finanças de Portugal.

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Quais as causas da crise económica portuguesa do século XVII?

O comércio estava decadente, praticamente paralisado, não só pela ocupação francesa como também pela Abertura dos Portos da colônia em 1808. Os comerciantes portugueses estavam descontentes, pois haviam perdido o monopólio comercial, situação agravada pelos Tratados de 1810, assinados com os ingleses.

Quais os fatores que levaram à crise portuguesa?

As causas foram várias: a desorganização e corrupção da administração portuguesa, os ataques muçulmanos, a reanimação das rotas do Levante, as perdas provocadas pelos naufrágios, pelos piratas e pelos corsários, a concorrência dos holandeses e dos ingleses.

Qual era a crise que Portugal atravessava no século XVII?

O século XVII em Portugal é um período conturbado e de sérias dificuldades. Os últimos anos do governo castelhano foram pautados pela agitação da sociedade, que se insurgia contra a redução das tenças, dos vencimentos e a pesada carga tributária que onerava todos os estratos sociais, inclusive a nobreza.

Qual é a situação econômica de Portugal na segunda metade do século 17?

Na segunda metade do Século XVII Portugal vivia um crise econômica: havia apenas recentemente reconquistado a sua independência política, o preço do açúcar havia caído e as suas colônias não eram muito lucrativas.