Por que davam vinagre aos crucificados

Por que davam vinagre aos crucificados

O banheiro dentro de casa se popularizou na Europa em 1668, quando o comissário de policia de Paris emitiu um decreto determinando que todas as casas construídas na cidade dali para frente, deveriam ter sempre este cômodo. Bem … como o banheiro francês de 1668 tornou-se nosso aconchegante local de relaxamento e leitura diária de jornais é outra história, pois hoje queremos mesmo é falar dos banheiros antigos. Banheiros dentro de casa foram inventados muito antes do nosso ilustre comissário.  Escavações na Índia encontraram vestígios de banheiros internos de cerca de 3.000 anos antes de Cristo. Infelizmente o ocidente teve uma evolução um tanto diferente.

Os gregos gostavam de usar o ar livre, já os romanos apesar de também o fazerem ao ar livre ou em pínicos, gostavam mesmo destas coisas em grupo, tanto o banho quanto suas necessidades fisiológicas.

Em 500 antes de Cristo os banheiros públicos romanos já era comuns, chamavam de latrinae, e a expansão do império levou a latrina a inúmeros lugares do mundo antigo. Ele consistia em uma construção sobre valetas, onde se sentava sobre uma bancada de pedra com vários buracos, um para cada romano. A pessoa escolhia o buraco e o usava para urinar ou defecar. Já perto da época em que Cristo andou na terra, algumas dessas valetas possuíam um sistema de água que corria e levava os dejetos, quase um projeto de esgoto.

Obviamente as latrinas femininas e masculinas eram separadas, mas mesmo assim era tudo meio coletivo, as pessoas faziam suas necessidades na frente de outras pessoas, e geralmente usavam este tempo para conversarem e porem assuntos de diversas áreas em dia, inclusive os políticos.

Você já se perguntou como era feita a limpeza do corpo após fazer o número 2?

Bem…., em frente aos buracos de evacuação, existia uma mesa baixa de pedra  com água  e vasilhas com vinagre, as pessoas dispunham de um caniço, uma espécie de vareta, com uma esponja amarrada na ponta. O usuário da latrina molhava a esponja na água e a usava em suas partes, e ao final da sua limpeza o embebia em vinagre para fazer a assepsia do objeto, e logo em seguida entregava a ferramenta para seu companheiro mais próximo que estivesse pronto a utiliza-la. Quando a esponja estivesse desgastada era jogada fora e substituída por uma nova peça.

Sim essa é a hora de agradecer por aquele papel higiênico branquinho e macio que tem ali no seu banheiro privativo dentro da sua casa! Por mais simples que seja seu banheirinho, mesmo que não tenha lajotinhas nas paredes, nem um box para separar seu vaso sanitário do espaço do chuveiro,  é bem mais agradável do que a cena vivida pelos romanos né!

O VINAGRE E A CRUZ

Agora caro amigo, quero te levar a uma reflexão sobre uma cena descrita pelos evangelistas bíblicos.

“Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca.” – João 19:29
Reflita comigo, de onde veio o vaso cheio de vinagre e a esponja?

E mesmo que você diga que não vieram da latrina, que eram novos e não haviam sido usados. Nesse ato os soldados romanos compararam a boca de Jesus com a parte do corpo humano usada para defecar. Compreende que mesmo que o vinagre e a esponja fossem novos, mesmo assim esta cena é terrivelmente abaladora!

Alguns historiadores até relatam que o vinagre era uma espécie de vinho ruim e misturado com fel ou mirra se tornava um anestésico, e que Ele se recusou a beber pois não queria ser anestesiado, queria sentir a dor que carregava em suas costas naquele momento. De fato ele recusou beber o vinagre como relata Mateus “Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber, e havendo-o crucificado repartiram suas vestes” Mateus 27:34-35, porém este momento em que ele recusou o vinagre com fel como anestésico aparece somente em Mateus, e indica ser antes do ato da crucificação, pois Mateus relata isso antes de citar que Ele foi levado à cruz, portanto não sendo o mesmo fato que Lucas e João relatam como a esponja molhada no vinagre.

João deixa bem claro que Jesus bebeu esse vinagre no caniço: “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”  João 19:30.
E Lucas ressalta que foi um momento em que os romanos escarneciam dele e não uma tentativa de anestesia-lo: “E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.” Lucas 23:36 João mostra que Jesus disse “tenho sede” e que devido a isso lhe foi dado o vinagre a beber ao invés de água. E que ao beber do vinagre logo morreu. Mas ele fala algo mais interessante: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.” – João 18:28

Ele fala que as escrituras se cumpriram pois o salmo 69, escrito pelo menos 1400 anos antes do acontecimento cita essa exata cena, como se a pessoa que a escreveu soubesse exatamente como ocorreria, tanto o acontecimento de Mateus com o fel, quanto o de João e Lucas com o vinagre.  “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre.” – Salmos 69:21

                                   

Por que davam vinagre aos crucificados

Antes de Jesus ser crucificado, os evangelhos dizem que para ele foi oferecido vinho com mirra:

“Deram-lhe a beber vinho com mirra; ele, porém, não tomou” (Mc 15.23).

A mistura de vinho com mirra tinha um poder entorpecente e às mulheres judias era permitido dá-la aos condenados nos instantes finais do seu suplício.

Mateus (27.34) informa que havia fel misturado ao vinagre (vinho ácido), o que tornava a bebida tóxica e intragável. Isto pode explicar por que Jesus não quis tomara a mistura. Porém, mais provavelmente, Jesus rejeitou a mistura entorpecente porque estava disposto a enfrentar toda a dor da crucificação com total sobriedade. João 19.28 afirma isto da seguinte forma: “vendo (no grego: eidos – sabendo, tendo consciência) Jesus que tudo já estava consumado...”. Note que este texto mostra que Jesus manteve sua lucidez até o fim.

Depois, quando já crucificado, e perto do último suspiro, foi dado a Jesus vinagre:

“E, logo, um deles correu a buscar uma esponja e, tendo-a embebido de vinagre e colocado na ponta de um caniço, deu-lhe a beber.” (Mt 27.48, cf.: Mc 15.36 e Lc 23.36).




“Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura [Sl 69.21], disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca. Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito.” (Jo 19.28-30).

O Sl 69.21 apresenta o gesto de dar vinagre para o Messias beber na hora de sua angústia como um gesto desumano, isto é, para aumentar ainda mais a sua dor. Os evangelhos apresentam este fato ocorrendo em cumprimento do referido salmo messiânico.

O vinagre (do grego óksos), um tipo de vinho ácido, mais barato que o vinho normal, era tomado comumente pelos soldados romanos; isto explica por que havia vinagre ali. Embora pudesse parecer um gesto de compaixão dar vinagre a Jesus, um sedento crucificado, este ato foi, de fato, um ato cruel, pois com isto a sua vida se prolongaria mais um pouco na cruz de modo que sua agonia da morte da cruz se estendeu ainda mais. Mais provavelmente, os soldados romanos fizeram isto porque achavam que Jesus clamava por Elias para salvá-lo (confusão que fizeram com a palavra hebraica “Eli” - Deus meu). Queriam que todos vissem que nem Elias poderia tirar Jesus daquela cruz (Mt 27.49, cf.: Mc 15.36).


Page 2

Por que davam vinagre aos crucificados


Precisamos examinar uma palavra hebraica e uma palavra grega, quanto a este verbete, a saber:

1. Chomets, “vinagre”. Essa palavra é de rara freqüência, aparecendo apenas por seis vezes, em todo o Antigo Testamento: Núm. 6:3; Rute 2:14; Sal. 69:21; Pro. 10:26 e 25:20.

2. Óksos, “vinagre”, “vinho azedo”. Esse vocábulo grego figura no Novo Testamento por cinco vezes: Mat. 27:48; Mar. 15:36; Luc. 23:36; João 19:29,30, ou seja, somente nos quatro evangelhos.

K vinagre consiste em um líquido formado por ácido acético diluído, devido à fermentação do vinho ou de alguma outra bebida alcoólica. Métodos inferiores e indevidos de-produção resultavam em uma grande tendência para o vinho azedar e transformar-se em vinagre. Por isso mesmo, tanto a palavra hebraica quanto a palavra grega dão a idéia de “embotado”, “ácido”.

O vinagre equivalia àquilo que os romanos chamavam de posca, um vinho barato e azedo, que uma vez misturado com água, era a principal bebida das classes pobres e dos aldeões. Ver Rute 2:14, onde há menção a esse tipo de bebida.

O voto do nazireado excluía totalmente a ingestão de qualquer tipo de bebida alcoólica, incluindo o vinho azedo, mas até mesmo o vinho de melhor qualidade, usado pelas pessoas de nível mais elevado. Isso porque esse voto podia ser feito por pessoas de todas as camadas sociais. Ver Núm. 6:3.0 trecho de Provérbios 10:26 refere-se ao paladar muito ácido do vinagre. Por igual modo, diz Provérbios 25:20, aludindo à capacidade irritante do vinagre: “...como vinagre sobre feridas, assim é o que entoa canções junto ao coração aflito”.

Todavia, o vinho usado como anti-séptico, pelo bom samaritano, no homem que fora atacado e ferido pelos ladrões, era da variedade mais dispendiosa (ver Luc. 10:34). A passagem de Salmos 69:21 alude ao vinagre como uma bebida, consumida pelos mais pobres. E o vinagre oferecido a Cristo era a posca romana, que fazia parte da ração dos soldados romanos. Visto que a crucificação provocava intensa sede, devido à exposição do corpo despido às intempéries, não se deve pensar que o vinagre lhe tenha sido oferecido como zombaria e, sim, até como um ato de gentileza. O próprio Senhor Jesus dissera: “Tenho sede!” E foi em face disso que lhe deram uma esponja embebida em vinagre, para que a chupasse, isso cumpria uma certa predição (ver Sal. 69:21: ”...Por alimento me deram fel, e na minha sede me deram a beber vinagre”), Era a última gota. “Quando pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espirito” (João 19:28-30). Não se deve confundir esse vinagre com o “vinho com fel”, de Mat. 27:34 e Mar. 15:23, que o Senhor Jesus não quis beber, mas que apenas provou. Aquilo foi no começo da execução, antes de ele haver sido encravado à cruz, ao passo que o vinagre servido na esponja foi no último minuto de sua vida na terra, passadas as seis horas da crucificação do Senhor.

Uma curiosidade literária é a chamada “Bíblia do vinagre”. Esse apelido deriva-se do fato de que, na parábola da vinha, houve um erro de impressão, e a vinha aparece como o “vinagre”, em Lucas 22. Essa edição foi produzida por_Baskett, em 1717, que ficou assim mal marcada para sempre. O vinagre azeda até as produções literárias!